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TERAPIA-COGNITIVO-COMPORTAMENTAL-PARA-DEPRESSÃO-E-TRANSTORNOS-DE-ANSIEDADE-E-DE-HUMOR

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 5 
2 DEPRESSÃO .............................................................................................. 6 
2.1 A neurobiologia da depressão .............................................................. 7 
2.2 Aspectos neuropsicológicos na depressão ........................................ 11 
2.3 O modelo cognitivo da depressão ...................................................... 16 
2.4 Tipos de depressão ............................................................................ 17 
2.5 Como identificar o início de uma depressão ....................................... 18 
2.6 Sintomas psíquicos ............................................................................ 19 
2.7 Evidências comportamentais .............................................................. 20 
2.8 Sintomas fisiológicos .......................................................................... 21 
2.9 Diagnóstico ......................................................................................... 22 
3 CLASSIFICAÇÕES DO CID – 10 ............................................................. 23 
3.1 F30 – episódio maníaco ..................................................................... 23 
3.2 F31 transtorno afetivo bipolar ............................................................. 24 
4 F34 TRANSTORNOS DE HUMOR [AFETIVOS] PERSISTENTES .......... 31 
5 TRANSTORNOS NEURÓTICOS, RELACIONADOS AO ESTRESSE E 
SOMATOFORMES - F- 40 E F-48 (ESPECIFICAMOS OS TRANSTORNOS DE 
ANSIEDADE F.40 AO F.42) ...................................................................................... 32 
5.1 Segue as características de acordo com DSM – 5: transtorno bipolar e 
transtornos relacionados, (123): ............................................................................ 35 
5.2 As fases do transtorno........................................................................ 37 
5.3 Episódio depressivo ........................................................................... 38 
5.4 Episódio maníaco ............................................................................... 40 
5.5 Episódio misto .................................................................................... 43 
5.6 Diagnóstico ......................................................................................... 47 
5.7 Episódio depressivo maior ................................................................. 52 
 
3 
 
5.8 Características diagnosticas ............................................................... 54 
5.9 Características associadas que apoiam o diagnóstico ....................... 56 
6 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA O TRANSTORNO 
BIPOLAR 56 
6.1 Psicoterapia & estabilizadores de humor ........................................... 65 
7 F32 EPISÓDIOS DEPRESSIVOS ............................................................ 68 
7.1 F33 transtorno depressivo recorrente................................................. 70 
7.2 De acordo com DSM -5 transtornos depressivos (155) ...................... 72 
8 TERAPIA COGNITVA COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DA 
DEPRESSÃO E PARA TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ...................................... 74 
8.1 Terapia cognitiva comportamental ..................................................... 74 
8.2 Terapia cognitivo – comportamental para a depressão ...................... 77 
8.3 Aplicação prática da terapia cognitiva comportamental ..................... 82 
8.4 Objetivos das sessões........................................................................ 83 
8.5 Estrutura de uma sessão típica .......................................................... 84 
8.6 Terapia cognitiva comportamental versus severidade da depressão 
versus duração das sessões versus trabalhos para casa ..................................... 85 
8.7 Tratamento farmacológico .................................................................. 86 
8.8 Terapia eletroconvulsiva ..................................................................... 86 
8.9 Aspectos do tratamento em grupo ..................................................... 87 
8.10 Prevenção de recaídas ................................................................... 88 
9 TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL NO TRANSTORNO DE 
ANSIEDADE .............................................................................................................. 90 
9.1 O modelo cognitivo – comportamental no transtorno de pânico ......... 92 
9.2 Elementos de terapia cognitivo-comportamental ................................ 93 
9.3 Técnicas cognitivas ............................................................................ 95 
9.4 Técnicas para lidar com a ansiedade ................................................. 96 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 100 
 
4 
 
11 BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 106 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
2 DEPRESSÃO 
 
Fonte: pensamentoliquido.com 
Depressão é um transtorno do humor, os termos depressão e transtornos 
afetivos são utilizados como equivalentes porem em seu sentido exato não o são. Os 
transtornos afetivos compõem uma categoria ampla de estados de ânimo (dificuldades 
no campo das emoções, na capacidade cognitiva, no comportamento e na 
regularidade das funções corporais). A depressão é a forma mais comum de 
transtornos afetivos. (ALMEIDA. JR, et al. 2005). 
É considerado um grave problema mental de saúde pública, dados 
epidemiológicos registraram no início deste século, 121 milhões de pessoas que 
sofreram algum episódio depressivo durante a sua vida. É um dos transtornos mentais 
mais comuns, caracterizado por tristeza, perda de interesse em atividades cotidianas 
e diminuição da energia; é também um dos fatores mais prevalentes e potencialmente 
implicados nos mecanismos que conduzem à incapacidade e à utilização dos serviços 
de saúde (FUREGATO, A. R. F, 2005). O termo depressão, pode designar um estado 
afetivo normal, um sintoma, uma síndrome ou várias doenças. 
A depressão tem sido caracterizada como episódio patológico no qual existe 
perda de interesse ou prazer, distúrbios do sono e apetite, retardo motor, sentimentos 
de inutilidade ou culpa, distúrbios cognitivos, diminuição da energia e pensamentos 
de morte ou suicídio (APÓSTOLO, J. L. A, 2011). 
 
7 
 
Todas as pessoas passam por momentos de tristezas, sentem-se sozinhas ou 
infelizes. Como por exemplo a morte de um ente querido ou perda do emprego pode 
levá-la sentir-se “deprimida”. Na maioria das vezes, estará experimentando um 
sentimento normal e absolutamente compreensível e não um estado patológico de 
depressão (ALMEIDA. JR, et al.2005). 
Pacientes deprimidos que buscam atenção permanecem sem ser 
diagnosticados e sem receber tratamento adequado, o que repercute em 
sofrimento, elevada morbidade e mortalidade além de contínuo risco de 
suicídio. Além disso, por ser uma doença altamente incapacitante, interfere, 
na vida pessoal, profissional, social e econômica das pessoas acometidas 
(THOMPSON, C. 2010 apud Moreira A. 2011). 
2.1 A neurobiologia da depressão 
Estudos neuropsicológicos e neurobiológicos da depressão têm como objetivo 
tecer correlações clínico-patológicas para um maior entendimento do transtorno. 
Considerando os aspectos da neurobiologia da depressão, as regiões cerebrais mais 
estudadas têm sido as áreas frontais e suas conexões, bem como, as áreas temporais. 
A importância de alterações frontais em quadros depressivos vem sendo 
ressaltada por vários autores, levando-se em conta as alterações clínicas 
relacionadas à atenção, psicomotricidade, capacidade executiva e de tomada de 
decisão encontradas em quadros típicos, características muito presentes em pessoas 
com esse transtorno (Drevets, 2003). 
Drevets (2003) descreve que as áreas frontais e estriatais também têm como 
importante função a modulação das estruturas límbicas e do tronco encefálico, que 
estão fisiologicamente, envolvidas na mediação do comportamento emocional, sendo 
assim, as disfunções nesses circuitos devem participar na patogênese dos sintomas 
depressivos. 
Pacientes deprimidos apresentam uma diminuição na atividade da área região 
subgenual pré-frontal cortical. Nesses pacientes, essa área tem seu volume 
anatômico reduzido, tornando-se hiperfuncionante nas fases maníacas ou 
depressivas e retornando a um funcionamento básico quando o humor volta ao 
normal. 
 
 
8 
 
Essa região é normalmente relacionada com a geração de palavras por 
associação e é ativada em indivíduos normais quando solicitados a gerar 
pensamentos tristes – uma forma experimental de induzir humor depressivo em 
laboratório. O que pode ocorrer em pacientes deprimidos é uma hiperatividade 
associativa quando experimentam pensamentos negativos incessantes (Drevets et 
al., 2002, Botteron, 2002, Drevets, 2003). 
Para Drevets (2003) as áreas associadas com a rede atentiva e de orientação 
vêm sendo muito estudadas na depressão, com base na ideia de que, na depressão 
maior, o sistema neural envolvido no processamento das informações externas e 
manutenção do estado de vigília seriam suprimidos em favor de sistemas envolvidos 
no processamento interno gerador de informação, como o pensamento e as emoções. 
Thase (1999), em revisão feita sobre aspectos anatômicos da depressão, relata 
alterações na substância branca subcortical, especialmente, na área periventricular, 
gânglios da base e tálamo. 
Mais comuns no transtorno bipolar I e entre idosos, essas alterações parecem 
refletir efeitos neurodegenerativos deletérios de episódios recorrentes de humor. 
Alargamento ventricular, atrofia cortical e acentuação dos sulcos também foram 
descritos em pacientes com transtorno do humor comparativamente com grupo-
controle. 
 Além disso, há ainda, a redução do fluxo sanguíneo e do metabolismo em 
tratos dopaminérgicos do sistema mesocortical e mesolímbico, com evidências de que 
os antidepressivos normalizam parcialmente algumas dessas alterações. 
Estudos realizados por Rozenthal, Laks & Engelhardt (2004) mostram 
alterações funcionais do sistema fronto-estriatal, redução do fluxo sanguíneo e 
metabolismo em gânglios da base em deprimidos. Em pacientes unipolares 
(deprimidos), esses autores observaram aumento da taxa de substância branca, em 
especial na área periventricular, e redução dos núcleos caudado e putâmen. 
O córtex pré-frontal tem íntimas conexões com as vias para límbicas, 
amplamente relacionadas com aspectos emocionais. Alterações fronto-estriatais e 
límbicas vêm sendo identificadas em subgrupos de pacientes deprimidos, sendo que 
a presença desta parece estar relacionada com uma pior evolução a curto e em longo 
prazo. 
 
9 
 
Segundo a literatura de Kennedy et al. (1997) a amígdala vem sendo 
amplamente estudada nos transtornos afetivos por estar intimamente relacionada ao 
aprendizado emocional. O núcleo central da amígdala parece ser de crucial 
importância para a relação entre emoção e comportamento. Outros autores também 
descrevem anormalidades nesses circuitos na depressão. 
Na depressão, parece haver uma redução global do metabolismo cerebral 
anterior e um aumento do metabolismo de glicose em várias regiões límbicas, com 
ênfase na amígdala. 
Estudos com pacientes deprimidos relativamente graves e recorrentes de uma 
história familiar de transtorno do humor mostram que o aumento do metabolismo de 
glicose estaria relacionado com ruminações intrusivas. De acordo com formulações 
realizadas por Drevets (2003) esse hipermetabolismo amigdaliano serviria como um 
amplificador emocional que ajudaria a distorcer os sinais de estressores relativamente 
menores em pessoas vulneráveis. 
No caso particular do comportamento suicida, a região cerebral mais 
extensamente implicada, neste tipo de comportamento, é o córtex pré-frontal, o qual 
é, ao mesmo tempo, o principal constituinte do neocórtex (Arantes-Gonçalves et al, 
2008). 
Sthal (2011) refere que a ideação suicida é regulada pelo processamento 
ineficiente de informações em regiões cerebrais associadas à emocionalidade, como 
a amígdala, o córtex pré-frontal ventromedial e o córtex orbital frontal. Essas regiões 
cerebrais recebem importante controle regulador das tendências suicidas pelas 
projeções serotoninérgicas. 
 A amígdala é fundamental para o reconhecimento e a resposta ao perigo, 
podendo ser considerada a estrutura central que interpreta estímulos sensoriais na 
busca de elementos que sinalizam perigo ao indivíduo. 
O papel da amígdala cerebral é desencadear uma reação de luta e fuga, como 
uma maneira instintiva animal de manter a vida. A amígdala recebe a informação de 
perigo antes do neocórtex, isto é, antes da consciência. Esse mecanismo garante uma 
percepção de perigo, onde a amígdala, por ser o centro identificador do perigo para a 
autopreservação, gera medo. 
 
 
10 
 
Ao mesmo tempo, a amígdala parece estar relacionada com o desenvolvimento 
de depressão, assim sendo, pode estar arrolada ao reconhecimento e resposta à 
ansiedade e a suscetibilidade e desenvolvimento de depressão, sendo uma estrutura 
em ambos os eventos psíquicos. 
Segundo Murphy, Rubinsztein, & Michael (2001), nos transtornos de humor, 
existe uma falha nos processos inibitórios de comportamentos. Pacientes deprimidos 
apresentam impulsividade fator esse ligado às tentativas de suicídio. 
Uma das áreas cerebrais que tem sido repetidamente implicada na conduta 
violenta é o córtex frontal (Filley, Price, Nell, Antoinette, & Morgan, 2001). 
Especificamente, a área pré-frontal modula as atividades do hipotálamo e do sistema 
límbico e seu funcionamento tem um papel crítico na organização do comportamento, 
na linguagem, nas ações cognitivas e na tomada de decisão (Fuster, 2002). 
 Essas funções cognitivas implicam no desempenho do lobo pré-frontal em 
termos de controle antecipado da ação, da escolha dos objetivos a serem alcançados, 
do planejamento, da tomada de decisão, da seleção da resposta mais adequada e da 
inibição de outras, da atenção no acompanhamento enquanto a ação ocorre e da 
verificação do resultado (Gil, 2002). 
 Prejuízos neuropsicológicos e do comportamento podem predispor pacientes 
a praticarem atos auto prejudiciais (Raust et al., 2007). Dessa forma, a prevenção 
desse comportamento auto lesivo necessita focar-se na maior regulação da influência 
das alterações emocionais e das estratégias de resolução de problemas (Ohmann et 
al., 2008). 
Estudos relacionados às alterações nas áreas temporais vêm sendo 
observadas nas depressões, em grande parte pela correlação entrea depressão e a 
alteração na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando a efeitos 
adversos de hormônios do estresse sobre o hipocampo e a amígdala, regiões 
amplamente relacionadas com a área pré-frontal (Silberman, Weingarter, Tergun & 
Byrnes, 1985, Soares, & Mann, 1997, Sweeney, Kmiec, & Kupfer, 2000, Gold et al., 
2002). 
O hipotálamo é tido como um centro de controle das manifestações fisiológicas 
que acompanham as emoções e o hipocampo não participa diretamente dos 
mecanismos neurais da emoção, mas age na consolidação das memórias, inclusive 
daquelas com conteúdo emocional (Lent, 2001). 
 
11 
 
2.2 Aspectos neuropsicológicos na depressão 
Várias são as queixas neurocognitivas presentes durante o estado depressivo, 
incluindo redução das habilidades atentiva e mnêmica e lentidão do pensamento 
(Purcell, Maruff, Kyrios & Pantelis, 1997), tanto na fase clínica como no período 
assintomático (Alexopoulos, 2005). 
Tais dificuldades interferem nas habilidades e, consequentemente, resultam 
em limitação significativa em todos os aspectos da vida dessas pessoas: autocuidado, 
trabalho, lazer, relações sociais (Golisz, & Toglia, 2002). 
Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os pacientes deprimidos 
apresentam estes déficits, pois a disfunção neuropsicológica associada ao Transtorno 
Depressivo Maior parece depender de diferenças individuais (Porto, Hermolim & 
Ventura, 2002). 
Variáveis clínicas como gravidade da depressão, medicação, idade, história de 
hospitalizações, comorbidades, diminuição da fluência verbal e dificuldade para 
compreender os relatos ou as histórias, devem ser considerados na avaliação do 
comprometimento cognitivo (Teng, & Yano, 2009). 
Porto, Hermolin e Ventura (2002) referem que investigações clínicas têm 
explorado a função neuropsicológica de pacientes deprimidos há pelo menos duas 
décadas. Levando-se em conta a complexidade dessas funções, a análise 
neuropsicológica de pacientes com depressão maior indica que um elemento-chave 
do declínio cognitivo é a disfunção executiva, uma vez que a habilidade de gerar, 
manter e alterar estratégias adequadas para a solução de problemas encontra-se 
alterada (Fossati et al., 1999; Merrian et al., 1999; Hill, 2004). 
As funções executivas, de acordo com Malloy-Diniz e cols (2008) referem-se a 
um conjunto de habilidades que, de maneira integrada, possibilitam à pessoa 
direcionar condutas a metas, ponderar a eficiência e adequação desses 
comportamentos, elaborar estratégias mais eficientes e assim, resolver problemas 
imediatos de médio e longo prazo. As funções executivas são demandadas à medida 
que se estabelecem planos de ação e quando uma sequenciação adequada de 
respostas deve ser eleita e planejada. 
 
 
 
12 
 
Goldberg (2002) assinala que as funções executivas são decorrentes das 
atividades dos lobos frontais, nomeadamente a região pré-frontal. Tais funções 
operam como um diretor executivo do funcionamento da atividade mental humana 
(citado por Fuentes, Malloy-Diniz, & Camargo, Cosenza et al, 2008). 
Déficit nas funções executivas tem sido nomeado de “síndrome disexecutiva”, 
proveniente do comprometimento do córtex pré-frontal e/ou as redes a ele incluído. 
Nesse caso, os indivíduos podem apresentar problemas no processo de tomada de 
decisão, delineando metas irrealistas e sem prever as consequências de suas atitudes 
a longo prazo. Alterações de humor podem traduzir quadros de apatia, sintomas 
depressivos, euforia e afetos descontextualizados (Malloy-Diniz et al., 2008). 
Huizinga, Dolan & Molen (2006) enfatizam que as funções executivas são 
representadas por habilidades distintas, ainda que relacionadas e não apenas por 
uma única habilidade cognitiva, apesar da existência de controvérsias acerca da 
unidade versus diversidade de tais funções. 
Pesquisas realizadas por Rozenthal, Laks & Engelhardt (2004) identificaram 
que a flexibilidade mental se mostra comprometida em vários estudos em deprimidos 
unipolares, com persistência de estratégias inapropriadas, o que pode explicar, em 
parte, as ruminações depressivas, que, mesmo reconhecidas como estranhas e 
indesejáveis, não são repelidas. 
Pacientes unipolares apresentam alterações na capacidade de sequenciação 
visuoespacial, memória imediata e atenção quando comparados com indivíduos 
normais. Essas alterações estariam presentes também nas fases assintomáticas, 
sendo que, pacientes do sexo masculino com quadros crônicos teriam maior chance 
de permanecer com este perfil de déficits. 
Purcel, Maruff, Kyrios, & Pantelis (1997) também descrevem, que em pacientes 
deprimidos unipolares, apresentam comprometimento da capacidade de sustentar a 
atividade cognitiva e motora, de alternar o foco de atenção, além de lentificação 
motora e cognitiva. 
Esses déficits teriam relação com a gravidade do quadro, sendo mais intensos 
em pacientes que necessitam de internação hospitalar. Pesquisas realizadas com o 
fenômeno da depressão e memória apontam pacientes deprimidos queixando-se de 
alteração da memória. 
 
13 
 
Silberman et al. (1985); Bemelmans et al. (1996), Drevets et al. (2002) 
descrevem que a alteração da memória encontra-se relacionada a uma desregulação 
do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando a efeitos adversos de hormônios do 
estresse sobre o hipocampo. 
Estudos de Glass et al. (1981) & Ilsley et al. (1995) mostram que pacientes 
deprimidos queixam-se de baixa concentração e de dificuldade de memorizar, ou seja, 
apresentam alterações primárias do processo de fixação da memória. 
Sweeney et al. (2000) descrevem alterações de memória episódica nas 
depressões. Grande parte das pesquisas que tem estudado as relações entre 
depressão e memória tem utilizado medidas de memória episódica, como a 
recordação de itens (Burt, Zembar, Niederehe, 1995). 
Apesar da grande divergência dos resultados de tais trabalhos, existem 
evidências de que os déficits de memória relacionados à depressão são mais 
pronunciáveis em tarefas de recordação livre, ao passo que a diferença de 
desempenho entre indivíduos depressivos e não depressivos é menor em tarefas de 
reconhecimento. 
Da mesma forma, depressivos tendem a ter piores desempenhos de memória 
quando existem altas demandas cognitivas na fase de codificação/aprendizado 
(Hayslip, Kennelly, & Maloy, 1990; Brand, Jolles, Gispen-de-Wied,1992). Nesse 
sentido, isso pode ser explicado pelo fato de pacientes com depressão não fazerem 
uso espontâneo de estratégias de organização, beneficiar-se menos do uso de 
imagens mentais e terem dificuldades com listas de memória longas, que contenham 
muitos itens de teste. 
Hertel & Hardin (1990) identificaram que pacientes deprimidos apresentam 
déficits na recordação em tarefas que requerem o uso espontâneo de estratégias, ao 
contrário do observado naquelas que direcionam o uso de estratégias ou, prescindem 
das mesmas, indicando que, os déficits experimentados na depressão ocorrem na 
iniciativa cognitiva. 
Deprimidos têm prejuízo da evocação de material cujo processamento é 
"desgastante", como resultado de reduzida capacidade em perfazer essas operações, 
mas não por uma diminuição na quantidade de material lembrado visto em tarefas 
dependentes de processamentos mais automáticos. 
 
14 
 
Outro fator neurocognitivo citado em queixas associadas à depressão é a 
velocidade de processamento cognitivo comentados por Purcell et al. (1997) e 
Paradiso, Lamerty, Garvey & Robinson (1997) bem como as disfunções em 
habilidades psicomotoras (Hill, 2004), emoção e tomada de decisão. 
Ao se estudar o processamento de tomada de decisão deve-se levar em conta 
que, em pessoas não deprimidas, a emoção facilita o processo de tomada de decisão, 
guiando a cognição. Esse processo tem grande relevância clínica no estudo da 
depressão, considerando-se que pacientes deprimidos geralmente têm dificuldades 
em tomar decisões. 
Estudosconduzidos por Murphy et al (2001) demonstram que pacientes 
deprimidos são mais lentos no processo de deliberação e, quando solicitados a 
"confiar" em suas decisões (para avaliar o quanto estão seguros das mesmas), usam 
estratégias alteradas (mais conservadoras), com menos confiança. Os pacientes 
também apresentaram percepção distorcida do feedback ambiental, respondendo 
anormalmente quando este é negativo e sugerindo uma desregulação dos sistemas 
de reforço. 
Em deprimidos, essa resposta comportamental anormal ao feedback de 
desempenho está associada a uma resposta neural anormal na região implicada com 
mecanismos de recompensa o caudado medial e o córtex orbitofrontal ventromedial. 
Essas áreas estão na base de processos cognitivos que requerem informações 
afetivas, relacionadas ao processamento de significados relacionados às emoções, 
sendo extensivamente conectadas com estruturas límbicas implicadas, do ponto de 
vista comportamental, no processo de motivação, incentivo e reforço. 
Estudos dirigidos sobre a temática do suicídio referem que uma das razões 
para uma pessoa desenvolver ideação suicida e tentativas de suicídio, diz respeito à 
inflexibilidade cognitiva e à dificuldade na resolução de problemas que apelem ao 
funcionamento adaptado dos lobos frontais. 
Especificamente, a área pré-frontal que modula as atividades do hipotálamo e 
do sistema límbico e seu funcionamento tem um papel crítico na organização do 
comportamento, na linguagem, nas ações cognitivas e na tomada de decisão (Fuster, 
2002). 
 
 
15 
 
De acordo com os estudos realizados por Gil (2002) as funções cognitivas 
estão relacionadas com o desempenho do lobo pré-frontal em termos de controlo de 
antecipação da ação, da escolha dos objetivos a serem alcançados, do planejamento, 
da tomada de decisão, da seleção da resposta mais adequada e da inibição de outras, 
da atenção no acompanhamento enquanto a ação ocorre e da verificação do 
resultado. 
Segundo formulações estudadas por Shneidman’s (1996), a ideação suicida 
ocorre ou pode ocorrer no processo da procura de solução para um determinado 
problema. Desta forma, a deficiência na resolução de problemas é compreendida 
como uma falta de capacidade na interpretação de problemas e na busca de 
estratégias diversas para solucioná-los de forma eficiente (Chi, & Glaser, 1992, 
Sternberg, 2000, Nezu, & Nezu, 2002). 
A partir da década de 1990, foram desenvolvidas pesquisas relacionando 
aspectos cerebrais de resolução de problemas em pacientes que tentaram suicídio, 
alocando a sua função no córtex pré-frontal, num grupo de funções chamadas de 
funções executivas do lobo frontal (Ellis, Berg & Frazen, 1992; Audenaert et al. 2002; 
Keller & Werlang, 2005). 
 Corroboram com a mesma ideia Dimitrov, Grafman, & Hollnagel (1996), que 
investigaram a relação do lobo frontal com o déficit em resoluções de problemas e 
identificaram o lobo frontal como responsável pela planificação, associação e 
execução de determinada estratégia para solucionar problemas. 
A avaliação das funções executivas requer, portanto, o exame de vários 
domínios cognitivos. Segundo Lezak (2004), o funcionamento executivo pode ser 
compreendido por meio de quatro componentes básicos: volição, planejamento, ação 
propositiva e desempenho efetivo. As funções executivas referem-se a um conjunto 
de funções e atividades mentais superiores, regidas primeiramente pelos lobos 
frontais que incluem planejamento, autorregulação, comportamentos dirigidos a um 
fim específico. 
Segundo Gazzaniga, Ivry, & Mangun (2002) as bases neurológicas encontram-
se no córtex pré-frontal, especialmente no córtex pré-frontal lateral e no giro cingulado 
anterior. De modo resumido “funções executivas” são atividades cognitivas superiores 
que auxiliam no alcance de objetivos futuros (Royall et al 2002). 
 
16 
 
Mais especificamente, essas capacidades (funções executivas) de alta ordem 
estão diretamente relacionadas ao córtex pré-frontal (Gazzaniga et al., 2006). As 
funções executivas estão arroladas com as aptidões que consentem a uma pessoa 
alcançar com êxito um comportamento independente, objetivo e com controle de 
outras funções mentais superiores, simulando, assim, um dos aspectos mais 
complexos da cognição humana. 
As disfunções executivas são caracterizadas pela incapacidade das funções 
executivas em processar e elaborar ações adaptadas. Na prática, o impacto, 
no cotidiano, dos déficits das funções executivas atinge o processamento de 
informação e elaboração de ações de cunho adaptativo como, por exemplo: 
dificuldade em iniciar tarefas, empobrecimento da estimativa de tempo, 
dificuldade em alternar de uma tarefa para outra ou lidar com mais de uma 
tarefa que varie em grau de prioridade, dificuldade no controle de impulsos, 
dificuldades de planejamento e sequenciação cronológica, impaciência e 
labilidade emocional (Burgess, & Alderman, 2004 apud Moreira A. 2011). 
De acordo com formulações realizadas por Raust et al. (2007) alterações 
neuropsicológicas e do comportamento podem predispor pacientes a praticarem atos 
autoprejudiciais. Os déficits pré-frontais (alterações nas funções executivas) em 
pacientes suicidas podem servir, como uma possível razão biológica, para a 
deficiência em solucionar problemas da vida diária. 
 Essa incapacidade resulta de uma associação de fatores, entre eles a 
desesperança e a falsa convicção de que não se pode fazer nada para mudar o futuro, 
consequentemente, produzindo o sentimento de se ser indefeso. Assim, por uma falha 
na avaliação dos problemas e uma deficiência no modo de resolvê-los, o indivíduo 
acaba por limitar as soluções, restando como única saída a tentativa de suicídio 
(Audenaert et al., 2002). 
2.3 O modelo cognitivo da depressão 
Na década de 60 do século passado, Albert Ellis e Aaron Beck chegaram à 
importante conclusão de que a depressão resulta de hábitos de pensamentos 
extremamente arraigados e descreveram os conceitos fundamentais da TCC. Beck, 
observou que humor e comportamentos negativos eram usualmente resultados de 
pensamentos e crenças distorcidas e não de forças inconscientes como sugerido pela 
teoria freudiana. 
 
17 
 
Em outras palavras, a depressão podia ser compreendida como sendo 
decorrente das próprias cognições e esquemas cognitivos disfuncionais. Os pacientes 
com depressão acreditam e agem como se as coisas estivessem piores do que 
realmente são. Esta nova abordagem enfatizando o pensamento foi denominada por 
Beck de “terapia cognitiva” (TC). Atualmente, conta com mais de 300 ensaios clínicos 
controlados que atestam sua eficácia, sendo a abordagem psicoterápica com maior 
amparo empírico. 
Assim, a TC, ou TCC tal como desenvolvida por Beck, é a mais bem pesquisada 
forma de tratamento envolvendo qualquer transtorno psicológico.18 Muitos estudos e 
metanálises indicam que ela é efetiva no tratamento da depressão, seja leve, 
moderada ou grave. Além disso, a efetividade da TCC na depressão é tão ou mais 
robusta do que a farmacoterapia ou outros tipos de intervenções psicológicas (por 
exemplo, terapia interpessoal ou tratamento de apoio). A TCC tem tido o benefício 
adicional notado em muitos estudos: provoca resposta mais duradoura em 
comparação com o tratamento farmacológico e pode proporcionar um efeito 
substancialmente protetor quanto às recorrências. 
A depressão acontece em meio a alguns fatores que envolvem o contexto 
social e psicológico. Citam-se alguns meios pelo qual ocorre o procedimento 
da depressão: biológicos são aqueles que envolvem transtornos do humor 
com desregulagens de neurotransmissores. Os fatores genéticos 
apresentam- se como uma herança genética, cita – se o transtorno bipolar. 
Os fatores psicossociais incluem acontecimentos vitais e estresse ambiental. 
Consideram –se esses pontos importantes para a compreensão da 
depressão, para haver um tratamento adequado (KAPLAN; SADOCK; 2007apud Feitosa M. 2011). 
2.4 Tipos de depressão 
A classificação internacional das doenças (CID-10) denomina quatro tipos 
de depressão: 
Episódio depressivo leve: há perda de interesse e fadiga, por duas semanas 
o paciente apresenta-se progressivo em suas atividades rotineiras, mas envolvem 
sintomas somáticos como dores vagas e imprecisas (CID-10 ,1997). 
Episódio depressivo moderado: diversos sintomas presentes (quatro ou 
mais) com permanência cerca de duas semanas. Apresenta – se com dificuldade em 
desenvolver atividades usuais tais como: social, domésticas e laborais. Além de outros 
sintomas somáticos como cólicas e falta de ar (CID-10 1997). 
 
18 
 
Episódio depressivo grave: o paciente fica angustiado ou agitado. Tem perda 
da autoestima, sentimentos de inutilidade ou culpa, o suicídio é um risco marcante, 
tem também a síndrome somática onde os sintomas estão presentes em maior 
gravidade. O depressivo grave não consegue desenvolver suas atividades diárias 
laborais, sociais e domesticas, podendo apresentar sintomas psicóticos como, retardo 
psicomotor, alucinações e delírios (CID-10, 1997). 
Transtorno depressivo recorrente: há apresentação pelo paciente de 
episódios recorrentes de depressão sem presença da mania, podem durar em média 
de seis meses. Ocorre a recuperação, mas pode ocorrer depressão persistente na 
velhice (CID-10, 1997). 
2.5 Como identificar o início de uma depressão 
Geralmente a pessoa pode apresentar dois ou mais dos seguintes 
sintomas: 
 Apatia 
 Falta de motivação 
 Medos que antes não existiam 
 Dificuldade de concentração 
 Perda ou aumento de apetite 
 Alto grau de pessimismo 
 Indecisão 
 Insegurança 
 Insônia 
 Falta de vontade em fazer atividades antes prazerosas 
 Sensação de vazio 
 Irritabilidade 
 Raciocínio mais lento 
 Esquecimento 
 Ansiedade 
 Angústia. 
Além disso, o indivíduo pode apresentar alguns sintomas físicos que os 
médicos não conseguem encontrar causas aparentes, como: 
 
19 
 
 Dores de barriga 
 Má digestão 
 Azia 
 Constipação 
 Flatulência 
 Tensão na nuca e nos ombros 
 Dores de cabeça 
 Dores no corpo 
 Pressão no peito. 
Estes são alguns dos indícios da depressão. 
A depressão é uma psicopatologia caracterizada por humor deprimido ou falta 
de motivação, perda de interesse ou prazer (anedonia) e cansaço ou fadiga. 
Além disso, alteração no peso corporal (ganho ou perda de peso significativo 
– 5%), prejuízo no sono (insônia ou hipersonia), agitação ou retardo 
psicomotor, sentimento de inutilidade ou culpa, baixa capacidade de 
concentração ou tomada de decisão e/ou ideação suicida são outros 
sintomas relevantes no diagnóstico da depressão (APA, 2004; CID-10, 1993 
apud Cardoso L. 2011). 
2.6 Sintomas psíquicos 
Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de 
culpa. 
Os pacientes habituam-se fazer referência ao sentimento de que tudo lhes 
parece frívolo, ou sem real importância. Creem que perderam de modo irreversível, a 
capacidade de sentir alegria ou prazer na vida. A vida parece vazia e sem graça, o 
mundo é visto “sem cores”, sem colorido de alegria. Em crianças e adolescentes, o 
humor pode ser irritável, ou “rabugento”, ao invés de triste. 
Outros ainda procuram a morte como maneira de expiar suas supostas culpas. 
Os pensamentos suicidas alteram desde o distante desejo de estar simplesmente 
morto, até planos articulados de se matar (estabelecendo o modo, o momento e o 
lugar para o ato). 
Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, 
anteriormente tidas como agradáveis. As pessoas deprimidas podem narrar que já 
não se interessam pelos seus passatempos preferidos. 
 
20 
 
 As programações sociais são constantemente negligenciadas, e tudo lhes 
parece agora ter o peso de insignificantes “obrigações”. 
Fadiga ou sensação de perda de energia. A pessoa pode narrar fadiga 
persistente, mesmo sem fazer esforço físico, e as atividades mais leves parecem 
demandar esforço substancial. Lentifica-se o tempo para o cumprimento das 
atividades. 
Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões. 
Decisões anteriormente quase espontâneas parecem agora levar tempo e empenhos 
intransponíveis. Um paciente pode se levar um tempo considerável para finalizar um 
simples relatório, devido sua insuficiência em optar por palavras adequadas. O curso 
do pensamento pode estar notavelmente lentificado. 
2.7 Evidências comportamentais 
 Retraimento social; 
 Crises de choro; e 
 Comportamentos suicidas. 
Retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação psicomotora. 
Constantemente os pacientes relatam à sensação de peso nos membros, ou ao 
“manto de chumbo” que parecem estar transportando. Em atual revisão da literatura 
sobre os estados depressivos, o item “retardo psicomotor” foi o consequente comum, 
em nove sistemas classificatórios, como traço definidor da melancolia. 
Na Austrália, Parker (et al.,1994 apud Del Porto,1999) indicaram, para o 
diagnóstico da melancolia, um sistema baseado não em “sintomas” (subjetivos), mas 
em “sinais” (características objetivas, observáveis). Na França, Widlöcher (et al.,1983 
apud Del Porto), na Salpêtrière, elaboraram uma escala especificamente designada a 
medir o retardo psicomotor (“échelle de ralentissement dépressif” da Salpêtrière). 
Precisa-se lembrar, que no diagnóstico das depressões, que determinadas vezes o 
quadro mais típico pode ser disfarçado por queixas proeminentes de dor crônica 
(cefaleia, dores vagas no tórax, abdome, ombros, região lombar, etc.). 
 
 
21 
 
A terminação “melancolia” tem sido aplicada, nas recentes classificações como 
o DSM-IV, para indicar o subtipo anteriormente denominado de “endógeno”, “vital”, 
“biológico”, “somático” ou “endogenomorfo” de depressão. 
Analisado por vários como o “modelo” ou síndrome nuclear das depressões, a 
melancolia ao oposto de outras formas de depressão parece compor-se em um grupo 
mais homogêneo, que objeta melhor a tratamentos biológicos, dos quais os fatores 
genéticos são os principais determinantes. Parker (1994 et al., apud Del Porto,1999) 
sinaliza a gravidade das alterações psicomotoras na melancolia, para eles é a central 
característica desse quadro nosológico. 
O conceito de melancolia no DSM - IV foi reformulado, em relação ao do DSM-
III-R, passando a ser mais conciso e definindo com mais exatidão (LAFER et al., 1996 
apud DEL PORTO,1999). 
2.8 Sintomas fisiológicos 
Alterações do sono (constante insônia, podendo ocasionar também 
hipersonolência). A insônia é mais caracteristicamente intermediária (acordar no meio 
da noite, com problemas para retornar a harmonizar o sono), ou terminal (acordar mais 
precocemente pela manhã). Pode também acontecer insônia inicial. Com menor 
constância, porém não raramente, os pacientes podem se queixar de sonolência 
exagerada, mesmo durante as horas do dia. 
Alterações do apetite (mais frequentemente perda do apetite, podendo 
acontecer também aumento do apetite). Muitas vezes a pessoa necessita esforçar-se 
para comer, ou ser auxiliada por terceiros a se alimentar. As crianças podem, pela 
inapetência, não ter o aguardado ganho de peso no tempo apropriado. Algumas 
formas particulares de depressão são seguidas de aumento do apetite, que se 
apresenta caracteristicamente aguçadas por carboidratos e doces e redução do 
interesse sexual. 
 
22 
 
2.9 Diagnóstico 
O diagnóstico da depressão é feito a partir da presença de determinados 
sintomas que se manifestam numa certa duração e intensidade também toma como 
base a história de vida do paciente. 
Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças, 
sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial (GRUBITS; GUIMARÃES, 
2007). Existem fatores genéticos e hereditários envolvidos nos casos de depressão, 
que pode ser provocadapor uma disfunção bioquímica do cérebro. Tem como 
principal tratamento o farmacoterápico, podendo ser associada à psicoterapia, em 
alguns casos. 
Há evidências de que a atividade física é um recurso importante para reverter 
quadros de depressão, porém, nem todas as pessoas com predisposição genética 
reagem do mesmo modo diante de fatores que funcionam como gatilho para as crises: 
acontecimentos traumáticos na infância, estresse físico e psicológico, algumas 
doenças sistêmicas (ex: hipotireoidismo), consumo de drogas lícitas e ilícitas, certos 
tipos de medicamentos (ex: as anfetaminas). (RODRIGUES, 2000). 
A doença pode ser acompanhada por alterações de substâncias no Sistema 
Nervoso Central, principalmente a noradrenalina e a serotonina e, em muitos casos 
evolui de forma crônica, necessitando de tratamento prolongado. Quadros leves 
costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos outros mais graves e com 
reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e profissional e em sociedade, a 
indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a pessoa da crise 
(GRUBITS; GUIMARÃES, 2007). 
Existem vários grupos desses medicamentos que não causam dependência. 
Apesar do tempo que levam para produzir efeito (por volta de duas a quatro semanas) 
e das desvantagens de alguns efeitos colaterais que podem ocorrer, a prescrição deve 
ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar recaídas. 
 Há casos de depressão que exigem a associação de outras classes de 
medicamentos – os ansiolíticos e os antipsicóticos, por exemplo – para obter o efeito 
necessário (GRUBITS; GUIMARÃES, 2007). Essa patologia é considerada uma 
doença grave que se não diagnosticada e tratada de maneira correta, pode gerar 
sérias doenças clínicas e até mesmo a morte por suicídio (GRUBITS; GUIMARÃES, 
2007). 
 
23 
 
3 CLASSIFICAÇÕES DO CID – 10 
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 
(também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é 
publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação 
de doenças e outros problemas relacionados à saúde. 
A CID 10 fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande 
variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e 
causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado de saúde é atribuída uma 
categoria única à qual corresponde um código CID 10. 
A depressão é relacionada aos transtornos do humor, e está enquadrada 
dentro do F30-F39 Transtornos do humor afetivos: 
Transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor 
ou do afeto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de 
uma elação. 
A alteração do humor em geral acompanha de uma modificação do nível global 
de atividade, e a maioria dos outros sintomas são secundários a estas alterações do 
humor e da atividade, que são facilmente compreensíveis no contexto destas 
alterações. 
 A maioria destes transtornos tendem a ser recorrentes e a ocorrência dos 
episódios individuais podem frequentemente estar relacionada com situações ou fatos 
estressantes. 
3.1 F30 – episódio maníaco 
Todas as subdivisões desta categoria se aplicam exclusivamente a um episódio 
isolado. Um episódio hipomaníaco ou maníaco em indivíduo que já tenha apresentado 
um ou mais episódios afetivos prévios (depressivo, hipomaníaco, maníaco ou misto) 
deve conduzir a um diagnóstico de transtorno afetivo bipolar. (F - 31). 
F30.0 Hipomania 
Transtorno caracterizado pela presença de uma elevação ligeira, mas 
persistente do humor, da energia e da atividade, associada em geral a um sentimento 
intenso de bem-estar e de eficácia física e psíquica. 
 
24 
 
 Existe frequentemente um aumento da sociabilidade, do desejo de falar, da 
familiaridade e da energia sexual, e uma redução da necessidade de sono; estes 
sintomas não são, entretanto, tão graves de modo a entravar o funcionamento 
profissional ou levar a uma rejeição social. A euforia e a sociabilidade são por vezes 
substituídas por irritabilidade, atitude pretensiosa ou comportamento grosseiro. 
 As perturbações do humor e do comportamento não são acompanhadas de 
alucinações ou de ideias delirantes. 
F30.1 Mania sem sintomas psicóticos 
Presença de uma elevação do humor fora de proporção com a situação do 
sujeito, podendo variar de uma jovialidade descuidada a uma agitação praticamente 
incontrolável. Esta elação acompanha de um aumento da energia, levando à 
hiperatividade, um desejo de falar e uma redução da necessidade de sono. A atenção 
não pode ser mantida, e existe frequentemente uma grande distração. 
O sujeito apresenta frequentemente um aumento da autoestima com ideias de 
grandeza e superestimava de suas capacidades. A perda das inibições sociais pode 
levar a condutas imprudentes, inapropriadas ou deslocadas. 
F30.2 Mania com sintomas psicóticos 
Presença, além do quadro clínico descrito em F30.1, de ideias delirantes (em 
geral de grandeza) ou de alucinações (em geral do tipo de voz que fala diretamente 
ao sujeito) ou de agitação, de atividade motora excessiva e de fuga de ideias de uma 
gravidade tal que o sujeito se torna incompreensível ou inacessível a toda 
comunicação normal. 
Estupor maníaco: 
Mania com sintomas psicóticos: 
 Congruentes com o humor 
 Incongruentes com o humor 
 F30.8 Outros episódios maníacos 
 F30.9 Episódio maníaco não especificado 
3.2 F31 transtorno afetivo bipolar 
Transtorno caracterizado por dois ou mais episódios nos quais o humor e o 
nível de atividade do sujeito estão profundamente perturbados, sendo que este 
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F30
 
25 
 
distúrbio consiste em algumas ocasiões de uma elevação do humor e aumento da 
energia e da atividade (hipomania ou mania) e em outras, de um rebaixamento do 
humor e de redução da energia e da atividade (depressão). Pacientes que sofrem 
somente de episódios repetidos de hipomania ou mania são classificados como 
bipolares. 
Inclui: 
 Doença 
 Psicose 
 Reação 
São maníaco-depressivos 
Exclui: 
 Ciclotimia (F34.0) 
 Transtorno bipolar, episódio isolado (F30.0). 
F31.0 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual hipomaníaco 
Episódio atual correspondente à descrição de uma hipomania tendo ocorrido, 
no passado, ao menos um outro episódio afetivo (hipomaníaco, maníaco, depressivo 
ou misto). O Transtorno Bipolar (TB), também conhecido como “transtorno afetivo 
bipolar” e originalmente chamado de “insanidade maníaco-depressiva”, é uma 
condição psiquiátrica caracterizada por alterações graves de humor, que envolvem 
períodos de humor elevado e de depressão (polos opostos da experiência afetiva) 
intercalados por períodos de remissão, e estão associados a sintomas cognitivos, 
físicos e comportamentais específicos. 
O humor elevado ou irritável pode ser classificado como mania ou hipomania, 
dependendo de sua gravidade e da presença de sintomas psicóticos. Classifica-se 
como mania o estado severo de humor elevado ou irritabilidade, associado ou não a 
sintomas psicóticos, que provocam alterações no comportamento e na funcionalidade 
do indivíduo. A duração do estado de mania deve ser de no mínimo uma semana, 
estando o humor elevado ou irritabilidade presente na maior parte do dia, quase todos 
os dias. 
 
 
 
 
 
26 
 
F31.1 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual maníaco sem sintomas 
psicóticos 
Episódio atual maníaco correspondente à descrição de um episódio maníaco 
sem sintomas psicóticos (F30.1), tendo ocorrido, no passado, ao menos um outro 
episódio afetivo (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto). 
F31.2 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual maníaco com sintomas 
psicóticos 
Episódio atual correspondente à descrição de um episódio maníaco com 
sintomas psicóticos (F30.2), tendo ocorrido, no passado, ao menos um outroepisódio 
afetivo (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto). 
F31.3 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo leve ou 
moderado 
Episódio atual correspondente à descrição de um episódio depressivo leve ou 
moderado (F32.0 ou F32.1), tendo ocorrido, no passado, ao menos um episódio 
afetivo hipomaníaco, maníaco ou misto bem comprovado. 
F31.4 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo grave sem 
sintomas psicóticos 
Episódio atual correspondentes à descrição de um episódio depressivo grave 
sem sintomas psicóticos (F32.2), tendo ocorrido, no passado, ao menos um episódio 
afetivo hipomaníaco, maníaco ou misto bem documentado. 
F31.5 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo grave com 
sintomas psicóticos 
Episódio atual correspondente à descrição de um episódio depressivo grave 
com sintomas psicóticos (F32.3), tendo ocorrido, no passado, ao menos um episódio 
afetivo hipomaníaco, maníaco ou misto bem comprovado. 
F31.6 Transtorno afetivo bipolar, episódio atual misto 
Ocorrência, no passado, de ao menos um episódio afetivo maníaco, 
hipomaníaco ou misto bem documentado, e episódio atual caracterizado pela 
presença simultânea de sintomas maníacos e depressivos ou por uma alternância 
rápida de sintomas maníacos e depressivos. 
Exclui: 
episódio afetivo misto isolado (F38.0) 
 
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F30
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F30
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F38
 
27 
 
F31.7 Transtorno afetivo bipolar, atualmente em remissão 
Ocorrência, no passado, de ao menos um episódio afetivo maníaco, 
hipomaníaco ou misto muito bem comprovado, e de ao menos um outro episódio 
afetivo (hipomaníaco, maníaco, depressivo ou misto) mas sem nenhuma perturbação 
significativa do humor, nem atualmente nem no curso dos últimos meses. As 
remissões sob tratamento profilático devem ser classificadas aqui. 
F31.8 Outros transtornos afetivos bipolares 
 Episódios maníacos redicivantes SOE 
 Transtorno bipolar II 
F31.9 Transtorno afetivo bipolar não especificado 
F32 - Episódios depressivos 
Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado 
ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e 
diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, 
perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral 
à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral 
problemas do sono e diminuição do apetite. 
 Existe quase sempre uma diminuição da autoestima e da autoconfiança e 
frequentemente ideias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. 
O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode 
se acompanhar de sintomas ditos “somáticos”, por exemplo perda de interesse ou 
prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, 
agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perda 
de apetite, perda de peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas 
permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave. 
Inclui: 
Episódios isolados de (um) (uma): 
 Depressão: 
 Psicogênica 
 Reativa 
 Reação depressiva 
Exclui: 
Quando associados com transtornos de conduta em F.91(F92.0) 
 
28 
 
Transtornos (de): 
 Adaptação (F43.2) 
 Depressivo recorrente (F.33) 
F32.0 Episódio depressivo leve 
Geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados 
anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas, mas 
provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades. 
F32.1 Episódio depressivo moderado 
Geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados 
anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a 
desempenhar as atividades de rotina. 
F32.2 Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos 
Episódio depressivo onde vários dos sintomas são marcantes e angustiantes, 
tipicamente a perda da autoestima e ideias de desvalia ou culpa. As ideias e os atos 
suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de sintomas “somáticos”. 
Depressão: 
 Agitada 
 Maior 
 Vital 
 São episódio único sem sintomas psicóticos 
F32.3 Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos 
Episódio depressivo correspondente à descrição de um episódio depressivo 
grave (F32.2) mas acompanhado de alucinações, ideias delirantes, de uma lentidão 
psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais 
normais tornam-se impossíveis; pode existir o risco de morrer por suicídio, de 
desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder 
ao caráter dominante do distúrbio afetivo. 
Episódios isolados de: 
 Depressão: 
 major com sintomas psicóticos 
 psicótica 
 psicose depressiva: 
 psicogênica 
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
 
29 
 
 reativa 
F32.8 Outros episódios depressivos 
Depressão atípica 
Episódios isolados de uma depressão “mascarada” SOE 
F32.9 Episódio depressivo não especificado 
Depressão SOE 
Transtorno depressivo SOE 
F33 Transtorno depressivo recorrente 
Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos 
correspondentes à descrição de um episódio depressivo (F32.-) na ausência de todo 
antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de 
energia (mania). O transtorno pode, contudo, comportar breves episódios 
caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da atividade (hipomania), 
sucedendo imediatamente a um episódio depressivo, e por vezes precipitados por um 
tratamento antidepressivo. 
As formas mais graves do transtorno depressivo recorrente (F33.2 e F33.3) 
apresentam numerosos pontos comuns com os conceitos anteriores da depressão 
maníaco-depressiva, melancolia, depressão vital e depressão endógena. 
O primeiro episódio pode ocorrer em qualquer idade, da infância à senilidade, 
sendo que o início pode ser agudo ou insidioso e a duração variável de algumas 
semanas a alguns meses. O risco de ocorrência de um episódio maníaco não pode 
jamais ser completamente descartado em um paciente com um transtorno depressivo 
recorrente, qualquer que seja o número de episódios depressivos apresentados. Em 
caso de ocorrência de um episódio maníaco, o diagnóstico deve ser alterado pelo de 
transtorno afetivo bipolar (F31.-). 
F33.0 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve 
Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, 
sendo o episódio atual leve, tal como descrito em F32.0, na ausência de qualquer 
antecedente de mania. 
F33.1 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual moderado 
Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, 
sendo o episódio atual de moderada gravidade, tal como descrito em F32.1, na 
ausência de qualquer antecedente de mania. 
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F31
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
 
30 
 
F33.2 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem 
sintomas psicóticos 
Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, 
sendo o episódio atual grave, sem sintomas psicóticos, talcomo descrito em F32.2, 
na ausência de qualquer antecedente de mania. 
Depressão: 
 Endógena 
 Maior recorrente 
 Vital recorrente 
 Sem sintomas psicóticos 
 Psicose maníaco-depressiva, forma depressiva sem sintomas 
psicóticos. 
F33.3 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com 
sintomas psicóticos 
Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, 
sendo o episódio atual grave, com sintomas psicóticos, tal como descrito em F32.3, 
na ausência de qualquer antecedente de mania. 
Depressão endógena com sintomas psicóticos 
Episódio recorrente grave (de): 
Depressão: 
 Maior com sintomas psicóticos 
 Psicótica 
Psicose depressiva: 
 Psicogênica 
 Reativa 
Psicose maníaco-depressiva, forma depressiva, com sintomas psicóticos 
F33.4 Transtorno depressivo recorrente, atualmente em remissão 
O paciente teve no passado dois ou mais transtornos depressivos como 
descritos acima (F33.0-F33.3) mas não apresenta atualmente nenhum sintoma 
depressivo e isto há vários meses. 
F33.8 Outros transtornos depressivos recorrentes 
F33.9 Transtorno depressivo recorrente sem especificação 
 Depressão unipolar SOE 
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F32
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33
 
31 
 
4 F34 TRANSTORNOS DE HUMOR [AFETIVOS] PERSISTENTES 
Transtornos do humor persistentes e habitualmente flutuantes, nos quais os 
episódios individuais não são suficientemente graves para justificar um diagnóstico de 
episódio maníaco ou de episódio depressivo leve. Como persistem por anos e, por 
vezes, durante a maior parte da vida adulta do paciente, levam, contudo, a um 
sofrimento e à incapacidade consideráveis. Em certos casos, episódios maníacos ou 
depressivos recorrentes ou isolados podem se superpor a um transtorno afetivo 
persistente. 
F34.0 Ciclotimia 
Instabilidade persistente do humor que comporta numerosos períodos de 
depressão ou de leve elação nenhum deles suficientemente grave ou prolongado para 
responder aos critérios de um transtorno afetivo bipolar (F31.-) ou de um transtorno 
depressivo recorrente (F33.-). O transtorno se encontra frequentemente em familiares 
de pacientes que apresentam um transtorno afetivo bipolar. Algumas pessoas 
ciclotímicas apresentarão elas próprias ulteriormente um transtorno afetivo bipolar. 
Personalidade: 
 cicloide 
 ciclotimia 
Transtorno afetivo da personalidade 
F34.1 Distimia 
Rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por vários anos, mas 
cuja gravidade não é suficiente ou na qual os episódios individuais são muito curtos 
para responder aos critérios de transtorno depressivo recorrente grave, moderado ou 
leve (F33.-). 
Depressão: 
 ansiosa persistente 
 neurótica 
Neurose depressiva 
Personalidade depressiva 
Exclui: 
depressão ansiosa (leve ou não-persistente) (F41.2) 
F34.8 Outros transtornos do humor [afetivos] persistentes 
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F31
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm#F33
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f40_f48.htm#F41
 
32 
 
F34.9 Transtorno do humor [afetivo] persistente não especificado 
F38. Outros transtornos do humor [afetivos] 
 Quaisquer outros transtornos de humor que não justificam ser 
classificados em F30-F34 por não apresentarem gravidade ou duração 
suficientes. 
F38.0 Outros transtornos do humor [afetivos] isolados 
 Episódio afetivo misto 
F38.1 Outros transtornos do humor [afetivos] recorrentes 
 Episódio depressivo recorrente breve 
F38.8 Outros transtornos especificados do humor [afetivos] 
F39 Transtorno do humor [afetivo] não especificado 
 Psicose afetiva SOE 
5 TRANSTORNOS NEURÓTICOS, RELACIONADOS AO ESTRESSE E 
SOMATOFORMES - F- 40 E F-48 (ESPECIFICAMOS OS TRANSTORNOS DE 
ANSIEDADE F.40 AO F.42) 
F40.0 Agorafobia 
 00 sem transtorno de pânico 
 01 com transtorno de pânico 
A “agorafobia” é a evitação ou persistente apreensão a respeito de situações 
das quais pode ser difícil escapar ou em que não há ajuda disponível em caso de 
ataque de pânico ou no caso de se desenvolverem sintomas que poderiam incapacitar 
ou constranger, como perda de controle intestinal ou vômito. As situações da 
agorafobia são típicas e incluem shopping centers, esperar em filas, cinemas, viajar 
de carro ou ônibus, restaurantes cheios e estar só. 
A agorafobia “leve” pode ser exemplificada pela pessoa que hesita em dirigir 
sozinha por longas distâncias, mas consegue ir e voltar de carro para o trabalho, que 
prefere se sentar no corredor nos cinemas, mas segue indo ao cinema, e que evita 
lugares lotados. 
A agorafobia “moderada” é exemplificada pela pessoa que só dirige em um raio 
de 15 km de casa e somente se estiver acompanhada, que compra em horário fora 
do pico e evita grandes supermercados, e que evita aviões ou trens. 
http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm
 
33 
 
A agorafobia “grave” está relacionada à mobilidade muito limitada, às vezes até 
mesmo a ponto de não sair de casa. 
F40.1 Fobias sociais 
A fobia social (FS) representa um problema grave de saúde mental com 
características incapacitantes em suas diferentes formas de apresentação. A mais 
comum é o medo de ser humilhado ou ridicularizado em situações sociais por 
apresentar atitudes inadequadas ou sintomas de ansiedade como tremor, rubor, 
sudorese excessiva e desatenção. A interação social torna-se mais ameaçadora se 
for associada a um descontrole motor observável em comportamentos como beber, 
comer ou escrever. 
F40.2 Fobias específicas (isoladas) 
As fobias específicas são atualmente agrupadas em subtipos que incluem 
fobias de animais, ambientes naturais (altura, tempestades e água), sangue e 
ferimentos e fobias situacionais (aviões, elevadores, locais fechados etc.). O objetivo 
desse tipo de classificação é facilitar o diagnóstico e evitar o uso desnecessário de 
extensas listas de situações ou objetos. 
No entanto, ao se adotar subtipos de fobias, supõe-se que os medos colocados 
dentro de um mesmo grupo devam ser semelhantes entre si, tanto em termos de 
mecanismos fisiopatológicos quanto em termos de resposta a tratamentos. Esse 
cuidado é fundamental, pois muitos estudos acerca do tratamento das fobias 
específicas são baseados em um ou outro tipo de sintoma (medo de altura, por 
exemplo) e seus resultados são generalizados para os demais tipos de fobia (Choy et 
al., 2007). 
F40.8 Outros transtornos fóbico-ansiosos 
F40.9 Transtorno fóbico-ansioso, não especificado 
F41 Outros transtornos de ansiedade: 
F41.0 Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica) 
O transtorno do pânico (TP) é caracterizado pela presença de ataques de 
pânico recorrentes que consistem em uma sensação de medo ou mal-estar intenso 
acompanhada de sintomas físicos e cognitivos e que se iniciam de forma brusca, 
alcançando intensidade máxima em até 10 minutos. Estes ataques acarretam 
preocupações persistentes ou modificações importantes de comportamento em 
relação à possibilidade de ocorrência de novos ataques de ansiedade. 
 
34 
 
F41.1 Transtorno de ansiedade generalizada 
O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é definido como, pelo menos, 6 
meses de preocupação excessiva sobre questões cotidianas, a qual é desproporcional 
a qualquer risco inerente, causando sofrimento ou incapacidade. A preocupação não 
se limita às características de outro transtorno mental ou como resultado do abuso de 
substâncias ou uma condição clínica geral. 
Na maioria das vezes, pelo menos 3 dos seguintes sintomas somáticos, 
emocionais e cognitivos estão presentes: inquietação ou nervosismo, sentir facilmente 
fadiga, baixa concentração, irritabilidade, tensão muscular ou perturbações do 
sono.Outras queixas comuns são autonômicas por natureza, como sudorese, 
vertigem, palpitações, tontura e desconforto epigástrico. 
Ansiedade pode ser ¨flutuante¨ (isto é, não é fortemente predominante em 
determinadas circunstâncias ambientais nem se restringe a elas). Exemplos de 
preocupações incluem medo que o paciente ou um parente adoeça ou sofra um 
acidente em breve. 
F41.2 Transtorno misto de ansiedade e depressão 
Transtorno mental com sintomas significativos de ansiedade e depressão, que 
não satisfazem critérios para transtorno do humor ou transtornos de ansiedade 
específicos, caracterizado pela presença de humor disfórico persistente ou recorrente 
com duração mínima de 1 mês. Disforia: alteração do humor acompanhada de uma 
sensação subjetiva desagradável, com irritabilidade, amargura, desgosto, ansiedade 
e inquietação. Nenhum conjunto de sintomas, considerado separadamente, é grave o 
suficiente para justificar um diagnóstico, os sintomas são autonômicos (tremor, 
palpitações, boca seca, estômago embrulhado, entre outros) devem estar presentes, 
mesmo que intermitentes. 
F41.3 Outros transtornos mistos de ansiedade 
F41.8 Outros transtornos de ansiedade especificados 
F41.9 Transtorno de ansiedade, não especificado 
F42. Transtorno obsessivo-compulsivo: 
F42.0 Predominantemente pensamentos obsessivos ou ruminações 
 
 
 
 
35 
 
F42.1 Predominantemente atos compulsivos (rituais obsessivos) 
TOC é definido pela erupção na mente de pensamentos recorrentes e 
descontrolados, impulsos ou imagens descritas sob o termo “obsessão”. Obsessões 
são classicamente consideradas “ego-alien” ou “ego-distônico” na natureza. Elas são 
acompanhadas por um sentimento de urgência ou catástrofe, levando a 
comportamentos repetitivos ou ritualísticos conhecidos como “compulsões”. 
 TOC é caracterizado por um grande espectro de sintomas. Os mais frequentes 
tipos de obsessões são contaminação (45%), hipocondria (42%), necessidade de 
simetria (31%), agressividade (28%), sexual (26%) e outros (13%). As formas 
clássicas de compulsões incluem verificação (63%), limpeza (50%), contagem (36%), 
necessidade de perguntar ou confessar (31%), simetria e precisão (28%) e ocultação 
(18%). Alguns sintomas são particularmente estáveis, a exemplo das obsessões 
sexuais/religiosas. Outros sintomas como obsessões agressivas e de contaminação, 
bem como verificação, limpeza, contagem e arrumação, podem mudar. Estas 
mudanças ocorrem normalmente entre sintomas de mesmo grupo. 
F42.2 Pensamentos e atos obsessivos mistos 
F42.8 Outros transtornos obsessivo-compulsivos 
F42.9 Transtorno obsessivo-compulsivo, não especificado 
5.1 Segue as características de acordo com DSM – 5: transtorno bipolar e 
transtornos relacionados, (123): 
Os seguintes especificadores se aplicam ao Transtorno Bipolar e 
Transtornos Relacionados, conforme indicado: 
Especificar: Com sintomas ansiosos (especificar a gravidade atual: leve, 
moderada, moderada-grave, grave); com características mistas; com ciclagem rápida; 
com características melancólicas; com características atípicas; com características 
psicóticas congruentes com o humor; com características psicóticas incongruentes 
com o humor; com catatonia (usar o código adicional 293.89 [F06.1]); com início no 
periparto; com padrão sazonal. 
Transtorno Bipolar Tipo I 
Episódio atual ou mais recente maníaco: 
 Leve 
 Moderado 
 
36 
 
 Grave 
 Com características psicóticas 
 Em remissão parcial 
 Em remissão completa 
 Não especificado 
Episódio atual ou mais recente hipomaníaco 
 Em remissão parcial 
 Em remissão completa 
 Não especificado 
Episódio atual ou mais recente depressivo 
 Leve 
 Moderado 
 Grave 
 Com características psicóticas 
 Em remissão parcial 
 Em remissão completa 
 Não especificado 
Episódio atual ou mais recente não especificado 
296.89 (F31.81) Transtorno Bipolar Tipo II, (132): 
Especifica – se em episódio atual ou mais recente: Hipomaníaco, depressivo 
Especificar o curso se todos os critérios para um episódio de humor não estão 
atualmente satisfeitos: Em remissão parcial, em remissão completa. 
Especificar a gravidade se todos os critérios para um episódio de humor estão 
atualmente satisfeitos: Leve, Moderada, Grave. 
301.13 (F34.0) - Transtorno Ciclotímico (139) 
Especificar se: Com sintomas ansiosos 
Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Induzido por Substância/ 
Medicamento (142). 
Nota: Ver o conjunto de critérios e os procedimentos de registro 
correspondentes para códigos específicos para cada substância e codificação 
da CID-9-MC e da CID-10-MC. 
Especifica - se: Com início durante a intoxicação, com início durante a 
abstinência. 
 
37 
 
DSM- 5: 293.83 - Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Devido a 
Outra Condição Médica (145): 
Especifica - se: 
 Com características maníacas 
 Com episódio tipo maníaco ou hipomaníaco 
 Com características mistas 
DSM – 5: 296.89 (F31.89): Outro Transtorno Bipolar e Transtorno 
Relacionado Especificado (148). 
DSM -5: 296.80 (F31.9) Transtorno Bipolar e Transtorno Relacionado Não 
Especificado (149): 
No DSM-5, existem os tipos básicos de Transtorno Bipolar. O tipo I que inclui 
um episódio de mania, enquanto que o tipo II há a ausência da mania. O Transtorno 
Bipolar possui sintomas que são do que podemos chamar de psicose e sintomas do 
que podemos chamar de depressão. A diferença entre mania e hipomania não é tão 
grande como poderíamos esperar. 
Em tese, consiste na intensidade dos sintomas que, por sua vez, vão ou não 
afetar o funcionamento em diversas áreas da vida. Em geral, existe mais confusão no 
diagnóstico com relação à depressão. Isto porque se avaliarmos um paciente com 
Transtorno Bipolar quando estiver passando por episódios depressivos será muito 
fácil o diagnóstico como Transtorno Depressivo Maior. 
Assim, se o paciente tiver sido avaliado nesse período, o diagnóstico pode 
mudar caso, em momentos futuros, ele atravesse episódios maníacos ou 
hipomaníacos (estes episódios não estão presentes no Transtorno Depressivo Maior). 
5.2 As fases do transtorno 
Um aspecto muito bem descrito e sistematizado a respeito do transtorno é a 
definição das crises, fases ou “episódios” de humor, quando muitos sintomas surgem, 
definindo um quadro específico. Recentemente, vêm sendo estudadas e descritas as 
características que aparecem entre as crises, como temperamentos do tipo irritável, 
hiperativo, depressivo, impulsivo e as consequências no cotidiano desse modo de ser 
instável, como dificuldades de relacionamento, de permanecer em um emprego ou 
manter amizades duradouras. 
 
38 
 
Embora o TB comporte quatro tipos de episódios patológicos caracterizados 
como depressivos, hipomaníacos, maníaco e misto – pode ser considerado, 
basicamente uma doença depressiva, pois a maioria dos pacientes passa grande 
parte de sua vida nesse polo da doença. 
 Existem, porém, formas mais leve de manifestação desses episódios, nas 
quais se misturam características da própria pessoa, parecendo compor uma estrutura 
de base, um temperamento que se manifesta na infância ou na adolescência e se 
confunde com o “jeito de ser” do indivíduo. 
5.3 Episódio depressivo 
Além da conotação patológica, a palavra “depressão”, em geral, traz à memória 
das pessoas as fases ruins da vida, em alguns contextos, o termo é usado de modo 
abrangente, em analogia com os períodos de crise econômica. Também se tornou 
comum usar a palavra como sinônimo de tristeza, desespero ou angústia. 
A depressão costuma ser deflagrada por uma perda significativa como a morte 
de um ente querido, a perda do emprego, uma desilusão amorosa, ou mesmo numa 
fase da vida altamente estressante por causa do trabalho ou de problemas familiares. 
O fato é que, do ponto de vista clínico, a depressão afeta a forma de o indivíduo 
pensar, agir, e ser e deve ser encarada como um problemade saúde que afeta não 
só o cérebro e o estado psicológico, mas também praticamente todo organismo. 
A tristeza, característica frequente da depressão, é uma experiência universal. 
É uma emoção experimentada de maneira negativa, desagradável que, no intuito de 
não revivê-la, o indivíduo evite situações desagradáveis no futuro. Em termos gerais, 
podemos pensar que, se um aluno tira uma nota baixa na escola, a tristeza de passar 
por essa situação, associada ao fracasso, o levaria a reavaliar sua forma de estudo, 
para que não recebesse avaliação ruim novamente. 
Segunda tal teoria, a tristeza deflagra o movimento introspectivo, as pessoas 
se isolam um pouco do mundo externo “reconhecendo-se” para refletir sobre como a 
situação desagradável aconteceu e como seria possível proceder para que não 
voltasse a ocorrer. Dessa maneira, a tristeza ajudaria no processo de 
amadurecimento, nos preparando para enfrentar melhor uma vida que é, por natureza, 
repleta de perdas e frustrações inevitáveis. 
 
39 
 
Ela pode surgir no dia a dia, como resultado de algo ruim que ocorreu, ou 
quando lembranças de fatos passados a provocam. Em geral, nesses casos, tem 
pequena intensidade e curta duração. O estado mais insistente, chamado de humor 
depressivo, contamina a percepção do que se passa naquele período. 
Uma situação habitual do cotidiano como ver uma criança pedindo esmola 
numa esquina, pode ser percebida de maneira mais angustiante se o indivíduo estiver 
com humor depressivo, ao passo que, em outro momento, essa mesma situação 
causaria mal-estar passageiro, indiferença, ou até raiva. 
O humor depressivo, geralmente associado a uma perda, costuma aparecer 
vinculado a um mal-estar físico, como um resfriado ou com a fase pré-menstrual. 
Muitas vezes pode vir com sensações físicas, como inquietação, ansiedade, vontade 
de chorar, sensação angustiante de pressão ou de peso no peito. 
Mas até que ponto esse sentimento pode ser considerado normal, e 
quando passa a ser patológico, ou seja, ser um sintoma da depressão? 
Embora não seja um critério muito preciso, é possível levar em conta seu tempo 
de duração. A tristeza torna-se preocupante, por exemplo, se ela predominar em 
grande parte do dia do paciente, ou se ocorrer na maioria dos dias. Sua intensidade é 
um critério bem pouco preciso, pois cada um tem a sua própria “medida” para avaliá-
la, e o que é intenso para um seria quase imperceptível para outro. Além disso, ela 
pode variar de acordo com o momento do dia, podendo, assim, distorcer a percepção 
de intensidade. 
Uma pessoa que recebe uma notícia ruim pode sentir uma angústia profunda, 
que dura alguns minutos, e se lembrar de ter tido um dia muito triste. Já outra, que 
sente tristeza moderada todos os dias, quase o tempo todo, pode considerar esse dia 
normal, igual ao anterior ou ao da semana passada, em que também estava triste. 
Porém, quando acontece de a pessoa ficar chorando, frequentemente por motivos que 
aparentemente não se justificam, ou quando sente angústia, numa intensidade difícil 
de ser tolerada, algo que claramente afete seu cotidiano, essa tristeza pode ser 
considerada excessiva. 
 Em geral, as pessoas têm mais dificuldade para diferenciar a tristeza chamada 
normal de sua manifestação patológica (típica da depressão) quando ela surge após 
um evento justificável, como a perda de um ente querido, o que poderia justificar 
plenamente uma tristeza mais intensa e duradoura. 
 
40 
 
Klein 1934, postula que o sujeito deprimido não constituiu bons objetos 
internos e que não se sente protegido em seu mundo interno mediante o dano 
externo, (Klein 1934 apud Trevisan, 2004; apud Barreto L. 2012). 
Embora esse tipo de situação na maioria das pessoas, passadas algumas 
semanas ou meses (dependendo do caso), a tendência é que o indivíduo retome suas 
atividades, apesar da dor da perda e da saudade. Quando essa tristeza se prolonga 
e, principalmente, se a tristeza interfere na vida do indivíduo, provavelmente se trata 
de um sintoma patológico. 
 Muitas vezes, a pessoa que sofre de tristeza patológica tem dificuldade de 
admitir que esteja doente e justifica sua condição com argumentos como desemprego, 
solidão, dificuldades financeiras ou incompreensão de pessoas importantes em sua 
vida. O que essa pessoa raramente percebe é que outros passam por circunstâncias 
similares e podem reagir de outras maneiras e que várias dessas situações podem 
ser consequência e não causa da melancolia. 
No quadro abaixo: mostra as fases do tratamento do episódio depressivo 
(Kupfer, 1991 apud Fleck, 2009). 
 
Fonte: psicologia.pt 
5.4 Episódio maníaco 
O DSM define Mania como a presença por pelo menos uma semana de humor 
irritável, expansivo ou elevado, associado a três ou mais dos seguintes sintomas, com 
gravidade suficiente para causar prejuízo funcional (problemas no trabalho, 
 
41 
 
relacionamentos, necessidade de internação, sintomas psicóticos): aumento da 
autoestima/grandiosidade, diminuição da necessidade de sono, estar mais 
falante/pressão para falar, pensamento acelerado/fuga de ideias, distração, agitação 
psicomotora/aumento da atividade, envolvimento excessivo com atividades 
prazerosas que possam ter consequências desastrosas. 
A Hipomania, por sua vez, é definida pela presença de humor persistentemente 
irritável, expansivo ou elevado, ao longo de pelo menos quatro dias, associados, ou 
pelo menos três daqueles mesmos sintomas descritos para mania, porém com menor 
gravidade, sem prejuízo funcional significativo. 
O termo “mania” costuma ser entendido pelos leigos como um comportamento 
inusitado e repetitivo. Já “maníaco” descreve aquele indivíduo que tem 
comportamentos extremamente desviados da norma aceita, geralmente associados a 
perversões. Para profissionais da área da saúde, porém, o termo “mania” representa 
o polo eufórico do transtorno de humor. 
O curioso é que, apesar de a euforia excessiva ser muito característica e 
evidente nesses quadros, ele nem sempre está presente num episódio maníaco. 
Os sintomas mais comuns são a irritabilidade (que pode derivar para 
agressividade ocasional) e hiperatividade. Outros sintomas da mania são a diminuição 
da necessidade de sono, autoestima repentinamente elevada, fala excessiva, 
dificuldade em focar a atenção e envolvimento com atividades prazerosas, porém 
perigosas – como compras e gastos excessivos, atos impulsivos, uso de drogas, 
indiscrições e aumento da atividade sexual. 
O Paciente em mania não percebe a própria alteração, tem a impressão de 
estar extremamente bem, como se vivesse a melhor fase de sua vida. Para ele, são 
os outros que têm problemas. Em alguns casos, a pessoa nesse estado, com 
agressividade e impulsividade exacerbadas, precisa ser protegida de si mesma, já que 
nessa fase do transtorno pode cometer atos dos quais se arrependerá no futuro, 
determinadas situações. É comum que, após o término de uma crise de mania, o 
paciente se envergonhe de suas atitudes. 
A euforia pode ser definida como uma alegria excessiva e exagerada, que se 
mantém independentemente dos acontecimentos externos. A pessoa nesse estado 
apresenta otimismo exacerbado e se relaciona com pessoas com muita facilidade, 
principalmente quando se trata de estranhos. 
 
42 
 
Nas formas mais graves, chega a acreditar que pode ser famosa. É comum que 
ocorram mudanças súbitas de humor: quando se lembra, por exemplo, da morte da 
mãe, irrompe em prantos, para depois de alguns minutos continuarem a rir. 
A pessoa tenta fazer muitas coisas ao mesmo tempo, tem dificuldade para ficar 
parada, não consegue se concentrar em uma única atividade e se distrai com 
facilidade. Alguns chegam a apresentar ilusões auditivas ou visuais e manifestar 
comportamentos paranoicos. Esses sintomas podem ser confundidos com 
esquizofrenia, principalmente se ocorrem no início da doença. 
Também há probabilidade de surgir crises

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