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CARTOGRAFIA E NOVAS TECNOLOGIAS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autora: Rosemy da Silva Nascimento CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cristina Danna Steuck Prof.ª Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Prof. Vilmar Klemann Revisão Gramatical: Prof.ª Teresa Pfiffer Franco Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 912 N244c Nascimento, Rosemy da Silva Cartografia e Novas Tecnologias / Rosemy da Silva Nascimento. Centro Universitário Leonardo da Vinci Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2010. x 125 p. : il. ISBN 978-85-7830-262-7 1. Cartografia 2. Geografia. 3 Geopolítica I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. II Núcleo de Ensino a Distância III. Título. Copyright © UNIASSELVI 2010 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Rosemy da Silva Nascimento Graduada em Geografia (Bacharelado e Licenciatura) pela UFF-RJ, mestre em Cadastro Técnico Multifinalitário - Engenharia Civil - e doutora em Gestão Ambiental - Engenharia de Produção e Sistemas pela UFSC. Atua profissionalmente como Professora Adjunta III do Departamento de Geociências da UFSC, desenvolvendo o ensino, pesquisa e extensão em Cartografia Temática e Escolar, Análise de Imagens de Sensoriamento Remoto e Educação Ambiental tanto na Graduação em Geografia quanto na Pós-Graduação em Geografia na linha de pesquisa Geografia em Processos Educativos e Análise Ambiental. Coordena o Projeto LABTOY - Laboratório Tecnológico de Recursos Instrucionais em Geociências e é integrante do LabTATE (www.labtate.ufsc.br). Participa de diversas bancas acadêmicas, desde Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, Dissertação de Mestrado, como Tese de Doutorado. Também é membro da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de Santa Catarina - CIEA-SC. Publicou e participou de diversos trabalhos científicos, como: artigos, vídeos científicos do Instituto LARUS para RBS-TV, e livros, como: “Atlas Ambiental do Município de Florianópolis-SC” e “RPPN Morro das Aranhas”. Atua como voluntária do Instituto LARUS - Pesquisa, Proteção e Educação Ambiental, assumindo a Diretoria de Produção Científica (www.larus.com.br). Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 A Terra na Cartografia ..........................................................9 CAPÍTULO 2 A Cartografia dos Temas Geográficos .............................47 CAPÍTULO 3 A Cartografia no Ensino da Geografia ..............................73 CAPÍTULO 4 Cartografia e Geotecnologias ...........................................97 APRESENTAÇÃO O presente caderno de estudos visa trazer algumas informações sobre a disciplina CARTOGRAFIA E NOVAS TECNOLOGIAS, distribuídas em 4 capítulos, buscando sempre um elo desse conteúdo com o ensino de Geografia, conforme a proposta do curso. A divisão em capítulos sugere que você possa entender as questões da representação da Terra em mapas e até em imagens de satélite, apoiadas em várias tecnologias, tão usadas atualmente. Para isto, o capítulo 1, intitulado “A Terra na Cartografia”, apresenta um breve histórico de como a humanidade resolveu transformar uma informação em forma de esfera num plano, podendo até medir distâncias e áreas, marcar horários e criar outras representações cartográficas para facilitar nosso dia a dia. O capítulo 2, “A Cartografia dos Temas Geográficos”, vai um pouco além. Mostra como essas representações são transformadas em informações visuais, como símbolos e cores; como os mapas devem ser apresentados; e também como os temas geográficos devem ser abordados, conforme a dimensão espacial dos produtos cartográficos. Já o capítulo 3, “A Cartografia no Ensino da Geografia”, exibe o momento em que nós, professores, fazemos uma reflexão do processo de ensino e aprendizagem na Geografia, quando trazemos a Cartografia como uma grande aliada neste processo. E, para isto, descrevemos um pouco a Cartografia Escolar no Ensino Fundamental e seus ciclos, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs. Finalizando este caderno, entraremos nas Geotecnologias, apoiadas na Cartografia tradicional, migrando para o mundo digital e alçando voos terrestres e orbitais com as imagens de satélite. E é claro, mostrando a aplicabilidade dessas tecnologias como ferramenta para o ensino de Geografia. Esperamos que a nossa disciplina possa despertar um grande interesse pela Cartografia e pelas novas tecnologias, para que possam ser aplicadas com êxito no âmbito escolar. Um bom aprendizado! CAPÍTULO 1 A Terra na Cartografia A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Entender o processo da cartografia como ciência materializada nos produtos cartográficos. 3 Aplicar no ensino de geografia as dimensões espaciais e outras características dos fenômenos geográficos representados nos produtos cartográficos. 10 Cartografia e Novas Tecnologias 11 A Terra na Cartografia Capítulo 1 Contextualização A Terra na Cartografia - iniciam-se estes estudos através de uma jornada literária por mais uma maravilha do conhecimento humano, que é entender como o Planeta Terra ou parte dele foram e são representados ao longo dos registros cartográficos. São histórias fantásticas que, desde a mais remota tecnologia, apresentavam de alguma forma a apropriação da natureza pela humanidade. Este capítulo começa com um breve histórico dos primeiros registros da história da Cartografia e vai navegando pelas ciências que ajudam o fazer cartográfico, como preconizam os seus objetivos. São estas e outras abordagens que procuramos dispor de forma didática e dialógica, visando ser mais uma contribuição para as práticas didático-pedagógicas em Geografia. Breve Histórico Cada um de nós ou cada lugar tem um endereço. É com este raciocínio que começamos a imaginar onde fica localizado, quem são os vizinhos, o que tem em cada localidade e como faremos para chegar lá. E para não esquecer, começamos a desenhar esses caminhos de forma reduzida, o que podemos chamar de mapas. Desde a pré-história as pessoas também registravam seus endereços, trajetos, paisagens, lugares, em diversos materiais, como nas paredes de cavernas, em placas de argila, varetas de bambus, pele de animais, etc. Conforme Francischett (2000), os mapas primitivos também se assemelhavam com as plantas das cidades modernas e, geralmente, eram usados em rituais sagrados, sem a intenção de serem preservados após a cerimônia, o que dificulta descobrir a origem dessas representações cartográficas. Como exemplo desses registros ao longo da história primitiva da humanidade, temos uma representação cartográfica feita pelos índios norte-americanos, em pele de búfalo, que possui um desenho esquemático, com cores, para definir as áreas de caça e pastagem para a sua subsistência. Ele está exposto no Museu da América, em Madri. 12 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 1 – Mapa em couro de búfalo Fonte: GEORAMA (1967, p. 1). Um outro exemplo de mapa primitivo é um mapa de bambu ou fibras de palmeira, entrecruzadas com pedrinhas, que os aborígines da ilha Marshall construíram para demonstrar os movimentos marinhos e direções das correntes, para auxiliar na pesca. E as pedrinhas seriam as ilhas que compunham o arquipélago, no Oceano Pacífico. Essa trama não era fácil de entender, esses povos tinham que ter um profundo conhecimento do mar, para usá-la com eficiência. Este mapa estáno Museu de South Kensington, na Inglaterra. Figura 2 - Mapa de bambu ou fibra de palmeira de um arquipélago no Oceano Pacífico Fonte: GEORAMA (1967, p. 4). Outro mapa, encontrado a cerca de 500 anos a.C., foi o Mesopotâmico de Ga-Sur, que foi feito numa placa de argila cozida e mostra uma cadeia de montanhas e um rio no meio delas, que se acredita ser o Rio Eufrates. Este exemplar encontra-se no Departamento de Antiguidades Asiáticas, no Museu Britânico. Outro mapa, encontrado a cerca de 500 anos a.C., foi o Mesopotâmico de Ga- Sur, que foi feito numa placa de argila cozida. 13 A Terra na Cartografia Capítulo 1 Figura 3: Mapa Mesopotâmico Ga-Sur Fonte: GEORAMA (1967, p. 14). Francischett (2000) acrescenta que, no Brasil, nos fins do século XIX, os nossos antepassados indígenas também traçavam seus mapas com rios e afluentes, nos quais as primeiras expedições portuguesas se orientavam pelo território brasileiro. À medida que se descobriam outros materiais, continuava- se a desenhar, mas muitos desses registros não tinham nenhuma preocupação de serem precisos; serviam meramente para não esquecer onde ficavam os lugares e o que continham. E a palavra mapa foi criada pelos cartagineses, e significava “toalha de mesa”. Pois era nas toalhas das antigas tabernas ou barzinhos da época dos descobrimentos que os aventureiros desenhavam suas rotas e navegações. Os egípcios chamavam carta, que significava papiro ou papel, onde eram registradas as propriedades (OLIVEIRA, 1993, p. 17). Com o passar do tempo, a função de fazer carta exigia a aplicação de várias técnicas e métodos científicos, como a Astronomia, Matemática e Geodésia, que auxiliavam essas anotações a terem precisão, dando origem ao que conhecemos hoje de Cartografia. Definição Como em qualquer área, com a Cartografia evoluiram também as definições, porém, a mais clássica contida nos dicionários traz a significação muito simplória, como “Arte ou ciência de compor cartas geográficas; tratado sobre mapas”. Aos poucos, foram-se incorporando algumas palavras, porém, ainda muito sintéticas com A palavra mapa foi criada pelos cartagineses, e significava “toalha de mesa”. “Cartografia é organização, apresentação, comunicação e utilização da geoinformação nas formas digital ou tátil, que inclui todos os processos de preparação de dados, no emprego e estudo de todo e qualquer tipo de mapa” (ICA, 1989). 14 Cartografia e Novas Tecnologias relação ao que realmente representa a Cartografia. Para uniformizar a definição, a Associação Cartográfica Internacional – ICA, na Conferência Internacional da ICA, em 1989, em Budapeste, recomendou a definição de Cartografia como sendo a “Organização, apresentação, comunicação e utilização da geoinformação nas formas digital ou tátil, que inclui todos os processos de preparação de dados, no emprego e estudo de todo e qualquer tipo de mapa”. (ICA, 1989). Mas, em vários documentos encontra-se a palavra carta e mapa, como sinônimos. Então, existe diferença entre carta e mapa? Oliveira (1993, p. 31-36) lembra que, na história da Cartografia, a diferença entre mapa e carta foi notada quando os portugueses começaram a chamar os mapas de navegação de Cartas de Marear. Mais tarde, os outros mapas terrestres também eram chamados de cartas, fazendo uma grande confusão. Por exemplo, os ingleses chamam tudo de mapa e os alemães tudo de carta. No Brasil, o termo carta e mapa foi diferenciado em função do tamanho do desenho, ou seja, da escala de representação do terreno. Alguns autores junto a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT - também reforçam essa diferenciação, conceituando mapa como uma representação gráfica de qualquer tema geográfico, em formato de papel e digital, em escalas pequenas, como os mapas temáticos dos Atlas. E a carta é uma representação gráfica de qualquer tema geográfico, em formato de papel ou digital, em escalas médias e grandes, permitindo análises mais detalhadas dos objetos, como cartas para visualizar áreas urbanas, detalhes de quadras, ruas, etc. A título de curiosidade, outros mapas podem ser vistos nos sites: • http://www.cartografiaescolar.ufsc.br/evolucao_primeiros_mapas.htm • http://www.ibge.gov.br/mapas_ibge Além das cartas e dos mapas, a Cartografia também possibilita representar o espaço geográfico em outros produtos como plantas, perfis topográficos, croquis, gráficos, maquetes geográficas, globos terrestres, imagens terrestres, aéreas e de satélites, textos e outros recursos que utilizam a linguagem cartográfica. Esta linguagem tem uma função que é comunicar sobre as informações A linguagem cartográfica tem uma função que é comunicar sobre as informações geoespaciais. 15 A Terra na Cartografia Capítulo 1 geoespaciais, de onde surge a necessidade do uso eficiente desses produtos para que, consequentemente, ocorra um aprendizado adequado. Forma da Terra Neste item, vamos recorrer a alguns autores como Bakker (1965), Raisz (1969), Oliveira (1993) e Duarte (2006), que já consagraram, em suas bibliografias, com muita propriedade, a questão da forma e dimensão do Planeta Terra, as linhas imaginárias que o dividem em hemisférios, polos, fusos e outros desenhos. Com o advento das tecnologias aeroespaciais, hoje fica mais fácil desenhar a forma da Terra, que é apenas dela. Mas, há muitos anos atrás, a Terra já era observada e recebeu vários registros, como o de Pitágoras (528 a.C.), que introduziu o conceito de forma esférica, de onde derivou o conhecimento que consideramos hoje, cientificamente, para pensar a Terra matematicamente. Mas, por que “matematicamente”? Pensemos a forma da Terra sem água, com as irregularidades desenhadas pelas montanhas e depressões abissais e, acima de tudo, achatada nos polos. Tudo isto decorrente das alterações sofridas pelos movimentos inerentes ao planeta em relação ao sistema solar e movimentos tectônicos, desde a sua formação geológica. Observe a imagem a seguir. Figura 4 – Geoide Fonte: Disponível em: <http://www.esa.int/esaCP/SEM5P11A90E_ Netherlands_1.html>. Acesso em: 10 ago. 2009. Pitágoras introduziu o conceito de forma esférica, de onde derivou o conhecimento que consideramos hoje, cientificamente, para pensar a Terra matematicamente. 16 Cartografia e Novas Tecnologias Esta imagem é a forma da Terra, denominada Geoide. Ela é caracterizada pela sua superfície irregular, contendo um oceano hipotético em repouso. Esta imagem é uma referência clássica para todas as características topográficas da Terra. No entanto, como medir matematicamente uma superfície tão irregular? Realmente, pensar matematicamente ou sistematicamente esta forma não ajuda quando se trata de se localizar, medir distâncias, áreas, etc. Por este motivo, a fim de simplificar um sistema para se localizar ou Sistema de Coordenadas, foram adotados alguns cálculos matemáticos simples, como a Terra sendo representada de forma esférica e achatada nos pólos. Como também trouxessem problemas nas medições, tornou-se necessário buscar modelos ainda mais simples, conforme pode ser visto na figura a seguir. Figura 5 – Geoide comparado com o elipsoide da esfera e a terra Fonte: Disponível em: <http://www.fe-lexikon.info/lexikon-g. htm#geoid>. Acesso em: 10 ago. 2009. Em função do descrito anteriormente, surge a figura geométrica ELIPSE ou ELIPSOIDE que, ao girar em seu eixo menor (movimento de rotação), achata os polos, formando um volume, denominado elipsoide de revolução. 17 A Terra na Cartografia Capítulo 1 Figura 6 – Elipsoide e a forma da Terra Fonte: Disponível em: <http://nacc.upc.es/tierra/node10.html>. Acesso em: 10 ago. 2009. Observe o desenho esquemático a seguir e compare as linhas que desenham a superfície terrestre. Verifique que a simplificação da linha do elipsoide facilitará os cálculospara a representação cartográfica. Figura 7 - Topografia da Terra, Geoide e o Elipsoide Fonte: Disponível em: <http://nacc.upc.es/tierra/node10.html>. Acesso em: 10 ago. 2009. Por isso, quando os meios de comunicação se referem à Terra como imagem, eles no-la mostram como se fosse uma bola perfeita. 18 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 8 – Imagem da Terra como uma esfera perfeita Fonte: CD-ROM. Atlas Geográfico Digital. São Paulo. Estadão Sistemas de Coordenadas Podemos pensar num Sistema de Coordenadas como uma forma de localizar a posição de algum ponto sobre uma figura esférica ou em um elipsóide, através de um sistema cartesiano e curvilíneo. No mesmo raciocínio, podemos pensar no velho jogo da batalha naval, que determina linha e coluna para encontrar o alvo. Figura 9 – Jogo Batalha naval Fonte: Disponível em: <http://papeis.blogs.sapo. pt/108703.html>. Acesso em: 12 ago. 2009. Na modelagem do nosso planeta como uma esfera terrestre empregamos este sistema de coordenadas, desenhando sobre a Terra linhas imaginárias, denominadas de MERIDIANOS e PARALELOS. Na modelagem do nosso planeta como uma esfera terrestre empregamos este sistema de coordenadas, desenhando sobre a Terra linhas imaginárias, denominadas de MERIDIANOS e PARALELOS. 19 A Terra na Cartografia Capítulo 1 Os MERIDIANOS são as linhas imaginárias que circundam a Terra, dividindo-a em semicírculos máximos de polo a polo e tendo um meridiano como marco inicial: o meridiano de GREENWICH = 00. Figura 10 – Meridianos de referências Fonte: Disponível em: <http://www.k12science.org/ciberaprendiz/ latylong/merypar.htm#>. Acesso em: 12 ago. 2009. Os PARALELOS são linhas imaginárias que circundam a Terra, perpendiculares aos meridianos, tendo como marco inicial o EQUADOR = 00, que divide a Terra em dois hemisférios: SUL e NORTE. Em ambos os hemisférios os círculos dos paralelos vão diminuindo em direção aos polos. Figura 11 – Paralelos de referência Fonte: Disponível em: <http://www.k12science.org/ciberaprendiz/ latylong/merypar.htm#>. Acesso em: 12 ago. 2009. E em determinados pontos da Terra, outros círculos também foram nomeados, como o TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO e CIRCULO POLAR ANTÂRTICO, no hemisfério sul, e TRÓPICO DE CANCER e CIRCULO POLAR ARTICO, no hemisfério norte. Observe a figura a seguir: 20 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 12 – Desenho esquemático de algumas linhas imaginárias nominadas da rede de coordenadas Fonte: Disponível em: <http://www.sofi.com.br/node/369>. Acesso em: 12 ago. 2009. Observando o desenho a seguir, podemos concluir que os meridianos e os paralelos formam uma rede que cobre a Terra, permitindo confeccionar mapas e localizar lugares. Figura 13 – Meridianos e Paralelos Fonte: Disponível em: <http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/magn/ images/imagem61.jpg>. Acesso em: 12 ago. 2009. Coordenadas Geográficas As Coordenadas Geográficas de um lugar qualquer, na superfície terrestre, derivam da rede geográfica formada pelas linhas imaginárias, que são os PARALELOS E MERIDIANOS. Neste sistema, os paralelos são as LATITUDES e os meridianos são as LONGITUDES. A LATITUDE é a distância linear, medida em graus, minutos e segundos, numa esfera ou elipsoide, ao norte ou sul do Equador. A latitude varia de 0º (zero Os meridianos e os paralelos formam uma rede que cobre a Terra, permitindo confeccionar mapas e localizar lugares. 21 A Terra na Cartografia Capítulo 1 graus) a 90º (noventa graus), para o norte ou para o sul, a partir do Equador, que tem, convencionalmente, latitude 0º (zero graus). Figura 14 – Latitudes e seus ângulos de referência Fonte: Disponível em: <http://portalgeo.rio.rj.gov.br/ armazenzinho/web/>. Acesso em: 12 ago. 2009. A LONGITUDE é a distância linear medida em graus, minutos e segundos numa esfera ou elipsóide, a leste ou a oeste do meridiano de referência, denominado de Greenwich. A longitude varia de 0º a 180º graus. Figura 15 – Longitudes e seus ângulos de referência Fonte: Disponível em: <http://portalgeo.rio.rj.gov.br/ armazenzinho/web/>. Acesso em: 12 ago. 2009. Figura 16 – Coordenadas Geográficas Fonte: Disponível em: <http://www.k12science.org/ciberaprendiz/ latylong/latylong.htm#>. Acesso em: 12 ago. 2009. 22 Cartografia e Novas Tecnologias Além deste Sistema de Coordenadas Geográficas, que são medidas em graus, minutos e segundos, há um Sistema UTM – Projeção Universal Transversal de Mercator, que permite localizá-las em metros. Sobre este assunto você poderá obter mais informações no site: http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/coordenadas_utm.htm Fusos Horários O planeta Terra, por se assemelhar a uma forma esférica e realizar o movimento de rotação (movimento que a Terra realiza em torno de seu próprio eixo), uma parte fica iluminada, que é o dia, enquanto a outra fica escura, que é a noite. À medida em que o movimento se realiza, áreas que estavam iluminadas vão gradativamente perdendo luminosidade, ou seja, onde é manhã, logo passa a ser tarde, e assim por diante. Nesta sensação de claro e escuro, nossas vidas se organizam, nos dando uma noção de tempo. De acordo com o pensamento de Appelt (2002), “antes do século 19, cada localidade dispunha da sua hora local, pois existia um relógio central que marcava a hora oficial. Esta era acertada para o meio-dia, assim que o Sol atingia o zênite (ponto mais alto)”. Em vista disto, os antigos viajantes tinham que acertar o relógio toda vez que chegavam a uma cidade nova. Com o passar do tempo, muitos países sentiram necessidade de criar a sua hora local, como aconteceu na Inglaterra, Escócia e País de Gales. Em 1878, o Canadá sugeriu um sistema internacional de fusos horários e, em 1883, os norte-americanos aceitaram esta proposta, quando então, as linhas de trem passaram a utilizar os fusos. Mas, somente em 1894, foi realizada a Conferência Internacional do Primeiro Meridiano, em Washington, nos Estados Unidos, para padronizar a utilização mundial da hora legal. Definiram, então, que a longitude 0° passaria pelo Observatório Real de Greenwich e os outros fusos seriam contados positivamente para leste, e negativamente para oeste, até ao Meridiano de 180º - o Antimeridiano, situado no Oceano Pacífico - onde seria a Linha Internacional de Data. Seguindo o pensamento do Canadá, os fusos horários obedecem ao movimento de rotação, que é responsável pelo surgimento dos dias e das A longitude 0° passaria pelo Observatório Real de Greenwich e os outros fusos seriam contados positivamente para leste, e negativamente para oeste, até ao Meridiano de 180º. 23 A Terra na Cartografia Capítulo 1 noites. O Planeta Terra, numa volta completa, possui 360° e o dia é composto por 24 horas. Então, dividindo 360° por 24, totalizamos 15° para cada hora, correspondendo a um fuso horário que originou o sistema de fusos horários. E cada fuso horário mostra a hora, que não é a mesma em todos os lugares do mundo. Os FUSOS HORÁRIOS estão relacionados com a rede geográfica e compreende 24 fusos. Cada um deles corresponde a uma faixa imaginária, traçada de um polo ao outro. Em direção a leste, as horas são positivas e, a oeste, são negativas, em relação ao meridiano central de Greenwich = 0 hora, conforme pode ser observado na figura que segue. E toda porção terrestre que se estabelece nessa faixa possui o mesmo horário. Figura 17 – Fusos Horários no Mundo Fonte: Disponível em: <http://www.santiagosiqueira.pro.br/brasil/ fuso_horario/fuso_horario.htm>. Acesso em: 12 ago. 2009. Em países com extensões territoriais, como Canadá, Estados Unidos e Brasil, ocorre a existência de vários fusos, o que dificulta as relações humanas em diversos setores, principalmente de comunicação. No Brasil, por exemplo, havia quatro fusos horários, mas, em 2008, passaram para três, conforme a reportagema seguir, de abril de 2008. EXTRA, EXTRA, EXTRA... Lula aprova redução de fusos horários em três Estados O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem (24), sem vetos, a lei que reduz de quatro para três o número de fusos horários usados no Brasil. A mudança, que tem prazo de 60 dias para entrar em vigor, atingirá municípios nos Estados do Acre, Amazonas e Pará e será publicada no “Diário Oficial” da União de hoje. Dentro 24 Cartografia e Novas Tecnologias desse prazo, os 22 municípios do Acre ficarão com diferença de uma hora em relação a Brasília --hoje são duas horas a menos. Municípios da parte oeste do Amazonas, na divisa com o Acre, sofrerão a mesma mudança, o que igualará o fuso dos Estados do Acre e do Amazonas. A mudança na lei também fará com que o Pará, que atualmente tem dois fusos horários, passe a ter apenas um. Os relógios da parte oeste do Estado serão adiantados em mais uma hora, fazendo com que todo o Pará fique com o mesmo horário de Brasília. O projeto, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), foi aprovado no Senado em 2007. Ao tramitar na Câmara, foi alvo de pressão de emissoras de televisão. O lobby foi por conta da entrada em vigor de portaria do Ministério da Justiça que determinou a exibição do horário de programas obedecendo à classificação indicativa. Parlamentares da região Norte ainda pressionam o governo em virtude das regras da classificação indicativa. Ela determina que certos programas não indicados para menores de 14 anos, por exemplo, não possam ser exibidos em todo o território nacional no mesmo horário, já que existem diferenças de fuso. Fonte: FOLHA DE S. PAULO (Ed.). Lula aprova redução de fusos horários em três Estados. Folha de S. Paulo, Brasília, 25 abr. 2008. Disponível em: <http://www1. folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u395534.shtml>. Acesso em: 5 ago. 2009. A seguir a nova conformação dos fusos horários no Brasil. Figura 18 – Fusos Horários do Brasil Fonte: Disponível em: <http://profgustavoborges.blogspot.com/2008/04/ brasil-tera-apenas-tres-fusos-horarios.html>. Acesso em: 5 set. 2009. A 30º de Greenwich, o Brasil tem as regiões das Ilhas Oceânicas atrasadas 25 A Terra na Cartografia Capítulo 1 duas horas. A 45º de Greenwich, o Brasil tem os estados entre as linhas verdes, atrasados três horas. A 60º de Greenwich, os demais estados ficam atrasados quatro horas, sendo eles os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Roraima e Acre. O horário oficial utilizado como base para todo o território brasileiro é o de Brasília, que se mantém atrasado três horas em relação ao meridiano de Greenwich. É bom lembrar que durante o horário de verão, é acrescida uma hora neste atraso, a fim de diminuir o consumo de energia elétrica da região. Projeções Cartográficas e suas Características Como vimos anteriormente, a Terra, como um esferóide, tem o globo como a figura que mais se aproxima da sua forma. Porém, ao se projetar ou desenhar as imagens desse globo para um plano, temos algumas dificuldades de manter as formas, áreas, entre outros aspectos, que poderão se deformar. Pensando no contexto de projeção, significa lançar-se. E, no sentido cartográfico, significa representar matematicamente a esfericidade com informações topográficas num plano. Nesse momento surgem diversas formas de projetar a superfície terrestre no plano, que o produto gerado será o mapa. Figura 19 - Esferoide e um plano Fonte: Disponível em: <http://www.esteio.com.br/newsletters/ paginas/006/o-propr.htm>. Acesso em: 5 set. 2009. Os cartógrafos ou qualquer profissional habilitado, ao projetar um mapa, devem assegurar a relação entre as posições na superfície da Terra É bom lembrar que durante o horário de verão, é acrescida uma hora neste atraso, a fim de diminuir o consumo de energia elétrica da região. 26 Cartografia e Novas Tecnologias e os pontos correspondentes no mapa. Esta correlação se dá pela escolha de qual Projeção Cartográfica será mais adequada, pois transformar matematicamente partes da Terra esférica num plano, mantendo as relações espaciais, requer algumas escolhas que são classificadas quanto ao tipo de MÉTODO, de SUPERFÍCIE DE PROJEÇÃO e das PROPRIEDADES de cada projeção. a) Método Quanto ao Método, podem ser: Geométricas - que utilizam princípios geométricos projetivos; e Analíticas - que usam as formulações matemáticas. b) Superfície de Desenvolvimento A maioria das projeções é derivada de fórmulas matemáticas, mas algumas são mais fáceis de visualizar quando projetadas em uma superfície de desenvolvimento, que possui propriedades geométricas diferentes, como, por exemplo, o Cilindro, o Cone e o Plano (Azimutal ou zenital), conforme a figura a seguir. Figura 20 – Superfícies de desenvolvimento Fonte: Disponível em: <http://www.esteio.com.br>. Acesso em: 12 ago. 2009. Essas superfícies são chamadas de desenvolvimento, pois o prefixo des, significa ausência. Ou seja, imaginemos uma superfície cilíndrica envolvendo a Terra, na qual são desenhados os mares e cada continente, para depois desenvolvê-la, ou seja, sem envolver, apenas abri-la num plano. O mesmo acontece com as outras superfícies. c) Propriedades No processo de transformação de uma superfície esférica para uma plana, 27 A Terra na Cartografia Capítulo 1 haverá sempre alguma distorção nas relações geométricas. Ou seja, não é possível manter todas as distâncias e ângulos, corretamente, em um mapa, pois, sempre que houver a feitura de qualquer mapa, a escolha da projeção deverá priorizar a minimização de uma distorção em alguma propriedade, ao invés de maximizar a deformação em outras. E as projeções mais utilizadas são as que preservam a área, a escala, a forma, a direção e a distância. • Área – Preservam as áreas, mas distorcem a escala, os ângulos e a forma. • Escala – Mantém-se a escala em qualquer ponto e direção. Meridianos e paralelos interceptam-se em ângulos retos. A forma é preservada localmente, apesar de nenhuma projeção mostrar corretamente a escala em todo o mapa, e embora para várias projeções existam uma ou mais linhas, no mapa, no qual a escala poderá estar correta. • Formas - Algumas projeções de mapa são conformes, o que significa que os ângulos locais são preservados. Portanto, pequenas formas são corretamente representadas, embora em todas as projeções as grandes formas sejam distorcidas. • Direção – A direção de um ponto a outro do mapa é preservada, normalmente relativa ao centro do mapa. • Distância - Uma projeção é dita equidistante quando representa distâncias em escala do centro da projeção para qualquer outro lugar no mapa. O mais importante, para entendermos o que caracteriza as projeções cartográficas dos mapas, é considerar as propriedades geométricas em suas relações entre a esfera terrestre e um plano. d) Propriedades Geométricas As propriedades geométricas são classificadas em: • Equivalente – São projeções que não deformam as áreas, mas alteram a forma. • Equidistante – Os comprimentos são representados em escala uniforme; isto é, não apresentam deformações lineares. 28 Cartografia e Novas Tecnologias • Conforme – Esta projeção não deforma os ângulos, e, em decorrência desta propriedade, não deforma pequenas áreas. A escala mantém-se a mesma em qualquer ponto. • Afiláticas – Conhecida como arbitrária, por não possuir nenhuma das propriedades anteriores. Nessa projeção, as áreas, os ângulos e os comprimentos não são conservados. Esta projeção se destina à confecção de mapas específicos, como para fins náuticos e aeronáuticos. Algumas Projeções e Aplicações Lembre-se de que a proposta da projeção cartográfica num processo matemático, tem sua funcionalidade na manutenção das propriedades geométricas. Este processo permite a criação de inúmeros tipos de projeções para representar alguns aspectos geográficosdo globo terrestre. A seguir, veremos alguns mapas construídos com base em diversas projeções e algumas aplicações. a) Projeções Cilíndricas As Projeções Cilíndricas utilizam um cilindro que pode ser colocado em diversas posições, sendo equatorial (eixo do cilindro é paralelo ao eixo da Terra), transversal (eixo do cilindro é perpendicular ao eixo da Terra) e oblíqua ou horizontal (eixo do cilindro é inclinado ao eixo da Terra). Figura 21 – Tipo de Projeção Cilíndrica Equatorial Fonte: Disponível em: <www.geomundo.com.br/ geografia-30156.htm>. Acesso em: 12 ago. 2009. Observe a figura anterior e veja que os Meridianos de longitude são linhas retas, igualmente espaçadas, e perpendiculares ao Equador. E os Paralelos de latitude são representados como linhas retas paralelas ao Equador e tendo Projeção cartográfica num processo matemático, tem sua funcionalidade na manutenção das propriedades geométricas. 29 A Terra na Cartografia Capítulo 1 o mesmo comprimento do Equador. Este tipo de representação apresenta uma distorção. b) Projeção de Mercator Cita a história que Gerardus Mercator Rupelmundanus foi um cartógrafo belga que, em 1569, revolucionou a cartografia ao conseguir a façanha de representar o globo terrestre em um retângulo plano, a “Projeção de Mercator”, na época, chamado por ele de “Nova et aucta orbis terrae descriptio ad usum navigantium emendate accommodata”. (REINHARTZ; SAXON, 1998, p. 21). Sua projeção foi, por séculos, utilizada na navegação (como o nome original sugeria), fazendo com que todas as cartas náuticas usadas até então se tornassem obsoletas, e até hoje continua sendo usada em muitos atlas e, praticamente, em todos os mapas de fusos horários. Mas, como toda projeção cartográfica, a de Mercator possui uma distorção, só que nos polos. Devido à forma como são representados, os continentes afastados da linha do Equador (Europa, Groenlândia, etc.) ficam maiores do que realmente apresentam. Um exemplo clássico é a Groenlândia que, na Projeção de Mercator sugere ser maior que a América do Sul, quando, na verdade, é o inverso. O efeito dessa projeção é a distorção na medição das distâncias, que se torna mais intensa quanto maior for a latitude do trajeto medido. Figura 22 – Projeções de Mercator ou Cilíndrica Equatorial Fonte: IBGE (2007). c) Projeção de Peters 30 Cartografia e Novas Tecnologias A partir da projeção de Mercator foram geradas milhares de projeções, porém, a mais polêmica é a projeção de Peters. A projeção de Peters foi criada por Arno Peters, em 1973. Figura 23 – Projeção Cilíndrica Equivalente de Peters Fonte: IBGE (2007). É uma projeção cilíndrica tangente aos polos, parecida com a de Mercator, mas é diferente na representação de tamanho entre os continentes, sem se preocupar com a equivalência das distâncias. Devido a estas mudanças nas posições dos meridianos e paralelos, a Europa e a União Soviética apresentam- se menores e a África ocupa o centro da projeção. Esta projeção é muito usada em questões geopolíticas, pois é tida como uma projeção “terceiro-mundista”. Ela apresenta uma proporção real entre os continentes, onde os países de primeiro mundo não são maiores que os países do terceiro-mundo. A título de curiosidade, a Projeção de Peters foi utilizada politicamente pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), como uma tentativa de sensibilizar os países do primeiro mundo acerca da pobreza dos outros países. d) Projeções Cônicas Para as Projeções Cônicas utiliza-se um cone como superfície de projeção e pode ser colocado em diversas posições em relação à esfera terrestre, sendo normal (eixo do cone paralelo ao eixo da Terra); transversal (eixo do cilindro é perpendicular ao eixo da Terra); e oblíqua (eixo do cone é inclinado ao eixo da Terra). Ela apresenta uma proporção real entre os continentes, onde os países de primeiro mundo não são maiores que os países do terceiro-mundo. 31 A Terra na Cartografia Capítulo 1 Figura 24 - Tipo de Projeção Cônica Fonte: Disponível em: <www.geomundo.com.br/ geografia-30156.htm>. Acesso em: 12 ago. 2009. Os paralelos (linhas de latitude) são representados por arcos circulares concêntricos e os meridianos (linhas de longitude) por retas radiais igualmente espaçadas. Conforme a figura anterior, um mapa com este tipo de projeção apresenta uma distorção menor, numa faixa estreita ao longo do paralelo, aumentando ao se distanciar do mesmo. Como exemplo, temos a projeção cônica equivalente de Alber. Figura 25 – Projeção Cônica de Alber Fonte: Disponível em: <http://www.esteio.com.br>. Acesso em: 12 ago. 2009. e) Projeções Planas ou Azimutais As Projeções Planas ou Azimutais utilizam um plano de referência, podendo usar três posições que podem ser: polar (superfície plana tangente ao pólo); equatorial (superfície plana tangente ao equador); e oblíqua (superfície plana tangente a qualquer ponto da Terra). 32 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 26 – Tipo de Projeção Plana Polar Fonte: Disponível em: <www.geomundo.com.br/ geografia-30156.htm>. Acesso em: 12 ago. 2009. Projeções Azimutais são projeções sobre um plano tangente ao esferoide em um ponto. No tipo normal (ou polar), o ponto de tangência representa o polo norte ou sul e os meridianos de longitude são linhas retas radiais que partem deste ponto, enquanto paralelos de latitude aparecem como círculos concêntricos. A distorção no mapa aumenta, conforme se distancia do ponto de tangência. Considerando que a distorção é mínima perto do ponto de tangência, as projeções azimutais são apropriadas para representar áreas que têm extensões aproximadamente iguais nas direções norte-sul ou leste-oeste. f) Projeção Azimutal Equidistante Polar A Terra, nesta projeção, é representada sobre um círculo plano e são mais adequadas para polos, hemisférios ou continentes. E há distorções nas bordas. Figura 27 – Projeção Azimutal Equidistante Polar Fonte: IBGE (2007). Há outras projeções como a de Moolweide, Goode, Holzel, como pode ser visto a seguir. E também existem as projeções que 33 A Terra na Cartografia Capítulo 1 usam superfícies poli-superficiais, Aplicam-se várias superfícies, como: cone-policônica; cilindro-policilíndrica, etc. Enfim, na literatura cartográfica já foram catalogadas mais de 300 tipos de projeções, mas poucas são realmente utilizadas. Figura 28 – Projeção de Moolweide, Goode, modificada de Moolweide e Holzel Fonte: Ferreira (2003). Escala e suas Aplicações Antes de entrarmos no conceito clássico para falar sobre escala em Cartografia, é interessante fazermos uma comparação com algumas coisas que estão bem próximas, como nossas mãos. Se eu pedir que façam um desenho da mão, muitos irão contorná-la, outros a farão em tamanho menor, ou até mesmo do tamanho de uma folha A4. Observe as imagens que seguem, e compare-as. O que tem de diferente da menor mão para a maior? Figura 29 – Mãos Fonte: Disponível em: <www.meionorte.com>. Acesso em: 13 ago. 2009. Podemos fazer várias observações, mas uma delas é que os detalhes do desenho vão se perdendo ao longo da diminuição da representação; em compensação, conseguimos olhar todo o desenho mais rapidamente. Já, na imagem próxima ao tamanho natural, temos mais informações visuais, como traços, forma, cores, tonalidades, etc. Então, podemos concluir que a escala está diretamente ligada à proporção de tamanho de qualquer coisa. Ou seja, a escala é um método de ordenação de grandezas, que podem ser utilizadas em vários 34 Cartografia e Novas Tecnologias processos, como nos desenhos, ou em outros que permitem comparação. E na Cartografia? Como podemos descrever a escala? Mapas ou globos, que são produtos da Cartografia, trazem em tamanho reduzido a representação da superfícieou parte da Terra. Nessa redução se mantém a proporção do espaço representado. E para isto utiliza-se a escala. Figura 30 – Parte de um mapa em escala diferente Fonte: Disponível em: <www.uff.br/geoden>. Acesso em: 13 ago. 2009. Tipos de Escala As escalas podem se apresentadas de duas formas: escala numérica ou escala gráfica. Geralmente a escala localiza-se na parte inferior do mapa, das plantas, etc. a) Escala Numérica A escala numérica ou fracionária é representada através de fração, onde 35 A Terra na Cartografia Capítulo 1 os numeradores são os valores medidos no mapa, e os denominadores, no terreno. A escrita se faz da seguinte forma: Numérica = 1:50.000 ou Fracionária = 1/50.000. Por exemplo, na escala, 1:50.000 significa que uma medida no mapa, equivale a 50.000 unidades da mesma medida sobre o terreno. 1cm no mapa corresponde a 50.000 cm no terreno, ou seja, transformando cm em metros, significa que 1 cm no mapa corresponde a 500 m no terreno. Geralmente, as unidades do numerador são expressas em milímetros ou centímetros. E, no denominador, em metros ou quilômetros. A aplicação delas geralmente se dá em mapas de escala grande. b) Escala Gráfica A escala gráfica é um segmento de reta graduado com a referência métrica para as medidas gráficas (do mapa), onde se representam as medidas do objeto real. O uso desta escala permite ao usuário identificar diretamente a medida real. Observe o desenho da régua gráfica e verifique que cada pedacinho desta régua mede 1 cm (dependendo da alteração do tamanho deste desenho, essa medida mudará). Num mapa com esta escala gráfica, 1 centímetro no papel corresponde a 20 quilômetros no terreno. No desenho a seguir observe um mapa onde a distância real do ponto “A” ao “B” não seja conhecida. Com o auxílio de uma fita de papel calculou-se 4,7 cm de distância entre os pontos. Correlacionando a fita com a escala gráfica, pode-se observar que cada fração ou pedacinho da escala gráfica mede 10m, totalizando 94m, no terreno. 36 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 31- Cálculo da escala Fonte: Disponível em: <www.geociencia.xpg.com. br>. Acesso em: Acesso em: 13 ago. 2009. No caso de um rio, que é curvo, utiliza-se um barbante. Depois coloca-se na régua ou escala gráfica para mensurar. Existem equipamentos que auxiliam a medir as curvas diretamente, como os curvímetros. É interessante lembrar que, na confecção de um mapa, reduzimos para representar os fenômenos geográficos; logo, precisão não há, o que se tolera é o mínimo de erro. Ou seja, as medidas se aproximam do real. Figura 32 – Curvímetro Fonte: Disponível em: <www.gamesandfun.pt>. Acesso em: Acesso em: 13 ago. 2009. Então, lembre-se, em ambos os métodos mecânicos as distâncias são aproximadas, e não verdadeiras. 37 A Terra na Cartografia Capítulo 1 Variação de Escalas Os produtos cartográficos apresentam diversas escalas, que podemos classificar em: pequenas, médias e grandes escalas. Dependerá do objetivo do produto. Não há uma classificação convencionada sobre a variação das escalas; o que há é uma comparação do quanto algo foi pouco ou muito reduzido. Por exemplo, as escalas acima de 1:250.000 são consideradas pequenas por permitirem pouco detalhe e os objetos ficarem muito pequenos, porém, elas permitem uma visão geral de um grande espaço, como se pode verificar nos globos e Atlas. As médias, que estão entre 1:250.000 até 1:25.000, são muito usadas para os mapas topográficos e temáticos. E as escalas grandes, que apresentam detalhes e pouca redução, usadas para representar plantas urbanas, arquitetônicas e de equipamentos e objetos, encontram-se entre as de 1:20.000, 1:5.000, 1:500... até a menor. O quadro a seguir resume esta observação e sintetiza que com denominador maior a escala é considerada pequena. Por exemplo, a escala 1:25.000 é maior que a 1:1.000.000. CATEGORIA GRANDE = É uma escala maior com pouca redução. MÉDIA = intermediária. PEQUENA = É uma escala menor com muita redução. ESCALA 1:2 até 1:20.000 Maiores de 1:20.000 até 1:250.000 Acima de 1:250.000 PRODUTOS Plantas de cidade, arquitetônica e de objetos. Mapas Topográficos e Temáticos Globos, Atlas e Maquetes Geográficas, etc. VARIAÇÃO DE ESCALA Observe os mapas do município de Cornélio Procópio-PR e veja que cada mapa tem um propósito, seja para mostrar os detalhes do centro de Cornélio Procópio, como na escala 1:50.000, ou quando mostra os municípios vizinhos, como na escala 1:1.000.000. Figura 33 - Parte de mapas com várias escalas Fonte: Disponível em: <www.prof2000.pt/users/elisabethm/geo7/ escalas.htm>. Acesso em: Acesso em: 28 set. 2009. 38 Cartografia e Novas Tecnologias Cálculo da Escala Matematicamente, podemos definir o quanto as medidas foram reduzidas através do cálculo da escala, usando a seguinte fórmula: Substituindo “N” na fórmula, temos: Onde: E = Escala N = denominador da escala D = Mesma distância real no terreno d = Mesma distância gráfica no desenho Num mapa, com escala 1:50.000, como saberemos calcular a distância real que foi reduzida cinquenta mil vezes? Por exemplo, uma distância gráfica neste mapa mede 2cm, então, quanto será no terreno? Lembre-se da fórmula: Então: E= 1:50.000 d = 2 cm D = não sei! Logo: D = 50.000 X 2 cm D = 100.000 cm ou 1.000 m ou 1 km Resposta: A distância real será de 1 km, quando no mapa 1:50.000 mede 2 cm. Onde:E = E = 1 D D d d E =E = N E 1 E 50.000 1 D D d E = = d = 2 cm 39 A Terra na Cartografia Capítulo 1 E quando não sei a escala, mas tenho a distância gráfica de 5 cm e a distância real de 2,5 km? É muito simples, vamos usar a fórmula: E = d D E = d (5 cm) / D (2,5 km - passo tudo para cm, ficando 250.000 ) Então tenho: E = 5 cm/250.000cm E = Como a escala é uma proporção, o numerador sempre deverá ser = 1. Então dividiremos 5 por ele mesmo, ou seja 5cm/5 = 1cm. E o denominador 250.000 cm também será dividido pelo mesmo 5, que será = 50.000 cm. Na fração os cm se cortam, por estarmos dividindo. Então a escala será: E = 1/50.000 Atividade de Estudos: 1) Calcule um percurso terrestre que, no mapa, mede 2,3 cm e, na escala, 1:100.000. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Qual é a escala de um mapa se a referência for da régua abaixo? 0 500 1.000 m 1 cm = 500 metros ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 40 Cartografia e Novas Tecnologias ______________________________________________________ ______________________________________________________ Alguns Produtos da Cartografia Como vimos anteriormente, a Cartografia tem uma relação muito próxima com a nossa, através dos registros gráficos deixados em diversos locais e materiais. Com o passar do tempo foram aumentando as necessidades humanas e com elas os seus registros cartográficos, que, diante disto, precisaram de maior rigor científico. Muitos estudos, experiências e formas de representar a Terra foram surgindo, tanto que, atualmente, temos diversos produtos cartográficos nos auxiliando cotidianamente. Pode-se dizer que, entre as várias formas de representar o espaço geográfico, temos, além dos mapas, plantas, croquis, globos, perfis topográficos, maquetes e outros meios que utilizam a linguagem cartográfica. A função dessa linguagem é a comunicação de informações sobre o que existe nasuperfície da Terra, para que mais pessoas tenham acesso ao conhecimento. A seguir, mostraremos alguns produtos que irão nos ajudar no decorrer da disciplina. a) Mapa São representações em papel ou em meio digital que possuem uma projeção, redução (escala) e um sistema de signos. Os mapas podem apresentar informações topográficas e temáticas. O mapa topográfico traz informação a cerca do tipo de relevo através das curvas de nível, avaliação de direções e distâncias (planialtimétricas). Também trazem alguns limites políticos, localidades, rede viária e de drenagem. O mapa temático utiliza uma base cartográfica com informações do mapa topográfico e acrescenta outro tema geográfico, como: cobertura vegetal (mapa a seguir), geologia, hidrografia, população, economia, Experiências e formas de representar a Terra foram surgindo, tanto que, atualmente, temos diversos produtos cartográficos nos auxiliando cotidianamente. 41 A Terra na Cartografia Capítulo 1 uso do solo, etc. Figura 34 – Mapa Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro Fonte: Disponível em: <www.mapas-rio.com/mapa- rodoviario.htm>. Acesso em: 28 set. 2009. b) Planta É uma representação em papel ou em meio digital, utilizado quando se necessita detalhamento do terreno e, geralmente, são maiores que 1:10.000. Pode-se observar informações de quadra, lote e até edificações. Figura 35 – Planta cartográfica de uma área do bairro de Madureira, no Rio de Janeiro-RJ Fonte: Disponível em: <http://portalgeo.rio.rj.gov.br/ armazenzinho/web/>. Acesso em: 16 jul. 2009. c) Croqui São desenhos preliminares, sem nenhum ou pouco comprometimento de precisão. 42 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 36 – Croqui da corrida do Dia Olímpico elaborado pela Associação Distrital de Atletismo de Leiria – Portugal Fonte: Disponível em: <http://www.adal.pt/cdo2006_ percurso.htm>. Acesso em: 16 jul. 2009. d) Perfil Topográfico É a representação gráfica de um corte vertical do terreno, numa direção determinada por uma linha que tem um início “A” e um fim “B”. Geralmente o corte é perpendicular às curvas de nível. As curvas de nível são linhas imaginárias do terreno, e todos os pontos da linha têm a mesma altitude, acima ou abaixo do nível médio do mar. As curvas de nível desenhadas no mapa de forma bidimensional, permitem a confecção dos mapas topográficos, facilitando uma leitura tridimensional do relevo. Figura 37 – Desenho esquemático de dois perfis topográficos Fonte: Disponível em: <geographicae.wordpress.com>. Acesso em: 16 jul. 2009. e) Maquete Geográfica Maquete Geográfica ou Modelo Topográfico Reduzido é uma miniatura de qualquer parte da superfície terrestre, vista em três dimensões-3D, construída conforme os preceitos cartográficos e que apresenta algum aspecto geográfico 43 A Terra na Cartografia Capítulo 1 (NASCIMENTO, 2003). Figura 38 – Foto da Maquete Geográfica do Município de Florianópolis-SC Fonte: produzida pela Professora Dra. Rosemy Nascimento e equipe Nascimento (2003). f) Globo Terrestre É uma esfera com vários símbolos e cores, que representa a Terra em miniatura, seus continentes, mares, coordenadas geográficas, além de permitir o estudo dos fusos horários, movimentos terrestres, como rotação e translação, e suas consequências, etc. O uso do globo tem que estar de acordo com o que ele transmite, pois perde-se muitas informações com a redução dos elementos representados. Figura 39 – Globo terrestre Fonte: Disponível em: <http://www.ruadireita.com/images/ product/479/218f0656d798cc6e2bd3ec2b6481a0cf.jpg>. Acesso em: 16 jul. 2009. 44 Cartografia e Novas Tecnologias Atividade de Estudos: 1) Descreva o que você entendeu por Cartografia? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Qual a diferença entre carta, mapa e planta? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Algumas Considerações Como podemos verificar, as representações cartográficas materializadas nos produtos da Cartografia podem e devem ser usados para diversos fins; porém, há a necessidade de sabermos o que usar, para que usar e como usar. Principalmente no ensino de Geografia, cuja perspectiva de análise do espaço está também sob a ótica temporal, o uso da cartografia pode contemplar essas duas dimensões. É importante ressaltar que, para os professores desenvolverem atividades didáticas específicas com o uso de qualquer material cartográfico, eles devem dominar os conceitos básicos de Cartografia necessários para a leitura e elaboração de mapas, ter noção de escala, legenda, orientação, plano de visão, representação gráfica dos fenômenos geográficos, entre outros. É importante lembrar também que a Cartografia tem como base a organização, a apresentação, a comunicação e a utilização da geoinformação. Hoje temos uma gama de produtos que usamos para representar a Terra em miniatura, seja no plano bidimensional ou em 3D (tridimensional). Mas para entender o que cada um mostra, temos que saber o que significam os números, as cores, os símbolos que fazem parte da linguagem cartográfica. O capítulo seguinte trará um pouco mais da Cartografia, já no aspecto de comunicação da informação visual geográfica. 45 A Terra na Cartografia Capítulo 1 Referências APPELT, Rudolf. História com Ciência: Afinal foram apenas 79 dias!. Ciênciaj, n. 27, online, jun. 2002. Bimestral. Disponível em: <http://www.ajc.pt/cienciaj/n27/ hciencia.php>. Acesso em: 19 out. 2009. BAKKER, Múcio P. R. de. Cartografia: noções básicas. DHN - Diretoria de Hidrografia e Navegação. Rio e Janeiro, 1965. DUARTE, Paulo A. Fundamentos de cartografia. Florianópolis, Ed. da UFSC, 2006. FERREIRA, Graça M.L. Atlas Geográfico. Comunicação cartográfica: Marcelo Martinelli. Espaço Mundial. Editora Moderna. São Paulo, 2003. FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. Representações Cartográficas e o Ensino de Geografia. Boletim de Resumos da II Jornada Científica de Geografia - VII Semana de Geografia da UEPG. Ponta Grossa, 2000, p. 89-90. GEORAMA. História da Cartografia. Rio de Janeiro: CODEX S. A., 1967. IBGE. Atlas Geográfico Escolar. 4 ed. Rio de Janeiro, 2007. ICA. International Cartographic Association. Hungria: Budapeste, 1989. Disponível em: <http://cartography.tuwien.ac.at/cartoheritage/> Acesso em: 20 set. 2009. NASCIMENTO, Rosemy da Silva. Instrumentos para prática de educação ambiental formal com foco nos recursos hídricos. Florianópolis, 2003. 239 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. OLIVEIRA, Cêurio. Curso de Cartografia Moderna. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1993. RAISZ, Erwin J. Cartografia geral. Rio de Janeiro: Científica, 1969. REINHARTZ, Dennis; SAXON, Geraldo D. The Mapping of the Entradas into the Greater Southwest. Okla: University of Oklahoma Press, 1998. 46 Cartografia e Novas Tecnologias CAPÍTULO 2 A Cartografia dos Temas Geográficos A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Entender que há um processo de alfabetização cartográfica para uma efetiva comunicação cartográfica. 3 Fazer análises e distinções dos produtos cartográficos como recursos didáticos aplicados ao ensino de Geografia. 48 Cartografia e Novas Tecnologias 49 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 ContextualizaçãoA partir de agora trataremos de entender a comunicação cartográfica presente nos produtos cartográficos, que nos auxiliam, e muito, no ensino de Geografia. Este capítulo traz a Cartografia dos temas geográficos, que nos possibilitam ir além “do ver”, para o “conhecer”, através do alfabeto cartográfico. O uso e o entendimento da linguagem cartográfica e a proposta da representação dos fenômenos geográficos, contidos nos mapas e nos outros produtos, são resultado de um envolvimento dos professores, como promotores deste conhecimento para os alunos, que deverão estar aptos a reconhecer, interpretar, problematizar, fazer análises críticas de vários fenômenos geográficos dos diversos produtos cartográficos e até levantar hipóteses sobre a origem de uma determinada paisagem. Mas todo esse processo dependerá de um professor preparado, atuante, criativo e atualizado em seus conhecimentos cartográficos e geográficos. Então, vamos em frente, pois para um bom entendimento da cartografia, há a necessidade de um bom preparo na comunicação cartográfica. Comunicação Cartográfica Toda comunicação envolvida nas relações humanas tem, como princípio, compreender, interpretar, elaborar e modificar informações. Um processo de comunicação ocorre da seguinte forma: Há alguém que envia uma mensagem e outro recebe. O EMISSOR = Elabora e põe em circulação a mensagem. A MENSAGEM = É a informação que o material pretende comunicar através de um signo ou mais. Podemos dizer que a ação do signo é estar no lugar de algo que seja capaz de interpretar essa relação. O RECEPTOR = Assimila e interpreta a mensagem. 3 Por exemplo: A palavra ideia pode estar representada por uma lâmpada em cima da cabeça do nosso mascote, o que pode significar a descoberta de EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR 50 Cartografia e Novas Tecnologias algo. A lâmpada, neste caso, está simbolicamente no lugar da ideia; portanto, não significa que ele precise de uma lâmpada. Mas, é preciso que exista uma convenção desta informação para que a mensagem seja recebida com sucesso. Comunicar é a ação de fazer circular uma informação, em forma de mensagem, que permite compartilhar com outros indivíduos uma determinada realidade representada na mensagem. Na Cartografia também há uma linguagem específica. Uma mensagem cheia de signos, criada e recebida, que denominamos de comunicação cartográfica. Ela também acontece sinteticamente em três etapas. Na primeira, entra a pessoa que faz o produto cartográfico, que geralmente é o cartógrafo ou alguém que tem conhecimento da linguagem cartográfica para confeccionar o produto. Em seguida, o produto em si, que podem ser mapas, maquetes geográficas, globos, etc. E o usuário, que deve entender para que serve o produto assim como os significados dos diversos signos cartográficos contidos nele. Muito estudiosos, como Jaques Bertin (1966), Kolacny (1977), Salichtchev (1978), Robinson (1995), e os brasileiros: Profa. Dra. Livia de Oliveira (1978), Prof. Dr. Marcelo Martinelli (1985), Profa. Dra. Maria Elena Simielli (1986), já se preocupavam com o processo de comunicação cartográfica e a aplicação no âmbito escolar, principalmente, com a realidade de quem faz o produto e de quem o usa. Na questão dos mapas, esclarece Simielli (2007, p. 77), o nosso cotidiano está repleto de mapas e o cartógrafo deve estar atento às necessidades dos usuários, assim como conhecer subjetivamente o indivíduo que vai utilizar o mapa. E o mapa, neste processo de comunicação, deverá servir tanto para transmissão, como para leitura dos seus símbolos. Lembre-se!!! Aqui usei o mapa como exemplo, mas temos outros produtos cartográficos que já apresentamos no capitulo 1 e que também devem trazer esta proposição. Por isso, daqui em diante, vou me referir também aos outros produtos, como a qualquer recurso didático cartográfico, com enfoque escolar, tendo em vista que a nossa disciplina está direcionada ao Curso de Metodologia de Ensino de Geografia. 51 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 Na leitura dos produtos cartográficos, os símbolos devem trazer as significações que a Cartografia permite, para que o usuário possa entender onde é, o que é e até possíveis correlações, conforme a temática proposta. É importante ressaltar que a Cartografia, até meados do século XIX, tinha a preocupação de indicar apenas onde ficavam os lugares. Após este período, começaram a registrar também o que tinham, a quantidade e em que ordem apresentavam as informações dos fenômenos geográficos nesses lugares, batizando este ramo do conhecimento cartográfico de Cartografia Temática. Salichtchev (1978, p. 93) conceituou-a como sendo a “representação cartográfica por signos gráficos e generalizados da distribuição espacial dos fenômenos da natureza e da sociedade, suas relações e transformações ao longo do tempo”. Alguns autores se dedicaram a sistematizar os signos gráficos a serem utilizados, adequadamente, na Cartografia Temática, usando a semiótica como referência metodológica. Na literatura, temos Jaques Bertin, considerado o Pai da Semiologia Gráfica, que desenvolveu inúmeras pesquisas referentes à linguagem gráfica na Cartografia, nos diagramas, na percepção visual e na transcrição cartográfica, entre outras. No Brasil, temos o Prof. Dr. Marcelo Martinelli que, desde a década de 80, veio publicando diversas pesquisas e livros sobre a Cartografia da Geografia; orientações semiológicas para Atlas temáticos; CartografiaTemática, diversos Atlas e outras riquezas literárias. Diante dessas contribuições, Martinelli (2003, p.15) resume que a “Cartografia Temática ampliou o horizonte da informação geográfica, possibilitando o além ‘do ver’ para o ‘conhecer’. E para conhecer os fenômenos geográficos através dos signos cartográficos devemos buscar a base no alfabeto cartográfico”. O Alfabeto Cartográfico O alfabeto cartográfico é composto por uma série de signos, como desenhos, cores, letras, números e outras variáveis visuais. E o ato de entender estes signos passa pelo processo de alfabetização, a partir do qual o usuário dos produtos cartográficos passa a entender e utilizar este alfabeto como código de comunicação. Além de ler, ele deve ter a capacidade de interpretar, compreender, correlacionar e produzir conhecimento a cerca dos fenômenos geográficos. Podemos dizer que a maior parte da informação, ou o dicionário deste alfabeto cartográfico, repleto de signos, encontra-se na legenda. Cartografia Temática representação cartográfica por signos gráficos e generalizados da distribuição espacial dos fenômenos da natureza e da sociedade, suas relações e transformações ao longo do tempo. O usuário dos produtos cartográficos deve ter a capacidade de interpretar, compreender, correlacionar e produzir conhecimento a cerca dos fenômenos geográficos. 52 Cartografia e Novas Tecnologias A legenda é a parte de um mapa ou outro produto cartográfico que contém todos os signos e cores convencionais do mapa em questão. E para construir a legenda, usamos como base os estudos de Bertin (1966, p. 60), pois, diz ele, A representação gráfica constitui um dos sistemas de signos básicos concebidos pela mente humana para armazenar, entender e comunicar informações essenciais. Como uma “linguagem” para o olho, a representação gráfica beneficia por suas características ubíquas de percepção visual. Como um sistema monossêmico, ela forma a porção racional do mundo da imagem. Para esse autor, os signos do alfabeto cartográfico assumem uma condição visual baseada em três dimensões: as Propriedades Perceptivas, o Modo de Implantação e as Modulações Visuais. a) Propriedades Perceptivas Esta dimensão é a classificação do tema geográfico,que pode apresentar características QUALITATIVAS, QUANTITATIVAS, ORDENADAS e de FLUXOS. • Tema geográfico qualitativo – Quando os dados e/ou fenômenos geográficos são diferentes. Como, por exemplo, tipos de cobertura vegetal, tipos de produção agrícola, atividades profissionais, etc. • Tema geográfico quantitativo – Os dados e/ou fenômenos geográficos apresentam quantidades (números). Como por exemplo, número populacional, tonelagens de alguma produção agrícola, número de escolas de um determinado lugar, etc. • Tema geográfico ordenado – Os dados e/ou fenômenos geográficos apresentam uma hierarquia (ordem), que pode ser com coisas diferentes (qualitativa) ou quantidades (quantitativa). Como, por exemplo, uma premiação com medalha de ouro, prata e bronze. Apesar de serem diferentes, possuem uma ordem de classificação. Outro exemplo são as altitudes, além de serem numéricas, 10 metros, 20 metros, 30 metros, etc. elas seguem uma ordem, pois não é possível passar de 10 metros para 30 metros sem antes passar 53 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 pelos 20 metros. • Tema geográfico de fluxos – Os dados e/ou fenômenos geográficos demonstram que houve a movimentação de algo, de um lugar para outro. Os elementos podem ser diferentes (qualitativo) ou conter quantidades (quantitativo). Antigamente quando não havia a disponibilidade da movimentação de imagens, como na televisão e na informática, nós os chamávamos de mapas dinâmicos. Mas esta denominação está sendo usada quando há realmente movimento com os elementos dos mapas. b) Modo de Implantação O Modo de Implantação tem a ver com a escala do mapa, pois nele serão materializados os elementos do tema geográfico, através de PONTO, LINHA e ÁREA ou ZONA. Por exemplo, observe a legenda a seguir e veja que a evolução urbana e os espaços verdes estão sendo representados como área. As rodovias e ferrovias por linhas, e igreja, bombeiro, hipódromo, por signos pontuais. Figura 40 – Legenda Geral do Mapa Ambiental de Londrina – PR Fonte: Disponível em: <http://confins.revues.org/.../5900/ img-2-small480.jpg>. Acesso em: 12 ago. 2009. 54 Cartografia e Novas Tecnologias c) Modulações Visuais As Modulações Visuais foram definidas por Jaques Bertin (1966 apud MARTINELLI, 1991) e até hoje são utilizadas na comunicação cartográfica. Elas são apresentadas através dos Modos de Implantação (ponto, linha e área ou zona) que variam visualmente em seis categorias, denominadas de Variáveis Visuais. Alguns autores que deram continuidade às pesquisas nesta área implementaram mais variáveis, mas Bertin consagrou apenas seis modulações sensíveis à visão, que são: Tamanho, valor, granulação, cor, orientação e forma. Figura 41 – Variáveis Visuais Fonte: Bertin (1966 apud MARTINELLI, 1991, p. 15). A escolha dessas modulações visuais e o modo de implantação dependerão da temática geográfica. Ela conduzirá como será constituída a legenda de seu mapa. 55 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 Por exemplo,observemos a variável visual: Tamanho - O tamanho do signo, que pode ser ponto ou linha, varia conforme a informação quantitativa do dado a ser representado, que se encontra na legenda. Figura 42 – Variável visual tamanho Fonte: Bertin (1966 apud MARTINELLI, 1991, p. 15). Valor - Variações da tonalidade - Podem auxiliar nas informações ordenadas e quantitativas. Figura 43 – Variável visual valor Fonte: Bertin (1966, MARTINELLI, 1991, p. 15). Granulação ou textura – Apresenta uma informação visual, que varia no espaçamento entre os desenhos. Esta variável requer prudência em seu uso, para não provocar confusão na disseminação da informação, que pode ser qualitativa ou ordenada. Figura 44 – Variável visual granulação ou textura Fonte: Bertin (1966, apud MARTINELLI, 1991, p. 15). Cor – As cores podem mostrar coisas diferentes para a informação qualitativa. E na variação das cores do arco-íris, para a ordem. E, na tonalidade, para a quantidade. 56 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 45 – Variável visual cor Fonte: Bertin (1966 apud MARTINELLI, 1991, p. 15). Orientação – Corresponde às variações de posição entre o vertical, o oblíquo e o horizontal e é usado em mapas monocromáticos com informação qualitativa. Seu uso também requer prudência. Figura 46 – Variável visual orientação Fonte: Bertin (1966 apud MARTINELLI, 1991, p. 15). Forma – Apresenta os diversos tipos de desenhos, como formas geométricas, ou ilustrativos, ou pictóricos, como igrejas, escolas, restaurantes, etc. Figura 47 – Variável visual forma Fonte: Bertin (1966 apud MARTINELLI, 1991, p. 15). Os Temas Geográficos e as Modulações Visuais A Geografia, no seu percurso histórico, tem também a Cartografia como aliada aos seus propósitos como ciência e educação, pois é nela que os temas são representados, buscando o saber pensar e repensar o espaço, por meio das transformações econômicas, sociais, culturais, políticas e ambientais. Saber pensar o espaço, para nele se organizar. 57 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 Figura 48 – Geografia e suas representações Fonte: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/7a12/sobre_ibge/default. php?id_tema_menu=4>. Acesso em: 18 ago. 2009. E para representar a Geografia no seu amplo espectro, a Cartografia, como um meio de transmissão do conhecimento, é possível afirmar que cada produto tem seu autor, um propósito e um tema. Archela e Tréry (2008) afirmam que a elaboração de mapas temáticos, por exemplo, passa por várias etapas: coleta de dados, análise, interpretação e representação das informações sobre um mapa base topográfico. Os temas geográficos tanto podem ser de natureza física (geologia, hidrografia, cobertura vegetal, temperatura, etc), como referente à sociedade (população, nível escolar, economia, política, etc), e ambiental (cobertura e uso do solo, degradação, capacidade de uso do solo, etc.). É importante ressaltar que as questões ambientais estão vinculadas na relação da sociedade com a natureza. a) Tema Geográfico Qualitativo Nos produtos cartográficos os temas geográficos qualitativos devem utilizar as variáveis visuais: cor, forma e orientação, através dos três modos de implantação: pontual, linear e zonal. Um fenômeno qualitativo, como fauna ameaçada de extinção, possui vários animais e estes devem se traduzir em símbolos ou cores diferentes. A Cartografia, como um meio de transmissão do conhecimento, é possível afirmar que cada produto tem seu autor, um propósito e um tema. 58 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 49 – Mapa da fauna brasileira Fonte: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/ biblioteca/index.html>. Acesso em: 18 ago. 2009. Como este tema aborda elementos diferentes, tanto pode ser apresentado num único mapa e legenda, denominado de Exaustivo, como também permite a apresentação isolada de vários mapas. Neste caso, cada elemento da legenda pode ser apresentado em mapas únicos e menores, chamados de Seletivos, e que podem ficar ao lado do mapa exaustivo, conforme pode ser observado no mapa de impactos ambientais no Brasil. Figura 50 – Mapa temático impactos ambientais – Brasil Fonte: Ferreira (1998). 59 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 b) Tema Geográfico Ordenado Nesta modalidade, tanto podemos trabalhar com informações qualitativas quanto quantitativas. Mas o dado ou fenômeno geográfico deverá expressar uma hierarquia, ou seja, uma sequência ordenada de cores, representando altitudes e profundidades que estão contidos na legenda. Figura 51 – Mapa temático sobre a hipsometria (altitude e batimetria) - Brasil Fonte: IBGE (2007). c) TemaGeográfico Quantitativo As informações quantitativas podem ser representadas pelas variáveis visuais (tamanho), em signos pontuais (conforme podemos observar nos mapas de produção de laranja no Brasil) e lineares. 60 Cartografia e Novas Tecnologias Figura 52 – Mapa da Produção Agrícola do Brasil – 2003. Fonte: IBGE (2007). E quando for para representar áreas, usa-se a tonalidade de uma cor, como no mapa a seguir, que mostra a concentração populacional do Município de Florianópolis. Figura 53 – Mapa da Concentração Populacional no Município de Florianópolis - SC em 2000 Fonte: Nascimento (2001). 61 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 d) Tema Geográfico de Fluxos Os mapas de fluxos mostram dados e/ou fenômenos geográficos, que se deslocam através de setas gráficas ou pictóricas. O deslocamento deverá demonstrar o local de origem e destino dos dados qualitativos e/ou quantitativos. Observe o mapa de importação e exportação com a saída e entrada nos portos brasileiros. Figura 54 – Mapa de importação e exportação do Brasil Fonte: IBGE (2007). Apresentação de um Mapa Temático Quando olhamos um mapa em livros, revistas, jornais, etc, observamos que por trás daquela imagem existe muita informação cartográfica, mas, em alguns veículos de comunicação, alguns códigos são suprimidos, como escala, orientação, fonte, etc, o que na Cartografia são consideradas prioritárias para entender a que o mapa se propõe como recurso de representação da informação geográfica. Mas, com a disseminação da comunicação cartográfica para os profissionais da era da informação, alguns mapas já estão se enquadrando na cartografia temática. Conforme a reportagem da jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, escrita no jornal da Folha. 62 Cartografia e Novas Tecnologias “Mapas temáticos sobre o Brasil” faz o mapeamento de diversos assuntos, como crescimento populacional, resultados de eleições, incidência da criminalidade e educação e serve de ferramenta aos jornalistas para a produção de reportagens. Ele integra o projeto internacional “Mapeamento dos meios de comunicação nas Américas”, que busca investigar a relação entre democracia e meios de comunicação no Canadá e 11 países da América Latina. Todos os mapas podem ser reproduzidos para fins jornalísticos, desde que citada a fonte. Há versões em alta resolução disponíveis para download. Se você quiser obter mais informação acesse o site: http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2008-12-21_2008- 12-27.html Figura 55 – Mapa temático junto à reportagem Fonte: Disponível em: <http://www.mediamap.org.br/img/mapas/ homicidios/Taxa_homicidios_2006.jpg>. Acesso em: 18 ago. 2009. 63 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 Nogueira (2009), no capitulo 10, “A concepção de mapas” do seu livro “Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados espaciais”, traz uma série de informações referentes ao uso público dos mapas, que serão julgados pelo aspecto visual e sua utilidade. Mas aquele profissional que está envolvido com a produção acadêmica deverá ter um comprometimento maior ao utilizar a informação geográfica, que a use de forma adequada para saber representá-la cartograficamente. Além disso, conheça as três dimensões consagradas por Bertin (1966), com referência às Propriedades Perceptivas dos temas geográficos, do Modo de Implantação das entidades gráficas: ponto, linha e área, e as suas Modulações Visuais, que variam no tamanho, valor, granulação, cor, orientação e na forma. Com a era da informação, a televisão e a informática revolucionaram a maneira de ver os mapas, que podem ser classificados em mapas estáticos e dinâmicos. Os estáticos são mapas parados, sem qualquer movimento dos elementos constituintes. Já os dinâmicos permitem uma animação dos signos contidos nos mapas. Componentes de um Mapa Temático Os mapas temáticos para a Cartografia devem possuir alguns elementos que possam auxiliar a comunicação da linguagem cartográfica. Principalmente por ser exclusivamente visual, a qualidade e objetividade da informação deve ser a mais simples possível. Por exemplo, se um mapa tiver muitos desenhos, símbolos, linhas, molduras, e o leitor tiver que olhar a todo momento a legenda para entender o mapa, este, com certeza, não foi elaborado com base na comunicação cartográfica. Por isso, é importante entender a importância de alguns elementos básicos que compõem um mapa temático, como moldura, mapa base, título, malha de coordenadas, legenda, orientação, escalas, fonte dos dados e outras informações. a) Moldura A moldura geralmente enquadra o desenho do mapa base (limite político e, às vezes, a rede viária principal e hidrográfica), o título, a malha de coordenadas, orientação geográfica, as escalas numérica e/ou gráfica e a legenda. A fonte dos dados, com data dos dados originais e outras informações, fica fora da moldura, geralmente abaixo. Com a era da informação, a televisão e a informática revolucionaram a maneira de ver os mapas, que podem ser classificados em mapas estáticos e dinâmicos. Os estáticos são mapas parados. Elementos básicos que compõem um mapa temático, como moldura, mapa base, título, malha de coordenadas, legenda, orientação, escalas, fonte dos dados e outras informações. 64 Cartografia e Novas Tecnologias Observe o mapa a seguir e verifique seus componentes e entenda a sua finalidade. Figura 56 – Mapa Temático dos ambientes da Bacia Hidrográfica do Pântano do Sul em 2001 Fonte: Nascimento (2003). b) Mapa Base O mapa que recebe o tema deverá se enquadrar na escala que se queira apresentar. As informações deverão ser claras quanto à divisão política, aos limites fronteiriços e aos pontos geográficos que se achar conveniente incluir. Para alguns temas, é importante que a rede viária principal e a hidrografia estejam relacionadas. Como é o caso da Geologia, para a qual a rede hidrográfica é importante, pois possibilita fazer uma série de análises, como o tipo de solo, por exemplo, mas a rede viária, não necessariamente. Em alguns casos, como nos mapas de cobertura e uso do solo, ambas devem estar representadas, a rede hidrográfica e a viária. c) Título O título deverá ser objetivo e curto, contendo apenas o local, tema e período. 65 A Cartografia dos Temas Geográficos Capítulo 2 O período deverá ser conforme a coleta do dado, pois há informações que mudam periodicamente, como as metereológicas. Ex: Brasil – População Residente - 2000. Previsão de Chuvas – São Paulo – 20/08/2009. d) Malha de Coordenadas Geográficas ou UTM Esta pode vir apenas enquadrando o limite da área, com uma cruzeta no canto superior direito e outra no canto inferior esquerdo, ou o inverso, informando a posição das coordenadas geográficas, com latitude e longitude, com os graus, minutos e segundos ou UTM, em metros. Não há necessidade do traçado da longitude e latitude por cima da base cartográfica. e) Orientação A orientação é a indicação do Norte. Geralmente coloca-se a letra “N” em cima da seta, mas nunca embaixo. Às vezes, encontramos a Rosa dos Ventos com os pontos cardeais, para indicação das direções. Figura 57 – Rosa-dos-Ventos Fonte: A autora. Muitos mapas não trazem a orientação, mas é importante a sua inserção, principalmente, se um professor do ensino fundamental for usar um mapa para ensinar cartografia ou outro assunto semelhante. f) Escalas Numéricas e/ou Gráficas A inserção das escalas numéricas e gráficas será conforme à proporção do mapa, como já vimos anteriormente, pois um mapa traz, em tamanho reduzido, a representação da superfície ou parte da Terra. E nessa redução se mantém a proporção do espaço representado. A aplicação da escala numérica geralmente é para mapas de escala grande de até 1:20.000. E a gráfica, para mapas com 66
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