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Concreto SCHOLA DIGITAL 2018 Material Didático de Leitura Obrigatória utilizado na Disciplina de Concreto – Revisão 00 de Janeiro de 2018 ÍNDICE UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO Aula 1: Introdução ao Concreto..................................................................................................1 Aula 2: Contexto e Cuidados.....................................................................................................17 Aula 3: Composição e Protensão..............................................................................................30 UNIDADE 2 – PROOPRIEDADES DO CONCRETO Aula 4: Dimensões Gerais.........................................................................................................44 Aula 5: Características Mecânicas I...........................................................................................51 Aula 6: Características Mecânicas II..........................................................................................64 UNIDADE 3 – PRODUÇÃO DE CONCRETOS Aula 7: Dosagens dos Concretos...............................................................................................74 Aula 8: Logística: Mistura..........................................................................................................95 Aula 9: Características do Aço.................................................................................................102 UNIDADE 4 – COMPORTAMENTO DO CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO Aula 10: Junção Aço-Concreto................................................................................................116 Aula 11: Sistemas de Protensão.............................................................................................127 Aula 12: Concreto Dosado em Centrais..................................................................................139 C o n c re to Aula 1 – Introdução ao Concreto UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 1 Unidade 1 – Conceitos do Concreto Aula 1: Introdução ao Concreto No texto da disciplina encontram-se os conceitos e diversas informações que são a base para o entendimento do projeto e características do Concreto. O conhecimento dos fundamentos do Concreto é primordial para o aprendizado nas disciplinas posteriores existentes no curso Técnico em Edificações. Em linhas gerais o texto segue as prescrições contidas na norma NBR 6118/2014 (“Projeto de estruturas de concreto – Procedimento”), para o projeto e dimensionamento dos elementos de Concreto Armado e Concreto Protendido. 1. Introdução A história do uso das cores e da pintura se confunde com a própria história da humanidade. O ser humano na pré-história, possuidor de limitados recursos verbais para transmitir suas experiências, viu-se obrigado a desenvolver alternativas que complementassem sua comunicação e que perpetuasse a informação. 1.1. Definição O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo (areia) e agregado graúdo (pedra ou brita). O concreto pode também conter adições e aditivos químicos, com a finalidade de melhorar ou modificar suas propriedades básicas. O concreto é obtido por um cuidadoso proporcionamento dos materiais, que define a quantidade de cada um dos diferentes materiais, a fim de proporcionar ao concreto diversas características desejadas, tanto no estado fresco quanto no estado endurecido. De modo geral, na construção de um elemento estrutural em Concreto Armado, as armaduras de aço são previamente posicionadas na fôrma (ou molde), em seguida o concreto fresco é lançado para preencher a fôrma, quando simultaneamente vai-se realizando o adensamento do concreto, que deve envolver e aderir às armaduras. Após a Aula 1 – Introdução ao Concreto CONCRETO 2 cura e outros cuidados e com o endurecimento do concreto, a fôrma pode ser retirada e assim origina-se a peça de Concreto Armado. As estruturas de concreto são comuns em todos os países do mundo, caracterizando- se pela estrutura preponderante no Brasil. Comparada a estruturas com outros materiais, a disponibilidade dos materiais constituintes do concreto (cimento, agregados e água) e do aço e a facilidade de aplicação, explicam a larga utilização das estruturas de concreto, nos mais variados tipos de construção, como edifícios de múltiplos pavimentos, pontes e viadutos, portos, reservatórios, barragens, pisos industriais, pavimentos rodoviários e de aeroportos, paredes de contenção, etc. Sendo o concreto um material de construção heterogêneo resultante da mistura de um aglomerante hidráulico com materiais inertes e água, definem-se de modo técnico: • O aglomerante usualmente empregado é o cimento Portland, embora possam ser empregados outros tipos de cimento; • Os materiais inertes do concreto são designados por agregados, que quando classificados conforme granulometria (dimensões) recebem as denominações de agregados graúdos e agregados miúdos; • O agregado graúdo mais freqüente é a pedra britada. No entanto para a concretagem por bombardeamento do concreto, o pedregulho é o material mais adequado; • O agregado miúdo mais freqüente é a areia natural. Também pode ser utilizado o pó de pedra. As misturas dos elementos constituintes dos concretos podem ser assim designadas: • Pasta: cimento + água; • Argamassa: pasta + agregado miúdo; • Concreto: argamassa + agregado graúdo; • Concreto Armado: concreto + armadura passiva; • Concreto Protendido: concreto + armadura passiva e ativa. Aula 1 – Introdução ao Concreto UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 3 A tecnologia do concreto busca a proporção ideal entre os diversos constituintes, procurando atender simultaneamente as propriedades mecânicas, físicas e de durabilidade necessárias, além de apresentar a trabalhabilidade que possibilite o transporte, lançamento e adensamento do concreto para cada caso de aplicação. Como mostrado na Figura, pode-se indicar esquematicamente que a pasta é o cimento misturado com a água, a argamassa é a pasta misturada com a areia, e o concreto é a argamassa misturada com a brita. A pasta preenche os espaços vazios entre as partículas de agregados, e com as reações químicas de hidratação do cimento, a pasta endurece, formando, em conjunto com os agregados, um material sólido. 2. Princípios Fundamentais da Sensibilidade Estrutural Antes de se aprofundar nos conceitos do Concreto, é necessária a conceitualização e contexto das suas origens, que é a demanda da engenharia. Para isso, estudar-se-á a própria. Na engenharia estrutural existem basicamente duas fases: a fase de concepção do projeto, e a fase do desenvolvimento propriamente dito. O objetivo principal é obter soluções adequadas, simples e econômicas para o problema proposto, exigindo do engenheiro experiência e sensibilidade para encontrar estas respostas. Deve-se lembrar que: “Engenharia é a arte de tratar de maneira simples e adequada o complexo. A qualidade de um projeto se mede pela adequação da sua solução, pelo seu método construtivo, pela qualidade do detalhamento com vistas à facilidade executiva, e pelo seu dimensionamento através de modelos que simulem corretamente a estrutura, propiciando um grau de segurança adequado”. 2.1. Análise Conceitual A análise conceitual é formada por várias etapas, como: Aula 1 – Introdução ao Concreto CONCRETO 4 • Visualização do caminhamento das cargas nos diversos elementos estruturais; • Desenho esquemático em escala adequada; • Indicação das cargas atuantes; • Análise dos diversos caminhos que as cargasatuantes devem percorrer até chegar à fundação. Isto depende da disposição e rigidez dos vários elementos que compõe a estrutura, lembrando-se que a estrutura que permite o menor caminhamento das cargas até a fundação é a mais econômica; • Visualização da sequência construtiva. 2.2. Pré-dimensionamento Nesta etapa é feita uma análise simplificada em seções críticas, para que se tenha ideia das ordens de grandeza envolvidas. Depois de definidas as dimensões dos elementos estruturais, é feito um cálculo detalhado da estrutura envolvendo muitas vezes programas computacionais. Aconselha-se não prosseguir o cálculo se houver muita discrepância entre o pré-dimensionamento e o definitivo, pois é nesta fase que muitos engenheiros se sentem confiantes demais por disporem de um programa teoricamente muito eficaz, podendo acontecer muitos erros. 2.3. Regras Úteis Lembrando-se que projetar não é calcular, e sim prever e resolver problemas, deve-se: • Entender o projeto como um todo (arquitetura, implantação, estrutura, elétrico, hidráulico, etc); • Prever os problemas ao longo de todas as etapas construtivas, ou seja, procurar uma solução de fácil execução; • Separar o principal do secundário; • Pensar no problema, levantar todos os aspectos possíveis, gerar um modelo simplificado levando em conta os aspectos essenciais, etc. 2.4. Memorial de Cálculo, Desenhos e Especificações O produto final de um projeto estrutural é constituído por memorial de cálculo, desenhos e especificações. O memorial de cálculo é um documento de auxílio e esclarecimento de dúvidas sobre um determinado projeto, contendo descrição da concepção, do cálculo e do detalhamento do mesmo. Ele deve ser autoexplicativo, claro (bom entendimento) e conter todos os dados que irão para o desenho final, uma vez que é Aula 1 – Introdução ao Concreto UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 5 o documento fundamental para o controle da qualidade. A estrutura da memória de cálculo deve conter: • Índice: utilização de regras para os diversos itens (letras maiúsculas, minúsculas, números) e paginação; • Conteúdo: ✓ Hipóteses preliminares (carregamentos, características dos materiais empregados; características do solo de fundação, condicionantes construtivas, método executivo, etc); ✓ Memorial justificativo e descritivo (descrever a obra e justificar a solução adotada em comparação com outras alternativas); ✓ Sistema estrutural (desenho esquemático); ✓ Implantação e geometria; ✓ Cálculo principal (lajes, vigas, pilares, fundação, detalhes gerais); ✓ Desenhos gerados (anexos); Por outro lado, as informações dos desenhos e especificações devem também ser completas, claras, 5em escalas apropriadas, consistentes entre si e corretas. 2.5. Qualidade no Projeto Estrutural A NBR 6118:2003 procura inserir novos conceitos de qualidade dentro do projeto estrutural, muito além do que simplesmente a garantia da estabilidade da obra. Assim, uma estrutura deve apresentar requisitos relativos à sua capacidade resistente, bom desempenho em serviço (não pode haver fissuração excessiva, deformações inconvenientes e vibrações indesejáveis) e durabilidade. A vida útil de projeto deve ser de 50 anos, e a qualidade passa pela sistematização segundo padrões internacionais de qualidade, proporcionalmente ao porte e ao risco da construção em análise. Isto exige constante atualização do nível de conhecimento do projetista e cuidados com os processos de automatização envolvidos no projeto. Todas as normas técnicas internacionais apresentam uma grande preocupação com a qualidade, englobando economia na execução da obra, melhor aproveitamento da tecnologia dos materiais, da metodologia da análise numérica, da garantia de durabilidade e vida útil das construções e da segurança, não apenas imediata das estruturas, mas também em longo prazo, evitando-se acidentes desnecessários. O projeto deve ser compatível desde o atendimento ao projeto arquitetônico até o ajuste com as instalações, apresentando uma garantia de uma execução correta daquilo que foi projetado. Aula 1 – Introdução ao Concreto CONCRETO 6 Ainda dentro dos conceitos de qualidade de um projeto estrutural, evitando envelhecimento prematuro da estrutura e garantindo sua durabilidade, devem ser observados: • Drenagem eficiente; • Formas arquitetônicas e estruturais adequadas; • Garantia de concreto com qualidade apropriada; • Garantia de cobrimentos de concreto apropriados para proteção da armadura; • Detalhamento adequado das armaduras; • Controle de fissuração; • Uso de revestimentos protetores nas peças sob condições ambientais agressivas; • Definição de um plano de inspeção e manutenção preventiva; • Análise cuidadosa e atenta do projeto arquitetônico; • Contatos com os proprietários para saber dos objetivos da obra, durabilidade estimada, padrão de revestimentos e acabamentos; • Conhecimento do construtor e suas obras anteriores; • Lançamento de um sistema estrutural compatível com a arquitetura, com o projeto de instalações, com a tecnologia executiva disponível, etc.; • Pré-dimensionamento da estrutura com verificação da compatibilidade dos esforços e deformações do sistema criado; • Desenvolvimento do projeto propriamente dito, incluindo detalhamento de cada elemento da estrutura, combinando os resultados obtidos das análises e dos programas utilizados com a experiência profissional; • Desenhos claros e detalhados; • Implementação nos desenhos de informações complementares (resistência dos materiais utilizados, módulos de elasticidade, hipóteses consideradas, etc.); • Supervisão da execução da obra pelo projetista, com visitas eventuais à obra nas fases críticas da execução dos projetos, como por exemplo, antes das concretagens. Deve-se lembrar de ainda que as condições de equilíbrio e de compatibilidade devem ser sempre respeitadas, e podem ser estabelecidas com base na geometria indeformada da estrutura (teoria de primeira ordem), ou com base na geometria deformada (teoria de segunda ordem), nos casos em os deslocamentos alterem de maneira significativa os esforços internos. Aula 1 – Introdução ao Concreto UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 7 3. Qualidade do Concreto Basicamente, a qualidade é medida pelos seguintes parâmetros: • Adequação ao uso; • Atendimento às especificações; • Satisfação do cliente; • Satisfação de todos. A qualidade do concreto dependerá primeiramente da qualidade dos materiais componentes. Necessário se faz uma seleção cuidadosa desses materiais, evidenciando o fator uniformidade. Contando com materiais de boa qualidade, é preciso misturá-los nas proporções adequadas, considerando então, a relação entre cimento e agregado, a granulometria (miúdo e graúdo) e principalmente a relação entre a água empregada e o cimento. Necessária ainda se torna, na massa do concreto, a mistura íntima do cimento com a água e a distribuição uniforme da pasta resultante nos vazios dos agregados miúdo e graúdo, que, por sua vez, também devem ser convenientemente misturados. Após a mistura, deve o concreto ser transportado, lançado nas fôrmas e adensado corretamente. Como a hidratação do cimento continua por um tempo considerável é preciso que as condições ambientes favoreçam as reações que então se processam. É a cura do concreto. Em suma, para obter as qualidades essenciais ao concreto: facilidade de emprego quando fresco, resistência mecânica, durabilidade, impermeabilidade e constância de volume depois de endurecido, sempre tendo em vista o fator econômico, são necessários: • Seleção cuidadosa dos materiais (cimento, agregados e aditivos) quanto a: ✓ Tipo e qualidade; ✓ Uniformidade.• Proporcionamento correto: ✓ Do aglomerante em relação ao inerte; ✓ Do agregado miúdo em relação ao graúdo; ✓ Da quantidade de água em relação ao material seco; ✓ Da quantidade de água em relação ao aglomerante; ✓ Do aditivo em relação ao aglomerante ou à água utilizada. Aula 1 – Introdução ao Concreto CONCRETO 8 • Manipulação adequada quanto à: ✓ Mistura; ✓ Transporte; ✓ Lançamento; ✓ Adensamento. • Cura cuidadosa. Abaixo apresentam-se os objetivos a serem lançados na produção do Concreto. 4. Insumos Constituintes do Concreto Tendo-se por base que os aglomerantes e agregados foram objetos de estudos aprofundados nas disciplinas de Materiais de Construção I e II, pré-requisitas a esta, serão vistos os materiais faltantes, a água neste momento e o aço em aula posterior. 4.1. Água de Amassamento Tendo fundamental atuação na obtenção de um concreto adequado às suas finalidades, a água de amassamento demanda especial atenção no que diz respeito à qualidade, uma vez que a ideia geral parte da premissa de que "se a água é boa para beber também será boa para o uso na fabricação do concreto", o que nem sempre traduz a verdade. A presença de pequenas quantidades de açúcar e de citratos não tornam a água imprópria para o consumo, mas podem torná-la insatisfatória como água de amassamento. Este tópico irá discutir os aspectos principais da influência dos tipos e quantidades de impurezas carreadas pela água na qualidade do concreto e apresentar dados práticos, baseados na experiência nacional e estrangeira, sobre as características básicas da água de amassamento capazes de conduzir aos resultados desejáveis especificamente no caso de pavimentos: concreto de alta qualidade, resistência ao desgaste e de grande resistência mecânica principalmente à tração na flexão. 4.1.1. Impurezas e sua Influência Aula 1 – Introdução ao Concreto UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 9 A respeito da adequação da água à fabricação do concreto algumas especificações requerem apenas que ela seja limpa e livre de substâncias deletérias. Outras especificações estabelecem que, se a água não provém de fonte de qualidade comprovada devem ser feitos ensaios comparativos de resistência à compressão em corpos de prova de argamassa ou de concreto. No entanto, a possibilidade de uma água ser ou não empregada como água de amassamento fica condicionada a duas questões fundamentais: • Como e quais as impurezas que, carreadas pela água, afetam negativamente o concreto; • Qual o teor máximo permissível de impureza. 4.1.1.1. SUBSTÂNCIAS EM SUSPENSÃO Normalmente, as substâncias que se encontram em suspensão na água são o silte e a argila, caracterizando-se sua existência pela turbidez do líquido. O Bureau of Reclamation estabelece o índice máximo de turbidez em 2000 partes por milhão, para águas de amassamento. A prática corrente brasileira limita a ocorrência máxima de resíduo sólido em 5.000 mg/l. Quanto à influência dessas partículas, observa-se que uma pequena quantidade de argila bem dispersa, de dimensões coloidais (iguais ou inferiores a 2.10-6m) poderá fechar os poros capilares do cimento endurecido ou os que existem entre o cimento e o agregado, contribuindo para o aumento de compacidade da massa. Apesar disso, a presença de maior quantidade desse material impede a cristalização perfeita dos produtos de hidratação, interpondo-se entre os cristais de crescimento e em vias de colagem e comprometendo a coesão interna do meio resultante. Quantidade de substâncias em suspensão superiores à mencionada podem não afetar as resistências mecânicas do concreto, mas sim, outras propriedades da mistura. 4.1.1.2. SUBSTÂNCIAS EM SOLUÇÃO As substâncias em solução encontradas nas águas naturais são compostas principalmente de sais cuja influência se manifesta pela ação dos seus íons. Na água natural os íons mais comuns são os seguintes, cuja ação pode ser classificada em três tipos: Aula 1 – Introdução ao Concreto CONCRETO 10 • Íons que alteram as reações de hidratação do cimento; • Íons que podem levar à expansão em longo prazo (como por exemplo, os sulfatos de álcalis); • Íons capazes de provocar a corrosão das armaduras. No primeiro caso, a pega e o endurecimento podem ser prejudicados pela combinação com o cálcio que elimina ou reduz o teor de hidróxido de cálcio livre alterando a hidratação dos componentes, em especial dos aluminatos. As águas mais enquadráveis nessa situação são as magnesianas e as que contém matéria orgânica sob a forma de ácidos húmicos. No segundo caso, dentre os íons capazes de agir prejudicialmente a longo prazo, encontram-se os cátions Na+ e K+, e o ânion SO4-2, podendo atuar diretamente sobre o cimento (íon SO4--) ou sobre o agregado (íons SO4--, Na+, K+), uma vez que o cimento, meio altamente alcalino, favorece as reações expansivas; daí resulta a necessidade de limitar a concentração desses íons. Normalmente, os álcalis (expressos em Na2O), se superiores a 0,6% da massa de cimento, são perigosos quando o agregado contém sílica criptocristalina, devendo limitar-se o teor de álcalis da água, nessa proporção. Também o teor permissível de sulfatos (expresso em íons SO4-2) é limitado, tolerando-se uma concorrência máxima de 600 mg/l. Quanto aos íons que agem na corrosão das armduras os mais importantes são os cloretos, os sulfetos, os nitratos e o amônio, com danos, principalmente quando se trata de concretos protendidos, nos quais, por estar a armadura submetida a tensões muito elevadas, a energia interna é grande, facilitando o desenvolvimento das reações químicas. No caso do concreto para pavimentos, a única restrição feita é quanto à concentração de cloretos, expressa em íons Cl-2, permitindo-se uma taxa máxima de 1000mg/l. Há ainda outros sais comumente encontrados nas águas naturais, como o carbonato de sódio (Na2CO3) e o bicarbonato de sódio (NaHCO3) que, segundo resultados de ensaios, exercem influência que depende do tipo de cimento empregado. Grandes quantidades de carbonato de sódio aceleram a pega, ao passo que o bicarbonato de sódio pode funcionar Aula 1 – Introdução ao Concreto UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 11 como acelerador ou retardador de pega, conforme o tipo de cimento; assim, torna-se aconselhável a execução de ensaios para a determinação do tempo de pega e de resistência à compressão aos 28 dias, sempre que a soma das concentrações de carbonato e bicarbonato de sódio ultrapasse a 1000 p.p.m (partes por milhão). 4.1.1.3. A INFLUÊNCIA DO PH Embora o pH das águas naturais praticamente não tenha influência nas propriedades dos concretos, algumas considerações merecem destaque. Raramente tais águas apresentam valores de pH inferiores a 4 sendo o ácido contido rapidamente neutralizado pelo contato com o cimento. A acidez das águas naturais é comumente atribuída à concentração de dióxido de carbono (CO2) em solução, que raramente excede a 10 p.p.m de CO2. O ácido clorídrico (HCl) e o ácido sulfúrico (H2SO4) são outros indicadores de acidez do meio funcionando como retardadores de pega do cimento, cuidando-se, no entanto, que os teores de íons SO4-2 e Cl- não se elevam acima dos limites permitidos. A alcalinidade das águas é conferida pelos carbonatos e bicarbonatos alcalinos. Os bicarbonatos, conforme já mencionado, retardam ligeiramente a pega. Em proporções superiores a 0,2 % (conforme a composição química do cimento) aceleram-se, diminuindo, no entanto as resistências em idades elevadas. 4.1.1.4. A INFLUÊNCIA DAS SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS Dentre as substâncias orgânicas que, presentes na água, podem alterar as características dos concretos, os óleos minerais,hidratos de carbono e os açúcares merecem especial atenção. Os óleos minerais, numa concentração de até 2% da massa do cimento, não afetam a resistência mecânica do concreto. O aumento dessa concentração - por exemplo, 10% - provoca reduções que podem exceder cerca de 30%. A natureza da matéria orgânica determina a influência mais provável: se composta de ácidos húmicos ou hidratos de carbono, normalmente retarda a pega, mas não tem qualquer outro efeito prejudicial ao longo prazo, o que não se verifica quando a matéria orgânica provém de certas algas podendo nesse caso ocasionar sensíveis variações, para menos, na resistência à compressão. Aula 1 – Introdução ao Concreto CONCRETO 12 Quanto aos açúcares, tidos como agentes retardadores da pega e redutores da resistência do concreto, requerem um estudo mais aprofundado, pois nem sempre ele se comporta de maneira mencionada. Os estudos de laboratório têm mostrado que pequenas quantidades de açúcar retardam quantidade de açúcar, observa-se um retardo muito grande da pega e uma redução acentuada das resistências nas primeiras idades (entre 2 a 7 dias), sendo que nas idades posteriores as resistências se não melhoram, também não são prejudicadas. Concentrações maiores tornam ultra-rápidas as pegas, reduzindo efetivamente as resistências finais do concreto. A quantidade de açúcar que causa esses diferentes efeitos depende, entre outros fatores, do tipo de cimento. Tuthill, Adams & Hemme verificaram que a sacarose, em concentrações entre 0,03% e 0,06% da massa de cimento, provoca atraso na pega do concreto e aumenta as resistências mecânicas nas idades de 2 e 3 dias. Bloem verificou que as concentrações de 0,1% em relação à massa de cimento retardam consideravelmente a pega, mas aumentam a resistência aos 3 dias de idade da argamassa, e concluiu que parece ocorrer aceleração da pega quando a concentração de açúcar está em torno de 0,15%. A mesma referência mostra que essa concentração e a de 0,2% reduz a resistência aos 7 dias mas melhora a de 28 dias. Os trabalhos desenvolvidos por Burchatz & Wrochem, Dautreband, Brocard e Vaicum mostram resultados de ensaios de laboratório que analisam detalhadamente o comportamento dos concretos em função da concentração de açúcar, fornecendo bons subsídios para estudos posteriores. 4.1.1.5. SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS Dentre as substâncias inorgânicas carreadas pelas águas, algumas merecem especial atenção: os iodatos, os fosfatos, os arseniatos e os boratos de sódio, os cloretos e sulfatos de zinco e cobre os óxidos de zinco, os sulfetos de sódio e potássio, que, dependendo da concentração em que se encontram na água de amassamento podem causar sérios distúrbios tanto na pega, como nas resistências do concreto. Aula 1 – Introdução ao Concreto UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 13 4.1.1.6. GASES DISSOLVIDOS As quantidades de gases dissolvidos na água de amassamento são em geral, bem pequenas, e de influência quase nula no concreto fresco ou endurecido. A ASTM indica que os gases mais comuns e as suas concentrações mais prováveis nas águas naturais são: • Dióxido de carbono livre (CO2) que raramente excede 10 p.p.m; • Oxigênio, cujo teor varia de 2 p.p.m a 8 p.p.m; • Ácido sulfídrico (H2S), com teores de até 15 p.p.m; • Amônia, cujo teor pode atingir até 4 p.p.m. 4.1.2. Água do Mar As águas marítimas, que contém por volta de 3,5% de sais dissolvidos, não apresentam inconvenientes quando usadas como água de amassamento dos concretos simples. Os sais dissolvidos são compostos principalmente pelo cloreto de sódio (cerca de 78%) e os cloretos e sulfatos de magnésio (cerca de 15%); os teores de carbonatos são variáveis, mas seguramente baixos (cerca de 75 p.p.m de CO3). Quanto às resistências do concreto com água do mar, Narver verificou um decréscimo de apenas 6% na resistência à compressão aos 90 dias, em relação às obtidas com a água doce; Mather constatou decréscimo de 8% a 15%, na mesma idade. De modo geral, a experiência tem mostrado que, no concreto simples, a água do mar apresenta resultados praticamente iguais àqueles obtidos com água doce padrão, verificando-se, às vezes, ligeira aceleração da pega, aumento das resistências iniciais e leve diminuição das resistências finais, dependendo do tipo de cimento empregado. No concreto armado, a opinião geral é a favor da não utilização da água do mar, uma vez que, provavelmente, ocorrerá a corrosão do aço. Alguns autores atentam para o inconveniente das eflorescências, ocorridas nas superfícies dos concretos em função do emprego da água do mar como água de amassamento, e de condições propícias para a sua formação: existência de uma certa umidade no interior do concreto e uma taxa lenta de evaporação. Coutinho assim resume as recomendações sobre o emprego das águas marítimas no concreto: podem ser utilizadas sem qualquer precaução no concreto simples; só deverão ser usadas no concreto armado quando a relação água/cimento for menor ou igual a 0,7; não deverão e empregadas quando se tratar de concreto protendido. Aula 1 – Introdução ao Concreto CONCRETO 14 4.1.3. Águas Residuais de Indústrias Em se tratando de água residual cada caso deve ser tratado separadamente, pois é impossível generalizar os tipos de impurezas carreadas, uma vez que são função do próprio processo industrial e do tipo de serventia da água. Abrams analisou o comportamento de concretos executados com água contendo diversos tipos de resíduos industriais, obtendo bons resultados na maioria dos casos. 4.1.4. O Efeito das Impurezas na Água de Mistura (segundo Abrams) Uma grande série de experimentos sobre esse tema foi realizada por Abrams. Aproximadamente 6.000 corpos de prova de argamassa e concreto e 68 tipos diferentes de água foram ensaiados durante a pesquisa. Dentre os tipos de águas testadas - marítimas, alcalinas, minerais, residuais e de pântano - foram incluídos ensaios com água potável de qualidade comprovada, para fins de comparação dos resultados. Determinaram-se os valores dos tempos de pega do cimento e da resistências à compressão do concreto, nas idades compreendidas entre 3 dias e cerca de dois anos e meio, para cada tipo de água empregada. Algumas das principais conclusões baseadas nos resultados finais dos ensaios: • O tempo de pega do cimento Portland praticamente não sofre grandes alterações, exceto em poucos casos; as amostras com baixos valores de resistência à compressão, na maioria das vezes, tiveram pega bem lenta. Verificou-se, ainda, que o tempo de pega não é indicativo satisfatório da conveniência ou não da água para fins de uso no concreto; • A despeito da grande variação quanto ao tipo e à origem das águas, a maioria das amostras proporcionaram concretos de boa qualidade, porque a quantidade de substâncias prejudiciais constatadas foi relativamente pequena; • A qualidade de água é melhor avaliada pela comparação das resistências à compressão de corpos de prova feitos com a água suspeita e com a de qualidade comprovada. São consideradas insatisfatórias as que mostrarem uma relação entre as resistências inferiores a 85%; • Nem o cheiro nem a cor representam a qualidade da água para fins de uso nos concretos. Observou-se que águas de aparência desagradável originaram concretos de qualidade aceitável. Águas destiladas e potáveis compuseram concretos com praticamente os mesmos valores de resistência; Aula 1 – Introdução ao Concreto UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 15 • Tomando como base um valor mínimo de 85% para a relação entre as resistências foram consideradas insatisfatórias as seguintes águas: ✓ Águas ácidas; ✓ Águas residuaisde curtumes; ✓ Águas minerais carbonatadas; ✓ Águas contendo mais de 3% de cloreto de sódio, ou mais de 3,5% de sulfatos; ✓ Águas contendo açúcares ou compostos similares; • Foram dadas como satisfatórias, para emprego como água de amassamento do concreto: ✓ Águas de pântanos e brejos; ✓ Águas mostrando concentração máxima de 1% do íon SO4-2; ✓ Águas alcalinas, contendo até 0,15% de sulfato de sódio (Na2SO4) e até 0,15% de cloreto de sódio (NaCl); ✓ Águas provenientes de minas de carvão e gesso; ✓ alguns tipos de águas servidas, como as provenientes de matadouros, cervejarias, fábricas de tintas e sabão. 4.1.5. A Prática Corrente para a Verificação da Qualidade da Água Empregada no Amassamento dos Concretos para Pavimentos É usual dizer-se que toda água que serve para beber pode ser utilizada na confecção de concretos. A água utilizada no amassamento do concreto não deve conter impurezas que possam vir a prejudicar as reações entre ela e os compostos do cimento. Deve-se notar que as águas com agentes agressivos, utilizadas para amassar concretos, têm uma ação muito menos intensa do que a mesma água agindo permanentemente sobre o concreto endurecido. Na realidade, os maiores defeitos provenientes da água de amassamento tem maior relação com o excesso de água empregada do que propriamente com os elementos que ela possa conter. Antes de ser iniciada uma obra de concreto, ou quando houver dúvidas a respeito da água a ser empregada na mistura do concreto, deve-se proceder à análise química e aos ensaios comparativos de comportamento executados em pastas e argamassas padrão (conforme MB-1). A NBR- 6118, no ítem 8.1.3, presume como satisfatórias as águas potáveis e as que tenham pH entre 5,8 e 8,0 e respeitam os seguintes limites máximos: Aula 1 – Introdução ao Concreto CONCRETO 16 • Matéria orgânica (expressa em oxigênio consumido): 3 mg/dm³; • Resíduos sólidos: 5000 mg/dm³; • Sulfatos (expressos em íons SO4-2): 300 mg/dm³; • Cloretos ( expressos em íons Cl-2): 500 mg/dm³; • Açúcar: 5 mg/dm³. Os limites acima incluem as substâncias trazidas ao concreto pelo agregado. Nos ensaios comparativos de pega e de resistências à compressão, executados de acordo com o método MB - 1, adotando como comparação uma água de boa qualidade, os resultados obtidos com a pasta e argamassa executadas com a água suspeita deverão apresentar: • O tempo de início de pego deverá ser igual, no mínimo, ao tempo de início de pega da pasta confeccionada com água de boa qualidade menos 30 minutos; • o tempo de fim de pega deverá ser igual, no máximo, ao tempo de fim de pega da pasta confeccionada com água de boa qualidade mais 30 minutos; • A redução da resistência da argamassa executada com a água suspeita, em relação à argamassa executada com a água considerada satisfatória, não poderá ser maior que 15%, em qualquer das idades de ensaio. A diferença na composição química do cimento pode comprometer suas qualidades com certos tipos de águas. Águas que contenham ácidos não podem ser utilizadas com cimentos pobres de cal, porém podem ser utilizadas, sem risco, com cimento Portland comum ou de alto-forno. As águas minerais não podem ser utilizadas para amassamento ou cura do concreto. As recomendações relativas à água de amassamento nem sempre se aplicam à água destinada à cura do concreto. A qualidade da água de cura deve ser estimada por critérios ainda mais rígidos que os usados para analisar as águas consideradas agressivas ao concreto endurecido. Baseado e adaptado de Cezar Augusto Romano, Paulo Sérgio dos Santos Bastos , Sandra Denise Kruger Alves . Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 2 – Contexto e Cuidados UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 17 Aula 2: Contexto e Cuidados A pedra é empregada nas construções desde a antiguidade. Egípcios, gregos e romanos utilizaram largamente a pedra como material de construção, em obras que até hoje são monumentos como as pirâmides egípcias, os templos gregos e os arcos romanos. Porém, o emprego do concreto armado já é bem mais recente, cerca de pouco mais de um século. 1. Histórico Um material de construção deve apresentar duas qualidades principais: resistência e durabilidade. A pedra tem durabilidade muito grande, praticamente ilimitada e oferece elevada resistência aos esforços de compressão, mas baixa resistência à tração. A madeira e o aço, materiais largamente utilizados na construção, apresentam por seu lado deficiências particulares, a saber, a madeira com resistência de tração e compressão pouco elevadas e durabilidade limitada e o aço, apesar da excelente resistência aos esforços de tração e compressão, está sujeito a deteriorar-se com o tempo. Pode-se imaginar que o concreto armado tenha surgido com o desejo de gerar um tipo de construção que utilizando uma "pedra" artificial apresentasse a durabilidade da pedra natural, tivesse a vantagem de ser fundido nas dimensões desejadas e associando o aço a essa "pedra" artificial, aproveitasse a alta resistência deste material, ao mesmo tempo que, protegendo-o , aumentasse sua durabilidade. A utilização do concreto, diferente do atual, mas com características semelhantes, perde-se na Antiguidade: já era conhecido e aplicado nos tempos do Império Romano. Os assírios e babilônios, pioneiros da construção, usaram argila como aglomerante, mas a sua fraca resistência não permitiu um maior desenvolvimento das construções. Os egípcios conseguiram uma ligação mais rígida com argamassa de cal e gesso, como atestam suas pirâmides e seus templos. Os romanos criaram um aglomerante de grande durabilidade adicionando ao calcário determinada cinza vulcânica do Vesúvio, chamada “Pozzolana”. Aula 2 – Contexto e Cuidados CONCRETO 18 Em 1824, o escocês Josef Aspdin desenvolveu um cimento bem semelhante ao atual, dando-lhe o nome de “Portland”, nome de uma cidade do litoral sul da Inglaterra, onde existem rochedos com a mesma cor cinza esverdeado do cimento descoberto. Em 1845, Johnson produziu um cimento do mesmo tipo que o moderno portland. Apesar de descoberto o aglomerante ideal, nenhum desenvolvimento notável se verificou em estruturas de concreto, devido principalmente a fraca resistência do material aos esforços de tração. Somente em meados do século XIX, quando surgiu a ideia de se adicionar ao concreto um material de elevada resistência à tração, é que progressos relevantes se fizeram sentir. Nascia assim um material composto: “cimento armado”, e posteriormente, “concreto armado”. Em 1849, o francês Lambot construiu o primeiro objeto de concreto armado: um barco, exibido na exposição de Paris em 1855. Na verdade o barco de Lambot era feito de “argamassa armada”, material de muita utilização nos dias atuais. Porém, a invenção do concreto armado é muitas vezes atribuída ao francês Monier (horticultor e paisagista) que baseando-se na idéia de Lambot, em 1861 construiu vasos de flores com argamassa de cimento e areia e armadura de arame, de maneira bem empírica. Em 1867 obteve a sua primeira patente para a construção de vasos; em 1868 a patente se estendeu a tubos e reservatórios; em 1869 a placas; em 1873 a pontes e em 1875 a escadas. Visando resgatar o mérito de Lambot, em 1949, um século após a criação do barco, a França comemorou o centenário do concreto armado. Em 1902, o alemão Mörch, a pedido da firma Wayss e Freitag que comprou os direitos das patentes de Monier, publica com bases científicas uma primeira teoria sobre concreto armado. Apesar de tantos anos se terem passado desde a sua apresentação as ideias fundamentais de Mörsch ainda continuam válidas. No Brasil, Emílio Baumgart pode ser considerado o “pai” da Engenharia EstruturalBrasileira, tendo projetado várias obras com diversos recordes mundiais de tamanho ou originalidade, como: • Ponte Herval (Santa Catarina) sobre o Rio do Peixe, em 1928, recorde mundial de vão em viga reta de concreto armado (68 m.), e que pela primeira vez usou a construção em “balanços sucessivos”; Aula 2 – Contexto e Cuidados UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 19 • Edifício “A Noite” no Rio de Janeiro, em 1928, com 22 pavimentos, na época, o maior edifício em concreto armado do mundo. 2. Concreto Armado O concreto armado é composto de concreto simples mais um material de boa resistência à tração, como por exemplo, aço ou bambu, que devem estar convenientemente colocados (armadura passiva). O concreto por sua vez, é formado por um material aglomerante (cimento Portland, cimento de pega rápida, etc.), materiais inertes (agregados graúdos ou miúdos), água e eventualmente aditivos. 2.1. Viabilidade do Concreto Armado Devido à baixa resistência à tração, procurou-se adicionar ao concreto outros materiais mais resistentes à tração, melhorando suas qualidades de resistência. A utilização de barras de aço juntamente com o concreto, só é possível devido às seguintes razões: 2.1.1. Trabalho conjunto do concreto e do aço, assegurado pela aderência entre os dois materiais • Na região tracionada, onde o concreto possui resistência praticamente nula, ele sofre fissuração, tendendo a se deformar, o que graças à aderência, arrasta consigo as barras de aço forçando-as a trabalhar e consequentemente, a absorver os esforços de tração; • Nas regiões comprimidas, uma parcela de compressão poderá ser absorvida pela armadura, no caso do concreto, isoladamente, não ser capaz de absorver a totalidade dos esforços de compressão. 2.1.2. Os coeficientes de dilatação térmica do aço e do concreto são praticamente iguais • Concreto: (0,9 a 1,4) x 10-5 / oC (mais frequente 1,0 x 10-5 / oC) • Aço: 1,2 x 10-5 / oC (Esta diferença de valores é insignificante); • Adota-se para o concreto armado = 1,0 x 10-5 / oC. 2.1.3. O concreto protege de oxidação o aço da armadura garantindo a durabilidade de estrutura O concreto exerce dupla proteção ao aço: Aula 2 – Contexto e Cuidados CONCRETO 20 • Proteção física: através do cobrimento das barras protegendo-as do meio exterior; • Proteção química: em ambiente alcalino que se forma durante a pega do concreto, surge uma camada quimicamente inibidora em torno da armadura. 2.2. Vantagens do Uso do Concreto Armado As principais vantagens em se utilizar estruturas de concreto armado são: • Facilidades e rapidez na construção, principalmente no caso de se utilizar peças pré-moldadas; • Economia em função do baixo custo dos materiais e da mão-de-obra envolvida; • Adaptabilidade a qualquer forma construtiva, em função da boa trabalhabilidade; • Processos construtivos bastante conhecidos em qualquer lugar do país; • Boa resistência a diversas solicitações, incluindo-se a resistência ao fogo e ao choque; • Materiais de fácil obtenção; • Conservação fácil e de baixo custo, desde que a estrutura tenha sido convenientemente projetada e construída; • Boa transmissão de esforços, em função da obtenção de estruturas monolíticas (concretagem in loco); • Boa aderência entre os materiais. 2.3. Desvantagens do Uso do Concreto Armado Da mesma forma, as principais desvantagens são: • Encarecimento das fundações (peso próprio elevado); • Reformas e demolições trabalhosas; • Exigências construtivas (escoramento, concreto bem executado, cura, etc.); • Baixa resistência à tração do concreto, havendo a necessidade de colocação de armadura corretamente posicionada; • Problemas de fissuração e de corrosão das armaduras. Aula 2 – Contexto e Cuidados UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 21 2.4. Normatização As principais normas brasileiras relacionadas ao projeto estrutural são: • NBR 6118/2003 – Projeto de estruturas de concreto – procedimento (revisão da NBR 6118/80, sendo conhecida como nova NB1); • NBR 6120/1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações – procedimento; NBR 6123/1987 – Forças devido ao vento em edificações – procedimento; • NBR 8681/2003 – Ações e segurança nas estruturas – procedimento; • NBR 7187/1987 – Cálculo e execução de pontes de concreto armado; • NBR 14931/2003 – Execução de estruturas de concreto – procedimento. Também relacionadas ao concreto armado tem-se as seguintes normas: • NBR 7808 – Símbolos gráficos para projetos de estruturas; • NBR 5732/1991 – Cimento Portland comum – especificação; • NBR 5733/1991 – Cimento Portland de alta resistência inicial – especificação; • NBR 5735/1991 – Cimento Portland de alto forno – especificação; • NBR 5736/1991 – Cimento Portland pozolânico – especificação; • NBR 5738/1994 – Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos ou prismáticos de concreto – método de ensaio; • NBR 5739/1994 – Concreto – ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos – método de ensaio; • NBR 6004/1984 – Arames de aço – ensaio de dobramento alternado – método de ensaio; • NBR 6122/1996 – Projeto e execução de fundações – procedimento; • NBR 6152/1992 cinco Materiais metálicos – determinação das propriedades mecânicas à tração – método de ensaio; • NBR 6153/1988 – Produto metálico – ensaio de dobramento semi5guiado – método de ensaio; NBR 6349/1991 – Fios, barras e cordoalhas de aço para armaduras de pretensão – ensaio de tração – método de ensaio; • NBR 7190/1977 – Projeto de estruturas de madeira – procedimento; • NBR 7222/1994 – Argamassa e concreto – determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos – método de ensaio; Aula 2 – Contexto e Cuidados CONCRETO 22 • NBR 7477/1982 – Determinação do coeficiente de conformação superficial de barras e fios de aço destinados a armaduras de concreto armado – método de ensaio; • NBR 7480/1996 – Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado – especificações; • NBR 7482/1991 – Fios de aço para concreto protendido – especificação; • NBR 7483/1991 – Cordoalhas de aço para concreto protendido – especificação; • NBR 7484/1992 – Fios, barras e cordoalhas de aço destinado a armaduras de protensão – ensaios de relaxação isotérmica – método de ensaio; • NBR 8522/1984 – Concreto – Determinação do módulo de deformação estática e diagrama – tensão - deformação – método de ensaio; • NBR 8548/1984 – Barras de aço destinadas a armaduras para concreto armado com emenda mecânica ou por solda – determinação da resistência à tração – método de ensaio; • NBR 8953/1992 – Concreto para fins estruturais – classificação por grupos de resistência –classificação; • NBR 8965/1985 – Barras de aço CA 42S com características de soldabilidade destinadas a armaduras para concreto armado – especificação; • NBR 9062/1985 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado – procedimento; NBR 11578/1991 – Cimento Portland composto – especificação; • NBR 11919/1978 – Verificação de emendas metálicas de barras de concreto armado – método de ensaio; • NBR 12142/1992 – Concreto – determinação da resistência à tração na flexão em corpos de prova prismáticos método de ensaio; • NBR 12519/1991 – Símbolos gráficos de elementos de símbolos, símbolos qualitativos e outros símbolos de aplicação geral; • NBR 12654/1992 – Controle tecnológico de materiais componentes do concreto – procedimento; • NBR 12655/1996 – Concreto: preparo controle e recebimento – procedimento; Observações: • Como toda norma está sujeita a revisões, deve-se verificar qual é norma vigente (vide www.abnt.gov.br ou entre emcontato com algum órgão representante da ABNT); Aula 2 – Contexto e Cuidados UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 23 • Desde que seja devidamente justificado, pode-se também utilizar alguns regulamentos internacionais, sendo os principais: ✓ Builiding Code Requirements for Reinforced Concrete (ACI – American Concrete Institute); ✓ CEB5PIP Model Code (Comitê Euro5Internacional du Beton); ✓ EUROCODE. 2.5. Unidades São utilizadas unidades do Sistema Internacional (SI), e em virtude do grande problema que alguns profissionais ainda têm ao lidar com diversos sistemas de unidades, mostra-se a seguir as equivalências mais comuns com o sistema MKS: 3. Durabilidade das Estruturas “As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o prazo correspondente à sua vida útil.” (NBR 6118, item 6.1). “Por vida útil de projeto, entende-se o período de tempo durante o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, sem intervenções significativas, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, conforme 7.8 e 25.3, bem como de execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais.” (item 6.2.1). Determinadas partes das estruturas podem possuir vida útil diferente do conjunto, como aparelhos de apoio e juntas de movimentação (item 6.2.2). O que está estabelecido na NBR 12655[1] deve ser seguido para se alcançar a durabilidade da estrutura, com atitudes coordenadas de todos os envolvidos no projeto, na construção e na utilização (item 6.2.3). No projeto visando a durabilidade das estruturas devem ser considerados, ao menos, os mecanismos de envelhecimento e deterioração da estrutura, relativos ao concreto, ao aço e à própria estrutura. Aula 2 – Contexto e Cuidados CONCRETO 24 3.1. Mecanismos de Deterioração do Concreto Os principais mecanismos de deterioração do concreto são: • Lixiviação: “É o mecanismo responsável por dissolver e carrear os compostos hidratados da pasta de cimento por ação de águas puras, carbônicas agressivas, ácidas e outras. Para prevenir sua ocorrência, recomenda-se restringir a fissuração, de forma a minimizar a infiltração de água, e proteger as superfícies expostas com produtos específicos, como os hidrófugos”; • Expansão por Sulfato: “É a expansão por ação de águas ou solos que contenham ou estejam contaminados com sulfatos, dando origem a reações expansivas e deletérias com a pasta de cimento hidratado. A prevenção pode ser feita pelo uso de cimento resistente a sulfatos, conforme a ABNT NBR 5737”; • Reação Álcali-Agregado: “É a expansão por ação das reações entre os álcalis do concreto e agregados reativos. O projetista deve identificar no projeto o tipo de elemento estrutural e sua situação quanto à presença de água, bem como deve recomendar as medidas preventivas, quando necessárias, de acordo com a ABNT NBR 15577-1”. 3.2. Mecanismos de Deterioração da Armadura Os principais mecanismos de deterioração do aço da armadura são (NBR 6118, item 6.3.3): • Despassivação por Carbonatação: “É a despassivação por carbonatação, ou seja, por ação do gás carbônico da atmosfera sobre o aço da armadura. As medidas preventivas consistem em dificultar o ingresso dos agentes agressivos ao interior do concreto. O cobrimento das armaduras e o controle da fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável um concreto de baixa porosidade”. A carbonatação é um fenômeno que ocorre devido as reações químicas entre o gás carbônico presente na atmosfera, que penetra nos poros do concreto, e o hidróxido de cálcio e outros constituintes provenientes da hidratação do cimento. A carbonatação inicia-se na superfície da peça e avança progressivamente para o interior do concreto, ocasionando a diminuição da alta alcalinidade do concreto, de pH próximo a 13, para valores próximos a 8. A alta alcalinidade do concreto origina a formação de um filme passivante de óxidos, resistente e aderente à superfície das barras de armadura existentes no interior das peças de concreto armado, que Aula 2 – Contexto e Cuidados UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 25 protege a armadura contra a corrosão. A frente de carbonatação, ao atingir a armadura, destrói o filme protetor, possibilitando o início da corrosão da armadura, que ocorre com expansão de volume e leva ao surgimento de fissuras, descolamento do concreto de cobrimento aderente à armadura, e principalmente a redução da área de armadura. A corrosão obriga à necessidade de reparos nas peças, com sérios prejuízos financeiros aos proprietários. A espessura do cobrimento de concreto é o principal fator para a proteção das armaduras, ao se interpor entre o meio corrosivo e agressivo e a armadura, evitando que a frente de carbonatação alcance as armaduras; • Despassivação por Ação de Cloretos: “Consiste na ruptura local da camada de passivação, causada por elevado teor de íon-cloro. As medidas preventivas consistem em dificultar o ingresso dos agentes agressivos ao interior do concreto. O cobrimento das armaduras e o controle da fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável o uso de um concreto de pequena porosidade. O uso de cimento composto com adição de escória ou material pozolânico é também recomendável nestes casos”. 3.3. Mecanismos de Deterioração da Estrutura “São todos aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos, ações cíclicas, retração, fluência e relaxação, bem como as diversas ações que atuam sobre a estrutura.” (NBR 6118, item 6.3.4). As movimentações de origem térmica são provocadas pelas variações naturais nas temperaturas ambientes, que causam a variação de volume das estruturas e fazem surgir consequentemente esforços adicionais nas estruturas. As variações de temperatura podem ser também de origem não natural, como aquelas que ocorrem em construções para frigoríficos, siderúrgicas, metalúrgicas, etc., como fornos e chaminés. As ações cíclicas são aquelas repetitivas, que causam fadiga nos materiais. Podem ou não variar o esforço de tração para compressão e vice-versa. A retração e a fluência são deformações que ocorrem no concreto e que levam a diminuição do seu volume, o que pode induzir esforços adicionais nas estruturas. Esses dois fenômenos serão estudados com maiores detalhes nos itens 7.1.10 e 7.1.11. Alguns exemplos de medidas preventivas são (item 6.3.4): Aula 2 – Contexto e Cuidados CONCRETO 26 • Barreiras protetoras em pilares (de viadutos, pontes e outros) sujeitos a choques mecânicos; • Período de cura após a concretagem (para estruturas correntes, ver ABNT NBR 14931); • Juntas de dilatação em estruturas sujeitas a variações volumétricas; • Isolamentos isotérmicos, em casos específicos, para prevenir patologias devidas a variações térmicas. 3.4. Agressividade do Ambiente “A agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no dimensionamento das estruturas.” (item 6.4.1). Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo com o apresentado na Tabela e pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição da estrutura ou de suas partes. Conhecendo o ambiente em que a estrutura será construída, o projetista estruturalpode considerar uma condição de agressividade maior que aquelas mostradas na Tabela. Aula 2 – Contexto e Cuidados UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 27 3.5. Qualidade do Concreto de Cobrimento Segundo a NBR 6118 (item 7.4), a “... durabilidade das estruturas é altamente dependente das características do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura”. “Ensaios comprobatórios de desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e classe de agressividade prevista em projeto devem estabelecer os parâmetros mínimos a serem atendidos. Na falta destes e devido à existência de uma forte correspondência entre a relação água/cimento e a resistência à compressão do concreto e sua durabilidade, permite-se que sejam adotados os requisitos mínimos expressos” na Tabela: O concreto utilizado deve cumprir com os requisitos contidos na NBR 12655 e diversas outras normas (item 7.4.3). Para parâmetros relativos ao Concreto Protendido consultar a Tabela 7.1 da NBR 6118. 3.6. Espessura do Cobrimento da Armadura Define-se cobrimento de armadura a espessura da camada de concreto responsável pela proteção da armadura num elemento. Essa camada inicia-se a partir da face mais externa da barra de aço e se estende até a superfície externa do elemento em contato com o meio ambiente. Em vigas e pilares é comum a espessura do cobrimento iniciar na face externa dos estribos da armadura transversal, como mostrado na Figura: Aula 2 – Contexto e Cuidados CONCRETO 28 A NBR 6118 (item 7.4.7.1) define o cobrimento mínimo da armadura como “o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado.” Para garantir o cobrimento mínimo (cmín), o projeto e a execução devem considerar o cobrimento nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (∆c). As dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais. 𝑐𝑛𝑜𝑚 = 𝑐𝑚í𝑛 + ∆𝑐 Nas obras correntes o valor de ∆c deve ser maior ou igual a 10 mm. Esse valor pode ser reduzido para 5 mm quando “houver um controle adequado de qualidade e limites rígidos de tolerância da variabilidade das medidas durante a execução” das estruturas de concreto, informado nos desenhos de projeto. A Tabela abaixo (NBR 6118, item 7.4.7.2) apresenta valores de cobrimento nominal com tolerância de execução (∆c) de 10 mm, em função da classe de agressividade ambiental. Para concretos de classe de resistência superior ao mínimo exigido, os cobrimentos definidos na Tabela acima podem ser reduzidos em até 5 mm. A NBR 6118 (itens 7.4.7.5 e 7.4.7.6) ainda estabelece que o cobrimento nominal de uma determinada barra deve sempre ser: Aula 2 – Contexto e Cuidados UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 29 𝑐𝑛𝑜𝑚 ≥ 𝜙𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 𝑐𝑛𝑜𝑚 ≥ 𝜙𝑓𝑒𝑖𝑥𝑒 = 𝜙𝑛 = ϕ√𝑛 A dimensão máxima característica do agregado graúdo (dmáx) utilizado no concreto não pode superar em 20 % a espessura nominal do cobrimento, ou seja: 𝑑𝑚á𝑥 = 1,2𝑐𝑛𝑜𝑚 3.7. Cuidados na Drenagem Para a adequada drenagem das estruturas devem ser tomados os seguintes cuidados (NBR 6118, item 7.2) como o acúmulo de água de chuva ou de limpeza e lavagem, disposição de ralos e condutores, selagem de juntas de movimento ou de dilatação, proteção de topos de platibandas e paredes, pingadeiras em beirais e rufos em encontros a diferentes níveis. A NBR 6118 (item 7.3) ainda preconiza que devem ser evitadas “Disposições arquitetônicas ou construtivas que possam reduzir a durabilidade da estrutura” e “Deve ser previsto em projeto o acesso para inspeção e manutenção de partes da estrutura com vida útil inferior ao todo, como aparelhos de apoio, caixões, insertos, impermeabilizações e outros.” E prever também aberturas para drenagem e ventilação quando poder ocorrer acúmulo de água. 3.8. Detalhamento das Armaduras A NBR 6118 (item 7.5) preconiza: “As barras devem ser dispostas dentro do componente ou elemento estrutural, de modo a permitir e facilitar a boa qualidade das operações de lançamento e adensamento do concreto. Para garantir um bom adensamento, é necessário prever no detalhamento da disposição das armaduras espaço suficiente para entrada da agulha do vibrador”. 3.9. Controle da Fissuração “O risco e a evolução da corrosão do aço na região das fissuras de flexão transversais à armadura principal dependem essencialmente da qualidade e da espessura do concreto de cobrimento da armadura. Aberturas características limites de fissuras na superfície do concreto, dadas em 13.4.2, em componentes ou elementos de concreto armado, são satisfatórias para as exigências de durabilidade.” (NBR6118, item 7.6). Baseado e adaptado NBR 6120, ABNT, Sandra Denise Kruger Alves . Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 3 – Composição e Protensão CONCRETO 30 Aula 3: Composição e Protensão Neste capítulo estudar-se-á de forma resumida o material “concreto”, analisando seus materiais componentes, suas principais propriedades, dosagens e cuidados para uma adequada utilização. Por se tratar de assunto das disciplinas de “Materiais de Construção I e II”, a abordagem dos insumos será feita de forma superficial, objetivando apenas destacar os conceitos básicos necessários ao conhecimento deste material, “o concreto”, devendo aos interessados em rememorar detalhes, recorrerem aos ensinamentos daquelas disciplinas. 1. Materiais Componentes (Revisão) 1.1. Cimento Cimento Portland, como já estudado, é um aglomerante obtido pela moagem do clínquer, ao qual são adicionados durante a moagem, quantidades de sulfato de cálcio - gesso. As matérias-primas empregadas na fabricação são o calcário, a argila e o gesso. Os sacos de cimento vendidos no comércio, além da sigla de letras e algarismos romanos que caracterizam o tipo do cimento, devem apresentar um número em algarismo arábico: 25, 32 ou 40, indicando a mínima resistência à compressão aos 28 dias de idade em argamassa normal, ou seja, 25 MPa, 32 MPa ou 40 MPa. Exceção aos cimentos de alta resistência inicial cujas resistências devem ser medidas aos 7 dias de idade. As normas brasileiras apresentam nove tipos diferentes de cimento, através de seis normas. Além da diferenciação por tipo, alguns são subdivididos em classes de resistência. A seguir serão apresentados os quadros resumos das especificações dos cimentos conforme a Norma: a) Cimento Portland Comum (EB1 / NBR 5732): Aula 3 – Composição e Protensão UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 31 b) Cimento Portland Composto (EB 2138 / NBR 11578): c) Cimento Portland de Alto-Forno (EB 208 / NBR 5735): d) Cimento Portland Pozolânico (EB 758 / NBR 5736): e) Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (EB 2 / NBR 5733): • Sigla: CP V - ARI • Deve apresentar o mínimo de resistência à compressão aos 7 dias de idade de 34 MPa. f) Cimento Portland Resistente a Sulfatos (EB 903 / NBR 5737): • Estes cimentos são designados pela sigla original acrescida de “BC”. Exemplo: CP IV-32 BC g) Cimento Portland Branco (NBR 12989): • Estrutural: CPB – 32; • Não Estrutural: CPB. * Observação: As classes 25, 32, e 40 representam os mínimos de resistência à compressão aos 28 dias de idade, em MPa. Nas estruturas e construções comuns, geralmente é utilizado o Cimento Portland Composto com Escória, da classe 32, ou seja: CP II - E - 32. Normalmente o cimento é vendido no comércio em sacos de 50 kg, protegidos com folhas de papel impermeável, devendo estar impresso na embalagem o tipo e a classe do cimento. O volume correspondente ao saco de 50 kg é de 35,3 litros (o queleva a uma massa específica Aula 3 – Composição e Protensão CONCRETO 32 aparente de 1420 kg/m³). Especial atenção deve ser dada ao armazenamento do cimento visando, principalmente, evitar que a umidade venha a deteriorá-lo. A NB 1 / NBR 6118 no item 8.1.1.3, faz as seguintes recomendações quanto ao armazenamento do cimento: • Local protegido da ação das intempéries, da umidade e de outros agentes nocivos (barracões cobertos, fechados lateralmente, assoalho de madeira afastado do chão e as pilhas de sacos de cimento afastadas das paredes); • Pilhas no máximo com 10 sacos, podendo atingir 15 sacos se o tempo de armazenagem for no máximo de 15 dias; • Não misturar lotes recebidos em épocas diferentes; • Consumo na ordem cronológica de recebimento. 1.2. Agregados Agregados são materiais geralmente inertes (não reagem com o cimento) que entram na composição do concreto com as finalidades de: - aumentar a resistência - reduzir a retração - reduzir custos. Como pelo menos 70% do volume do concreto é ocupado pelos agregados, as suas qualidades são de grande importância. A EB 4 / NBR 7211 fixa as características exigíveis na recepção de agregados: faixas recomendáveis de composição granulométrica, teor máximo de substâncias nocivas e impurezas orgânicas e outros dados de importância prática. Segundo o tamanho, os agregados são classificados em graúdos e miúdos. Agregado miúdo é a areia natural quartzosa, ou a artificial resultante do britamento de rochas estáveis, de diâmetros máximos iguais ou inferiores a 4,8 mm. Agregado graúdo é o pedregulho natural, ou a pedra britada, de diâmetros máximos superiores a 4,8 mm. De acordo com a procedência, os agregados são classificados em naturais e artificiais: • Agregados naturais: areia, cascalho lavado do rio, britas. Pedra-pomes e escória de lava são agregados naturais para concreto leve (~1800 kg/m³) e os fragmentos de magnetita e de barita são utilizados para concreto pesado (~3700 kg/m³); • Agregados artificiais: escória de alto-forno e argila expandida (para concreto leve). Aula 3 – Composição e Protensão UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 33 Para a dosagem de concretos, especial atenção deve ser dada a umidade nos agregados, o que exigirá uma correção das proporções da mistura (diminuição da quantidade de água a ser adicionada e acréscimo da massa do agregado de igual valor). No caso da areia aparece outro efeito: o “inchamento”. É o aumento de volume causado pelas películas de água que tendem a afastar as partículas de areia. Valores de umidade em torno de 3% chegam a produzir na areia, inchamento da ordem de 30%. A determinação do inchamento de agregados miúdos é feita pelo método MB 215 / NBR 6467. A NB 1 / NBR 6118 nos itens 6.3.2.2. e 8.1.2.3 recomenda que o diâmetro máximo do agregado deve ser menor que 1/4 da menor distância entre as faces das fôrmas e menor que 1/3 da espessura das lajes. A distância entre armaduras não deve ser menor que 1,2 vezes a dimensão máxima do agregado. Uma classificação de acordo com suas dimensões nominais é dada a seguir: • Brita 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4,8 - 9,5 mm; • Brita 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9,5 - 19 mm; • Brita 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 - 25 mm; • Brita 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 - 50 mm; • Brita 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 - 76 mm; • Brita 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 - 100 mm. A brita 0 é utilizada no capeamento de lajes pré-fabricadas e em alguns casos em concretos bombeados, e as britas 1 e 2 nos concretos usuais. 1.3. Água A água destinada ao amassamento do concreto deverá ser isenta de impurezas que possam vir a prejudicar as reações entre ela e o cimento. Normalmente as águas potáveis são satisfatórias para o uso em concreto. O item 8.1.3 da NB 1 / NBR 6118 especifica os teores máximos toleráveis de substâncias nocivas para a água. A água do mar não é recomendada. Pode levar a resistências iniciais mais elevadas que os concretos normais, mas as resistências finais são sempre menores, além da possibilidade de corrosão da armadura. As águas minerais também não são recomendadas. Na prática, quase todas as águas naturais são utilizáveis. Os maiores defeitos provenientes da água têm maior relação com o excesso de água empregada do que propriamente com os elementos que ela possa conter. Aula 3 – Composição e Protensão CONCRETO 34 A reação química do cimento com a água é fundamental para dar ao concreto as propriedades mais importantes: resistência, durabilidade, trabalhabilidade, impermeabilidade, etc. Atualmente, pesquisadores e tecnologistas do concreto, afirmam que todas propriedades do concreto melhoram com a redução da água aplicada (desde que a massa continue plástica e trabalhável). Deve-se portanto, procurar-se refrear a tendência na obra, de se fazer um concreto muito fluido para facilitar os trabalhos de concretagem. A relação entre o peso da água e o peso do cimento é chamada “fator água-cimento”. Considerando-se apenas a água quimicamente necessária à hidratação do cimento, seria suficiente um fator água-cimento da ordem de 0,28. A trabalhabilidade do concreto exige, entretanto, fatores água-cimento muito maiores, usualmente entre 0,45 a 0,65. 1.4. Aditivos Aditivos são substâncias adicionadas intencionalmente ao concreto, com a finalidade de reforçar ou melhorar certas características, inclusive facilitando seu preparo e utilização. Eis alguns casos de utilização de aditivos: • Acréscimo de resistência; • Aumento da durabilidade; • Melhora na impermeabilidade; • Melhora na trabalhabilidade; • Possibilidade de retirada de fôrmas em curto prazo; • Diminuição do calor de hidratação - retardamento ou aceleração da pega; • Diminuição da retração; • Aditivos plastificantes e superplastificantes; • Aditivos incorporadores de ar; • E diversas outras aplicações que podem ser verificadas nos manuais técnicos dos fabricantes de aditivos. Pode-se citar os laboratórios da Sika e do Otto Baumgart . 2. Concreto Protendido A utilização de armaduras protendidas em estruturas de concreto se consagrou no Brasil, nas últimas décadas, como técnica construtiva. Esse fato pode ser comprovado Aula 3 – Composição e Protensão UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 35 através do grande número de obras civis realizadas, desde silos e tanques, passando por pontes e viadutos, até edifícios de todos os tipos, incluindo obras com mais de 40 anos. 2.1. Conceito de Protensão No dicionário Aurélio encontra-se a seguinte definição para a palavra protensão: "Processo pelo qual se aplicam tensões prévias ao concreto." A definição está correta, entretanto o significado de protensão é bem mais amplo. A palavra protensão ou pré-tensão (presstressing em inglês, precontrainte em francês) expressa a ideia da instalação de um estado prévio de tensões em alguma coisa. Na engenharia a protensão é aplicada a peças estruturais e materiais de construção. Antes de abordar a protensão no concreto propriamente, pode-se ilustrar o princípio da protensão através de alguns exemplos clássicos bastante significativos. Imagine-se, por exemplo, a situação em que uma pessoa carrega um conjunto de livros na forma de uma fila horizontal. Para que os livros sejam levantados, sem que caiam, é necessária a aplicação de uma força horizontal que os comprima uns contra os outros, produzindo assim forças de atrito capazes de superar o peso próprio do conjunto. A aplicação da força normal pode ser entendida como uma forma de protenderum conjunto de elementos estruturais, no caso uma fila de livros, com o objetivo de se criar tensões prévias contrárias àquelas que podem inviabilizar ou prejudicar a operação ou o uso desejados. Uma roda de carroça é também um exemplo de estrutura protendida. Ao contrário do que se pode imaginar, não se trata de uma peça única. A roda é constituída de várias partes de madeira, devidamente preparadas, montadas apenas por encaixes. Em torno da roda de madeira é colocado um aro de aço cuja função é, além de proteger as partes de madeira do desgaste, solidarizar o conjunto. No momento da colocação, o aro de aço é aquecido, de forma que seu diâmetro original aumenta devido à dilatação do material. Depois de colocado, o aro se resfria, voltando à temperatura ambiente, e seu diâmetro tende a Aula 3 – Composição e Protensão CONCRETO 36 diminuir até ao valor inicial. Não obstante, a roda de madeira se opõe ao movimento de contração do aro e este, consequentemente, aplica esforços sobre ela, solidarizando-a, protendendo-a. Pode-se citar ainda o caso de um barril composto por gomos de madeira apertados por cintas metálicas. A compressão produzida pelas cintas se opõe às tensões causadas pela pressão interna do líquido dentro do barril. Uma roda de bicicleta também é uma estrutura tensionada. Um aro externo é ligado a um anel interno por meio de fios de aço sob tensão. As tensões de tração previamente aplicadas aos raios garantem a estabilidade do aro externo sob carga. Esses exemplos elucidam uma potencialidade importante da protensão, qual seja, a possibilidade de promover a solidarização de partes de uma estrutura, como por exemplo nas estruturas de concreto pré-moldado. Fica evidente, portanto, que a protensão pode ser aplicada aos mais diversos tipos de estruturas e materiais. Nesse sentido, Pfeil (1984) propõe a seguinte definição: "Protensão é um artifício que consiste em introduzir numa estrutura um estado prévio de tensões capaz de melhorar sua resistência ou seu comportamento, sob diversas condições de carga”. 2.2. Protensão no Concreto – Histórico O desenvolvimento do concreto armado e protendido deu-se a partir da criação do cimento Portland, na Inglaterra, em 1824. Nos anos que se seguiram, os franceses e os alemães também começaram a produzir cimento e a criar várias formas de melhorar a capacidade portante do concreto. Em meados do século 19, já se conhecia mundialmente a possibilidade de reforçar elementos de concreto através de armaduras de aço. Em 1855, foi fundada a primeira fábrica de cimento Portland alemã. Como estudado em aulas passadas, no mesmo ano o francês Lambot patenteou uma técnica para a fabricação de embarcações de concreto armado. A partir de 1867, outro francês, Monier, começou a fabricar vasos, tubos, lajes e Aula 3 – Composição e Protensão UNIDADE 1 – CONCEITOS DO CONCRETO 37 pontes, utilizando concreto com armadura de aço. Nessa época as construções em concreto armado eram desenvolvidas em bases puramente empíricas. Ainda não se conhecia claramente a função estrutural da armadura de aço no concreto. Foi em 1877 que o americano Hyatt reconheceu claramente o efeito da aderência entre o concreto e a armadura, após executar vários ensaios com construções de concreto. A partir de então, passou-se a colocar a armadura apenas do lado tracionado das peças. A primeira proposição de pré-tensionar o concreto foi anunciada em 1886, por P. H. Jackson, de São Francisco (EUA). No mesmo ano, o alemão Matthias Koenen desenvolveu um método de dimensionamento empírico para alguns tipos de construção de concreto armado, baseado em resultados de ensaios segundo o sistema Monier. No final do século 19, seguiram-se várias patentes de métodos de protensão e ensaios, sem êxito. A protensão se perdia devido à retração e fluência do concreto, desconhecidas naquela época. No começo do século 20, Mörsch desenvolveu a teoria iniciada por Koenen, endossando suas proposições através de inúmeros ensaios. Os conceitos desenvolvidos por Mörsch constituíram, ao longo de décadas e em quase todo o mundo, os fundamentos da teoria do concreto armado, e seus elementos essenciais ainda são válidos. Por volta de 1912, Koenen e Mörsch reconheceram que o efeito de uma protensão reduzida era perdido com o decorrer do tempo, devido à retração e deformação lenta do concreto. Em 1919 K. Wettstein fabricou, na Alemanha, painéis de concreto, protendidos com cordas de aço para piano (cordas de alta resistência). Em 1923, R. H. Dill, do estado de Nebraska nos EUA, reconheceu que se deveriam utilizar fios de alta resistência sob elevadas tensões para superar as perdas de protensão. Em 1924, Eugene Freyssinet (França) já havia empregado a protensão para reduzir alongamento de tirantes em galpões com grandes vãos. Em 1928, Freyssinet apresentou o primeiro trabalho consistente sobre concreto protendido, reconhecendo a importância da protensão da armadura nas construções civis. Freyssinet pesquisou as perdas de protensão, produzidas pela retração e deformação lenta do concreto, reconhecendo que só é possível assegurar um efeito duradouro da protensão através da utilização de elevadas tensões no aço. Foi uma das figuras de maior destaque no desenvolvimento da tecnologia do concreto protendido. Inventou e patenteou métodos construtivos, equipamentos, aços especiais, concretos especiais, etc., contribuindo de forma muito expressiva para o desenvolvimento do concreto protendido. Em vários países começaram a surgir Comissões, Comitês, Institutos, etc., para concreto armado, envolvendo representantes dos serviços públicos, da indústria da Aula 3 – Composição e Protensão CONCRETO 38 construção civil e de entidades científicas. Esses órgãos contribuíram muito para a evolução da construção com concreto armado e protendido, através da pesquisa e do desenvolvimento de novas formas de construção. A partir de 1949, o desenvolvimento do concreto protendido se acelerou. Em 1950, realizou-se em Paris a primeira conferência sobre concreto protendido. Surgiu a FIP (Federation Internationale de la Precontrainte). No mesmo ano, Finster Walder executou a primeira ponte em balanços sucessivos. O método espalhou-se por todo o mundo. Na mesma época surgiram as cordoalhas de fios. O sistema de colocar os cabos de protensão em bainhas, no interior da seção transversal de concreto, de modo a possibilitar a protensão dos cabos com apoio no próprio concreto endurecido, estabelecendo-se, posteriormente, a aderência por meio da injeção de uma argamassa adequada de cimento, se impôs definitivamente. Esse sistema formou a base para a execução de estruturas protendidas de grandes vãos. A primeira obra em concreto protendido no Brasil foi a ponte do Galeão, no Rio de Janeiro, construída em 1948 utilizando o sistema Freyssinet. Para essa obra tudo foi importado da França: o aço, as ancoragens, os equipamentos e até o projeto. Em 1952 a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira iniciou a fabricação do aço de protensão. A segunda obra brasileira, a ponte de Juazeiro, já foi feita com aço brasileiro. Em 1953, foi publicada a DIN 4227, norma alemã de concreto protendido. A partir de 1956, seguiu-se um aumento da capacidade das unidades de protensão e a racionalização dos métodos construtivos, principalmente na construção de pontes. Na década de 1970, consagrou-se a preferência por cabos protendidos internos, constituídos por cordoalhas ancoradas individualmente por meio de cunhas. Este sistema tornou-se o mais competitivo por permitir a construção de cabos de grande capacidade, com protensão da ordem de 200 tf a 600 tf. O Comité Euro-Internacional du Betón (CEB/FIP) publicou, em 1978, o Código Modelo
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