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Resenha do texto “Federalismo e autonomia administrativa: Unidade para fora, diversidade para dentro. Um grande triunfo da história alemã”. Thomas Ellwein Prof. Thomas Ellwein inicia seu relato realizando uma análise e uma conceituação acerca do federalismo. O autor define o federalismo como uma agregação de estados autônomos em um Estado comum. Tendo essa definição, o autor parte para o estudo do caso alemão. A Alemanha nunca foi caracterizada como um Estado centralizado, nem mesmo durante o regime nazista, havia deficiências em matéria de centralização. O país germânico é um produto do século XIX, caracterizado por instituições estatais fortemente ligadas á federação. Durante a formação dos Estados nacionais modernos na Europa, a Alemanha não tinha um núcleo político capaz de concentrar o poder, como fizeram Londres e Pris, por exemplo. Durante o primeiro Reich (império) existia uma imensidão de unidades autônomas variantes. O Reich só delegava funções e, é claro, recebia o maior apoio dos estados menores. Estados maiores, como a Prússia, tinham interesses próprios a defender. Após o fim do primeiro Reich, pelas mãos de Napoleão, houve um crescimento dos estados maiores, aglutinando os menores. Em 1884 é formada a Liga Alemã de estados autônomos, com respeito mútuo. Isso significou a formação de uma confederação de estados, com a exceção da Prússia e da Áustria, então entre as maiores potências da Europa. O foco dos estados residia na sua organização interna, enquanto de Prússia e Áustria esta já estava consolidada. O autor faz questão de ressaltar a falta de participação do povo no que estava ocorrendo. Combinando isso à obstrução de circulação econômica, surgiu, entre os civis, um sentimento de unificação. Houve, inclusive uma tentativa, falha, de fazer um novo Reich como um Estado Federal. A unificação viria em 1866, conduzida pela Prússia, com a exclusão de Áustria e de Hungria do novo Reich. Em 1870 Otto Von Bismarck participaria da criação da nova Constituição, que determinava que as tarefas do Reich deveriam ser incumbência dos estados membros. Sobre a organização estrutural do II Reich, os estados executavam as leis do império e da federação. Participavam, todavia, da legislação. Assim, foi criado o Bundesrat (senado imperial), posterior Reichtag. O senado é formado por representantes dos governos estaduais. A participação dependia do tamanho e da proporcionalidade do estado. A estrutura federalista será sempre a utilizada na Alemanha. O autor analisa, em seguida, que tal estrutura, ao contrário de um Estado bastante centralizado, em que ocorre um antagonismo geral entre maioria e minoria, fortalece a possibilidade de atuação das minorias correspondentes. Há uma maior cooperação dos estados no processo de resolução de questões econômicas. Após 1949, observa-se certa flexibilidade constitucional no que se refere á transferência de poderes da federação aos estados, e vice-versa .Os municípios ficam subordinados aos estados, assim como a educação. O sistema federalista alemão determinou que, na República Federalista da Alemanha, houvesse uma distribuição favorável á população das reservas econômicas. A política na Alemanha impulsionou a igualdade de condições, ou seja, priorizou o equilíbrio ao invés do realce de diferenças entre os estados. A Federação continuou estipulando o que as administrações dos estados deveriam executar A Alemanha, ao entendimento do autor, determinou um “federalismo cooperativo”, que determinava a separada execução das tarefas e realça a autonomia dos estados. Os grandes impostos são distribuídos na renda entre a Federação, os estados e os municípios, assim, a responsabilidade financeira dos estados e dos municípios é pouco perceptível pelos cidadãos. Thomas Ellwein conclui o texto que o federalismo e a autonomia administrativa fortalecem a flexibilidade administrativa e mantem as peculiaridades e as identidades de cada região. Assim, o autor sintetiza a sua opinião da seguinte forma: “... o Federalismo alemão contribui para uma heterogeneidade política, garantindo assim uma grande diversificação no país, impedindo, todavia, que regiões mais favorecidas do território nacional exerçam uma atração forte demais sobre as outras regiões.” Por: Ariel S. Barkan Março de 2015 Prof. Carlos Eduardo Dieder Reverbel UFRGS – Faculdade de Direito