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NUTRIÇÃO MATERNO-INFANTIL: Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) Professora: Larissa Cruz Campos dos Goytacazes, 2020 SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA REDENTOR CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIREDENTOR GRADUAÇÃO GESTAÇÃO NORMAL • Aumento do risco de hipoglicemia no primeiro trimestre. • No terceiro trimestre: 50% da sensibilidade periférica à insulina 30% da produção hepática de glicose Aula-Diabetes Gestacional DIABETES GESTACIONAL Definição Intolerância à glicose de gravidade variável que é diagnosticada pela primeira vez durante o período gestacional, podendo ou não persistir após o parto. • É o problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência entre 3% e 25% das gestações, dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnóstico utilizado; • Brasil: gestantes >20 anos, prevalência pode atingir 7,6%; • Maioria dos casos: reversão, após a gravidez, para tolerância normal à glicose. Porém, atenção!!! Metzger BE et al, 1998 Aula-Diabetes Gestacional DIABETES GESTACIONAL • 10 a 63% dessas mulheres têm o risco de desenvolver o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) dentro de 5 a 16 anos após o parto! • Incidência aumenta com o aumento da obesidade (principalmente da gordura visceral). Aula-Diabetes Gestacional Fonte: OPAS, 2018 DIABETES GESTACIONAL Fatores de Risco Aula-Diabetes Gestacional Fatores Maternos: Idade superior a 25 anos; Ganho excessivo de peso durante a gestação; IMC durante a gravidez > 25 Kg/m²; Baixa estatura (menos de 1,5m); Baixo peso ao nascer; Síndrome do Ovário Policístico. História Familiar: DM tipo 2 em parentes de 1º grau; História de DMG na mãe da gestante; História obstétrica atual: HAS na gestação; Gestação múltipla; Crescimento fetal excessivo; Polidrâmio História obstétrica prévia: Histórico de abortos de repetição; Malformações congênitas; Macrossomia fetal; Morte Fetal ou neonatal. DIABETES GESTACIONAL Fisiopatologia Aula-Diabetes Gestacional • As manifestações fisiopatológicas estão relacionadas às adaptações metabólicas ocorridas na gravidez para suprir as demandas aumentadas de nutrientes para o feto-placenta. 1º trimestre • Glicose passa para o feto por difusão facilitada; • Aminoácidos são transportados ativamente para circulação placentária. Progressão da Gestação • Ocorre um aumento na secreção de insulina que se eleva no período pós-prandial. • Por ação dos hormônios da gestação, pode ocorrer redução da eficácia periférica. DIABETES GESTACIONAL Fisiopatologia Aula-Diabetes Gestacional À medida que a placenta cresce • Ocorre aumento gradual do hormônio LACTOGÊNIO PLACENTÁRIO HUMANO (HPL): é antagonista à ação da insulina. Outros hormônios: • Estrogênio; • Progesterona; • Cortisol. • Contribui para reduzir a tolerância à glicose; • Aumenta o Hiperinsulinismo. São importantes para o desenvolvimento fetal, mas podem interferir no controle glicêmico: contribuem para estado diabetogênico da gestação. DIABETES GESTACIONAL Fisiopatologia Aula-Diabetes Gestacional Fisiologicamente... • A Resistência à Insulina (RI) contribui para elevar a glicemia materna com maior passagem para o feto e crescimento fetal • Sensibilidade à insulina: 50% ; • Produção hepática de glicose: 30% > que início da gestação • Maior secreção de glucagon. 2º e 3º trimestres: • RI • Maior produção de glicose DIABETES GESTACIONAL Fisiopatologia Aula-Diabetes Gestacional Fisiologicamente... • Gestantes com concentrações glicídicas normais compensam este processo com aumento na produção pancreática de insulina. • Por outro lado; gestantes com reserva pancreática limitada não conseguem atingir essa compensação, por isso pode haver evolução para o Diabetes Gestacional. • 1º trimestre: aumento da sensibilidade à insulina → aumento da deposição de proteínas e lipídios e diminuição da glicemia materna. Anabolismo • Final do 2º trimestre: resistência periférica à insulina → concentrações crescentes de progesterona, cortisol, prolactina, HPL, TNF- α e leptina. Catabolismo Aula-Diabetes Gestacional DIABETES GESTACIONAL Fisiopatologia RI periférica Hiperinsu -linismo Efeito diabeto- gênico da gestação DIABETES GESTACIONAL Rastreamento e Diagnóstico Aula-Diabetes Gestacional • A investigação deve ser feita em todas as gestantes sem diagnóstico prévio de diabetes. • Ainda não há um consenso sobre qual método adotar para o diagnóstico OMS (2013)** NIH (2012)* IADPSG(2010)**, ADA e SBD (2011) Jejum 92 a 125 mg/dl ≥ 95 mg/dl ≥ 92 mg/dl 1 hora ≥ 180 mg/dl ≥ 180 mg/dl ≥ 180 mg/dl 2 horas 153 a 199 mg/dl ≥ 155 mg/dl ≥ 153 mg/dl * Dois valores alterados confirmam o diagnóstico; ** Um valor alterado já confirma o diagnóstico Tabela: Diagnóstico de DMG com TOTG com ingestão de 75g de Glicose Aula-Diabetes Gestacional DIABETES GESTACIONAL Rastreamento e Diagnóstico Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcomes (HAPO) • Pesquisa Multinacional. • Objetivo: Esclarecer questões até então não respondidas sobre a associação entre hiperglicemia e o risco de desfechos adversos na gestação. • Coorte com 25.505 gestantes recrutadas em 15 centros. • TOTG 75g realizado entre a 24ª e 32ª sem de gestação. • Pesquisadores cegos quanto ao resultado a não ser que: Glicemia de Jejum >105 mg/dL ou 2h > 200 mg/dL Aula-Diabetes Gestacional • Desfechos primários: Peso fetal acima do p90 Cesariana Hipoglicemia neonatal clínica Peptídeo C no cordão umbilical acima do p 90 • CONCLUSÃO: Os resultados do HAPO indicam uma associação forte e contínua entre a glicemia materna (abaixo daqueles que diagnosticam DG) com o aumento do peso fetal e nos níveis de peptídeo C no cordão umbilical. Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcomes (HAPO) NEJM, May 2008 Aula-Diabetes Gestacional PEPTÍDEO C Aula-Diabetes Gestacional https://www.youtube.com/watch?v=vDyr8hWvnqU https://www.youtube.com/watch?v=vDyr8hWvnqU Rastreamento do Diabetes Gestacional Aula-Diabetes Gestacional Rastreamento do Diabetes Gestacional (Sintomas de diabetes (poliúria, polidipsia, polifagia ou perda de peso inexplicada) Aula-Diabetes Gestacional Repercussões do Diabetes na Gestação: Repercussões maternas • Ocorrência de SHG em 25% dos casos; • Polidramnia em 25 a 30% dos casos; • Infecção trato urinário (ITU) e pielonefrite, candidíase, hipoglicemia, cetoacidose, parto prematuro, necessidade de parto cirúrgico (cesariana); • Risco de desenvolver DM tipo 2 após a gestação, lesões vasculares nos rins e na retina, malformações congênitas graves, aborto. Aula-Diabetes Gestacional Repercussões do Diabetes na Gestação: Repercussões do Diabetes no Concepto: • Macrossomia (fetos > 4,0 kg); • RCIU, asfixia (hipóxia tecidual e morte), sofrimento fetal durante o parto, prematuridade, óbito fetal; • Hipoglicemia Neonatal; • Complicações pulmonares, Síndrome da angústia respiratória, hipoglicemia fetal, hipocalcemia, hiperbilirrubinemia, hipomagnesemia, policitemia, malformações congênitas. Aula-Diabetes Gestacional Sintomas do Diabetes Gestacional: • O diabetes gestacional geralmente não causa sintomas. • Algumas mulheres podem desenvolver sintomas as concentrações sanguíneas de glicose (hiperglicemia) estiverem altas demais: o Boca seca; o Aumento da Sede; o Náuseas; o Cansaço; o Urinar com frequência; o Visão turva. Aula-Diabetes Gestacional TRATAMENTO DO DIABETES GESTACIONAL Diabetes Care, mar 2010 • Alimentação; • Controle glicêmico: deve ser feito com glicemias de jejum e pós- prandiais semanais. O controle também pode ser realizado com avaliações de ponta de dedo. • Hipoglicemiantes orais: os mesmos ainda não devem ser utilizados na prática clínica. As mulheres que estiverem em uso dos mesmos devem interrompê-los ao engravidar. Aula-Diabetes Gestacional TRATAMENTO DO DIABETES GESTACIONAL Diabetes Care, mar 2010 • Insulinoterapia: › Falha na redução da glicemia mesmo com dieta; › Glicemia de jejum maior ou igual a a 95mg/dL e 1 hora pós-prandialmaior ou igual a 140mg/dL. Aula-Diabetes Gestacional Exemplo de uso de insulina em gestante de 60Kg com dose de 0,3 a 0,5 U/Kg/dia Avaliação do Estado Nutricional: Diabetes Care, mar 2010 • Avaliação antropométrica e ganho de peso recomendado: usar os mesmos parâmetros da gestante não diabética; • Avaliação dietética: deve ser detalhada; • Avaliação clínica: presença de enfermidades, sinais e sintomas digestivos; • Avaliação funcional: déficit de nutrientes; • Avaliação sociodemográfica e obstétrica; • Avaliação dos exames complementares. Aula-Diabetes Gestacional Objetivo: manter a normoglicemia, favorecer o nascimento de concepto a termo, vivo, com peso adequado, com menor risco de distúrbios respiratórios e malformações congênitas; •Gestantes obesas de difícil controle metabólico: restrição energética de 30%, cerca de 25kcal/kg/peso atual/dia, mínimo 1800 kcal dia; •Efeito dos carboidratos na glicemia: a quantidade total de carboidratos nas refeições é mais importante do que o tipo; •Podem ser usados valores entre 30 e 35 kcal/kg de peso ideal gestantes eutróficas. Conduta Nutricional Aula-Diabetes Gestacional Conduta Nutricional, ADA 2000, Energia: Aula-Diabetes Gestacional Cálculo do valor calórico total da dieta a partir da adequação de peso Estado Nutricional da gestante Kcal/kg/dia Adequado 30 120%-150% adequação 24 > 150% adequação 12-18 < 90% adequação 36-40 Conduta Nutricional Aula-Diabetes Gestacional Conduta Nutricional Recomendações de vitaminas e minerais: • Sódio: não deve ser restrito, orientar de acordo com a pressão arterial; • Ácido fólico: prevenção de doenças tubo neural; •Ferro: seguir mesmas recomendações para gestantes normais; • Estimular o consumo de antioxidantes: Vitaminas A, C e E, e selênio→ alto estresse oxidativo no DMG; •Dieta adequada em: potássio, magnésio, zinco e cromo → deficiência desses nutrientes pode agravar a hiperglicemia. Aula-Diabetes Gestacional Conduta Nutricional Índice Glicêmico • Recomendações ainda não estão definidas; • Deve-se evitar o consumo de mais 2 ou 3 alimentos com alto índice glicêmico (IG) na mesma refeição; • Estudos sugerem que a baixa ingestão de fibras na dieta, no período pré-gestacional, está associada ao desenvolvimento do DMG. Aula-Diabetes Gestacional Índice glicêmico e carga glicêmica • É a resposta fisiológica produzida por uma porção de 50g de CHO de um alimento, em relação à mesma porção de um outro considerado padrão (glicose ou pão branco), de aumentar a glicemia pós-prandial; • Classifica os diferentes CHO quanto a sua capacidade de elevar a glicemia, quando comparados a uma elemento padrão; A classificação dos alimentos pelo IG possibilita a análise da qualidade dos seus carboidratos Aula-Diabetes Gestacional Conduta Nutricional Índice glicêmico e carga glicêmica Conduta Nutricional Aula-Diabetes Gestacional • Usada para determinar o efeito glicêmico geral de uma dieta; • Avalia as alterações na glicemia causadas por uma determinada porção do alimento; • A CG é calculada multiplicando-se o valor do IG (qualidade) pelo total em gramas de carboidrato (quantidade) contido no alimento, e o produto, posteriormente, dividido por 100: CG = IG × CHO g 100 Índice glicêmico e carga glicêmica Conduta Nutricional Aula-Diabetes Gestacional Conduta Nutricional Lipídeos •Restrição às gorduras saturadas, com preferência aos óleos monoinsaturados, principalmente na hipercolesterolemia; •A utilização do óleo de coco não está definida na literatura para gestação; •As gorduras polinsaturadas, apesar de inflamatórias, têm função estrutural e reguladora. Aula-Diabetes Gestacional Conduta Nutricional Edulcorantes: • Podem ser usados em gestantes: sorbitol, , xilitol e amido hidrolisado. Aula-Diabetes Gestacional Referências LACERDA, E. M. A.; ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C. Nutrição Clínica em Obstetrícia e Pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2005. VITOLO, M. R. Nutrição – da Gestação ao Envelhecimento. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008. CHEMIN, S.M.; MURA, J. D. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. MARQUES, N.; SERPA, F.; TEIXEIRA, M. Nutrição Clinica Funcional: da fertilidade à gestação. São Paulo: Valéria Paschoal Editora Ltda., 2018. Aula-Diabetes Gestacional
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