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A tanatologia forense é o ramo da patologia que estuda a morte, que é um conhecimento essencial para a defesa da vida, já que através de uma necropsia é possível avaliar as condições que levaram o animal ao óbito; Fenomenos Cadavericos Existem dois tipos de fenômenos cadavéricos, os abióticos, que ocorrem sem interferência de agentes biológicos, e os transformativos, onde há interferência de agentes biológicos (exceto autólise). Os fenômenos cadavéricos abióticos também podem ser divididos em imediatos ou consecutivos; Os FCA imediatos acontecem a partir do momento em que a morte acontece, onde ocorre a perda da consciência, o desaparecimento dos movimentos musculares, a perda dos movimentos respiratórios e dos batimentos cardíacos, a perda da ação reflexiva à estímulos táteis, térmicos e dolorosos e a perda das funções cerebrais; Já os FCA consecutivos, ou mediatos, ocorrem em virtude da parada total das atividades metabólicas do organismo, sendo eles: - alterações oculares - coagulação do sangue - desidratação - manchas de hipóstase - resfriamento do corpo - rigidez cadavérica São caracterizadas pelas pálpebras entreabertas em virtude da rigidez cadavérica dos músculos palpebrais, a retração dos globos oculares em virtude da desidratação, midríase cadavérica em virtude da perda do tônus muscular e opacidade da córnea devido a deposição de partículas no globo ocular. Existem dois tipos básicos de coágulo sanguíneo: os coágulos cruóricos, que são compostos predominantemente por hemácias, e os coágulos lardáceos, composto predominantemente por leucócitos; É importante identificar se a coagulação do sangue ocorreu em vida ou no pós morte do animal, pois caso tenha ocorrido em vida, essa coagulação recebe o nome de trombo. A morte é a ruptura do equilíbrio biológico e físico-químico de um indivíduo, que é fundamental para a manutenção da vida e caracteriza-se pela cessação dos fenômenos vitais. Através da observação dos fenômenos cadavéricos é possível ter certeza da morte e da sua causa, mesmo que algumas alterações por vezes possam mascarar o real motivo. A partir desses fenômenos se determina o tempo aproximado após o óbito. Especialmente na área da criminalística é importante a distinção entre morte natural e a violenta, e na veterinária, se é decorrente de acidentes ou intencional. Coágulos: são brilhantes, de superfície regular e se destacam facilmente. Após a remoção, local de adesão mostra superfície lisa. Trombo: é desprovido de brilho, com uma superfície irregular e aderidos à superfície de inserção, implantados sobre superfície irregular. A desidratação consiste na evaporação cadavérica, ou seja, a perda passiva de líquidos corpóreos; Ela pode ser influenciada por fatores ambientais como: temperatura ambiente, presença e intensidade de correntes de ar, umidade e meio em que se encontra o cadáver; Seus sinais no cadáver são: retração dos globos oculares e perda da elasticidade da pele e de peso. Consistem na extrema palidez do cadáver e manchas violáceas nas partes em declive do corpo, por não haver mais circulação (1 a 2 horas após a morte); Essas manchas são difíceis de observar em animais devido a pigmentação da pele, os pelos, penas e escamas. Acontece quando a temperatura corpórea se equilibrar com a temperatura do ambiente em virtude da ausência de atividade metabólica; Há uma grande variação na perda de temperatura nas diferentes espécies. A rigidez cadavérica ocorre devido à redução de ATP e da creatinina fosfato, que estimulam a contração de toda a musculatura do cadáver; Ela se manifesta de maneira ordenada: começa pelos músculos das pálpebras, depois a cabeça, pescoço, membros anteriores, corpo, membros posteriores e cauda; O desaparecimento se dá na mesma ordem, o que é bastante importante para a determinação do intervalo pós morte; Alguns fatores de influenciam na velocidade de rigidez, como: temperatura ambiente, condições mórbidas pregressas e tipo de morte. Existem dois tipos de fenômenos cadavéricos transformativos: os destrutivos e os conservadores; Os FCT destrutivos promovem a completa destruição do cadáver, culminando com a redução esquelética do corpo; Existem três tipos de FCT destrutivos: a autólise, a putrefação e a maceração; A autólise é resultante da liberação de enzimas e não necessariamente é um fenômeno cadavérico transformativo, porque ela não tem a participação de agente biológicos, mas ela faz com que a estrutura das células dos tecidos se alterem. Ela ocorre mais rapidamente no tecido nervoso, no fígado e no pulmão, e começa algumas horas após a morte a partir das enzimas liberadas dos lisossomos das células; A autólise se inicia na fase abiótica dos fenômenos cadavéricos e prossegue até a ocorrência dos fenômenos transformativos destrutivos; Vale ressaltar que ela não ocorre de maneira simultânea em todas as células; começam nas células nervosas, seguidas das da medula da suprarrenal, do TGI e epitélio de algumas vísceras como pâncreas, fígado e rins. A putrefação ocorre a partir de microorganismos do trato digestório, que, ao atravessar a barreira intestinal do É importante ressaltar que ao exame macroscópico do coração, espera-se encontrar sangue coagulado no VD e ausência no VE, o que caracteriza uma última contração muscular, que expulsou o sangue do VE; Caso for encontrado sangue no VE, é indicativo de que o animal apresentava alguma patologia cardíaca. animal, penetram em tecidos e vasos sanguíneos e se multiplicam; Em geral, esse processo se inicia quando a rigidez cadavérica desaparece, aproximadamente 48 horas após a morte; Algumas condições intrínsecas podem modificar o processo de putrefação, como: - doenças desidratantes - sangria (como o corpo terá menos sangue, as bactérias terão menos alimentos) - morte súbita ou por asfixia (o volume sanguíneo fica concentrado em uma parte do corpo do animal, propiciando a proliferação das bactérias) - cobertura tegumentar (animais que tem uma extensa camada de gordura/ pelagem, possuem um processo de putrefação mais acelerado, porque a temperatura interna do cadáver tende a ser conservada) - doenças toxêmicas e septicêmicas. A putrefação pode ser classificada em: Período de coloração: - o período de coloração, ou cromático, se inicia no abdômen, com manchas de coloração esverdeada devido a sulfametahemoglobina; E - estão presentes na parede abdominal e nas serosas intestinais; - no fígado ocorre a embebição biliar, devido a perda da estrutura da vesícula biliar; - esse período ocorre entre 20/24 horas após a morte Período gasoso: - o período gasoso, ou enfisema, se inicia com a fermentação do conteúdo intestinal, promovendo o timpanismo intestinal ou meteorismo, que é especialmente intenso em ruminantes e equídeos, o que pode provocar o prolapso de reto e de vagina no cadáver; - o meteorismo pós morte se diferencia do meteorismo ocorrido em vida pela ausência de alterações circulatórias nos órgãos abdominais e torácicos; - o gás formado no interior dos vasos e que se acumula no interstício dos tecidos e subcutâneo conferem ao cadáver um aspecto volumoso; - além disso, os globos oculares e a língua tornam-se salientes em virtude da pressão exercida por esses gases. Período coliquativo: - o período coliquativo, ou fusão pútrida, acontece quando as partes moles são reduzidas ao estado amorfo, as vísceras reduzidasa uma massa disforme e os odores ofensivos atingem seu auge, havendo uma presença maior de insetos no cadáver - esse período pode durar de 1 vários meses. Período de esqueletização: - o período de esqueletização, ou redução esquelética, ocorre quando a maioria das partes moles do cadáver sofreu coliquação, restando apenas a arquitetura óssea; - esse período ocorre entre 3 e 5 anos após a morte. A maceração consiste e, um processo séptico especial de transformação, caracterizado pela rápida sucessão dos períodos de putrefação, onde os tecidos moles se destacam dos ossos; Ela pode ocorrer em fetos devido a contaminação do útero ou em cadáveres mantidos em meio liquido sob a ação de bactérias. Já os FCT conservadores ocorrem quando, apesar das alterações transformativas, as características gerais do cadáver são mantidas; Existem 3 tipos de FCT conservadores: a mumificação, a saponificação e a calcificação. A mumificação ocorre em condições naturais que garantam uma desidratação rápida, antes da atuação de microorganismos da putrefação; Ela corre em regiões secas e quentes e mais rapidamente em animais desnutridos e desidratados; Nela há redução de peso, pele seca, dura e enrugada, e de coloração enegrecida, com a preservação de dentes e anexos cutâneos; A saponificação é caracterizada pela transformação do cadáver em substancia de consistência untuosa, mole e quebradiça, de tonalidade amarelo escura, com aparência de cera ou sabão; Ela corre após a presença parcial da putrefação e a hidrolise de gorduras por enzimas bacterianas, sendo facilitada pelo contato com agua estagnada e em situações onde um grande número de cadáveres são colocados numa mesma cova. A calcificação é o processo mais raro de acontecer; Ela se caracteriza pela calcificação de partes do cadáver em virtude da putrefação rápida e assimilação pelo esqueleto de grande quantidade de sair calcário; Pode ser encontrada em cavernas com solo rico em calcário e com pequenos cursos de água. Cronotanatognose A Cronotanatognose é o estudo que auxilia na determinação da data da morte baseado nos fenômenos cadavéricos; Cronologia Post mortem Corpo flácido, quente e ausência de livores menos de 2h Rigidez na nuca e mandíbula e esboço de livores de 2 a 4h Rigidez dos membros anteriores, nuca, mandíbula e livores relativamente acentuados de 4 a 6h Rigidez generalizada e manchas de hipostase de 8 a 36h Inicio de flacidez e da putrefação 24h Flacidez generalizada e putrefação 48h Coliquação manifesta 72h Desaparecimento das partes moles de 2 a 3 anos Esqueletização completa mais de 3 anos Existem quatro tipos de classificação da morte com base em aspectos jurídicos: - morte natural: pode ser patológica, quando acontece em decorrência de alguma doença, ou etária, quando ocorre em decorrência da velhice; - morte violenta: quando a morte é causada por suicídio e homicídio (não é aplicado para os animais) ou acidentes; - morte suspeita: morte sem evidencias ou imprevista ou simuladamente acontecida, ou seja, onde a gente tem evidencias características; - morte agônica: é a morte como consequência da evolução de uma doença, de um estado pós-traumático, como um atropelamento por exemplo, ou a morte súbita.
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