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Administracao de Material e Patrimonio

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Edelvino Razzolini Filho
ADMINISTRAÇÃO
DE MATERIAL E PATRIMÔNIO
ADMINISTRAÇÃO
DE MATERIAL E PATRIMÔNIO
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AÇ
ÃO
 D
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M
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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-3588-5
9 7 8 8 5 3 8 7 3 5 8 8 5
Edelvino Razzolini Filho
Administração 
de Material e Patrimônio 
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2013
Edição revisada
© 2006-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-
ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
__________________________________________________________________________________
R219a
 
Razzolini Filho, Edelvino.
 Administração de material e patrimônio / Edelvino Razzolini Filho. - 1. ed., rev. - Curi-
tiba, PR : IESDE Brasil, 2013. 
 330 p. : 24 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-3588-5
 
 1. Administração de material 2. Logística empresarial. I. Título. 
13-1182. CDD: 658.7
 CDU: 658.7
 
22.02.13 27.02.13 043049
__________________________________________________________________________________
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
Edelvino Razzolini Filho
Doutor e Mestre em Engenharia de Produção 
pela Universidade Federal de Santa Catarina, 
Especialista em Marketing, Administrador de 
Empresas. Atualmente é professor e coorde-
nador do curso de Gestão da Informação da 
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Foi su-
pervisor de vendas e gerente de vendas de di-
versas empresas distribuidoras de materiais e 
equipamentos médico-hospitalares na região 
Sul do Brasil; gerente de produtos de indústria 
farmacêutica com atuação em todo o território 
nacional. Foi sócio-diretor da empresa K. R. Con-
sultoria e Assessoria Empresarial Ltda., atuando 
com treinamento e consultorias na área de lo-
gística; também foi diretor-presidente da UNIE-
DUC Cooperativa dos Educadores e Consultores 
de Curitiba; autor de diversos livros e artigos 
publicados em revistas e eventos científicos na-
cionais e internacionais.
su
m
ár
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su
m
ár
io
su
m
ár
io
su
m
ár
io
Administração de materiais | 
13
13 | Considerações iniciais
14 | Recursos à disposição das organizações
17 | Conceito de administração de materiais
19 | Evolução das organizações e da administração de materiais
24 | Logística e Supply Chain Management (SCM) 
O sistema de administração de materiais e patrimônio | 
33
33 | Funções componentes de um sistema de administração de materiais
39 | Atividades da administração de materiais
43 | Os estoques e a área de materiais
A administração de materiais nas organizações | 
55
55 | A organização da área de materiais
59 | Localização e abrangência da administração de materiais
65 | Papel da administração de materiais nas organizações
Identificação, classificação 
e controle de materiais e bens patrimoniais | 
75
75 | Introdução
75 | Identificação de materiais
79 | Classificação de materiais
82 | Controle de materiais
88 | Avaliação de desempenho como ferramenta de controle
O método ABC de classificação de materiais | 
97
98 | Classificação de materiais conforme o valor – classificação ABC
104 | Outros critérios para a classificação dos materiais
106 | Ferramentas e indicadores de gerenciamento dos estoques
Sistemas de armazenagem | 
119
121 | Razões para a manutenção de espaços de armazenagem
125 | Funções dos sistemas de armazenagem
131 | Opções de armazenagem e tipos de armazéns
134 | Atividades nos sistemas de armazenagem
Dimensionamento e controle de estoques | 
139
139 | Considerações iniciais
140 | Como dimensionar os estoques
142 | Política de estoque e previsão de demanda
151 | Controle de estoque
Planejamento e programação da produção | 
165
165 | Introdução
166 | Questões introdutórias ao planejamento
167 | Planejamento da produção
173 | Programação da produção – programa-mestre de produção
175 | A administração de materiais e a produção
su
m
ár
io
su
m
ár
io
su
m
ár
io
su
m
ár
io
Material Requirements Planning (MRP) | 
181
181 | Introdução
183 | O MRP e as informações que o alimentam
186 | O funcionamento do MRP
A Filosofia JIT e sua importância 
para a administração de materiais | 
199
199 | Introdução
199 | Integração e otimização
199 | Melhoria contínua (kaizen) 
200 | Resposta às necessidades dos clientes
202 | O que é necessário para implantar o JIT? 
208 | O JIT, seus objetivos operacionais e a questão dos estoques
212 | Os custos no ambiente JIT
Os sistemas logísticos, subsistemas e atividades |
221
221 | Introdução
222 | O sistema logístico – conceitos elementares
230 | Os subsistemas logísticos
233 | Funções e atividades logísticas
Os sistemas de distribuição | 
243
244 | Canais de distribuição – a interface da administração 
de materiais com o marketing
247 | Planejamento de distribuição
255 | Inter-relacionamento da distribuição física 
com os demais elementos do composto de marketing
Os sistemas de transportes | 
263
263 | Introdução
264 | Modal de transporte
265 | Transporte próprio ou terceirizado? 
265 | Roteirização
265 | Nível de serviço
266 | O sistema de transportes
273 | Os intervenientes (atores) nos sistemas de transportes
O gerenciamento da cadeia de suprimento (SCM) | 
283
283 | Introdução
285 | Supply Chain Management (SCM) – conceitos básicos
291 | Colaboração nas cadeias de suprimento
295 | Outras considerações sobre o SCM
A cadeia de suprimento digital e os negócios eletrônicos | 
305
305 | A informação nas cadeias de suprimento
314 | Tipologia do comércio eletrônico – a linguagem do E
318 | Soluções organizacionais nas cadeias de suprimento digitais
Referências | 
325
A
dm
inistração de 
M
aterial e P
atrim
ônio
Apresentação
A Administração de Material e Patrimônio é 
uma das mais relevantes disciplinas nos cursos 
de Administração. Sua relevância é tão expressiva 
que, atualmente, passou a receber a denominação 
genérica Logística Empresarial. Um dos primeiros 
livros de logística a ser publicado no Brasil, por 
volta de 1990, trazia em seu subtítulo a expres-
são “administração de materiais”, para demonstrar 
como já naquele momento havia um reconhe-
cimento da importância dessa disciplina. Então, 
atualmente, com a ênfase dada à logística nas or-
ganizações, essa disciplina está recebendo o seu 
merecido destaque.
Um dos objetivos deste livro é destacar a impor-
tância da Administração de Material e Patrimônio 
dentro dos cursos de Administração, preenchen-
do, talvez, uma importante lacuna no mercado 
editorial.
O livro é composto por 15 capítulos e está estru-
turado em três partes essenciais: a primeira parte 
apresenta os conceitos básicos da administração 
de materiais; a segunda parte apresenta conceitos 
dos sistemas de armazenagem e da gestão de es-
toques, além de apresentar algumas ferramentas 
para seu adequado gerenciamento; e a terceira 
parte apresenta os conceitos modernos da logísti-
ca empresarial e do seu gerenciamento.
Os cinco primeiros capítulos compõem a pri-
meira parte do livro e têm a finalidade de introdu-
zir o aluno nos conceitos essenciais da administra-
ção de materiais.
No capítulo 1 são apresentados os conceitos da 
administração de materiais e a forma como esses 
conceitos foram evoluindo ao longo do tempo; no 
capítulo 2 se apresenta o sistema de administra-
ção de materiais e patrimônio, destacando-se as 
funções que compõem esse sistema; o capítulo 3 
mostra a administração de materiais nas organi-
zações, destacando-se sua localização (em termos 
de organograma)e sua abrangência nos sistemas 
gerenciais; já o capítulo 4 trata da identificação, 
classificação e controle de materiais e dos bens pa-
trimoniais, como elementos essenciais para uma 
administração de materiais eficiente, que auxilie 
a organização a atingir os objetivos estabelecidos 
pela alta administração; por fim, o capítulo 5 apre-
senta o método ABC de classificação de materiais 
como uma importante ferramenta para facilitar o 
gerenciamento dos recursos materiais (principal-
mente os estoques), de forma a minimizar os in-
vestimentos de recursos organizacionais.
A segunda parte do livro, que são os capítulos 
de 6 a 10, objetiva apresentar o papel da armaze-
nagem para uma boa administração de materiais.
O capítulo 6 apresenta os conceitos essenciais 
de um sistema de armazenagem e os principais sis-
temas de armazenagem, com suas respectivas es-
truturas. No capítulo 7 se discorre sobre o dimensio-
namento e o controle dos estoques, demonstrando 
o papel das variáveis demanda e tempo sobre o 
controle dos estoques. No capítulo 8 se apresen-
tam os conceitos de planejamento e programação 
de materiais, sua importância e relevância para a 
diminuição dos investimentos em estoques. O ca-
pítulo 9 trata do planejamento das necessidades 
de recursos materiais para o adequado funciona-
mento dos sistemas produtivos, apresentando os 
conceitos de MRP (Material Requirement Planning) 
e sua evolução. Por fim, o capítulo 10 trata da Filo-
sofia Just-in-Time, seus conceitos elementares, sua 
evolução e importância para a administração de 
materiais.
A terceira parte do livro busca relacionar a ad-
ministração dos materiais no contexto mais amplo 
da moderna logística empresarial. Para tanto, o ca-
pítulo 11 apresenta o sistema logístico, seus com-
ponentes e as atividades logísticas (primárias e se-
cundárias). No capítulo 12 se apresenta o sistema 
A
dm
inistração de 
M
aterial e P
atrim
ônio
A
dm
inistração de 
M
aterial e P
atrim
ônio
de distribuição, relacionando seu impacto sobre a 
administração de materiais. O capítulo 13 trata do 
sistema de transportes e busca demonstrar o papel 
da variável tempo para a administração de mate-
riais. O capítulo 14 trata de um tema atual e sempre 
relevante: a administração da cadeia de suprimen-
tos, que é extremamente importante para a admi-
nistração de materiais. No último capítulo da obra 
aborda-se outro tema relevante e atual: a cadeia de 
abastecimento e o comércio eletrônico, uma vez 
que a prática do comércio eletrônico apresenta 
crescimento constante nos dias atuais.
Assim estruturado, o livro busca apresentar os 
conceitos e as ferramentas essenciais para uma 
adequada administração dos recursos materiais e 
patrimoniais que são colocados à disposição das 
organizações e que necessitam ser minimizados 
para que os resultados possam ser maximizados. 
Com essa visão em mente é que se buscou elabo-
rar o presente livro. Portanto, desejamos ao leitor 
uma boa leitura e ótimo aproveitamento dos con-
teúdos aqui disponibilizados.
Administração de materiais
O objetivo deste capítulo é apresentar o conceito de administração de 
materiais e sua evolução ao longo do tempo, como forma de estabelecer as 
bases para a aprendizagem desse conteúdo tão importante para a formação 
do administrador.
A administração de materiais é de vital importância para a redução de 
custos e aprimoramento dos processos produtivos, quando corretamente 
compreendida e desempenhada. Analisando-se os balanços das organiza-
ções é possível perceber que os investimentos em estoques representam 
uma média de 1/3 dos ativos totais das empresas. Isso significa que é funda-
mental gerenciar adequadamente os materiais que são utilizados nos pro-
cessos produtivos.
Considerações iniciais
Essencialmente, a atividade administrativa implica o processo de trans-
formação de recursos de entrada em recursos de saída, conforme se visualiza 
na figura a seguir:
Fornecedores ClientesRecursos 
de entrada
Recursos 
de saída
Processamento 
dos recursos 
Processos administrativos
Processos operacionais
Processos tecnológicos
Outros processos
Financeiros
Materiais
Humanos
Energéticos
Tecnológicos
Equipamentos
Etc.
Juros/Lucros
Produtos
Salários
Serviços
Marcas/Patentes
Etc.
Figura 1 – A dinâmica do funcionamento organizacional.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
 
13
14
Administração de materiais
Os recursos de entrada são obtidos junto a fornecedores, e podem ser 
ordenados em grupos principais: recursos financeiros; recursos materiais; 
recursos humanos; recursos energéticos; recursos tecnológicos; equipamen-
tos; facilidades1 etc.
A organização agrupa esses recursos e, utilizando-se de processos inter-
nos, os transforma em recursos de saída, destinados aos seus clientes. Isso 
implica que os recursos colocados à disposição da organização, obtidos de 
seus fornecedores, devem ser bem gerenciados para se obter as saídas de 
recursos desejados pelos clientes da organização.
Essa transformação de recursos depende em grande parte da adminis-
tração de materiais, que é responsável por obter e gerenciar os recursos que 
serão processados pela organização. É exatamente sobre essa atividade, a 
administração de materiais, que vamos discorrer nesta obra, buscando de-
monstrar o seu papel para a Administração, como ela funciona e os resulta-
dos que oferece aos sistemas organizacionais.
Recursos à disposição das organizações
Como se percebe, pela figura 1 (A dinâmica do funcionamento organiza-
cional), os recursos que são disponibilizados às organizações, para que atin-
jam seus objetivos, têm sua origem naquilo que genericamente chamamos 
de fornecedores. Tais fornecedores podem disponibilizar às organizações os 
diferentes tipos de recursos de que elas precisam para operacionalizar seus 
processos produtivos, podendo ser visualizados na figura a seguir.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
Materiais Patrimoniais
Financeiros 
(capitais)
Energéticos Tecnológicos Humanos
Recursos organizacionais
Figura 2 – Os recursos gerenciáveis pelas organizações.
1 Do inglês facilities, para 
significar todos os recur-
sos adicionais necessários 
aos processos produtivos, 
como: instalações de ar 
comprimido, instalações 
elétricas, de gás etc.
Administração de materiais
15
Claro que existem outros recursos que podem ser utilizados pelas organi-
zações, como os recursos informacionais. Porém, relacionamos apenas os seis 
encontrados na figura 2, e daremos ênfase aos recursos materiais e aos patri-
moniais, uma vez que os mesmos são o objeto de nosso estudo.
Os fornecedores dos recursos financeiros são chamados de capitalistas e 
podem fornecer capitais próprios, os sócios ou acionistas, ou capitais de ter-
ceiros, os fornecedores, bancos etc. 
Os fornecedores dos recursos energéticos podem ser os governos (energia 
elétrica, gás etc.) ou empresas privadas (madeira, óleo diesel etc.). 
Os fornecedores de recursos tecnológicos (máquinas, equipamentos, soft-
ware, processos etc.) podem ser tanto empresas públicas quanto privadas. 
Os recursos humanos podem ser fornecidos por empresas terceirizadas ou 
contratados diretamente pela própria organização.
Os recursos materiais são as matérias-primas, materiais auxiliares e os in-
sumos utilizados nos processos produtivos, os de escritório, de higiene e lim-
peza etc., e devem ser corretamente administrados, uma vez que são recur-
sos de uso contínuo e precisam ser adquiridos e gerenciados visando atingir 
os objetivos de redução de custos e/ou de maximização de resultados. Ge-
ralmente, os recursos materiais encontram-se no chamado Ativo Circulante 
das organizações e recebem o nome genérico de estoques.
Por fim, os recursos patrimoniais são aqueles que compõem o chama-
do Ativo Permanente das organizações e são representados por máquinas, 
equipamentos, veículos, móveis, utensílios e demais facilidades necessárias 
ao funcionamento da organização.
Recursos materiais
Essencialmente, entende-sepor recursos materiais quaisquer bens que 
sejam utilizados nos processos produtivos organizacionais. Segundo Mar-
tins e Alt (2000, p. 6), “por transmitirem a ideia de que são capazes de gerar 
produtos e serviços e, portanto, produzir riquezas, os bens são muitas vezes 
considerados como sinônimo de recursos”.
Para a administração de materiais, os bens (parte do patrimônio da or-
ganização) são sinônimos de recursos materiais e, assim, são considerados 
16
Administração de materiais
apenas aqueles que integram o chamado Ativo Circulante das organizações e 
que, genericamente, recebem o nome de estoques. Ou seja, o objeto central 
da administração de materiais é o estoque à disposição das organizações.
Os estoques são compostos, basicamente, de materiais auxiliares, maté-
rias-primas, produtos em processo (WIPs – Work in Process) e produtos acaba-
dos. Cada um desses materiais merecerá um cuidado e atenção diferenciada 
para que os objetivos da organização possam ser atingidos. A correta gestão 
dos estoques é a essência da administração de materiais.
Recursos patrimoniais
Para a contabilidade, o patrimônio de uma organização é entendido como 
o conjunto de bens, direitos e obrigações que são colocados à sua disposi-
ção pelos sócios e/ou fornecedores. O papel da administração de materiais 
e do patrimônio é zelar por tais recursos, gerindo-os de forma a garantir sua 
utilização racionalmente para permitir que se atinjam os objetivos organiza-
cionais de maximização dos resultados (lucro).
Esse “conjunto de bens, direitos e obrigações” representa um conjunto 
de recursos que, bem administrado, poderá contribuir com os objetivos da 
organização, uma vez que, ainda segundo a ciência contábil, o patrimônio 
líquido é representado pela seguinte equação:
Patrimônio Líquido = (Bens + Direitos) – Obrigações
No conjunto de bens e direitos encontram-se os recursos patrimoniais 
(ativos permanentes), os estoques, os recursos financeiros etc. e, no conjunto 
dos direitos, encontram-se os resultados da venda dos produtos e/ou ser-
viços gerados pelos processos produtivos, representados, entre outros, por 
duplicatas a receber. Para a disciplina de administração de materiais quando 
nos referimos ao patrimônio, estamos dedicando atenção apenas aos bens 
que fazem parte do ativo permanente.
Como se pode perceber, pelos conteúdos acima, a administração de re-
cursos materiais é diferente da administração dos patrimoniais, embora sua 
gestão tenha a mesma finalidade, ou seja, contribuir para que se atinjam os 
objetivos das organizações, em termos de minimizar os recursos (materiais 
ou patrimoniais) para possibilitar uma maximização dos resultados.
Administração de materiais
17
Conceito de administração de materiais
Para compreender o significado da administração de materiais, é necessá-
rio compreender o significado das duas palavras: administração e materiais.
A palavra administração designa tanto a ciência que estuda os fenôme-
nos organizacionais, quanto o local onde se localizam os serviços adminis-
trativos ou, ainda, o conjunto de regras que objetivam ordenar e controlar os 
processos organizacionais, com produtividade e eficiência, visando atingir 
resultados predeterminados.
Por outro lado, a palavra materiais assume o significado do conjunto de 
objetos, instrumentos, equipamentos, ferramentas ou outros que são utiliza-
dos em um serviço ou processo produtivo. Ou, ainda, o mobiliário ou conjun-
to de utensílios de uma organização.
Dessas duas palavras, assim conceituadas, podemos inferir que adminis-
tração de materiais implica gerenciar os recursos à disposição de uma deter-
minada organização para atingir os objetivos estabelecidos. Porém, não são 
todos os recursos apresentados na figura 1 que são objeto do gerenciamen-
to pela área de atuação da administração de materiais. Apenas os recursos 
materiais propriamente ditos e os relacionados com o patrimônio é que são 
objetos de preocupação da área de materiais.
Inicialmente, podemos definir a administração de materiais como sendo 
o conjunto de regras, ou normas, que visam ordenar os processos organizacio-
nais relacionados com os materiais à disposição da organização, com produti-
vidade e eficiência, de forma a atingir objetivos preestabelecidos.
Segundo diferentes autores, existem formas diversas de se conceituar a 
administração de materiais. Segundo Arnold (1999, p. 26), a administração 
de materiais é a função “responsável pelo fluxo de materiais a partir do forne-
cedor, passando pela produção até o consumidor” ou, ainda, “planejamento 
e controle da distribuição e administração da logística”.
Para Martins e Alt (2000, p. 5),
[...] a administração dos recursos materiais engloba a sequência de operações que tem seu 
início na identificação do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte 
interno e acondicionamento, em seu transporte durante o processo produtivo, em sua 
armazenagem como produto acabado e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor 
final.
18
Administração de materiais
Para Arnold (1999, p. 26) “administração de materiais é uma função coor-
denadora responsável pelo planejamento e controle do fluxo de materiais”.
Por outro lado, Francischini e Gurgel (2002, p. 5) definem a administra-
ção de materiais como a “atividade que planeja, executa e controla, nas con-
dições mais eficientes e econômicas, o fluxo de material, partindo das es-
pecificações dos artigos a comprar até a entrega do produto terminado ao 
cliente”.
Outra definição útil é a do Council of Supply Chain Management Professio-
nals (CSCMP), ou Conselho dos Profissionais de Administração das Cadeias 
de Suprimentos, que definem a administração de materiais como sendo “a 
logística de entrada de materiais, desde os fornecedores até o processo pro-
dutivo”. Ou, ainda, a movimentação e a administração de materiais e produ-
tos acabados desde a obtenção (compra), até o processo de produção2.
Nos três primeiros conceitos apresentados, temos em comum a existência 
de um “fluxo” de materiais desde o fornecedor, atravessando a organização, 
até chegar ao cliente final. Apenas para o CSCMP é que o fluxo se encerra no 
processo produtivo. Além disso, também está implícita no conceito a existên-
cia de uma “quantidade” de materiais em movimentação. Como fluxo se rela-
ciona com tempo, isso significa que temos duas variáveis essenciais a serem 
consideradas nos conceitos apresentados: (1) quantidade; e (2) tempo.
Essas duas variáveis (quantidade e tempo) serão sempre objetos de preo-
cupação da administração de materiais. Importante esclarecer, também, que 
o objeto de preocupação da administração de materiais, sua razão de ser, 
deve estar focada em:
utilizar da maneira mais racional possível os recursos da organização �
(maximizando-os); e
apresentar um nível de serviço em consonância com o desejado pelo �
cliente.
Isso significa que a administração de materiais deve preocupar-se em ge-
renciar adequadamente os fluxos de materiais ao longo dos processos, de 
forma a garantir sua melhor utilização e, ao mesmo tempo, oferecendo o 
mais alto nível de serviços possível aos clientes.
Na evolução dos conceitos como consequência da evolução da admi-
nistração, como se verá no próximo tópico, o que existiam eram termos 
2 No original em inglês: 
Materials Management - 
Inbound logistics from 
suppliers through the pro-
duction process. The mo-
vement and management 
of materials and products 
from procurement through 
production.
Administração de materiais
19
diferentes com significados semelhantes. Ou seja, tratava-se de atividades 
relacionadas com o deslocamento de materiais e um fluxo de informações, 
desde uma fonte de matéria-prima até o cliente final. Ao longo do tempo, 
a evolução natural conduziu ao conceito mais amplo de logística, que vem 
ocupando espaço nas organizações, conquistando respeito profissional e in-
fluindo na estratégia das organizações. 
Finalmente, podemos conceituar a administração demateriais como 
sendo o conjunto de regras, ou normas, que visam adequar os processos orga-
nizacionais aos fluxos de materiais à disposição da organização, garantindo 
sua maximização, para atingir os objetivos organizacionais e os de satisfação 
do cliente em termos de nível de serviço.
Ao longo do texto, utilizaremos indistintamente as expressões adminis-
tração de materiais, suprimentos, gestão de suprimentos ou logística de su-
primentos, com o mesmo significado acima exposto. 
Uma vez que sabemos conceitualmente o que é administração de mate-
riais, podemos analisar sua evolução ao longo do tempo e como as organi-
zações evoluíram sob essa perspectiva.
Evolução das organizações e 
da administração de materiais
Para se compreender como as organizações evoluíram, e com elas a admi-
nistração de materiais, é necessário entender o ambiente no qual as organi-
zações se inserem, ou seja, o cenário (“pano de fundo”) em que elas precisam 
competir. Para isso, efetuamos um corte temporal a partir da II Grande Guerra 
Mundial (IIGGM), iniciando com a década de 1950 para explicar esse ambiente 
e suas consequências para as organizações. Uma vez que, segundo Corrêa e 
Corrêa (2004, p. 34-35):
A guerra praticamente ocorreu sobre a Europa e o Japão. Numa situação de guerra, os 
envolvidos não apenas visam a objetivos militares, mas também industriais de seus 
inimigos, de onde saem equipamentos e suprimentos. Isso significa que ao final da IIGGM 
a capacidade produtiva mundial encontrava-se severamente deprimida. Ao mesmo 
tempo, a capacidade de demanda, reprimida por muitos anos durante a guerra, estava 
vivendo um período de “bolha de consumo”.
No início da década de 1950, o mundo vivia ainda as consequências do 
pós-guerra, em que as indústrias estavam focadas em atender às demandas 
de um mundo em reconstrução, um mercado francamente comprador, exi-
20
Administração de materiais
gindo grandes volumes de produção para atender a duas necessidades bási-
cas: redução de custos operacionais; satisfazer clientes ávidos por novidades. 
Quando as empresas precisam competir através de grandes volumes, para 
reduzir seus custos operacionais, a administração de materiais deve estar 
focada no gerenciamento de seus inventários.
Na década de 1960, com o mundo reconstruído e clientes atendidos em 
suas necessidades, em termos de produtos básicos, surgem os grandes su-
permercados, sobretudo nos Estados Unidos da América, e com as empresas 
necessitando realizar grandes esforços para concretizar vendas, passa a ser 
imperioso agregar valor aos produtos através da adição de serviços. Nesse 
cenário, o marketing ocupa o espaço central das preocupações organizacio-
nais e a ênfase da administração de materiais passa a ser a distribuição dos 
produtos.
Já na década de 1970 o mundo assiste ao fenômeno da “invasão” de pro-
dutos japoneses, sem compreender muito bem o que acontecia. O início da 
década teve a primeira grande crise do petróleo (1973), quando o barril de 
petróleo chegou à casa dos U$30.00, fazendo com que os países produtores 
auferissem grandes ganhos com suas exportações e, como consequência, 
buscassem aplicações para seus recursos financeiros. Isso gerou uma enorme 
onda de investimentos de capitais, levando as organizações a focarem na lu-
cratividade, uma vez que precisavam remunerar adequadamente os capitais 
investidos. Nesse caso, a administração de materiais teve que se concentrar 
nos processos produtivos para garantir eficiência operacional.
Na década seguinte, 1980, em virtude da conquista de mercado pelos 
japoneses, as organizações, compreendendo que o sustentáculo das in-
dústrias japonesas era o fenômeno da gestão da qualidade, investiram em 
programas de qualidade e fizeram com que o cenário passasse a represen-
tar uma competição mundial extremamente acirrada, em que conquistava 
clientes aquela organização com produtos com qualidade, preços competi-
tivos e entregas pontuais. Isso conduziu a administração de materiais a ge-
renciar os fluxos de materiais (matérias-primas) tanto nas compras, quanto 
na produção, como nas vendas, de forma a assegurar a qualidade desde o 
início até o final do processo.
Na década de 1990, como reflexo do processo evolutivo, as empresas se 
tornam globais, ou seja, passam a atuar em diferentes pontos do globo ter-
restre e, para isso, estabelecem parcerias com seus fornecedores e/ou distri-
Administração de materiais
21
buidores, para garantir que seus produtos cheguem antes que os do con-
corrente aos clientes. Também ganha força a preocupação com as questões 
ecológicas, levando as organizações a cuidarem com a compra de materiais 
ecologicamente corretos e com produtos idem. Isso conduz a administração 
de materiais a novas técnicas de gerenciamento, uma vez que era necessá-
rio ajustar os processos internos aos processos dos seus fornecedores e/ou 
clientes, fazendo com que o foco passasse a ser nos processos gerenciais.
Ao iniciar o século XXI, na década de 2000, o fenômeno da globalização 
ganha ainda mais força e a adição de inúmeros novos competidores globais 
(suportados, inclusive, pelas facilidades da tecnologia da informação dispo-
nível), ao invés de parcerias, as empresas começam a estabelecer alianças 
tanto com fornecedores quanto com clientes, as preocupações com as ques-
tões ecológicas evoluem ainda mais (observe as exigências de certificação 
ambiental para inúmeras empresas) e ganha espaço a preocupação com as 
questões sociais.
A esse cenário, a administração de materiais é obrigada a responder com 
ações flexíveis e extremamente ágeis, uma vez que as organizações com-
petem com velocidade cada vez maior e, por outro lado, atuando em um 
número maior de países. Além disso, o surgimento do comércio eletrônico 
também exige maior atenção às questões espaço-temporais.
Um resumo do processo evolutivo aqui descrito encontra-se no quadro 
a seguir.
Quadro 1 – Quadro evolutivo da administração de materiais
Época Cenário de negócios Ênfase organizacional Ênfase de materiais
(R
O
D
RI
G
U
EZ
, 2
00
4.
 A
da
p
ta
do
.)
Anos 1950 Volume de produção Foco nos custos opera-cionais Foco no inventário
Anos 1960 Vendas Agregação de valor atra-vés de serviços Foco na distribuição
Anos 1970 Investimento de capitais Foco na lucratividade Foco na produção
Anos 1980 Competição acirrada Foco na gestão da quali-dade total
Foco em compras – pro-
dução – vendas
Anos 1990 Globalização, parcerias, ecologia
Competição baseada no 
tempo
Foco nos processos 
gerenciais
Anos 2000
Globalização, alianças, 
ecologia e responsabili-
dade social
Competição baseada 
no tempo e no espaço 
geográfico
Foco na flexibilidade e na 
agilidade
22
Administração de materiais
O quadro mostra como as organizações evoluíram e de que forma as exi-
gências sobre os sistemas gerenciais foram se ampliando. Na verdade, as exi-
gências em cada um dos cenários de negócios continuam sendo feitas sobre 
os sistemas gerenciais. Tudo isso fez com que a administração de materiais 
fosse ganhando cada vez mais relevância para as organizações.
A administração de materiais, com o apoio das Tecnologias da Informa-
ção e de Comunicação (TICs), tem atuado de forma integrada na gestão do 
fluxo de materiais através dos processos produtivos. Assim, os sistemas inte-
grados de gestão empresarial (ERPs) são os responsáveis por assegurar que 
a administração de materiais consiga cumprir os objetivos organizacionais 
com eficiência e eficácia.
A partir dessa evolução, e da inclusão da área dentro do sistema logís-
tico, a expressão mais utilizada para designar a área de materiais é gestão 
de suprimentos que, segundo Arnold (1999, p. 30), “inclui todas as atividades 
em movimentar bens, do fornecedor para o início do processo produtivo” e, 
incluindo-se a distribuição física, do final do processo produtivo até o cliente 
final (consumidor3).
Importância da administração de materiais
Diante do processo evolutivo por que passou, a administração de mate-
riaisassume importância essencial para as organizações ao ter que realizar 
o equilíbrio entre o nível de serviços a ser oferecido aos clientes e o custo de 
fornecer tal nível de serviços.
Ainda segundo Arnold (1999, p. 31),
[...] agrupando-se todas as atividades envolvidas na movimentação e estocagem de 
bens em um departamento, a empresa tem uma oportunidade melhor de fornecer o 
melhor serviço a um custo mínimo e assim aumentar lucros. A preocupação geral da 
administração de materiais é balancear prioridade e capacidade. O mercado estabelece 
a demanda. A administração de materiais deve planejar as prioridades da empresa (quais 
bens produzir e quando) para atender a essa demanda. A capacidade é a habilidade do 
sistema de produzir ou entregar bens. Prioridade e capacidade devem ser planejados e 
controlados para atender à demanda de consumidores a um custo mínimo. 
Como é possível perceber, trata-se de um desafio enorme e, para tanto, é 
necessário compreender o fluxo, apresentado na figura a seguir, que começa 
nos fornecedores, atravessa a organização, passa pelos canais de distribui-
ção, até chegar aos clientes finais.
3 Usamos a expressão clien-
te, de forma abrangente, 
para incluir todos os elos 
da chamada cadeia de su-
primentos: atacadistas, dis-
tribuidores, varejistas etc., 
e não apenas o consumidor 
ou usuário final.
Administração de materiais
23
Figura 3 – O fluxo de materiais.
Fornecedor ClientesSuprimentos Distribuição 
Física
Processo Produtivo
MP Transformação (WIPs) PA
A gestão de suprimentos é a gestão de um fluxo de materiais.
Legenda:
MP = Matéria-prima
WIPs = Work in Process ou Progress (Produtos em Processo)
PA = Produtos Acabados
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
A gestão desse fluxo de materiais implica uma série de atividades (que 
compõem processos) que, em última análise, visam assegurar a disponibi-
lidade dos materiais certos, na hora certa, no lugar correto, em condições 
de utilização, por um custo que atenda às expectativas da organização e de 
seus clientes.
A área de materiais é, em essência, uma importante área operacional das 
organizações, “e paradoxalmente, no nível das unidades de operações pro-
priamente dito, a tomada de decisões em muitas empresas ainda não obe-
dece a uma consideração mais sistêmica de impactos nos resultados globais 
da organização” (CORRÊA; CORRÊA, 2004, p. 45).
A área de materiais é uma
[...] atividade de gerenciamento estratégico de recursos escassos (humanos, tecnológicos, 
informacionais e outros), de sua interação e dos processos que produzem e entregam 
produtos e serviços visando atender a necessidades e ou desejos de qualidade, tempo 
e custo de seus clientes. Além disso, deve também compatibilizar este objetivo com 
as necessidades de eficiência no uso dos recursos que os objetivos estratégicos da 
organização requerem. (CORRÊA; CORRÊA, 2004, p. 45)
O comentário acima deixa clara a importância estratégica da adminis-
tração de materiais para, com um adequado gerenciamento dos recursos 
escassos, atender aos interesses dos diferentes públicos das organizações, 
gerando as saídas esperadas por cada um desses públicos, que estão relacio-
nadas na figura 1: juros, para os capitais de terceiros; lucros, para os capitais 
próprios; produtos e/ou serviços, para os clientes; salários, para os empre-
gados; marcas e/ou patentes, para a sobrevivência da organização; tributos, 
para os governos; e, ainda, outras saídas que atendam às necessidades ou 
desejos de outros públicos específicos.
24
Administração de materiais
Em síntese, a importância da administração de materiais se caracteriza 
por reduzir custos e pela garantia de que os materiais corretos estarão no 
lugar certo, ao tempo certo e, ainda, que os recursos à disposição da organi-
zação serão utilizados da forma mais racional / produtiva possível.
Na continuação, vamos apresentar uma breve introdução à logística em-
presarial para possibilitar unificar a linguagem que será adotada doravante.
Logística e Supply Chain Management (SCM) 
Vamos estabelecer alguns conceitos iniciais para que seja possível en-
tender porque vamos utilizar indistintamente os termos administração de 
materiais, suprimentos, gestão de suprimentos ou logística de suprimentos, 
com o mesmo significado.
Logística empresarial
A chamada logística empresarial é um conceito definido também pelo 
CSCMP (2008), como sendo a parte do processo da cadeia de suprimentos 
que planeja, implementa e controla o fluxo e o armazenamento, à jusante 
e reverso, com eficiência e eficácia, dos bens, serviços e informações rela-
cionadas, desde um ponto de origem até o ponto de consumo ou utiliza-
ção; com o objetivo de atender às exigências dos clientes e os propósitos da 
organização.
Como é possível perceber, o conceito acima é muito semelhante ao con-
ceito de administração de materiais, apresentado há pouco, uma vez que 
modernamente a administração de materiais tem sido chamada de logística 
de suprimentos ou, simplesmente, suprimentos.
Além disso, o conceito deixa clara a existência de fluxos: de materiais; e 
de informações. Ou seja, um fluxo físico, que conduz os bens e/ou serviços 
produzidos em direção ao cliente final (à jusante), ou do cliente final de volta 
para algum ponto do processo (à montante, a chamada logística reversa).
A palavra logística entrou no cotidiano da empresas a partir do momento 
em que ocorreu a estabilização econômica do Brasil, quando os responsá-
Administração de materiais
25
veis pela administração das organizações descobriram que os estoques ele-
vados, na maioria das vezes, escondiam os problemas existentes. Assim, a 
expressão logística empresarial é utilizada para englobar três dos principais 
subsistemas logísticos: suprimentos, produção e distribuição física, confor-
me se percebe na figura a seguir.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
Logística empresarial
Logística de 
suprimentos + 
Logística de 
produção + 
Logística de 
distribuição física
Figura 4 – A composição da logística empresarial.
Além desses três subsistemas existem ainda, pelo menos, mais dois que 
são relevantes: o de pós-venda e o da logística reversa. 
Supply Chain Management (SCM) 
O Supply Chain Management (SCM), ou administração das cadeias de su-
primentos, trata de uma abordagem mais estratégica da logística, em que a 
mesma é percebida como fator de diferenciação para as organizações, a partir 
da utilização das tecnologias da informação e da comunicação, uma vez que 
atualmente as organizações necessitam de mais flexibilidade e agilidade no 
atendimento de seus mercados. Isso obriga as organizações a integrarem 
seus processos internamente e, ao mesmo tempo, a buscar integrá-los com 
os de seus fornecedores e/ou clientes, visando reduzir custos e/ou aumentar 
sua eficiência na satisfação de desejos e necessidades dos clientes.
Portanto, o SCM é a integração da organização a partir de uma aborda-
gem da logística como elemento diferenciador, buscando integrar o ambien-
te interno com o externo para otimizar processos, possibilitando maior valor 
agregado e todas as etapas da cadeia produtiva. Essa abordagem pode ser 
percebida na figura a seguir.
26
Administração de materiais
Planejamento 
e controle da 
produção
Suprimentos
Logística
Ambiente 
internoDistribuição
Ambiente 
externo
(R
A
ZZ
O
LI
N
I F
IL
H
O
, 2
00
1a
)
Figura 5 – A logística como fator integrador e diferenciador.
Os objetivos do SCM são três: redução de custos; adição de valor; e gerar 
vantagem estratégica para a organização. Segundo Ching (1999, p. 67), o SCM 
pode ser compreendido como todo esforço realizado nos processos empresa-
riais que geram valor ao cliente final, na forma de produtos e serviços. Portanto, 
segundo o autor, é uma forma de gerenciamento integrado do planejamento 
e controle do fluxo de mercadorias, informações e recursos, ao longo da cadeia 
logística. Isso significa que uma das tarefas essenciais da logística é o gerencia-mento de relacionamentos, de forma cooperativa, formando parcerias do tipo 
ganha-ganha, de forma que todos os membros da cadeia sejam beneficiados.
Diante dessas considerações, pode-se definir Supply Chain Management 
(SCM) como
[...] a administração sinérgica dos canais de suprimentos de todos os participantes da 
cadeia de valor, através da integração de seus processos de negócios, visando sempre 
agregar valor ao produto final, em cada elo da cadeia, gerando vantagens competitivas 
sustentáveis ao longo do tempo. (RAZZOLINI FILHO, 2001a)
Ampliando seus conhecimentos
O papel da administração de materiais na logística
(VERLANGIERI*, 2000)
Na década de setenta, as empresas não davam muita atenção para as com-
pras de matérias-primas e sua administração. Tinham valores relativamente 
Administração de materiais
27
baixos, considerando todo o processo industrial e, portanto, achavam sem 
muita importância no contexto geral.
Foi nesta época que os compradores ganharam fama de serem corruptí-
veis, pois muitos denegriram a imagem da categoria, obtendo ganhos pesso-
ais de fornecedores, para facilitar fechamentos, já que havia pouca fiscalização 
e auditoria no setor.
Naquele tempo, os compradores de uma maneira geral não tinham uma 
formação de nível superior e consequentemente não tinham um salário con-
siderado bom. Talvez por isso, muitos ficavam tentados em tirar proveito da 
situação e obter ganhos extras, devido a terem todo o controle da situação.
No final dos anos setenta e começo dos anos oitenta, a situação se modifi-
cou. Acabou aquela fase de vamos produzir à vontade, fazer altos estoques e 
depois deixar para o departamento de vendas se incumbir de desovar tudo. 
Começava uma crise violenta no Brasil, onde o conceito de logística começou 
a surgir por aqui, lentamente nas empresas, pois necessitavam ter um diferen-
cial da situação vigente.
Nesta fase, onde qualquer ganho conseguido com economia dos custos 
era importante, comprar e administrar os materiais passou a ser tão importan-
te como as vendas da empresa.
Foi uma época de “limpeza” nos departamentos de compras. Muitos funcio-
nários foram dispensados e até o departamento inteiro, em muitas empresas.
Começou a se formar uma nova mentalidade em compras, com:
profissionais de nível superior; �
boa fluência verbal, para argumentar/negociar; �
boa apresentação para representar a empresa; �
muitos com formação técnica, conforme os materiais comprados; �
bom salário, que representava sua importância para a empresa. �
Quem assumiu compras nesta fase, verificou que os antigos compradores:
abarrotavam os estoques com matérias-primas, para não ter o risco de �
faltar material para produção e serem cobrados; 
28
Administração de materiais
não tinham controles históricos das aquisições (fornecedor, preço, con- �
dição de pagto, prazo de entrega etc.); 
não tinham critérios técnicos para escolha de fornecedores consultados; �
não tinham um � follow-up confiável (os fornecedores entregavam com 
atrasos, com erros de materiais, com quantidades a mais proposital-
mente e muitas vezes com preços diferentes do pedido); 
não havia uma verificação mais apurada e constante do padrão de qua- �
lidade dos materiais dos fornecedores. 
Desta época para os dias atuais, a administração de materiais só evoluiu e 
passou a ser um elo super importante na cadeia logística, por que:
atende ao cliente interno (manufatura); �
é responsável pela não interrupção da produção por falta de material; �
tem que ter um estoque mínimo, devido ao custo de manutenção de �
estoque; 
tem que adquirir sempre prontamente novas compras, conforme osci- �
lação na demanda. 
Os profissionais desta área são considerados de várias maneiras nas empre-
sas, em termos de cargo. Antes todos eram compradores. Depois foram deno-
minados analistas de suprimentos, analistas de materiais, compradores, entre 
outros. Cada empresa designa o cargo, conforme a abrangência da atividade.
A administração de materiais, pela sua importância, vai além do papel que 
executa em uma indústria e ganha o papel principal em vários negócios, entre 
eles os mercados, os super/hiper mercados e as grandes empresas de varejo, 
como os mega magazines. Estas empresas que compram para revender põem 
em prática toda uma ótima administração de materiais, que envolve estudos 
dos lotes econômicos de compra, lotes ideais de compra, estoque mínimo, 
estoque regulador, tempo de pedido, tempo de ressuprimento etc.
Hoje em dia é muito comum ter vários cursos de aperfeiçoamento pro-
fissional nesta área. O profissional de logística, para ser mais valorizado, tem 
que entender sobre todos os assuntos que dizem respeito a cadeia logística e 
portanto não pode deixar de entender de administrar materiais.
* Marcos Valle Verlangieri é diretor da Vitrine Serviços de Informações S/C Ltda.
Administração de materiais
29
Atividades de aplicação
1. Após a leitura do capítulo, com suas palavras, procure conceituar ad-
ministração de materiais escrevendo seu conceito em no máximo 5 
linhas.
2. Em uma rápida pesquisa, procure identificar e relacionar os principais 
recursos tecnológicos que as organizações utilizam. Se possível, sepa-
rar por organizações industriais, comerciais e de serviços, uma vez que 
cada uma delas utilizará recursos tecnológicos diferentes.
3. Entende-se por recursos patrimoniais:
a) o ativo circulante das organizações.
b) o conjunto de bens, direitos e obrigações das organizações.
c) o ativo permanente à disposição das organizações.
d) o Patrimônio Líquido das organizações.
e) a diferença entre bens e direitos menos as obrigações.
4. Podemos entender Supply Chain Management, de forma resumida, 
como a busca de:
a) integração interna dos processos logísticos.
b) sinergia dos processos organizacionais internos.
c) sinergia entre os processos logísticos da organização.
d) integração dos processos de todos os membros da cadeia de su-
primentos.
e) integrar a logística de suprimentos com produção e distribuição 
física. 
30
Administração de materiais
Gabarito
1. A administração de materiais é a área funcional da administração que 
se responsabiliza por gerenciar o processo de suprir uma organização 
com os materiais necessários ao seu adequado funcionamento, bem 
como o gerenciamento do patrimônio à disposição das organizações.
2. Organizações industriais: sistemas CAD/CAM, sistemas de progra-
mação da produção, sistemas MRP, sistemas de gerenciamento de 
armazéns, máquinas e equipamentos de produção, máquinas e equi-
pamentos para movimentação de materiais, computadores, equipa-
mentos de comunicação, redes etc.
 Organizações comerciais: sistemas de gerenciamento de armazéns, 
sistemas de gerenciamento de estoques, sistemas para gerenciamen-
to de distribuição, sistemas roterizadores, máquinas e equipamentos 
para movimentação de materiais, computadores, equipamentos de 
comunicação, redes etc.
 Organizações de serviços: computadores, sistemas específicos para 
gerenciamento de suas atividades principais, sistemas contábeis, de 
gerenciamento de recursos humanos, equipamentos de comunica-
ção, redes etc.
3. C
4. D
Administração de materiais
31
 
32
Administração de materiais
O sistema de administração 
de materiais e patrimônio
Os estudos de Ludwig Von Bertalanffy (criador da teoria geral dos siste-
mas) permitiram compreender o fato de todas as áreas do conhecimento pos-
suírem sistemas e que tais sistemas possuem características, regras e normas 
(leis), independentemente da área das ciências em que se encontram.
Um sistema pode ser entendido como um conjunto de elementos de 
uma mesma espécie que constituem um corpo (grupamento) intimamen-
te relacionado. Ou, ainda, como um conjunto de elementos interagentes, 
interatuantes, interdependentes e que se inter-relacionam para atingir um 
objetivo comum.
Para nossos objetivos, vamos assumir que um sistema é um conjunto de 
partes interdependentes, interatuantes e interagentesque, combinadas, 
atuam sinergicamente sobre entradas produzindo as saídas desejadas.
Como todas as demais áreas organizacionais, a administração de mate-
riais também funciona como um sistema, com suas funções e processos pró-
prios, para garantir o atingimento dos seus objetivos e, com isso, contribuir 
para que se atinjam os objetivos organizacionais. Neste capítulo vamos ver 
como o sistema administração de materiais funciona.
Funções componentes de um 
sistema de administração de materiais
A administração de materiais implica um conjunto de atividades coorde-
nadas, de forma que possibilite ao administrador manter uma sintonia per-
feita entre a produção e os setores de apoio, além de possibilitar resultados 
econômico-financeiros compensadores.
Tais atividades coordenadas compreendem desde a previsão do material 
(em relação ao tipo, quantidade, qualidade etc.), aquisição (compras), ins-
peção e recebimento, armazenamento, fornecimento aos setores da produ-
ção, acompanhamento das modificações nos estoques, reaprovisionamen-
to, controle dos materiais estocados, conservação do material armazenado, 
33
34
O sistema de administração de materiais e patrimônio
além de inúmeras outras atividades que visam garantir a existência contínua 
de estoques, organizados de forma a não permitir que ocorram faltas sem 
onerar excessivamente o investimento total.
As funções e as atividades da administração de materiais podem ser sinte-
tizadas em quatro subsistemas principais, que compreendem todas as ativi-
dades relacionadas no parágrafo anterior, conforme se verá na continuação.
Subsistema normalização
Esse subsistema tem por finalidade selecionar, padronizar e especificar 
os materiais, além de classificá-los e codificá-los de forma a garantir a unifor-
midade do que entra no processo produtivo para gerar produtos finais que 
atendam às especificações da produção e, ao mesmo tempo, atendam às 
exigências de qualidade por parte dos clientes. É o subsistema que responde 
a questão “o que” comprar, armazenar e distribuir?
O subsistema normalização e suas principais atividades são apresentados 
na figura a seguir.
Normalização 
e padronização 
de materiais
Classificação 
de materiais
Subsistema 
normalização
Figura 1 – O subsistema normalização.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
Entende-se por normalização a forma como são organizadas as ativida-
des, como se definem as normas e a utilização de regras; bem como a elabo-
ração, publicação e disseminação do uso das normas e regras, com o objeti-
vo de selecionar, avaliar e certificar os fornecedores da organização.
O subsistema normalização tem a responsabilidade de adequar tecnica-
mente os materiais que entram nos processos produtivos das organizações, 
definindo os padrões (tanto em termos técnicos quanto em termos de quali-
O sistema de administração de materiais e patrimônio
35
dade), e realizando a catalogação e classificação dos materiais, conforme os 
sistemas de gestão adotados pela organização.
Subsistema controle
Tem como responsabilidade a gestão e a valoração dos estoques disponí-
veis à organização. Busca responder às questões quando comprar e quanto com-
prar? É o subsistema responsável por garantir que as quantidades necessárias 
estejam disponíveis no lugar e no momento em que sejam necessárias. Assim, é 
fundamental que as quantidades a serem adquiridas sejam as mais econômicas 
possíveis, auxiliando no objetivo de minimizar os recursos utilizados.
A minimização dos recursos passa, principalmente, pelos financeiros, uma 
vez que o impacto das compras se reflete imediatamente no fluxo de caixa 
da organização. O subsistema controle pode ser visto, com suas funções, na 
figura a seguir.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
Gestão dos 
estoques
Valoração dos 
estoques
Subsistema 
controle
Figura 2 – O subsistema controle.
Garantir que os materiais certos, nas quantidades certas, ao preço mais 
econômico possível, estejam disponíveis quando e onde são necessários so-
mente é possível com um controle apurado sobre os níveis de estoques que 
devem ser gerenciados pela área de materiais.
Subsistema aquisição
Também chamado, simplesmente, compras, é o subsistema responsável 
pelas compras de materiais necessários às operações das organizações e, 
além disso, também é responsável pela venda (alienação) dos materiais inu-
36
O sistema de administração de materiais e patrimônio
tilizáveis ou inservíveis, e mesmo do patrimônio da organização que esteja 
obsoleto ou já completamente depreciado.
O subsistema compras depende fundamentalmente das informações ori-
ginadas no subsistema controle, uma vez que é em virtude das informações 
daquele sistema que se consegue realizar as compras nas condições mais 
vantajosas possíveis para a organização.
O subsistema aquisição, com suas respectivas funções, pode ser visualiza-
do na figura que segue.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
Aquisição de 
materiais
Alienação de 
materiais
Subsistema 
aquisição
Figura 3 – O subsistema aquisição.
A área de compras atua em profunda sintonia com os demais subsistemas, 
uma vez que, para iniciar o processo de compras, depende das informações 
(sob a forma de requisições) que recebe do controle. Recebendo as informa-
ções do controle busca informações geradas pelo subsistema normalização 
e que constam na base de dados do cadastro de fornecedores devidamente 
homologados pela normalização. Então, consulta-se o subsistema armaze-
namento para verificar capacidade de estocagem, de forma a assegurar que 
os materiais comprados possam ser alocados adequada e corretamente no 
sistema de armazenagem.
Após todas essas etapas, emitem-se as ordens de compra aos fornecedo-
res que ofertaram as condições mais vantajosas para a aquisição.
Subsistema armazenamento
É o subsistema responsável pela recepção dos materiais, seu armazena-
mento e distribuição. Apresenta as funções de inspeção e controle da qua-
O sistema de administração de materiais e patrimônio
37
lidade, o armazenamento propriamente dito, a movimentação interna dos 
materiais e o seu transporte. Sua representação gráfica encontra-se a seguir.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
Recebimento, 
inspeção e controle 
da qualidade
Armazenamento
Movimentação 
e transporte
Subsistema 
armazenamento
Figura 4 – O subsistema armazenamento.
As atividades desempenhadas no subsistema armazenamento são rele-
vantes para que se garanta a qualidade dos materiais que entram nos pro-
cessos produtivos. No momento do recebimento, é necessário realizar um 
controle quantitativo e qualitativo dos materiais que chegam.
O controle quantitativo, segundo Francischini e Gurgel (2002, p. 29-30), 
tem as seguintes atividades: conferência; contagem; canhoto (anotar no 
recibo a ser entregue ao transportador que o recebimento está sujeito à ins-
peção de qualidade, quando o procedimento for demorar); registro (regis-
trar a entrada dos documentos para encaminhamento à contabilidade); e 
documentação.
Por outro lado, o controle qualitativo, ainda segundo Francischini e Gurgel 
(2002, p. 30-31), tem a responsabilidade de averiguar a qualidade do material 
recebido, assegurando que ele esteja em consonância com as normas técnicas 
de especificação, ensaio e recebimento dos itens que compõem o produto, a 
partir das condições contratuais estabelecidas nos pedidos de compras.
A movimentação e o transporte também são duas atividades essenciais 
para o bom funcionamento da administração de materiais.
A movimentação refere-se ao trânsito interno dos materiais, produtos em 
processo e produtos acabados. Seu adequado gerenciamento visa diminuir 
os tempos de ciclo entre as diferentes atividades internas e, ainda, assegurar 
a integridade física dos bens movimentados.
38
O sistema de administração de materiais e patrimônio
O transporte refere-se aos elos de ligação externos: dos fornecedores 
com a administração de materiais, para que os materiais comprados entremno sistema; e, o fluxo de produtos acabados desde a organização em direção 
aos clientes.
Como é possível perceber, os subsistemas são “o coração” da administra-
ção de materiais, uma vez que asseguram o bom funcionamento da área. 
Além disso, os quatro subsistemas interagem completamente entre si, con-
forme se percebe na figura a seguir.
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i F
ilh
o.
Figura 5 – O sistema de administração de materiais.
Normalização 
e padronização 
de materiais
Classificação 
de materiais
Subsistema 
normalização
Aquisição de 
materiais
Alienação de 
materiais
Subsistema 
aquisição
Gestão dos 
estoques
Valoração dos 
estoques
Subsistema 
controle
Recebimento, 
inspeção e controle 
da qualidade
Armazenamento
Movimentação 
e transporte
Subsistema 
armazenamento
Para alguns autores, como Francischini e Gurgel (2002), as tarefas da ad-
ministração de materiais são, principalmente, administração de compras, 
planejamento e controle da produção, distribuição e tráfego. Independente 
da nomenclatura que se dê aos diferentes subsistemas organizacionais, ou 
às atividades neles desenvolvidas, existe consenso em relação às atividades 
até aqui descritas.
Além disso, como a figura permite perceber, todos os subsistemas obje-
tivam coordenar os fluxos (de informação e físicos) de materiais representa-
dos pelos estoques, uma vez que o volume a ser estocado é significativo para 
as organizações, pois envolve desde a entrada de suprimentos (materiais 
auxiliares e matéria-prima), passando pelos estoques dentro do processo 
produtivo (produtos em processo), chegando aos produtos acabados, que 
serão distribuídos aos clientes finais. Essa relação dos estoques ao longo da 
organização pode ser visualizada na figura a seguir.
O sistema de administração de materiais e patrimônio
39
Ed
el
vi
no
 R
az
zo
lin
i 
Fi
lh
o.
Figura 6 – Visualização dos estoques ao longo do processo produtivo.
Recursos de 
entrada
Recursos de 
saídaE1
Processo produtivo
E3
E2
Os recursos de entrada são todas as entradas do processo produtivo, in-
cluindo-se as matérias-primas e materiais auxiliares (representados por E1), 
dentro da produção estão os estoques de produtos em processo (indicados 
como E2) e, ao final, encontram-se os estoques de produtos acabados (no 
caso, E3). Os recursos de saída da organização são os produtos acabados que 
seguem em direção ao cliente final (mercado). Essa visão dos fluxos de ma-
teriais permite concluir que a administração de materiais e de patrimônio 
não pode ser tratada de maneira isolada e está profundamente integrada às 
seguintes áreas da administração: 
Orçamentos; �
Pesquisa e Desenvolvimento (P & D); �
Planejamento e Controle da Produção (PCP); �
Planejamento da Distribuição; �
Logística; �
Produção; �
Administração de Ativos Fixos (Permanentes), ou seja, Contabilidade. �
Outro ponto importante a ser considerado são os impactos na socieda-
de, pois as preocupações com a responsabilidade social e a ecologia devem 
iniciar a partir do momento em que a organização inicia seus processos de 
aquisição, desenvolvendo fornecedores também responsáveis social e eco-
logicamente, e encerra-se na destinação final dos resíduos gerados pelos 
produtos que a organização coloca no mercado.
Atividades da administração de materiais
As principais atividades desenvolvidas pela administração de materiais 
são aquelas relacionadas dentro de cada um dos subsistemas já apresenta-
dos, e podem ser assim relacionadas:
40
O sistema de administração de materiais e patrimônio
normalizar e padronizar os materiais; �
catalogar e classificar os materiais; �
gerenciar e valorar os estoques; �
adquirir (comprar) materiais; �
fazer o acompanhamento ( � follow-up) das aquisições;
alienar materiais obsoletos ou inservíveis; �
receber e inspecionar os materiais; �
controlar a qualidade dos materiais; �
movimentar internamente os materiais; �
transportar os materiais e produtos acabados; �
realizar o armazenamento dos materiais e produtos acabados; �
etc. �
Todas essas atividades têm como principal objetivo conseguir economia 
dos materiais no processo produtivo. Isso significa que é essencial uma boa 
atividade de planejamento para a realização dessas atividades.
Isso significa que o estabelecimento das normas e regras que condicionam 
os materiais a serem entregues pelos fornecedores é a primeira etapa de um pro-
cesso com o objetivo de garantir que as especificações sejam claras para todos 
os envolvidos, desde o início. Outra vantagem da normalização é possibilitar 
simplificações no projeto do produto e padronização de seus componentes.
A catalogação dos materiais auxiliará significativamente para que os usu-
ários e clientes internos tenham condições de requisitar os materiais que 
já estão homologados pelo serviço de normalização e padronização. Além 
disso, possibilita uma maior abertura no tratamento com os fornecedores e 
uma negociação sistemática para o aprimoramento do fornecimento.
A classificação dos materiais permitirá que o gerenciamento e a valoração 
dos estoques e dos sistemas de armazenagem sejam facilitados pela utiliza-
ção de modernas técnicas de gerenciamento e, inclusive, da informatização 
dos sistemas gerenciais. A partir disso, o processo de aquisição também fica 
facilitado, uma vez que se sabe claramente o que deve ser comprado para 
O sistema de administração de materiais e patrimônio
41
atender às especificações de cada cliente ou usuário. Quando a atividade 
está bem estruturada, as aquisições são realizadas com maior eficiência, ge-
rando o abastecimento dos processos com pontualidade, condições finan-
ceiras adequadas (leia-se preços ou custos) e qualidade.
A aquisição de materiais é abordada pelas organizações numa visão sim-
ples e objetiva através dos seus departamentos de compras (em algumas 
organizações a denominação pode ser diretoria, divisão, setor ou seção de 
compras). Também pode ser denominada de departamento de suprimentos 
(sobretudo naquelas organizações onde existe uma área específica denomi-
nada logística). Mesmo nas micro e pequenas organizações a atividade de 
compras está presente, sendo realizada pelo próprio dono.
A atividade de administração do patrimônio é responsável pela aliena-
ção (venda) dos materiais obsoletos (que ficam defasados pelo tempo, por 
qualquer razão) ou inservíveis (que não apresentam mais condições de utili-
zação). Caso não consiga alienar (vender) tais materiais, essa atividade tem a 
responsabilidade de recomendar a baixa contábil de tais materiais para que 
deixem de aparecer nos demonstrativos contábeis, oferecendo uma análise 
irreal dos recursos à disposição da organização. Outra atividade importante 
é a realização da manutenção dos materiais, equipamentos, máquinas, facili-
dades etc., que são utilizados para o funcionamento das organizações.
A recepção e inspeção dos materiais adquiridos implicam um recebimen-
to bem informado, com o suporte das atividades de normalização, padroni-
zação, catalogação e classificação, para somente receber o material adequa-
do para organização.
O controle da qualidade dos materiais visa assegurar que os materiais 
sejam aqueles mais adequados aos processos produtivos e, além disso, im-
plica uma atenção especial para identificar desperdícios mínimos, mas repe-
titivos, que podem comprometer os resultados da organização.
A atividade de movimentação interna é essencial para garantir a inte-
gridade física dos materiais e, ainda, para evitar desperdícios e reduzir os 
tempos de ciclo (lead times) dos processos internos, uma vez que o tempo 
também é um recurso escasso que deve ser objeto de preocupação de todas 
as áreas organizacionais. A movimentação implica a utilização de equipa-
mentos (empilhadeiras, transelevadores, carrinhos manuais etc.), e recursos 
de apoio (paletes, caixas etc.), que também devem ser motivo de preocupa-
ção da administração de materiais.
42
O sistema de administração de materiaise patrimônio
O transporte também é uma das atividades importantes, pois ocorre em 
duas fases do processo: no transporte dos fornecedores para a organização 
(por ocasião das aquisições), e da organização para os clientes (por ocasião 
das vendas). Assim, a organização tem duas opções para a atividade de trans-
porte: transporte próprio ou transporte terceirizado.
Quando a organização opta por realizar o transporte com seus próprios 
equipamentos (veículos), tais recursos devem ser gerenciados pela adminis-
tração do patrimônio, uma vez que representam investimentos em ativos 
permanentes e a preocupação com os custos é uma das mais importantes 
no gerenciamento de tais recursos. Porém, o nível de serviço oferecido aos 
clientes pode ser elevado a partir dessa estratégia.
Caso a organização opte por terceirizar o transporte, a gestão dos fretes 
é essencial para garantir que os custos operacionais da atividade sejam os 
mais baixos possíveis e, além disso, a preocupação com o nível de serviço 
oferecido implica sistemas de avaliação de desempenho dos operadores 
de transporte (transportadores) para garantir que os clientes tenham suas 
necessidades ou expectativas atendidas. Ou seja, qualquer que seja a estra-
tégia da organização, é necessário criar um sistema de transportes o mais 
econômico possível.
Quanto à armazenagem, é necessário que a atividade encontre o suporte 
mais adequado possível, em termos de recursos (equipamentos, estruturas 
etc.) e de sistemas (tecnologias, software etc.). Trata-se da atividade respon-
sável por guardar os materiais ou produtos acabados pelo tempo que seja 
necessário para atender às demandas dos clientes (internos e externos), no 
momento em que elas ocorram.
Por fim, existem algumas outras atividades que se incorporam à adminis-
tração de materiais na atualidade, principalmente aquelas relacionadas com 
a chamada logística reversa, como: planejar o sistema de forma a simplificar 
ou facilitar a reciclagem de todos os materiais, seletiva e proveitosamente; 
controlar eventuais perdas nas embalagens de produtos acabados e plane-
jar a reutilização de embalagens sempre que possível; planejar e implemen-
tar a utilização de novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), 
ainda não utilizadas na área; entre outras.
Como é possível perceber, são inúmeras as atividades que a administra-
ção de materiais tem sob sua responsabilidade, caracterizando-se como uma 
das áreas-chave para o sucesso organizacional.
O sistema de administração de materiais e patrimônio
43
Os estoques e a área de materiais
Duas das principais atividades da administração de materiais dizem 
respeito à aquisição (compras) de materiais e o seu armazenamento. Essas 
atividades são exercidas diretamente sobre os estoques. Portanto, vamos 
discorrer sobre os estoques, sua importância e seu papel para o sistema de 
administração de materiais. Conforme indicado na figura 6, os três tipos prin-
cipais de estoques são os de matérias-primas, produtos em processo e pro-
dutos acabados. Porém, não os únicos, conforme veremos na continuação.
Os estoques podem ser definidos como os materiais (bens) mantidos por 
uma organização para abastecer o processo produtivo ou para atender os 
clientes (através das vendas). Assim, todas as organizações necessitam de 
estoques para manter-se em funcionamento. Além disso, como já comenta-
mos, os estoques representam parte significativa dos ativos totais (algo em 
torno de trinta por cento) e, com isso, consomem elevados volumes de re-
cursos financeiros para sua manutenção.
Segundo Arnold (1999, p. 265), os estoques variam de 20% e 60% dos 
ativos totais e, na medida em que são utilizados, o seu valor é transformado 
em dinheiro, melhorando o fluxo de caixa e o retorno sobre o investimento 
realizado. Como existem custos para manter estoques, esses custos exercem 
impacto sobre os custos operacionais, diminuindo as margens de lucro. Por-
tanto, uma boa administração dos estoques à disposição das organizações é 
de fundamental importância.
Podemos classificar os estoques em uma organização, segundo Arnold 
(1999, p. 267), em:
Matérias-primas � – são os bens ainda não disponibilizados aos proces-
sos produtivos, incluindo materiais, subconjuntos e peças componen-
tes que se agregam ao produto final.
Materiais auxiliares � – são os itens que não se agregam aos produtos 
acabados. Porém, são necessários de alguma forma no processo, como 
as embalagens.
Produtos em processo � 1 – também chamados de produtos em elabo-
ração, são aqueles materiais que já entraram no processo de transfor-
mação e estão sendo processados ou aguardam para entrar no proces-
so, mas que já saíram do estoque de matérias-primas.
1 Do inglês WIP: Work In 
Process (ou Progress).
44
O sistema de administração de materiais e patrimônio
Produtos acabados � – são aqueles bens que passaram pelo processo 
produtivo e estão prontos para serem vendidos, como itens comple-
tos. Podem ficar armazenados na fábrica ou num centro de distribui-
ção, ou em vários pontos dispersos no sistema de distribuição.
Suprimentos de manutenção, reparo e operações (MRO) � – como o 
nome indica, são os itens utilizados no processo produtivo, mas que não 
se agregam ao produto acabado. Incluem lubrificantes, peças sobressa-
lentes, ferramentas manuais, gabaritos, materiais de limpeza etc.
Estoques de distribuição � – são os produtos acabados que estão lo-
calizados (posicionados) no sistema de distribuição, o mais próximo 
possível dos mercados da organização.
São diferentes as formas de se classificar os estoques dentro de uma organi-
zação, pelo seu valor, pela sua importância para o processo etc. Uma das formas 
mais frequentemente utilizadas é a que se relaciona com o fluxo de materiais, 
conforme indicado na figura 6 e a seguir, representamos de outra forma.
Figura 7 – Os estoques e o fluxo de materiais.
(A
RN
O
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99
9,
 p
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67
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do
.)
Demanda clientes 
Mercado A
Demanda clientes 
Mercado B
Demanda clientes 
Mercado N
Produtos em Processo Suprimentos MRO
Matérias-primas Materiais auxiliares
Produtos acabados
Fornecedor A Fornecedor B Fornecedor N
Depósito A Depósito B Depósito N
A forma como um bem será classificado como um item de estoque es-
pecífico depende do ambiente produtivo em que se encontra. Uma bateria, 
por exemplo, é um produto acabado para o seu fabricante, mas é um com-
ponente (matéria-prima) para uma montadora de automóveis.
O sistema de administração de materiais e patrimônio
45
Classificação dos estoques pelas suas funções
Outra forma de se classificar os estoques é pelas funções que desempe-
nham no sistema de administração de materiais, o que justifica as razões 
pelas quais se mantêm estoques. Assim, os estoques podem ser:
Estoques de antecipação � – são mantidos para antecipar-se às de-
mandas futuras, como promoções de vendas, épocas de sazonalida-
de (natal, dia das mães etc.), férias coletivas, ou ameaças de greves. O 
objetivo é ajudar no nivelamento da produção (que tem capacidade 
sempre limitada) e na redução dos custos de mudança nos níveis de 
produção.
Estoque de ciclo � – são os estoques necessários para o atendimento a 
um ciclo normal de operações, que pode ser definido em dias, semanas, 
quinzenas ou meses, conforme a visão de cada organização. São aque-
las quantidades mantidas em estoque para garantir um determinado 
ciclo produtivo. Também chamados de estoque de tamanho do lote.
Estoques em trânsito � – são aquelas quantidades de materiais que 
não se encontram nem na origem nem no destino final. Pode ser con-
siderado parte do estoque cíclico. Sua existência é resultado do tempo 
necessário para transportar os materiais de um ponto a outro.
Estoque de segurança � – trata-se daquela parcela de materiais que 
são mantidos como excedentes do estoque cíclico, devido à incerteza 
da demanda ou do prazo de entrega. É a quantidade que garantirá o 
consumo ou as vendas, em caso de atrasos de fornecedorese ou pro-
dução, aumento do consumo ou das vendas. É mantido para proteger 
a organização dessas possibilidades. Também chamado de estoque 
de flutuação, de armazenamento intermediário, ou estoque reserva. 
O estoque de segurança determina que o estoque médio seja igual à 
metade do pedido mais o estoque de segurança.
Estoque especulativo � – São estoques mantidos por outras razões que 
não a de satisfazer a demanda. Por exemplo, para antecipar um au-
mento de preço ou falta de matéria-prima.
Estoque parado � – são os estoques sobre os quais não houve deman-
da por um determinado período de tempo; pode estar obsoleto ou 
não ter tido saída em um depósito particular.
46
O sistema de administração de materiais e patrimônio
Segundo Arnold (1999, p. 270), existem também os estoques hedge e os 
estoques de suprimentos MRO.
Estoque � hedge – para produtos considerados commodities, por exem-
plo, grãos, produtos animais e minérios que são comercializados no 
mercado mundial têm seus preços flutuando em função da oferta e 
demanda mundiais. Caso os compradores prevejam que os preços irão 
subir, podem fazer estoques hedge (de segurança contra oscilações 
nos preços) quando os preços ainda estão baixos.
Estoques de suprimentos MRO � – são os itens de manutenção, reparo 
e operações, utilizados para oferecer o suporte necessário às opera-
ções e atividades de manutenção.
Funções dos estoques
Quando falamos que os estoques formam um “fluxo” ao longo das ca-
deias de suprimentos, definimos aí a principal função dos estoques: regular 
os fluxos de materiais existentes ao longo da cadeia de suprimentos. Ocorre 
que os fluxos não são simultâneos e nem ocorrem nos mesmos volumes ao 
longo das cadeias. Assim, a principal função dos estoques nas cadeias de su-
primentos é regular os fluxos de materiais, uma vez que os fluxos de entrada 
e saída de materiais funcionam de forma irregular. Ou seja, a velocidade com 
que os materiais são recebidos não é necessariamente igual à velocidade 
com que vão para o processo produtivo ou como produtos acabados em 
direção aos clientes, conforme a figura a seguir permite perceber, numa ana-
logia com uma caixa d’água residencial.
(M
A
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0,
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. 1
34
. A
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p
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.)
V(t)
Estoque
v(t)
Nível 
de
estoque
Figura 8 – Entradas e saídas de materiais em um sistema.
O sistema de administração de materiais e patrimônio
47
Se considerarmos V(t) como sendo a velocidade de entrada dos materiais 
no sistema e v(t) como sendo a velocidade de saída, pode-se concluir as se-
guintes possibilidades:
possibilidade A – V(t) > v(t): ocorre aumento nos estoques; �
possibilidade B – V(t) < v(t): ocorre diminuição nos estoques; ou �
possibilidade C – V(t) = v(t): os estoques permanecem inalterados. �
Para não termos diferenças nos níveis de estoques seria necessário que as 
velocidades fossem sempre iguais, ou seja, a produção e a demanda aconte-
cessem simultaneamente (possibilidade C), o que não existe em termos reais.
Diante dessa diferença entre as velocidades, é necessário manter os esto-
ques em um determinado nível para regular o fluxo.
Outra razão para a manutenção dos estoques diz respeito à criação de 
utilidade dos materiais, da seguinte forma:
Utilidade espacial � – significa ter o material no lugar (espaço) certo e 
essa utilidade é criada pela atividade de transporte (transportar é des-
locar alguma coisa de um ponto A para um ponto B).
Utilidade temporal � – significa fazer com que o material esteja dispo-
nível no momento (tempo) em que ele é necessário. Essa utilidade é 
criada pela atividade de armazenagem (armazenar é guardar alguma 
coisa para utilizar em um momento futuro).
Essas são as principais funções para os estoques nas cadeias de 
suprimentos.
Razões para a manutenção de estoques
Controlar os estoques pode ser uma atividade essencial para a sobrevi-
vência das organizações, sobretudo quando elas atuam com margens de 
lucro bastante reduzidas, fazendo com que pequenos erros na sua gestão 
provoquem grandes prejuízos ou, ainda, quando mantêm em estoque ma-
teriais de baixo giro, fazendo com que os custos de manutenção de tais esto-
ques diminuam a lucratividade.
Para garantir que a administração de materiais cumpra seus objetivos, a 
palavra de ordem é: giro. O giro dos estoques é uma medida empregada para 
48
O sistema de administração de materiais e patrimônio
verificar a velocidade de giro que se consegue do capital empregado em esto-
ques e, ao mesmo tempo, se os estoques são mantidos em níveis baixos.
Além das funções dos estoques, existem algumas razões para sua manu-
tenção nos sistemas organizacionais. Segundo Ballou (2006, p. 272-273), “são 
inúmeros os motivos que justificam a presença de estoques em um canal de 
suprimentos”. Vamos enumerar tais motivos a favor, bem como relacionar 
algumas razões contrárias à manutenção dos estoques.
A primeira razão é melhorar o nível de serviço ao cliente, porque, quando 
os estoques são posicionados próximos aos clientes, acabam “satisfazendo 
as altas expectativas destes em matéria de disponibilidade. E dessa dispo-
nibilidade muitas vezes acaba resultando não apenas a manutenção como 
também o aumento do nível das vendas” (BALLOU, 2006, p. 272).
Ocorre que os estoques auxiliam a atividade de marketing na venda dos 
produtos da organização, uma vez que eles podem ser posicionados, nas 
quantidades demandadas, próximos aos pontos de venda. Com isso, é possí-
vel atender os clientes que precisam de disponibilidade imediata ou tempos 
de reposição mais curtos.
A segunda razão para se manter estoques é a redução dos custos; porque, 
mesmo que os custos de manutenção de estoques cresçam, sua existência 
acaba diminuindo os custos operacionais em outras atividades do canal de 
suprimentos de tal modo que pode ser altamente compensador. Ocorre que 
uma produção com menor oscilação, com maior constância operacional, per-
mite manter os recursos humanos envolvidos em níveis estáveis e, ainda, os 
custos de preparação dos lotes podem ser minimizados. Também se sabe que 
os custos unitários de produção, para grandes lotes, são menores. Além disso, 
consegue-se redução nos custos de fretes, uma vez que ao se transportar volu-
mes maiores (cargas consolidadas), os preços dos fretes são mais baixos.
Por outro lado, as críticas à manutenção de estoques são relacionadas, 
em primeiro lugar, a questões de ordem financeira, uma vez que os esto-
ques seriam um desperdício, pois “absorvem capital que teria utilização mais 
rentável se destinado a incrementar a produtividade e a competitividade” 
(BALLOU, 2006, p. 273); isso porque os estoques não agregam valor aos pro-
dutos acabados, apesar de armazenarem valor.
Outra crítica é que os estoques “escondem” os problemas de qualidade 
por não permitirem que os mesmos efetivamente apareçam. Além disso, a 
manutenção de estoques dificulta o planejamento cooperativo do canal de 
suprimentos.
O sistema de administração de materiais e patrimônio
49
Ampliando seus conhecimentos
Justificando os estoques
(BALLOU, 2006, p. 273. Adaptado.)
A fabricação de papel depende de caras máquinas Fourdrinier e outros 
equipamentos com grande capacidade de produção. Porém, equipamentos 
como esses exigem que os mesmos sejam mantidos em permanente ativida-
de (com a máxima utilização possível).
Por outro lado, a demanda de produtos de papel industrial (por exemplo, 
papel kraft de embalagem, sacolas de várias camadas e produtos de grande 
volume) não é estável e nem garantida, acontecendo de forma aleatória e, até 
mesmo, sazonal.
Embora grandes pedidos possam ser programados diretamente, a produ-
ção de pedidos pequenos é onerosa demais, considerando a necessidade de 
preparação dos equipamentos que leva até trinta minutos em máquinas cuja 
operação chega a custar R$7.000,00 por hora. Ou seja, parar a operação de 
uma máquina como essa durante duas vezes por dia representa custos diários 
de R$14.000,00 ou R$280.000,00 mensais, se

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