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1 1 DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Profa. Dra. Eliana Barreto Monteiro 2 VOCE SABE O PORQUE? Uma pergunta intrigante que ressalta é por que nossas estruturas de concreto se deterioram, muitas vezes com menos de 20 anos de idade, enquanto que as estruturas de concreto dos romanos conseguem durar mais de 2.000 anos? Ponte Romana, século 19 AC, Fonte: Branco et al (2013). 3 As estruturas antigas com grandes quantidades de materiais se tornaram estruturas robustas, o que ajudou a aumentar a resistência aos agentes agressivos ... se tornaram mais duráveis 1 2 3 2 4 Nem tanto Nem tão pouco Pirâmides de Gizé - Egito Belo Horizonte - Brasil Fonte: Silva et al 2017 5Fonte: Silva et al 2017 Variáveis do projeto Reais interações da estrutura 6 Conceito de Durabilidade O que é durabilidade? A durabilidade é “ a capacidade que um produto, componente ou construção possui de manter o seu desempenho acima dos níveis mínimos especificados, de maneira a atender às exigências dos usuários, em cada situação específica” (CIB W80/RILEM 71-PSL, 1993) 4 5 6 3 7 Conceito de Durabilidade O que é durabilidade? Capacidade de resistir à ação das intempéries, ataques químicos, abrasão ou qualquer outro processo de deterioração, isto é, o concreto durável conservará a sua forma original, qualidade e capacidade de utilização quando exposto ao seu meio ambiente (ACI 201, 1991) 8 Conceito de Durabilidade O que é durabilidade? Capacidade da edificação ou de seus sistemas de desempenhar suas funções ao longo do tempo, sob condições de uso e manutenção especificadas no Manual de Uso, Operação e Manutenção (NBR 15 575, 2013) 9 Conceito de Durabilidade Interação concreto + meio ambiente = Função características físicas características químicas Características Físicas: •Porosidade •Permeabilidade •Absorção Características Químicas: •Composição do Cimento •Composição das Adições Estas características permitirão uma maior ou menor capacidade de Interação com os agentes agressivos presentes no meio ambiente 7 8 9 4 10 Conceito de Durabilidade O material atingiu o fim da sua vida útil quando suas propriedades sob dadas condições de uso deterioram a um tal ponto que a continuação do uso deste material é considerada, como insegura, ou antieconômica 11 RECOMENDAÇÕES DE PRÁTICAS ADEQUADAS VISANDO A DURABILIDADE PROJETO Prever drenagens eficientes Evitar formas arquitetônicas e estruturais inadequadas Garantir concreto de qualidade Garantir cobrimento de concreto apropriados para proteção das armaduras Detalhar adequadamente as armaduras Controlar fissuração da peças Prever espessuras de revestimentos protetores Definir plano de inspeção e manutenção preventiva 12 RECOMENDAÇÕES DE PRÁTICAS ADEQUADAS VISANDO A DURABILIDADE CONCRETO/ARMADURAS Utilizar Baixa Relação a/c Realizar cura Utilizar cimento adequado com a classe de agressividade Utilizar cobrimento adequado com a classe de agressividade Atender as normas técnicas 10 11 12 5 13 INFLUENCIA DO TIPO DE CIMENTO NA DURABILIDADE DO CONCRETO Cimento sem adição proporciona maior quantidade de reserva alcalina = coeficiente de segurança para carbonatação Cimento com adição (pozolana, cinza volante, microssílica e escória de alto forno) = menor permeabilidade DEGRADAÇÃO CIMENTO Lixiviação CPIII e CPIV Reação Álcali-Sílica CPIII e CPIV Corrosão por Carbonatação CPII E F Z e CPV Corrosão por Cloretos CPIII e CPIV 14 CAMADA DE COBRIMENTO BARREIRA QUÍMICA BARREIRA FÍSICA RECOMENDAÇÕES DE PRÁTICAS ADEQQUADAS PARA AUMENTAR A DURABILIDADE DAS ARMADURAS 15 PROJETAR PARA A DURABILIDADE O PROBLEMA DE DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO DEVE CONSIDERAR OS SEGUINTES ASPECTOS: A classificação da agressividade do meio ambiente; A classificação da resistência do concreto a deterioração; Os modelos de deterioração e envelhecimento das estruturas de concreto; A vida útil desejada, ou seja, o período de tempo em qual se deseja que a estrutura atenda a certos requisitos funcionais com um mínimo de manutenção. 13 14 15 6 NBR 6118 PROJETAR PARA A DURABILIDADE Classe de agressividade ambiental Agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito de projeto Risco de deterioração da estrutura I Fraca Rural Insignificante Submersa II Moderada Urbana Pequeno III Forte Marinha Grande Industrial IV Muito forte Industrial Elevado Respingos de maré IV CLASSE DE AGRESSIVIDADE AMBIENTAL IV CLASSE DE AGRESSIVIDADE AMBIENTAL Estaleiro – PE Fonte: Aquino et al, (2016) 16 17 18 7 19 PROJETAR PARA A DURABILIDADE Classe do concreto Nível de resistência Máxima relação água/cimento Deterioração por carbonatação Deterioração por ataque por cloretos % de adição % de adição Durável ≥ 40 MPa ≤ 0,45 ≤ 10% de pozolana, sílica ativa ou escória de alto forno ≥ 20% de pozolana ou sílica ativa ≥ 65% de escória de alto forno Resistente ≥ 30 MPa ≤ 0,50 ≤ 10% de pozolana ou sílica ativa ≤ 15% de escória de alto forno ≥ 10% de pozolana ou sílica ativa ≥ 35% de escória de alto forno Normal ≥ 25 MPa ≤ 0,60 qualquer qualquer Fraco ≥ 20 MPa ≤ 0,65 qualquer qualquer CLASSIFICAÇÃO DOS CONCRETOS FRENTE AO RISCO DE CORROSÃO DAS ARMADURAS 20 PROJETAR PARA A DURABILIDADE COBRIMENTO DO CONCRETO SEGUNDO A CLASSE DE AGRESSIVIDADE Concreto Componente ou elemento Classe de agressividade I II III IV Cobrimento nominal (mm) Concreto armado La jeViga/pilar 20 25 25 30 35 40 45 50 NBR 6118 21 PROJETAR PARA A DURABILIDADE NBR 6118 CLASSIFICAÇÃO DA AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE SOBRE ARMADURAS Classe da agressividade Macro Clima Gás carbônico no ambiente I Atmosfera rural 0,3% II urbana 0,3% III marinha ou industrial 0,3% IV Pólos industriais >0,3% fonte: Adaptado de HELENE (1995) 19 20 21 8 22 PROJETAR PARA A DURABILIDADE CORRESPONDENCIA ENTRE AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE E DURABILIDADE DO CONCRETO Classe de agressividade ambiental Agressividade Concreto recomendado I FRACA qualquer tipo II MÉDIA Normal, resistente e durável III FORTE Resistente e durável IV MUITO FORTE Durável 23 • NBR 6118:2014 - Projeto de estruturas de concreto - Procedimento • NBR 14931:2004 - Execução de estruturas de concreto - Procedimento NORMATIZAÇÃO (PRINCIPAIS) 24 22 23 24 9 25 PROJETAR PARA A DURABILIDADE X = K T X Profundidade que os cloretos alcançam por difusão Profundidade que a frente de carbonatação avança T Tempo k Constante k CARBONATAÇÃO0,1 a 1,0 cm 2/anoCLORETOS0,15 a 2,7 cm 2/ano 26 PROJETAR PARA A DURABILIDADE Exemplo 1 : Em quantos anos a frente de carbonatação atinge a armadura numa edificação de 2,0 cm de cobrimento, para uma estrutura construída com 15 MPa? K = 0,7 Resposta: 8 anos 27 PROJETAR PARA A DURABILIDADE Exemplo 2 : Numa estrutura com cobrimento de 2,5 cm e Fck = 50 MPa, os cloretos vão atingir a armadura em 50 anos? K = 0,2 Resposta: Não, em 50 anos os cloretos vão atingir 1,40 cm 25 26 27 10 28 CALCULO DE VIDA ÚTILExemplo 3: Sua empresa foi contratada para inspecionar uma estrutura de uma garagem com 40 anos de idade numa cidade do interior. Dados coletados: O concreto da obra é de fck igual a 40 MPa, módulo de elasticidade igual a 30 GPa e absorção de água de 5%. A armadura utilizada é do tipo CA 50. O cobrimento da viga e do pilar é de 20 mm e a profundidade de carbonatação é de 30 mm. Quanto tempo foi necessário para iniciação da corrosão na estrutura? Se não iniciou, quanto tempo falta para seu início? 29 CALCULO DE VIDA ÚTILExemplo 3: Cálculo do K FONTE: MEDEIROS (2018) 30 CALCULO DE VIDA ÚTILExemplo 3: FONTE: MEDEIROS (2018) Cálculo do Tempo de iniciação e propagação da corrosão 28 29 30 11 31 VIDA ÚTIL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO A vida útil é “ o tempo em que a estrutura se mantém dentro de um limite mínimo de comportamento em serviço para qual foi projetada, sem elevados custos de manutençãoe reparação (CEB, 1989) O que é vida útil? 32 VIDA ÚTIL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO Período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos, com atendimento dos níveis de desempenho previstos nesta norma, considerando a periodicidade e a correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (a vida útil não pode ser confundida com prazo de garantia legal ou contratual) O que é vida útil? (NBR 15575, 2013) 33 Fatores identificados como “regra dos 4C” (HELENE, 2011): Composição ou traço do concreto; Compactação ou adensamento efetivo do concreto na estrutura; Cura efetiva do concreto na estrutura; Cobrimento das armaduras. VIDA ÚTIL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO 31 32 33 12 34 VIDA ÚTIL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO Os coeficientes de segurança das normas são fixados para uma vida útil de cinqüenta anos Porque vida útil de 50 anos? Segundo a NBR 6118 (2014), as estruturas de concreto armado devem ser projetadas e construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do projeto, e mantendo a sua utilização conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço, durante um período mínimo de 50 anos. O QUE SE PASSA AO FIM DE 50 ANOS, OU SEJA, O FIM DA VIDA ÚTIL ESTRUTURAL? REDUÇÃO DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS PROBABILIDADE DE COLAPSO 34 35 36 13 PASSA A SER UMA ESTRUTURA INSEGURA, “ILEGAL”! 38 A) PENETRAÇÃO DE AGENTES AGRESSIVOS POR DIFUSÃO OU PERMEABILIDADE B) FISSURAÇÃO DEVIDA ÀS FORÇAS DE EXPANSÃO DOS PRODUTOS DE CORROSÃO C) LASCAMENTO DO CONCRETO E CORROSÃO ACENTUADA D) LASCAMENTO ACENTUADO E REDUÇÃO SIGNIFICATIVA DA SEÇÃO DA ARMADURA Andrade (2001) comenta que o tempo ou período de iniciação da corrosão também é conhecido como a vida útil de projeto de uma estrutura de concreto Qual figura significa o fim da vida útil de projeto? 39 VIDA ÚTIL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO NBR 6118 (2014) 37 38 39 14 G R A U D E D E G R A D A Ç Ã O CO2, Cl- TEMPO Nível Máximo Aceitável VIDA ÚTIL INICIAÇÃO PROPAGAÇÃO CORREÇÃO VIDA ÚTIL DE PROJETO Período de tempo correspondente ao intervalo que inicia no fim da concretagem até a despassivação das armaduras FONTE: FIGUEIREDO E MEIRA, 2013. 41 VIDA ÚTIL DE UTILIZAÇÃO Conceito de vida útil de utilização da estrutura atingida evidenciada pelas fissuras provocadas pela corrosão das armaduras Período de tempo que vai até o momento do surgimento de manchas na superfície do concreto ou quando ocorrem as primeiras fissuras provenientes da expansão das armaduras pelo produto da corrosão NBR 6118 (2014) 42 VIDA ÚTIL TOTAL Conceito de vida útil total da estrutura atingida evidenciada pela ruptura dos elementos estruturais Período de tempo que vai até a ruptura total ou parcial da estrutura. corresponde ao período na qual ocorreu uma redução na seção resistente do aço significante ao colapso total ou parcial NBR 6118 (2014) 40 41 42 15 43 VIDA ÚTIL RESIDUAL Conceito de vida útil residual foi adquirida após recuperação estrutural Corresponde ao período de tempo, a partir de um determinado momento após uma vistoria , em que a estrutura ainda será capaz de desempenhar satisfatoriamente sua função a qual foi projetada NBR 6118 (2014) 44 Evolução Conceitual de um Projeto de Estruturas Fonte: Poissan (2010). 45 O Concreto apresenta limitação que apenas a resistência não atendia = Durabilidade (D) A durabilidade foi reforçada com seu comportamento em uso = Desempenho (DES) Com a inserção da variável tempo surge = Vida Útil (VU) Atualmente com a produtividade, custo e preservação do meio ambiente = Custo do Ciclo de Vida (CCV) Através de vários estudos de custos de manutenção ao longo da vida útil e impacto ambiental = Sustentabilidade (SUS) Fonte: Poissan (2010) 43 44 45 16 46 Estruturas Duráveis 47 Millennium Palace, 46 Andares, SC. Fonte: sc.olx.com.brEm contraste com a maioria das estruturas históricas, nos dias atuais a uma forte demanda por estruturas mais longas e esbeltas, onde seu peso precisa ser mínimo. Esse movimento acaba aumentando a suscetibilidade da estrutura a deterioração, então ela Precisa ser durável! (SORONIS, 2002) 48 HELENE, 2006 Centro Empresarial Nações Unidas São Paulo 1998 Altura 179 m fck = 50 MPa 46 47 48 17 49 São Paulo – 2005 FcK = 149 MPa 50 PROPRIEDADES TEMPO RECORDE CONVENCIONAL PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO 91 DIAS ZERO 28 mm ABSORÇÃO ÁGUA POR IMERSÃO 0,35% 5,1% ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE 1,20 kg/cm2 12,0 kg/cm2 51 Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2008 49 50 51 18 52 Burj Khalifa Dubai Emirados Árabes Início construção 2005 Fim construção 2010 12 mil operários trabalharam Altura 705 a 808 m fck = 80 MPa Torre principal fck = 50 MPa demais estruturas REVISTA CONCRETO, 2007 Custo – US$ 1 Bilhão 160 Andares 53 Elevadores 3 mil vagas estacionamento Burj Khalifa Concreto Armado de alta densidade e baixa permeabilização (330 000 m³ ) Proteção Catódica. 192 pilares com mais de 50 m, 22 milhões de horas trabalhadas , 1325 dias de escavação. FONTE: SOBRAL,2020 54 52 53 54 19 55 56 57 55 56 57 20 58 59 60 58 59 60 21 61 62 63 61 62 63 22 64 65 Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2008 66 64 65 66 23 67 68 69 67 68 69 24 70 •Concreto de Alta Resistência Sílica Ativa e Superplastificantes RESISTÊNCIA CONCRETO 71 Possui 343 metros de altura. Sua construção participaram 500 operários. Durou 3 anos. Seu custo 394 milhões de euros. A ponte foi construída tendo como horizonte 120 anos de vida útil. O Viaduto de Millau (França) Santana; Gois (2017) 72 A ponte foi construída tendo como horizonte 120 anos de vida útil. A Ponte Vasco da Gama (Lisboa – Portugual) Branco et al (2013) 70 71 72 25 Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau – Maior ponte marítima do mundo localizada em Guizhou, China. Foto: Anthony Wallace / AFP 75 “Porque somos mortais, inevitavelmente mortais, tendemos a acreditar que tudo o que dure mais do que nós é eterno”. (Vicente Custódio de Souza) 73 74 75
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