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Patologia - Conceito e introdução

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Conceito de Patologia 
 
A patologia se dedica ao estudo das alterações               
estruturais, bioquímicas e funcionais em         
células, tecidos e órgãos que constituem a             
base das doenças. Por meio do uso de técnicas                 
moleculares, microbiológicas e morfológicas, a         
patologia tenta explicar os porquês e as             
causas dos sinais e sintomas manifestados           
pelos pacientes, fornecendo, portanto, uma         
base racional para a terapêutica e os cuidados               
clínicos. Assim, ela fornece uma ponte entre as               
ciências básicas e a medicina clínica e é a base                   
científica de toda a medicina.         
Tradicionalmente, o estudo da patologia é           
dividido em patologia geral e patologia           
sistêmica. A patologia geral se preocupa com             
as reações comuns das células e tecidos aos               
estímulos nocivos. Por outro lado, a patologia             
sistêmica examina as alterações e os           
mecanismos subjacentes das doenças       
específicas de determinado órgão. 
 
Conceito de Doença 
A definição de doença, está relacionada com o               
conceito biológico de adaptação. Adaptação é           
a capacidade dos seres vivos de serem             
sensíveis às variações do meio ambiente e de               
produzir respostas (variações bioquímicas e         
fisiológicas) capazes de adaptá-los. Doença         
pode ser definida como um estado de falta de                 
adaptação ao ambiente físico, psíquico ou           
social, no qual o indivíduo sente-se mal             
(sintomas) e/ou apresenta alterações orgânicas         
evidentes (sinais). 
Introdução da patologia como ciência 
Apesar do significado, a Patologia não estuda             
todos os aspectos das doenças, pois está mais               
voltada para a análise das alterações que elas               
provocam em células, tecidos e órgãos. Dessa             
forma, a Patologia é considerada a base             
científica da Medicina e tem por finalidade             
explicar os mecanismos que levam ao           
desenvolvimento de sinais e sintomas de uma             
enfermidade. 
Objetivos de estudo da Patologia Geral 
● Agente etiológico (Causa) 
Embora existam inúmeros fatores que causem           
a doença, todos podem ser agrupados em             
duas classes: genéticos (p. ex., mutações           
hereditárias e variantes genéticas associadas a           
doenças ou polimorfismos) e adquiridos (p. ex.,             
doenças infecciosas, nutricionais, por agentes         
químicos ou físicos). O conceito de que um               
agente etiológico seja a causa de uma doença               
— desenvolvido a partir do estudo de             
infecções e de distúrbios hereditários         
monogênicos — não é aplicável à maioria das               
doenças. De fato, a maioria das nossas             
afecções comuns, como a aterosclerose e o             
câncer, é multifatorial e surge dos efeitos de               
vários estímulos externos em um indivíduo           
geneticamente suscetível. Acontribuição     
relativa da suscetibilidade hereditária e das           
influências externas varia nas diferentes         
doenças.  
● Patogenia 
A patogenia se refere à sequência de eventos               
celulares, bioquímicos e moleculares que         
decorrem da exposição das células ou tecidos             
a um agente lesivo. Mesmo quando a causa               
inicial é conhecida (p. ex., infecção ou             
mutação), ela se distancia por várias etapas da               
expressão da doença. Por exemplo, para           
entender a fibrose cística é essencial conhecer             
não apenas o gene defeituoso e o produto               
gênico, mas também os eventos bioquímicos e             
morfológicos que levam à formação dos cistos             
e fibrose nos pulmões, pâncreas e outros             
órgãos. 
● Alterações morfológicas e funcionais 
As alterações morfológicas referem-se às         
alterações estruturais nas células ou tecidos           
que são ora características de uma doença, ora               
diagnósticas de um processo etiológico.         
Tradicionalmente, a patologia diagnóstica, na         
sua prática, usa a morfologia para determinar             
o tipo da doença e acompanhar sua evolução.               
Embora a morfologia permaneça sendo uma           
peça fundamental para os diagnósticos, suas           
limitações se tornaram evidentes ao longo dos             
anos. Por exemplo, lesões morfologicamente         
idênticas podem surgir através de mecanismos           
moleculares distintos. Esse aspecto é mais           
impressionante no estudo dos tumores;         
cânceres de mama que são morfologicamente           
idênticos podem apresentar evolução,       
respostas terapêuticas e prognóstico       
completamente diferentes. 
Os resultados finais das alterações genéticas,           
bioquímicas e estruturais nas células e tecidos             
são anormalidades funcionais, as quais         
provocam as manifestações clínicas (sinais e           
sintomas) das doenças, bem como a sua             
progressão (curso clínico e consequências).         
Assim, as correlações clinicopatológicas são         
muito importantes no estudo de doenças.  
Ferramentas/Métodos de pesquisa da       
Patologia 
● Citologia 
- Conceito 
A citologia é um tipo de exame médico que                 
permite a análise ao microscópio de células             
recolhidas de um determinado tecido ou órgão             
do corpo. Esse exame permite avaliar o             
aspecto das células, o seu crescimento e a sua                 
função. 
Uma das suas utilizações mais rotineiras é em               
Ginecologia, para estudar as células do colo do               
útero. 
São também comuns as citologias para estudo             
do líquido pleural, da urina ou da             
expectoração, entre outras. 
 
- Importância e indicações 
Os esfregaços citopatológicos representam       
ainda outro método para a detecção do câncer               
Essa abordagem é amplamente utilizada para           
triar os carcinomas de colo do útero,             
frequentemente em estágio in situ, mas           
também é utilizada para avaliar muitas outras             
formas de lesões malignas, nas quais as             
células tumorais são facilmente acessíveis ou           
disseminadas.  
Como ressaltado previamente, as células         
cancerígenas apresentam adesividade     
diminuída e exibem uma gama de alterações             
morfológicas compreendidas sob o termo         
anaplasia. Assim, o esfregaço de células pode             
ser avaliado em relação às características de             
anaplasia indicativas da origem das células a             
partir de um tumor. Nestes casos, o             
julgamento deve ser realizado com base nas             
características das células individuais, ou, no           
máximo, de grupamentos de células, sem a             
evidência de apoio da perda de orientação de               
uma célula em relação à outra e (mais               
importante) sem evidência de invasão. Esse           
método permite a diferenciação entre células           
normais, displásicas e malignas e, além disso,             
permite o reconhecimento das alterações         
celulares características do carcinoma in situ.           
O controle gratificante do câncer de colo do               
útero através do mapeamento com esfregaços           
de papanicolaou é o melhor testemunho do             
valor da citologia.  
- Contraindicações 
❖ Necrose/Úlcera 
❖ Áreas hiperqueratinizadas 
❖ Áreas com extensa hemorragia 
 
 
● Biópsia 
- Conceito 
A biópsia trata-se do principal recurso           
dermatológico que conduz a um diagnóstico.           
Consiste na retirada de um fragmento de             
tecido para exame histopatológico ou para           
outras técnicasde investigação quando não é             
possível definir o diagnóstico clínico, ou           
necessita de uma confirmação para melhor           
encaminhamento terapêutico. 
- Importância 
Em muitos casos, a biópsia é o único caminho                 
para confirmar um diagnóstico, pois outros           
exames não conseguem confirmar ou         
descartar uma suspeita dos médicos. A biópsia             
vai permitir descobrir se existe alguma           
alteração da forma e do tamanho das células, e                 
é muito útil para identificar a presença de               
células cancerígenas e outros problemas de           
saúde. 
- Tipo de lesão a ser biopsiada 
A lesão a ser biopsiada deve ser a mais                 
representativa da doença suspeita e,         
aparentemente, sem escoriação, ou       
regeneração, de preferência sem tratamento         
prévio ou sinais de infecção. Devem ser             
evitadas lesões secundárias como crosta,         
cicatriz e zona de hipercromia residual. A             
inclusão de pele normal nas amostras, às             
vezes é indispensável. 
- Técnicas de Biópsia 
Excisional: Biópsia excisional é quando toda           
lesão é retirada. Nas lesões benignas é sempre               
curativa, podendo ser também nas lesões           
malignas, quando realizadas com margem de           
segurança, na ausência de metástases. 
Indicações:  
❖ Lesões pigmentadas atípicas; 
❖ Nódulos subcutâneos ou dérmicos       
profundos; 
❖ Avaliação necessária das margens; 
❖ Suspeita de melanoma; 
❖ Nevo de Spitz 
❖ Nevo displásico 
Incisional: Somente parte da lesão é removida.             
Indicada nas lesões extensas, em que a             
retirada não é possível tecnicamente ou não é               
desejável, nem necessária. Nunca é curativa. 
Indicações: 
❖ Paniculites; 
❖ Lesões vésico-bolhosas; 
❖ Avaliação de pele lesada e não           
envolvida (colagenoses, nevos     
conjuntivos, máculas pigmentadas,     
entre outras); 
❖ Síndrome verrucosa (BLECT); 
Dependendo do momento em relação ao           
procedimento cirúrgico, o exame       
histopatológico pode ser realizado em uma           
biópsia pré-operatória (incisional),     
peroperatória ( biópsia de congelação em           
cirurgia de Mohs) ou pós-operatória (biópsia           
excisional).  
- Contraindicações 
Existem alguns casos em que a biópsia não               
deve ser feita ou não é recomendada. São eles: 
❖ Diabetes descontrolada 
Pacientes cuja ​diabetes não é controlada não             
podem realizar procedimentos cirúrgicos, o         
que impede a realização da biópsia. 
Isso acontece porque, quando a condição não             
é controlada, problemas de circulação         
causados pela diabetes podem limitar a           
regeneração e cicatrização do paciente,         
deixando-o suscetível à infecções e necrose da             
região afetada pela cirurgia. 
❖ Diagnóstico clínico definitivo 
Por ser um procedimento invasivo, a biópsia é               
evitada quando possível. Se existe certeza de             
https://minutosaudavel.com.br/diabetes/
qual é o diagnóstico sem a realização do               
exame, não se deve fazê-lo pois é             
desnecessário. 
❖ Falta de biossegurança 
A biossegurança são os procedimentos que           
garantem a segurança do paciente e daqueles             
que realizam o exame, além do cuidado com o                 
material coletado. Quando não é possível           
alcançar estes critérios, a biópsia não é             
recomendada. 
● Necrópsia 
- Conceito 
A técnica da necropsia consiste em estudar as               
alterações de todos os órgãos após a morte, a                 
partir do exame macroscópico (observação a           
olho nu dos órgãos retirados), que fornece             
material para o exame microscópico, onde           
serão vistas as alterações a nível celular.             
Relacionando os achados macro e         
microscópicos com os dados da história do             
paciente, pode-se então estabelecer a causa           
da morte, a doença de base e outras               
patologias existentes. 
- Importância e indicações 
A necropsia, continua sendo um muito           
importante procedimento médico para a         
determinação da causa da morte, do           
diagnóstico principal e dos diagnósticos         
secundários, pois compreende, em sua         
primeira parte, a avaliação macroscópica         
(exames externo e interno da cabeça, pescoço,             
tórax, abdome, pelve e membros superiores e             
inferiores), estabelecendo-se os diagnósticos       
mais prováveis, correlacionados com a história           
clínica do paciente, para o preenchimento da             
declaração de óbito. Tais diagnósticos são           
confirmados, ou não, e acrescidos de outros             
importantes, após o exame histopatológico         
(estudo microscópico dos fragmentos teciduais         
de todos os órgãos, segundo o procedimento             
operacional padrão), completando-se o estudo         
necroscópico. O laudo final da necropsia é             
firmado buscando-se a correlação dos         
achados macroscópicos e microscópicos com         
os diagnósticos e as informações clínicas,           
cirúrgicas, de imagem e laboratoriais clínicas           
contidas no prontuário médico. 
A necropsia não serve apenas para identificar             
a causa do óbito, como muitos pensam, ela               
tem diversas outras funções: 
❖ Controle de qualidade do diagnóstico e 
do tratamento, através do 
conhecimento, por parte da equipe que 
atendeu o paciente, dos achados da 
necropsia, visando identificar possíveis 
falhas e suas causas, buscando sua 
correção, para que não se repitam em 
outro paciente. 
❖ Fonte de informação para a Secretaria 
de Saúde, permitindo a feitura de 
estatísticas precisas sobre as doenças 
mais freqüentes, o que influi na política 
de saúde do Estado e do Município. 
❖ Material para ensino dos médicos 
residentes, alunos e professores. A 
correlação clínico-patológica realizada 
durante todas as etapas da necropsia é 
um excelente exercício, constituindo a 
maior fonte de ensinamento em 
Patologia. 
❖ Material para pesquisa científica. 
❖ Reconhecimento de novas doenças e de 
novos padrões de lesão. 
❖ Reconhecimento do efeito do 
tratamento na evolução da doença. 
❖ Esclarecimento de casos sem 
diagnóstico clínico firmado ou naqueles 
em que a morte do paciente foi 
inesperada. 
 
● Métodos especiais 
- PCR 
A análise da PCR, a qual envolve a síntese de                   
fragmentos de DNA relativamente pequenos a           
partir de um molde de DNA, tem sido o pilar                   
do diagnóstico molecular nas últimas décadas.           
Ao se usar polimerases de DNA apropriadas,             
estáveis ao calor, e ciclos térmicos, o             
DNA-alvo (geralmente menos de 1.000 pares           
de bases) que se posiciona entre sítios             
designados iniciadores é exponencialmente       
ampliado a partir de apenas uma cópia do               
original, simplificando grandemente a análise         
da sequência secundária.  
 
- Hibridização in situ por fluorescência         
(FISH) 
A técnica de FISH utiliza sondas de DNA que                 
reconhecem sequências específicas de regiões         
particulares cromossômicas. Como parte do         
Projeto Genoma Humano, foram criadas         
grandes bibliotecas de cromossomos       
bacterianos artificiais que englobam todo o           
genoma humano. As inserções de DNA           
humano nesses clones são da ordem de             
100.000 a 200.000 pares de bases. Esses             
clones de DNA são marcados com corantes             
fluorescentes e aplicados em extensões de           
cromossomos em metáfase ou núcleos na           
interfase que são pré-tratados, de modo a             
“desnaturar“ o DNA genômico. A sonda           
hibridiza-se com a sua sequênciagenômica           
homóloga e marca, então, uma região           
cromossômica específica que pode ser         
visualizada por meio de um microscópio de             
fluorescência. A habilidade da FISH em           
dispensar a necessidade de células em divisão             
é muito valiosa, quando é necessário um             
diagnóstico rápido. 
 
- Imunoistoquímica 
A imuno-histoquímica (IHQ) é um método de             
localização de antígenos (e.g. proteínas) em           
tecidos, explorando o princípio da ligação           
específica de anticorpos a antígenos no tecido             
biológico. A coloração imuno histoquímica é           
amplamente utilizada no diagnóstico de         
células anormais, tais como aquelas         
encontradas em neoplasias. Marcadores       
moleculares específicos são característicos de         
eventos celulares particulares, tais como         
proliferação ou morte celular (apoptose). IHQ é             
também amplamente utilizada na pesquisa         
básica para compreender a distribuição e           
localização de biomarcadores e proteínas         
diferentemente expressas em diferentes       
partes de um tecido biológico.  
 
- Citometria de fluxo 
A citometria de fluxo pode rápida e             
quantitativamente mensurar diversas     
características individuais das células, mas é           
principalmente utilizada para identificar       
antígenos celulares expressos por tumores         
”líquidos“, os quais surgem a partir de tecidos               
formadores sanguíneos. Esses incluem       
linfomas e leucemias de células B e T, bem                 
como neoplasias mieloides. Uma vantagem da           
citometria de fluxo sobre a imunoistoquímica é             
que múltiplos antígenos podem ser avaliados           
simultaneamente em células individuais,       
através de combinações de anticorpos         
específicos ligados a diferentes corantes         
fluorescentes. 
 
- Southern Blotting 
Alterações na estrutura de loci específicos           
podem ser detectadas por Southern blotting,           
técnica que envolve a hibridização por sondas             
de sequências específicas radiomarcadas do         
DNA genômico que foi previamente digerido           
com uma enzima de restrição e separado por               
eletroforese em gel. A sonda normalmente           
detecta uma banda alinhada de gene em             
indivíduos normais, e uma banda de tamanho             
diferente, dependendo da anomalia genética.

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