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Avaliação psicológica, fundamentos e processo Ponto principal A centralidade dos aspectos éticos e de defesa dos Direitos Humanos; Devem subordinar todos os outros utilizados, inclusive, e principalmente, os técnicos; Não existe o Bem e o Mal, mas há o bom e o mau... Bom e mau têm pois um primeiro sentido, objetivo, mas relativo e parcial: o que convém a nossa natureza e o que não convém. E, em consequência, bom e mau têm um segundo sentido subjetivo e nodal, qualificando dois tipos, dois modos de existência do homem. A Ética, portanto, é uma tipologia dos modos de existência imanentes; substitui a Moral, a qual relaciona sempre a existência a valores transcendentais [...]. A oposição dos valores (Bem/Mal) é substituída pela diferença qualitativa dos modos de existência (bom/mau). (p. 28-29) Deleuze (2002) Ética é o espaço da liberdade, da livre escolha entre o que a pessoa considera ser bom ou mau para si e para os outros, a cada momento e dependendo do contexto. A ação ética pressupõe o respeito pela dignidade e pelos direitos das pessoas; o cuidado com o bem-estar das pessoas, reafirmando, após, a necessidade de existência de uma agência orientadora, reguladora e fiscalizadora para tornar viáveis tais ações, ou seja, o Sistema Conselhos de Psicologia. O processo de avaliação psicológica A avaliação psicológica está atrelada ao fazer do psicólogo e deveria ser de domínio tácito para todos aqueles que escolheram essa profissão; Fator preocupante: o de que a maioria das pessoas (tanto leigos quanto profissionais) entende a avaliação psicológica como sinônimo de aplicação e uso indiscriminado de testes, nos mais variados campos de atuação profissional. Buscar o entendimento do funcionamento do fenômeno psicológico atrelado a uma rede de vínculos que se estabelece ao longo de sua história, numa construção única de marcos relacionais; Identificar o sintoma, conhecer o contexto, referenciar uma construção histórica e discernir aspectos, características e relação que compõem o todo configuram o que chamamos de processo. Portanto, a avaliação psicológica vai além de uma coleta de dados, sobre a qual se organiza um raciocínio.; Ela é um momento de transição, como um passaporte para a intervenção posterior; A busca por uma avaliação psicológica denota, na maioria das situações, uma posição de fragilidade que não deve parecer para o psicólogo uma oportunidade de exercício do “descobrir algo” que esteja ocasionando a fragilidade, estabelecendo-se assim uma relação de poder. Observação Destaca-se, então, a técnica da observação como uma das estratégias fundamentais para esse exercício. Ser um observador arguto e minucioso leva o psicólogo a valer-se do objetivo compreensivista da avaliação psicológica. Portanto, é necessário manter constante estado de vigília, que pode levar o psicólogo a buscar uma atitude de flexibilidade diante das oportunidades que são construídas, nesse campo relacional, ao longo de um processo de avaliação. A constante busca pela imparcialidade e pela neutralidade técnica, bem como pelo distanciamento da subjetividade; O psicólogo precisa incluir-se nesse processo, fazendo uso de todo seu potencial intelectual, afetivo, relacional, funcional, a partir da construção de uma dissociação instrumental que o auxilie a um constante olhar-se, em todas as etapas desse processo. Tipos Consideramos os diferentes tipos de avaliação psicológica a partir dos seguintes aspectos: seu objetivo, seu campo de aplicação, as estratégias utilizadas, seu objeto de estudo (indivíduos, grupos e organizações), seu campo de atuação e o local onde a atividade avaliativa acontece. Portanto, considera-se avaliação: Psicodiagnóstico, Avaliação psicopedagógica, Avaliação de potencial, Avaliação organizacional, Avaliação de desempenho e avaliação preliminar; Estratégias Referencial técnico de que se dispõe para o desenvolvimento de um procedimento de conhecimento: entrevista, observação, testes psicológicos, dinâmica de grupo, demais técnicas características do campo do conhecimento e pesquisa documental. Etapas Recebimento da demanda (solicitação, queixa, pedido, motivo, entre outros); Caracterização do objeto de estudo (indivíduo, grupo ou organização); Análise da demanda − esclarecimento sobre o fenômeno psicológico a ser avaliado e levantamento inicial de hipóteses; Definição do objetivo da avaliação; Definição do tipo de avaliação a ser utilizada; Elaboração do planejamento técnico (estabelecimento de um método e escolha das estratégias10 mais adequadas a serem utilizadas; Enquadramento/contrato de trabalho; Aplicação do plano estabelecido; Levantamento, análise e interpretação dos dados obtidos com as diferentes estratégias utilizadas (dos instrumentos e técnicas aplicadas); Integração dos resultados dos instrumentos e técnicas/ pensamento clínico integrativo; Elaboração de enquadramento teórico correlacionado aos resultados analisados; Elaboração de síntese conclusiva do processo de avaliação realizado; Estabelecimento de proposta de intervenção. Elaboração de documento conclusivo da avaliação realizada; Escolha de metodologia adequada para a devolução dos resultados; Devolução de resultados. É necessário que o psicólogo entenda o ato de avaliar a partir de um voltar-se para si, na tentativa de autoavaliação de seus procedimentos, de sua atitude diante do processo e do sujeito-alvo de sua investigação, bem como de sua prática, tornando–se um profissional reflexivo na e para a sua ação. Este movimento permitirá que o psicólogo assuma o papel de mediador no processo de compreensão de seu objeto de estudo, de tal forma que a legitimação dessas reflexões possa também determinar o autoconhecimento de quem se propõe a realizar um processo avaliativo.
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