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106 Unidade III Unidade III 7 POLÍTICA PÚBLICA E FINANCIAMENTO DO ENSINO: FONTES DE RECURSOS E VINCULAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS À EDUCAÇÃO Nesse item estamos iniciando a discussão sobre o financiamento da educação, que é expresso por meio da vinculação de recursos públicos à área educacional. Essa vinculação só começa a existir quando as constituições brasileiras reconhecem a educação escolar como um direito do cidadão. Tal conquista se deu ao longo do tempo e sofreu avanços e retrocessos, como apontaremos a seguir. A sociedade brasileira concebeu a educação como um direito social a partir da Constituição Federal de 1988, mas foi o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, no qual foi proposto o movimento de reconstrução educacional no Brasil, que apontou que “Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação” (MANIFESTO..., 2006, p. 1). O documento denunciou a falta de planos e iniciativas da determinação dos fins de educação e da aplicação de métodos científicos aos problemas da área. Além disso, destacou a educação escolar como uma função essencialmente pública e fez a defesa da escola única para todos, bem como dos princípios de laicidade, gratuidade, obrigatoriedade e coeducação. Da chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil, em 1500, até 1920, a educação não se caracterizava como problema para a nação brasileira. Com o desenvolvimento industrial e o fenômeno da urbanização, um novo perfil de trabalhador foi necessário para atender às exigências do desenvolvimento econômico brasileiro. Dessa forma, no início do século XX, o desenvolvimento científico trouxe novas informações sobre a relação entre escola, família e sociedade. No decorrer do século passado, as concepções da Escola Nova, que valorizavam as diferenças individuais e a liberdade do aluno para estudar aquilo em que tivesse aptidão e interesse, defenderam a necessidade de estruturar uma nova escola, para formar o novo cidadão brasileiro, visto que a escola tradicional que existia no Brasil já não atendia aos interesses da sociedade democrática em formação. O marco histórico desse processo foi o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por educadores brasileiros, em 1932, que se dirigia aos governantes e ao povo brasileiro e apontava os graves problemas educacionais que havia, denunciando o analfabetismo como doença e vergonha nacional. O documento já apontava para a necessidade da construção de um sistema nacional de educação. Apenas no âmbito da sociedade moderna é que a educação se converte em questão de interesse público, sendo, por isso, implementada pelos órgãos públicos, isto é, pelo Estado, que a provê por meio da abertura e manutenção de escolas. Luzuriaga (2000) situa as origens da instrução pública religiosa nos séculos XVI e XVII. 107 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA A Reforma Protestante conclama os governantes a disseminarem a instrução elementar por meio da abertura de escolas. O século XVIII é caracterizado pelo surgimento da educação pública estatal, que, sob a influência do iluminismo, combate as ideias religiosas. Prevalece, assim, uma visão laica do mundo. A Revolução Francesa levanta a bandeira da escola pública universal, gratuita, obrigatória e laica. Firma-se com clareza o dever do Estado com relação à educação. No século XIX, é a educação pública nacional que é defendida quando se constituem os Estados Nacionais. Surge, então, o problema de organização dos respectivos sistemas nacionais de educação. No século XX, a grande questão é a construção da educação pública democrática. A tarefa do Estado é democratizar a educação quantitativamente, garantindo o direito ao acesso à escola e promovendo a universalização e a democratização da educação qualitativamente. Encontramos, nesse período, a difusão dos movimentos de renovação pedagógica. Apesar disso, o Estado brasileiro ainda não se revelou capaz de democratizar o ensino, pois permanece distante da organização de uma educação pública democrática de âmbito nacional. Luzuriaga (2000) analisa que estamos no limiar do século XXI sem que a sociedade moderna tenha realizado o que se propôs como tarefa dos séculos XIX e XX: a educação pública nacional e democrática. 7.1 O financiamento da educação escolar nas constituições brasileiras Vamos retomar o histórico da educação escolar nacional, agora sob a perspectiva dos princípios defendidos para toda a nação brasileira nas constituições brasileiras e da vinculação de recursos. Em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova propõe que os princípios para a educação nacional devem ser fixados na nova constituição e traduzir-se na defesa dos seguintes conceitos: laicidade, defesa do ambiente escolar acima de crenças e disputas religiosas, gratuidade em todos os estabelecimentos de ensino e igualdade em todos os níveis, obrigatoriedade do ensino até os 18 anos e coeducação, escola para meninos e meninas, em comum. A organização escolar é pensada tendo como estrutura a unidade da função educacional, a autonomia técnica, administrativa e econômica e a descentralização, pois é defendida a ideia de que unidade não é uniformidade, e sim multiplicidade, pela descentralização. Fica o governo central responsável pela organização de um plano comum e pela orientação da execução e dos rumos gerais da função educacional. Os pioneiros levantam os princípios e fins educacionais e propõem a estrutura e o funcionamento do sistema nacional de educação. Os resultados desse manifesto já podem ser encontrados na Constituição de 1934, em que a educação é apresentada como parte da cidadania e conta com os recursos necessários para o desenvolvimento do ensino na Nação. A vinculação constitucional de recursos é a previsão de uma alíquota da receita de impostos a ser aplicada em educação. Melchior (2004) relata as origens da vinculação de recursos a serem aplicados em educação no Brasil, que são discutidas a seguir. 108 Unidade III No Império, houve uma proposta de estabelecimento, em lei, de um mínimo das receitas a ser aplicado em educação. Em 1925-26, na revisão constitucional, houve outra proposta de vinculação constitucional de recursos à educação, que não foi apreciada. Em 1934, na Constituição, é prevista a vinculação de 10% da receita de impostos da União e dos municípios e 20% dos estados e do Distrito Federal à educação. Após 1934, não há uma constância da vinculação de recursos à educação nas constituições e na legislação educacional. Já na Constituição de 1937, não há o estabelecimento de recursos. A Conferência Interestadual de Educação, de 1941, propõe a criação do Fundo Nacional do Ensino Primário e do Convênio Nacional de Ensino Primário, com fundos provenientes de 5% adicionais sobre as taxas do imposto de consumo sobre bebidas. Os estados se comprometem a investir, em educação, 15% da receita de impostos, e os municípios, 10%, até 1949, mas a Constituição de 1946 propõe, no artigo 169, a vinculação de 10% para a União e de 20% para estados, municípios e Distrito Federal. A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n° 4.024/61, amplia o mínimo da União para 12% e mantém as porcentagens para as outras instâncias legais. Anos depois, a Constituição de 1967 retira a vinculação de receitas para o setor educacional, o que é revisto pela Emenda Constitucional n. 1, de 1969, que retoma a vinculação de 20% da receita tributária dos municípios ao ensino primário. Somente em 1983 a Emenda Constitucional n. 24, conhecida como Emenda João Calmon, reintroduz a vinculação de recursos, com 13% tributados à União e 25% aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Finalmente, a Constituição Federal de 1988 mantém a vinculação e altera a alíquota de 13% para 18% no caso da União, embora mantenha os outros valores. O quadro a seguir apresenta a distribuição das fontes do financiamento da educação definidas pelo governo federal. Quadro2 Setor público Administração direta Administração indireta Empresas estatais Governo federal Governos estaduais Governos municipais Fundações e autarquias Setor privado Famílias e indivíduos Associações Empresas privadas Senai, Senac, Igrejas, clubes etc. Fonte: Veras; Vieira (1997, p. 66). O quadro apresenta de forma sintética as fontes do financiamento da educação dos setores privado e público. O setor público engloba a administração direta e indireta e as empresas estatais. Já o setor privado abarca famílias, indivíduos, associações e empresas privadas. 109 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA O quadro que segue apresenta a vinculação de recursos para a educação no Brasil, conforme as constituições. Quadro 3 Ano Disposição legal Esfera de vinculação União Estados/DF Municípios 1934 CF 34 10% 20% 10% 1937 CF 37 Nenhuma Nenhuma Nenhuma 1942 DL 4.958 Nenhuma 15 a 20% 10 a 15% 1946 CF 46 10% 20% 20% 1961 LDB 4024 12% 20% 20% 1967 CF 67 Nenhuma Nenhuma Nenhuma 1969 EC 1 Nenhuma Nenhuma 20% 1971 LDB 5692 Nenhuma Nenhuma 20% 1983 EC 14 13% 25% 25% 1988 CF 88 18% 25% 25% Fonte: Oliveira (2002, p. 98). A importância da vinculação de recursos à educação está na prioridade dada a esta no conjunto das políticas governamentais e na reserva de fundos oficiais fixos para aplicação na elaboração da proposta orçamentária para a área educacional. Os dispositivos legais apontam as porcentagens apresentadas como o mínimo a ser gasto em educação, ou seja, os governantes podem aumentar essa alíquota, mas não reduzir. Em síntese, o financiamento da educação escolar pública é de responsabilidade das três esferas do Poder Público, cada uma contando com as fontes apresentadas no quadro a seguir: Quadro 4 Poder Público Fontes União • Recursos orçamentários, oriundos da receita de impostos federais (18%) • Recursos provenientes do salário-educação (1/3) • Outros recursos oriundos de diversas fontes Estados • Recursos orçamentários ordinários, provenientes da receita tributária estadual (25%) • Fundo de Participação dos Estados (FPE) resultante da transferência de recursos federais (25%) • Recursos provenientes da quota-parte do salário-educação, correspondente a 2/3 do total arrecadado no Estado • Outros recursos oriundos de fontes diversas, incluindo o salário-educação, quota federal Municípios • Recursos orçamentários ordinários, provenientes da receita tributária municipal (25%) • Fundo de Participação dos Municípios (FPM), resultante da transferência de recursos federais (25%) • Outros recursos oriundos de várias fontes, incluindo a quota salário-educação transferida aos municípios Fonte: Veras; Vieira (1997, p. 70). 110 Unidade III A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, apresenta em seu Capítulo III, Seção I, artigos 205 a 214, os itens relacionados à educação. No entanto, ao analisarmos o texto constitucional, observamos que o financiamento é tratado nos Arts. 212, 213 e no art. 60 das Disposições Transitórias (ADCT), conforme segue: Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no “caput” deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 59, de 2009) § 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários. § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n 53, de 2006) (Vide Decreto n. 6.003, de 2006) § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino (Incluído pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006) (BRASIL, 1988). O art. 212 da Constituição prevê a vinculação de recursos para o financiamento da educação cuja receita inclui os impostos transferidos da União para estados e municípios e dos estados para os municípios – o que não significa, porém, a receita bruta dos orçamentos federais estaduais e municipais (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2003). 111 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Nesses termos: [...] o dispêndio mínimo obrigatório para manutenção e desenvolvimento do ensino refere-se exclusivamente aos impostos, embora a educação receba outras contribuições, como o salário- educação, que não entram no montante relativo aos 18% e 25% (LIBÂNEO, OLIVEIRA; TOSCHI, 2003, p. 193). Dessa forma, observamos que o primeiro parágrafo regulamenta a base de cálculo somente de impostos recolhidos em cada ente federado, excluindo as receitas oriundas da transferência de impostos. O segundo parágrafo diz respeito à abrangência dessa destinação orçamentária aos sistemas de ensino federal, estadual e municipal O terceiro parágrafo refere-se à distribuição dos recursos, com base na garantia de atendimento prioritário e garantia de padrão de qualidade à educação obrigatória (dos 4 aos 17 anos). No quarto parágrafo há uma desvinculação orçamentária de programas suplementares, os quais passam a não poder utilizar verbas do Fundeb para subsidiar outros programas. O quinto parágrafo se refere aos recursos do salário-educação, com os quais as empresas poderão descontar despesas com a educação de funcionários no nível da educação básica. O sexto e último parágrafo determina que o processo de redistribuição das cotas do salário-educação dos estados e municípios deve ocorrer tomando-se como referência o número de alunos matriculados na educação básica. Em continuidade à análise dos artigos da Constituição Federal de 1988 que trata do financiamento da educação, veremos o que nos traz o art. 213. Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: I – comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação; II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades. § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. 112 Unidade III § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 85, de 2015) (BRASIL, 1988). O art. 213 não traz nenhum benefício às escolas públicas, pois permite ao Estado fazer transferência de recursospúblicos para escolas privadas que comprovem finalidade não lucrativa e que apliquem seus excedentes financeiros em educação. O parágrafo segundo institui, a partir de 2015, o apoio financeiro do Poder Público às atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica. O art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), com redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006, modifica o texto original de 1988, em ficou estabelecido que, nos dez primeiros anos da promulgação da Constituição Federal, o poder público desenvolverá esforços contando com a mobilização de diferentes setores organizados da sociedade e com a aplicação de, pelo menos, 50% dos recursos a que se refere o art. 212 da referida Constituição com vistas a eliminar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental (PALMA FILHO, 2013). Vejamos, na íntegra, o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias colocadas pela Constituição de 1988. Art. 60. Até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta Emenda Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento da educação básica e à remuneração condigna dos trabalhadores da educação, respeitadas as seguintes disposições: I – a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios é assegurada mediante a criação, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, de natureza contábil; II – os Fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão constituídos por 20% (vinte por cento) dos recursos a que se referem os incisos I, II e III do art. 155; o inciso II do caput do art. 157; os incisos II, III e IV do caput do art. 158; e as alíneas a e b do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos da Constituição Federal, e distribuídos entre cada Estado e seus Municípios, proporcionalmente ao número de alunos das diversas etapas e modalidades da educação básica presencial, matriculados nas respectivas redes, nos respectivos âmbitos de atuação prioritária estabelecidos nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição Federal; 113 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA III – observadas as garantias estabelecidas nos incisos I, II, III e IV do caput do art. 208 da Constituição Federal e as metas de universalização da educação básica estabelecidas no Plano Nacional de Educação, a lei disporá sobre: a) a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus recursos, as diferenças e as ponderações quanto ao valor anual por aluno entre etapas e modalidades da educação básica e tipos de estabelecimento de ensino; b) a forma de cálculo do valor anual mínimo por aluno; c) os percentuais máximos de apropriação dos recursos dos Fundos pelas diversas etapas e modalidades da educação básica, observados os arts. 208 e 214 da Constituição Federal, bem como as metas do Plano Nacional de Educação; d) a fiscalização e o controle dos Fundos; e) prazo para fixar, em lei específica, piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica; IV – os recursos recebidos à conta dos Fundos instituídos nos termos do inciso I do caput deste artigo serão aplicados pelos Estados e Municípios exclusivamente nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição Federal; V – a União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o inciso II do caput deste artigo sempre que, no Distrito Federal e em cada Estado, o valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente, fixado em observância ao disposto no inciso VII do caput deste artigo, vedada a utilização dos recursos a que se refere o § 5º do art. 212 da Constituição Federal; VI – até 10% (dez por cento) da complementação da União prevista no inciso V do caput deste artigo poderá ser distribuída para os Fundos por meio de programas direcionados para a melhoria da qualidade da educação, na forma da lei a que se refere o inciso III do caput deste artigo; VII – a complementação da União de que trata o inciso V do caput deste artigo será de, no mínimo: a) R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), no primeiro ano de vigência dos Fundos; b) R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), no segundo ano de vigência dos Fundos; 114 Unidade III c) R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhões e quinhentos milhões de reais), no terceiro ano de vigência dos Fundos; d) 10% (dez por cento) do total dos recursos a que se refere o inciso II do caput deste artigo, a partir do quarto ano de vigência dos Fundos; VIII – a vinculação de recursos à manutenção e desenvolvimento do ensino estabelecida no art. 212 da Constituição Federal suportará, no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da União, considerando-se para os fins deste inciso os valores previstos no inciso VII do caput deste artigo; IX – os valores a que se referem as alíneas a, b, e c do inciso VII do caput deste artigo serão atualizados, anualmente, a partir da promulgação desta Emenda Constitucional, de forma a preservar, em caráter permanente, o valor real da complementação da União; X – aplica-se à complementação da União o disposto no art. 160 da Constituição Federal; XI – o não-cumprimento do disposto nos incisos V e VII do caput deste artigo importará crime de responsabilidade da autoridade competente; XII – proporção não inferior a 60% (sessenta por cento) de cada Fundo referido no inciso I do caput deste artigo será destinada ao pagamento dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício. § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão assegurar, no financiamento da educação básica, a melhoria da qualidade de ensino, de forma a garantir padrão mínimo definido nacionalmente. § 2º O valor por aluno do ensino fundamental, no Fundo de cada Estado e do Distrito Federal, não poderá ser inferior ao praticado no âmbito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF, no ano anterior à vigência desta Emenda Constitucional. § 3º O valor anual mínimo por aluno do ensino fundamental, no âmbito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, não poderá ser inferior ao valor mínimo fixado nacionalmente no ano anterior ao da vigência desta Emenda Constitucional. § 4º Para efeito de distribuição de recursos dos Fundos a que se refere o inciso I do caput deste artigo, levar-se-á em conta a totalidade das matrículas no 115 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ensino fundamental e considerar-se-á para a educação infantil, para o ensino médio e para a educação de jovens e adultos 1/3 (um terço) das matrículas no primeiro ano, 2/3 (dois terços) no segundo ano e sua totalidade a partir do terceiro ano. § 5º A porcentagem dos recursos de constituição dos Fundos, conforme o inciso II do caput deste artigo, será alcançada gradativamente nos primeiros 3 (três) anos de vigência dos Fundos, da seguinte forma: I – no caso dos impostos e transferências constantes do inciso II do caput do art. 155; do inciso IV do caput do art. 158; e das alíneas a e b do inciso I e do inciso II do caput do art. 159 da Constituição Federal: a) 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis centésimos por cento), no primeiro ano; b) 18,33% (dezoito inteiros e trinta e três centésimos por cento), no segundo ano; c) 20% (vinte por cento), a partir do terceiro ano; II – no caso dos impostos e transferências constantes dos incisos I e III do caput do art. 155; do inciso II do caput do art. 157; e dos incisosII e III do caput do art. 158 da Constituição Federal: a) 6,66% (seis inteiros e sessenta e seis centésimos por cento), no primeiro ano; b) 13,33% (treze inteiros e trinta e três centésimos por cento), no segundo ano; c) 20% (vinte por cento), a partir do terceiro ano (BRASIL, 1988). Observamos que, conforme a Emenda Constitucional n. 59, de 2009, esse artigo prevê o comprometimento financeiro das diferentes esferas da administração pública para assegurar, prioritariamente, o atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere à universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação, ou seja, a garantia da educação para alunos dos quatro aos 17 anos. 7.2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e financiamento da educação A Constituição Federal de 1988 reconhece a educação como um direito social e tem como princípios para o ensino o acesso à escola pela oferta de vagas a todas as crianças e a todos os adolescentes, dos 4 aos 17 anos, iniciando na pré-escola, dos 4 aos 5 anos, com previsão para a matrícula obrigatória a partir de 2016, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Também são princípios a permanência 116 Unidade III do aluno até a conclusão da Educação Básica com sucesso escolar, destacando o respeito às diferenças e garantindo a inclusão social de todos na escola. A Lei n. 9.394/96 retoma, amplia e regulamenta os princípios constitucionais. A educação escolar brasileira apresenta avanços em relação aos princípios defendidos pelos pioneiros da educação, em 1932. Em oitenta anos, o conceito de laicidade foi superado, e a escola pública passou a discutir as religiões presentes no país. Além disso, o conceito de obrigatoriedade do ensino já responsabiliza judicialmente os responsáveis pelos alunos que não estão na escola e os órgãos públicos pelo não atendimento a crianças e adolescentes no Ensino Fundamental. Também se vincula o conceito de acesso e permanência com sucesso na escola até o término da escolaridade básica, estabelece-se a meta da escola para todos, inclusiva, com o conceito da diversidade como benefício, e, ainda, o conceito de gratuidade na escola pública. Paralelamente a esses princípios, a organização educacional brasileira já está estruturada por um sistema escolar, com uma legislação educacional que se desenvolveu e se desenvolve por meio de políticas públicas, para dar concretude às aspirações educativas nacionais. Há a luta pela efetiva articulação do sistema nacional de educação, com vistas ao compromisso do oferecimento de uma escola de qualidade para todos. Estão presentes na Constituição Federal, bem como na Lei n. 9.394/96 e nas suas regulamentações, os dispositivos legais que asseguram o atendimento ao direito à educação com qualidade. Na Constituição Federal de 1988, encontramos nos artigos 212 e 213 a descrição de como deve ser tratado o financiamento da educação, complementada pelo artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Título VII (Dos Recursos Financeiros), dos artigos 68 ao 77, são abordadas as fontes de recursos (no artigo 68), a vinculação de recursos (nos artigos de 69 a 73) e a transferência de recursos públicos para a escola privada (artigo 77). Leia esse trecho a seguir. Título VII Dos Recursos Financeiros Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os originários de: I – receita de impostos próprios da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; II – receita de transferências constitucionais e outras transferências; III – receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; IV – receita de incentivos fiscais; 117 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA V – outros recursos previstos em lei. Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público. (Vide Medida Provisória n. 773, de 2017) (Vigência encerrada) § 1º. A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, ou pelos estados aos respectivos municípios, não será considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2º. Serão consideradas excluídas das receitas de impostos mencionadas neste artigo as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária de impostos. § 3º. Para fixação inicial dos valores correspondentes aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação. § 4º. As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a cada trimestre do exercício financeiro. § 5º. O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação, observados os seguintes prazos: I – recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada mês, até o vigésimo dia; II – recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até o trigésimo dia; III – recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente. § 6º. O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção monetária e à responsabilização civil e criminal das autoridades competentes. Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos 118 Unidade III das instituições educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a: I – remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação; II – aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino; III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; IV – levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V – realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI – concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII – amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; VIII – aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar. Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: I – pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; II – subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural; III – formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV – programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social; V – obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; 119 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA VI – pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino. Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se refere o§ 3º do art. 165 da Constituição Federal. Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e na legislação concernente. Art. 74. A União, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios, estabelecerá padrão mínimo de oportunidades educacionais para o Ensino Fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade. Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o ano subsequente, considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino. § 1º. A ação a que se refere este artigo obedecerá à fórmula de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e a medida do esforço fiscal do respectivo estado, do Distrito Federal ou do município em favor da manutenção e do desenvolvimento do ensino. § 2º. A capacidade de atendimento de cada governo será definida pela razão entre os recursos de uso constitucionalmente obrigatório na manutenção e desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão mínimo de qualidade. § 3º. Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos que efetivamente frequentam a escola. § 4º. A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida em favor do Distrito Federal, dos estados e dos municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10º e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade de atendimento. 120 Unidade III Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos estados, Distrito Federal e municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais. Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas que: I – comprovem finalidade não lucrativa e não distribuam resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; II – apliquem seus excedentes financeiros em educação; III – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades; IV – prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos. § 1º. Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede local. § 2º. As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive mediante bolsas de estudo (BRASIL, 1996). Observamos que, diferentemente da Constituição Federal de 1988, a LDB n. 9.394, de 1996, mostra- se mais completa e enriquecedora ao abordar a questão do financiamento da educação. Seu conteúdo pode ser analisado em quatro temas (OLIVEIRA, 2002). São eles: • Fontes de recursos (art.68). • Vinculação de recursos (arts. 69, 70, 71, 72 e 73). • Padrão de qualidade (arts. 74, 75 e 76). • Transferência de recursos públicos para a escola privada (art. 77). O quadro a seguir apresenta os impostos discriminados pela Constituição Federal a ser vinculados à educação. 121 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Quadro 5 Esfera Imposto Símbolo União Importação de produtos estrangeiros II CF Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados IE Art.153 Renda e proventos de qualquer natureza IR Produtos industrializados IPI Operação de crédito, câmbio e seguro ou relativo a títulos ou valores mobiliários IOF Propriedade territorial rural ITR Grandes fortunas Estados Transferência causa mortis e doação CF Circulação de mercadorias e serviços ICMS Art. 155 Propriedade de veículos automotivos IPVA Adicional de 5% IR Municípios Predial territorial urbano IPTU CF Transmissão “intervivos” Art. 156 Vendas, a varejo, de combustíveis líquidos e gasosos Serviços de qualquer natureza ISS Fonte: Oliveira (2002, p. 92). Além desses recursos, o inciso III do artigo 68 da LDB menciona a receita do salário-educação e outras contribuições sociais. O salário-educação é a contribuição social das empresas destinada à educação dos funcionários e de seus filhos, para a educação fundamental, regular ou supletiva, que pode ser recolhida aos cofres públicos, caso a empresa não ofereça esse nível de ensino. Para melhor explicar o que significam os gastos em educação, o artigo 70 da LDB n. 9.394/96 explicita as despesas que poderão destinadas à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, para a consecução dos objetivos básicos das instituições escolares de todos os níveis. O artigo 71 da LDB n. 9.394/96, com o objetivo de esclarecer o que são gastos em educação, explica o que não é considerado despesa para a manutenção e o desenvolvimento do ensino. Estão excluídas dessas despesas a merenda escolar, a melhoria da infraestrutura urbana (mesmo quando estiver diretamente ligada à rede escolar) e também o pagamento de pessoal com desvio de função, geralmente cedido para outras áreas da administração pública e dos Poderes Legislativo e Judiciário. O debate sobre gastos em educação tem sido realizado desde a década de 1930 e fez parte da proposta dos pioneiros da educação. Havia muita divergência sobre o que considerar despesa com educação, o que levou ao uso muito diferenciado das verbas públicas, culminando, muitas vezes, em seu uso para fins que não o educacional. Isso, naturalmente, prejudicou o atendimento aos objetivos últimos da educação, como a universalização do ensino obrigatório. 122 Unidade III Outra medida de grande importância da Lei n. 9.394/96 é o que está proposto nos artigos 72 e 73, os quais exigem que as receitas e as despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino sejam apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim como nos relatórios. Há, também, a definição dos órgãos fiscalizadores das prestações de contas. Na Constituição Federal de 1988 e na Lei n. 9.394/96, aparece a determinação da publicação dos dados de arrecadação e despesa com educação, bem como da fiscalização do cumprimento da vinculação de recursos. A Lei n. 9.394/96 traz nos artigos 74, 75 e 76 a explicação do que deve ser entendido como garantia do padrão de qualidade para oportunidades educacionais no Ensino Fundamental, que é baseado no cálculo do custo mínimo por aluno. Já os artigos 75 e 76 estabelecem critérios para avaliar a capacidade de cada esfera administrativa e propõem a divisão do montante dos recursos pelo custo-aluno. Nesse caso, não está em discussão qual seria o montante de recursos necessários para a manutenção e o desenvolvimento do ensino de qualidade, e sim o montante de recursos existentes e disponíveis no momento, que se torna a referência para definir o padrão de qualidade para o cálculo do custo-aluno. 7.3 Fundef e Fundeb Como resposta a essa situação, em setembro de 1996, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional n. 14, que criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), de natureza contábil, com base na Lei n. 9.424/96. O fundo reorganiza a aplicação dos recursos financeirosem educação no País e permite um compromisso mais equilibrado entre estados e municípios. Estava previsto que sua implantação e atuação junto à educação brasileira seria reavaliada em dez anos, mas o fundo vigorou de 1º de janeiro de 1998 até 2006. Os especialistas consideram o Fundef uma medida descentralizadora na educação do país e ainda acrescentam que essa medida atua como um meio de desresponsabilização do Estado pela educação. O Fundef reduziu os fundos ao Ensino Fundamental, sem a perspectiva de recursos para toda a educação básica, e foi revisto. Em 2006, a Emenda Constitucional n. 53 criou, com base na Lei n. 11.494/97, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que começou a vigorar em 2007 e se estenderá até 2021. A Medida Provisória n. 339/2006 regulamentou o funcionamento do Fundeb. Para atender à inclusão social, o fundo usa estratégias de atendimento a toda a educação básica, promove a universalização do Ensino Fundamental, beneficia a Educação Infantil – creches e pré-escolas –, o Ensino Médio, a Educação de Jovens e Adultos (Ensino Fundamental e Ensino Médio) e ainda propõe a valorização de todos os profissionais que atuam na educação básica. No que diz respeito ao financiamento da educação, a substituição do Fundef pelo Fundeb foi realizada com grande participação da sociedade civil organizada, iniciativa que fortaleceu a implantação de uma 123 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA política nacional voltada à articulação entre os diferentes poderes executivos, à descentralização do sistema educativo e à valorização do magistério. Além disso, o Fundeb aumentou o compromisso da união com a educação básica, ampliando o aporte financeiro a título de complementação (de 500 milhões para 5 bilhões) e ainda instituiu um único fundo para todas as etapas da educação básica (em vez de um fundo voltado apenas para o Ensino Fundamental). Foram incorporadas três inovações ao financiamento da educação, sendo as duas primeiras do Fundeb (BRASIL, 2007 apud CAMARGO; PINTO; GUIMARÃES, 2008): 1) a diferenciação dos coeficientes de remuneração das matrículas não se dá apenas por etapa e modalidade de Educação Básica, mas também pela extensão do turno: a escola de tempo integral recebe 25% a mais por aluno matriculado; 2) a creche conveniada é contemplada para efeito de repartição dos recursos do fundo – a atual taxa de atendimento da Educação Infantil, em especial a creche, dadas as metas expressas no Plano Nacional de Educação, justifica, nesse caso, a parceria do Poder Público com o segmento comunitário; 3) a atenção à Educação Infantil é complementada pelo ProInfância, programa que financia a expansão da rede física de atendimento da Educação Infantil pública (BRASIL, 2007, p. 18, apud CAMARGO; PINTO; GUIMARÃES, 2008, p. 825). O Fundeb instaurou uma nova sistemática de financiamento da educação básica – para atender ao princípio constitucional da equalização do financiamento – e agregou as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação, além de promover o cumprimento do Plano Nacional de Educação. Porém, o Fundeb não é suficiente, por si só, para garantir a universalização da oferta de vagas, tampouco a permanência do aluno na escola até a conclusão do Ensino Médio. Além dos avanços já apontados na legislação e nas políticas públicas em educação, ainda há três aspectos a serem discutidos para que os dispositivos legais possam ser transformados em políticas públicas de qualidade. O primeiro é a revisão do papel da União no financiamento da educação básica; o segundo é a instituição de um verdadeiro regime de colaboração entre os entes federados; e o terceiro é o estabelecimento de uma real valorização dos trabalhadores em educação. O Fundeb, portanto, representa um salto qualitativo na estratégia de colaboração para garantir o direito à educação e contribuir para a melhoria dos processos de transferência de recursos, gestão e compromisso entre todos, na construção de uma educação de qualidade para o cidadão brasileiro. 124 Unidade III 7.3.1 O novo Fundeb Em cada estado, o Fundeb é composto por 20% das seguintes receitas: • Fundo de Participação dos Estados (FPE). • Fundo de Participação dos Municípios (FPM). • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). • Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIex). • Desoneração das Exportações (LC n. 87/96). • Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD). • Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). • Cota parte de 50% do Imposto Territorial Rural (ITR) devida aos municípios. Também compõem o fundo as receitas da dívida ativa e de juros e multas incidentes sobre as fontes acima relacionadas. Ainda, no âmbito de cada estado, onde a arrecadação não for suficiente para garantir o valor mínimo nacional por aluno ao ano, haverá o aporte de recursos federais, a título de complementação da União. Tabela 11 – Composição de recursos do Fundeb Receita/Ano 2007 2008 2009 2010 a 2020 FPE 16,66% 18,33% 20% 20% FPM 16,66% 18,33% 20% 20% ICMS 16,66% 18,33% 20% 20% IPIexp 16,66% 18,33% 20% 20% Desoneração Exportações 16,66% 18,33% 20% 20% ITCMD 6,66% 13,33% 20% 20% IPVA 6,66% 13,33% 20% 20% ITR – Cota Municipal 6,66% 13,33% 20% 20% Complementação da União R$ 2 bilhões R$ 3,2 bilhões R$ 5,1 bilhões 10% da contribuição de estados e municípios Adaptada de: Arêde ([s.d.]). 125 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Os recursos do Fundeb são distribuídos de forma automática (sem necessidade de autorização ou convênios para esse fim) e periódica, mediante crédito na conta específica de cada governo estadual e municipal. A distribuição é realizada com base no número de alunos da educação básica pública, de acordo com dados do último censo escolar, sendo computados os alunos matriculados nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme art. 211 da Constituição Federal. Ou seja, os municípios recebem os recursos do Fundeb com base no número de alunos da educação infantil e do ensino fundamental, e os estados, com base no número de alunos do ensino fundamental e médio, observada a seguinte escala de inclusão: Tabela 12 Etapa/modalidade de ensino 2007 2008 2009 a 2020 Ensino Fundamental Regular e Especial 100% 100% 100% Educação Infantil, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos 33,33% 66,66% 100% Adaptada de: FNDE (s.d.). A distribuição dos recursos leva em conta também fatores de ponderação, que são definidos anualmente e variam de acordo com os seguintes desdobramentos da educação básica: • Creche pública em tempo integral. • Creche pública em tempo parcial. • Creche conveniada em tempo integral. • Creche conveniada em tempo parcial. • Pré-escola em tempo integral. • Pré-escola em tempo parcial. • Anos iniciais do ensino fundamental urbano. • Anos iniciais do ensino fundamental no campo. • Anos finais do ensino fundamental urbano. • Anos finais do ensino fundamental no campo. • Ensino fundamental em tempo integral. 126 Unidade III • Ensino médio urbano. • Ensino médio no campo. • Ensino médio em tempo integral. • Ensino médio integrado à educação profissional. • Educação especial. • Educação indígena e quilombola. • Educação de jovens e adultos com avaliação no processo. • Educação de jovens e adultos integrada à educação profissional de nível médio, com avaliação no processo. Os valores repassados (por origem e por mês ou dia) estão disponíveis nos seguintes endereços: • Secretaria do Tesouro Nacional: para obtenção de informações sobre valores repassados por ente governamental (estado ou município), por origem dos recursos e por mês. • Banco do Brasil: para obtenção de informações sobre valores repassados por ente governamental (estadual ou municipal), por origem dos recursos e por data de crédito. Período máximo de pesquisa de 60 dias, entre a data inicial e a final. O Fundo Nacionalde Desenvolvimento da Educação (FNDE) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC). É uma entidade pública, fiscalizada pelo Estado, mas que possui autonomia para sua gestão. O FNDE foi surgindo aos poucos, com a fusão de vários órgãos do governo, e existe há mais de 40 anos. Foi criado pela Lei n. 5.537, de 21 de novembro de 1968, e é responsável por executar parte das ações do MEC relacionadas à Educação Básica, prestando auxílio financeiro e técnico aos municípios e executando ações que contribuam para uma Educação de qualidade. Tem como finalidade captar recursos financeiros e canalizá-los para o financiamento de projetos de ensino e pesquisa, de acordo com as diretrizes do planejamento nacional da Educação. A execução de alguns projetos relacionados à Educação Superior e ao Ensino Técnico também é de responsabilidade do FNDE. Dessa forma, o FNDE acompanha e estuda as diferentes propostas de instituições de pesquisa interessadas no Fundeb. 127 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 8 PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA (PDE) E PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 8.1 Plano de Desenvolvimento Escolar (PDE) Tem como objetivo o desenvolvimento de ações que visem à implementação de uma educação de qualidade, por meio do investimento na educação básica brasileira e no envolvimento de todos – pais, alunos, professores e gestores –, com o propósito de alcançar o sucesso e a permanência do aluno na escola. O MEC pretende que a sociedade brasileira conheça o que acontece dentro e fora da escola, por meio da prestação de contas e da participação de toda a sociedade na construção da qualidade de ensino desejada para toda a população. O PNE inclui metas de qualidade recomendadas pelo Compromisso Todos pela Educação e pelas seguintes propostas: avaliação das crianças de 6 a 8 anos, para verificar a qualidade do processo de alfabetização; alfabetização de jovens e adultos, com o programa Brasil Alfabetizado; criação de um piso salarial nacional dos professores; e criação dos institutos federais de educação profissional, científica e tecnológica. Além dos citados, há ainda programas que estão em desenvolvimento: • Caminho da Escola; • Novo Proinfo; • Saúde da Escola; • Plano de Ações Articuladas; • Provinha; • Ideb; • Educacenso; • Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar; • Observatório da Educação; • Novo Brasil Alfabetizado; • Olimpíadas de Matemática e de Língua Portuguesa; • ProInfância; 128 Unidade III • Mais Educação; • Ensino Fundamental de Nove Anos. Esses e outros projetos estão sendo desenvolvidos com vistas ao atendimento das metas previstas no Plano Nacional de Educação e nos seus planos complementares. Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação Conforme Paro (1999), o gestor/diretor escolar deve estar voltado, como executor das políticas públicas, para o papel da escola – de transformação social –, conforme segue: Quando se considera uma nova forma de administrar a escola, comprometida com os interesses da classe trabalhadora, está se estabelecendo um horizonte para a administração escolar; ou seja, está se considerando que a condução democrática das atividades no interior da instituição escolar, fundamentada não apenas na participação de todos os setores a ela relacionados, mas sobretudo na vigência das relações de colaboração recíproca entre os envolvidos, não é um projeto que se realize do dia para a noite, apenas por seu valor intrínseco, mas algo que precisa ser conquistado historicamente, através da ação constante, orientada em determinada direção [...] (PARO, 1999, p. 249). Uma vez que apontamos as informações mais importantes sobre as políticas públicas em educação, pedimos a você que faça uma pesquisa em sua cidade ou região e estude como os programas e planos estão sendo desenvolvidos para que a educação escolar promova efetivamente um ensino de qualidade para a comunidade local. Além disso, procure também responder às questões a seguir: 1. Aponte um conceito único para definir o papel do diretor/gestor em cada época histórica da política brasileira estudada. 2. Relacione esse conceito com os princípios educacionais defendidos em cada período estudado. 3.3. Como você explica a relação entre as políticas públicas educacionais e o papel do diretor/gestor Como você explica a relação entre as políticas públicas educacionais e o papel do diretor/gestor como executor dessa política educacional na escola?como executor dessa política educacional na escola? 129 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Saiba mais Para obter mais informações sobre as diretrizes para a educação básica, visite o site: MEC. Diretrizes para a educação básica. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12992:diretrizes-para- a-educacao-basica>. Acesso em: 29 out. 2013. 8.1.1 Todos pela Educação Em 2006, foi fundada uma organização da sociedade civil com a finalidade de impulsionar a qualidade da educação básica no Brasil denominada Todos pela Educação. Desde o início de 2018, essa organização lidera o programa Educação Já, que tem como objetivo contribuir com os governos para a implementação de medidas urgentes para a educação no Brasil. Saiba mais Para obter mais informações sobre o Todos pela Educação e conhecer o documento Educação Já 2019 -2022 na íntegra, acesse https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/170.pdf Acesso em: 29 agosto 2019. 8.1.2 Plano de Ações Articuladas É um plano que visa à implantação e à implementação de um planejamento estratégico pelos sistemas de ensino para o desenvolvimento da educação escolar. A adesão ao plano implica aos componentes a participação na elaboração de indicadores educacionais de seus sistemas de ensino, que acompanharão o desenvolvimento educativo por meio de ações articuladas, consideradas um dos instrumentos do regime de colaboração para o desenvolvimento da educação escolar. Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) É um programa que vem atender a uma demanda dos profissionais da educação escolar, que sempre mostraram a importância de a escola receber verba para o aprimoramento da aprendizagem e do uso das verbas de acordo com as necessidades apontadas pelo Projeto Político-Pedagógico. 130 Unidade III Plano Nacional de Educação (PNE) O Plano Nacional de Educação, de duração decenal, apresenta diretrizes, metas e ações para a política nacional de educação, na perspectiva da inclusão, igualdade e diversidade para a educação brasileira na contemporaneidade. É o documento legal que orienta a utilização das verbas para a educação. É a instituição, também, de um instrumento de avaliação dos planos decenais de educação das diferentes esferas do Poder Executivo, no sentido de garantir a qualidade de ensino para atingir os níveis desejados de aprendizagem. Pretende articular o funcionamento do sistema nacional de educação. Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) É o programa que visa a atender à meta de aprimorar a qualidade do ensino, dando assistência direta ao aluno, por meio do livro didático. Atualmente os alunos recebem os livros didáticos das diferentes disciplinas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (Pradime) Programa que visa à reunião dos dirigentes da educação municipal escolar e à discussão das políticas públicas educacionais em suas regiões. Prevê a formação continuada de toda a equipe da educação municipal para que as metas educacionais sejam atingidas por meio da compreensão dos princípios e objetivos da educação escolar no Brasil. Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação (Pró-Conselho) A legislação educacional prevê a instalação dos conselhos municipais de educação como parte da organização e do funcionamento do sistema municipal de educação. O programa é parte da formação necessária ao grupo gestor do município. Programa de Fortalecimento Institucionaldas Secretarias Municipais de Educação do Semiárido (Proforti) É um programa com objetivos específicos para a área a ser atendida. É o reconhecimento da diversidade brasileira e das diferentes necessidades para que a educação escolar tenha a qualidade de ensino adequada a sua clientela. Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) Projeto que prevê a instalação de bibliotecas nas escolas, com o objetivo de possibilitar aos alunos o manuseio de variados materiais de leitura, com a orientação dos professores. A medida é de grande importância, pois estudos sobre a leitura no Brasil revelam dados insatisfatórios sobre a capacidade leitora dos alunos. 131 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (ProInfância) O projeto prevê financiamento para a construção de creches e pré-escolas. Deve ser desenvolvido em parceria com os municípios interessados. ProInfantil Esse projeto prevê a formação inicial dos professores, uma vez que, em 2012, 0,1% de professores tinha Ensino Fundamental incompleto, num total de 2.095 professores, o que revela a incapacidade do sistema escolar brasileiro de atender às exigências legais. Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) O cuidado com as crianças e com os adolescentes também prevê programas de saúde, pois a população brasileira ainda precisa lidar com questões delicadas, como gravidez precoce, drogas e doenças sexualmente transmissíveis. Prova Brasil Reflete a importância da mudança da cultura de avaliação no Brasil e da implantação da avaliação do sistema escolar que está sendo realizada ao longo do tempo e em larga escala, com os objetivos de conhecer a realidade educacional brasileira e apontar índices de qualidade para o desempenho das escolas nacionais. Rede Nacional de Formação Continuada de Professores É um projeto de importância para a educação básica brasileira, pois prevê a formação continuada dos professores que estão atuando na rede pública de ensino. Não é obrigatória para os sistemas de ensino, pois é proposta em forma de parceria e de adesão voluntária dos interessados. Transporte Escolar É um projeto que atende ao transporte escolar, especificamente, dos educandos que moram na zona rural. Caminho da Escola É um projeto que atua diretamente no transporte escolar, previsto como dever do Estado com a educação escolar para os educandos que moram a mais de dois quilômetros da escola. Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) Constitui um projeto com objetivos específicos de transferência de recursos, previstos no Fundeb para o pagamento de despesas de manutenção dos transportes escolares. 132 Unidade III Saiba mais Para obter mais informações sobre os programas que acabamos de citar, visite o site do MEC: http://www.mec.gov.br/ A seguir incluímos outros programas interessantes cujas informações também estão disponíveis no site do MEC: • Mais Cultura nas Escolas; • Juventude Viva; • Crack, é possível vencer; • Fundo de Financiamento Estudantil (Fies); • Mercosul Educacional; • Educação Ambiental; • Fórum Nacional de Educação (FNE); • Tecnologia Social. Observe, a seguir, as secretarias e instituições vinculadas ao Ministério da Educação, sobre as quais é possível encontrar mais informações no site do MEC. • Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (Sase); • Secretaria de educação básica (SEB). • Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). • Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec). • Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres). • Secretaria de Educação Superior (Sesu). • Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). 133 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA • Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). • Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). • Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). • Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). • Colégio Pedro II. • Instituto Benjamin Constant (IBC). • Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). • Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes). • Conselho Nacional de Educação (CNE). O Conselho Nacional de Educação tem a tarefa de regulamentar a legislação educacional e orientar a respeito desta, principalmente quanto à organização curricular para o sistema nacional de educação. Os temas, assuntos e conceitos presentes nessa relação revelam os tipos de consultas solicitadas aos conselhos de educação e têm o objetivo de obter um esclarecimento ou uma compreensão mais precisa sobre o assunto, a fim de propiciar orientação à tomada de decisões relativas ao cotidiano escolar quanto à manutenção e ao desenvolvimento da educação escolar. A seguir elencaremos os assuntos que o conselho apresenta no site: • acordos, protocolos e tratados internacionais; • acumulação de cargos; • aluno especial/aluno regular; • apostilamento de diplomas – Pedagogia; • aproveitamento/complementação de estudos; • áreas de conhecimento/campos de saber; • avaliação do rendimento escolar; • carga horária; • certificação de estudos; 134 Unidade III • cobrança de taxas; • colégios de aplicação; • conceito de sede; • convalidação de estudos; • credenciamento/recredenciamento; • cursos de Teologia; • cursos noturnos; • cursos sequenciais no Ensino Superior; • cursos superiores de tecnologia; • custo-aluno qualidade inicial (Caqi); • década da educação; • delegação de competência; • denominações e siglas de IES; • direito adquirido dos profissionais da educação; • direitos humanos; • diretrizes curriculares – cursos de graduação; • diretrizes para a educação básica; • descredenciamento voluntário; • educação a distância; • Educação Física – obrigatoriedade da disciplina; • efetivo trabalho escolar; • Ensino Médio e processo seletivo para IES; 135 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA • ensino militar; • ensino religioso; • equivalência de disciplinas; • equivalência de estudos – exterior; • escolas brasileiras no exterior; • escolas estrangeiras no Brasil; • estágios; • estatutos/regimentos; • Filosofia e Sociologia no Ensino Médio; • financiamento da educação; • formação acadêmica e exercício profissional; • formação de docentes/docência; • frequência/faltas e abono de faltas; • hora-aula; • internato – curso de Medicina; • Língua Espanhola; • livre-docência; • notório saber; • pessoa portadora de necessidades especiais; • planos de carreira e remuneração do Magistério; • pós-graduação; • ProJovem – programa nacional de inclusão de jovens recuperação/reforço escolar; 136 Unidade III • recursos contra decisões de órgãos do MEC; • referenciais orientadores para os bacharelados interdisciplinares e similares; • regime de exercícios domiciliares; • registro de diplomas; • relações étnico-raciais; • reprovação; • revalidação/reconhecimento de diplomas do exterior; • sistemas de ensino; • transferência de alunos; • transversalidade; • vestibulinhos. Lembrete As informações sobre o funcionamento do sistema nacional de ensino, apresentando as propostas de políticas públicas do MEC, os assuntos tratados pelo Conselho Nacional de Educação e os órgãos administrativos do MEC servem para explicitar a postura do governo diante da população brasileira. 8.2 Plano Nacional de Educação A legislação constitucional para a educação estabelece que, para o atendimento à educação básica brasileira, os recursos destinados devem ser divididos da seguinte forma: a União deve aplicar 18% das receitas provenientes dos impostos, e estados, Distrito Federal e municípios, 25% das receitas provenientes dos impostos e da transferência de um ente federativo para outro. Os recursos são destinados ao desenvolvimento do ensino e à manutenção das escolas. Alémdestas, o salário-educação é outra fonte de financiamento a ser recolhida pelas empresas, na forma da lei. Segundo Palma Filho (2006), em 2006, o gasto público brasileiro com a função social educação não alcançou 5% do PIB (Produto Interno Bruto). A participação das diferentes esferas educacionais foi de 46% do total gasto em educação pagos pelos governos estaduais (o que significa 2,3% do PIB), 29,5% pagos pelos municípios (1,4% do PIB) e 24,4% pagos pela União (1,2% do PIB). Palma Filho (2006) chama 137 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA a atenção para o fato de que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) recomenda para os países em desenvolvimento um gasto mínimo de 10% do PIB em educação. No Brasil, o PNE de 2001 propunha como destinação à área educacional o uso de 7% do PIB para o atendimento às demandas educacionais, o que não aconteceu. A Lei n. 9.394/96 introduziu uma importante inovação no que diz respeito ao financiamento da educação. Os mecanismos que podemos apontar e que configuraram o que podemos considerar como avanço, segundo Melchior (2004), são os seguintes: • estabelece-se o conceito de receita líquida para aferir o cumprimento da vinculação constitucional por parte dos entes federativos; • operações de crédito por antecipação da receita orçamentária não poderão ser consideradas receita de impostos; • a recepção de créditos adicionais por parte da receita estimada dos impostos implicará o reajuste da vinculação orçamentária; • deverá haver acerto trimestral entre receita e despesa prevista e a que for realizada, com a respectiva incidência da vinculação constitucional para a educação; • fixação dos prazos para o repasse dos recursos – esses prazos variam de 10 a 19 dias, depois de feita a arrecadação; • o estabelecimento do que vem a ser despesa com manutenção e desenvolvimento do ensino (MELCHIOR, 2004, p. 77). Melchior (2004) denuncia os abusos realizados antes dessas regulamentações, como o caso de municípios que asfaltavam as ruas em torno das escolas e consideravam isso despesa educacional, ou ainda outros que levavam “água encanada” aos bairros das escolas e consideravam esse serviço como despesa de infraestrutura educacional. Apesar dessas alterações e das denúncias do uso indevido, ainda há muito a fazer para garantir o uso adequado das verbas e o atendimento aos preceitos constitucionais. A seguir, falaremos dos planos previstos nos dispositivos legais responsáveis pelo desenvolvimento das políticas públicas nacionais. 8.2.1 Plano Nacional de Educação (PNE) 2001 – 2011 – Lei n. 10.172/01 A elaboração do Plano Nacional de Educação – PNE está prevista no artigo 214 da Constituição Federal de 1988 e na Lei n. 9.394/96. O Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, de 1997, deu andamento ao processo de discussão do Plano Nacional de Educação. Assim, o PNE foi aprovado e tornou-se a Lei n. 10.172/2001, orientando e coordenando o sistema nacional de educação até 2011, e definindo como objetivos e prioridades a serem desenvolvidos e estabelecidos: 138 Unidade III • a elevação global do nível de escolaridade da população; • a melhoria da qualidade de ensino em todos os níveis; • a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública; • democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 2001). O PNE fez um balanço da estrutura, da organização e do funcionamento da educação brasileira e propôs as prioridades para o desenvolvimento das políticas públicas do país, segundo o dever constitucional e as necessidades sociais: • garantia de Ensino Fundamental obrigatório, assegurando o ingresso e permanência na escola e a conclusão desse nível de ensino; • garantia de Ensino Fundamental a todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram; • ampliação de atendimento nos demais níveis de ensino; • valorização dos profissionais da educação; • desenvolvimento de sistemas de informação e de avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino. O PNE definiu as diretrizes para o atendimento aos objetivos, tendo em vista os recursos financeiros e a extensão da qualidade de ensino que se construirá constante e progressivamente. São estas: • diretrizes para a gestão e o financiamento da educação; • diretrizes e metas para cada nível de ensino; • diretrizes e metas para a formação e a valorização do magistério e dos demais profissionais da educação nos próximos dez anos. De acordo com essas prioridades e com os princípios da gestão democrática na escola, os mecanismos de participação estão sendo implementados pelo desenvolvimento dos conselhos escolares e da autonomia pela gestão colegiada das unidades escolares. 139 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 8.2.2 Plano Nacional de Educação – 2011 a 2020 O processo de elaboração do novo PNE teve início em 2008, no âmbito do Executivo Federal. Como iniciativa do MEC, foi elaborado o Documento Referência Conae 2010: construindo o sistema nacional articulado de educação: o Plano Nacional de Educação, diretrizes e estratégias de ação (MEC, 2008). Tal Documento deveria ser adotado como guia para as discussões nas Conferências Municipais, Estaduais e do Distrito Federal, a partir do qual as propostas de modificação deveriam ser elaboradas. Assim, o processo de construção do novo PNE teve início com a realização da Conferência Nacional de Educação Básica, em abril de 2008, que apontou a realização da Conferência Nacional de Educação (Conae), que ocorreu entre os dias 28 de março a 1º de abril de 2010, da qual resultou a proposta de PL do novo PNE. O PL n. 8.035, que “aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências”, foi apresentado pelo então presidente Luis Inácio Lula da Silva ao Plenário da Câmara dos Deputados, no dia 20 de dezembro de 2010, acompanhado da Mensagem Presidencial n. 701/2010, para apreciação e tramitação. O PL contém doze artigos e um anexo, denominado “Metas e estratégias”, no qual são elencadas 20 metas para todos os níveis de ensino e modalidades especiais e outros aspectos específicos da educação nacional, para as quais foram definidas várias estratégias. A lei prevê que o novo Plano Nacional de Educação seja elaborado, já que em 2011 tivemos o término da vigência do PNE elaborado em 2001. O Plano Nacional de Educação atual tem vigência de 2011 a 2020. Foi protocolado em 24 de abril de 2012 o projeto de lei do Plano Nacional de Educação 2011-2020. No entanto, somente em 2014 entrou em vigência. 8.2.3 Plano Nacional de Educação – 2014 a 2024 – Lei n. 13.005/14 O novo Plano Nacional de Educação foi sancionado pelo Congresso Federal em 2014, com o objetivo de melhoria da qualidade da educação no país, e, para tal, estabelece 20 metas que devem ser alcançadas nos próximos 10 anos (até 2024). Dessa forma, todos os estados e municípios devem elaborar planejamentos específicos, de acordo com as suas realidades para alcançar os objetivos previstos. Para avaliação dos resultados dessas metas, será feto um acompanhamento a cada dois anos. O primeiro relatório foi divulgado em novembro de 2016 e o segundo em agosto de 2019. Os resultados comprovaram que das 20 metas estabelecidas, apenas uma foi cumprida integralmente. A Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, aprova o Plano Nacional de Educação 2014 a 2024, o qual comentaremos. • O art. 1º aprova o PNE, de acordo com o art. 214 da Constituição Federal. • O art. 2º apresenta as diretrizes do PNE: acabar com o analfabetismo, prestar atendimento educacional a todos com qualidade, igualdade educacional sem discriminação, desenvolver valores éticos e morais, formação para o trabalho e exercícioda cidadania, valorização dos profissionais da educação. 140 Unidade III • No art. 3º temos o prazo para cumprimento das metas do PNE até 2024. • Os dados coletados pela Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (PNAD) e censos da Educação Básica estão no art. 4º. • O monitoramento contínuo do PNE será realizado pelo MEC, CNE e Fórum Nacional de Educação (art. 5º). • No art. 6º, temos a conferência nacional promovida pela União em articulação com as conferências estaduais e municipais. • O art. 7º apresenta o regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para implementação das estratégias do PNE. • O art. 8º refere-se à elaboração dos planos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no prazo de um ano. • No art. 9º, temos a aprovação de leis específicas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no prazo de 2 (dois) anos. • O artigo 10º refere-se as diretrizes orçamentárias para execução do PNE. • No artigo 11º, temos que a avaliação da qualidade da educação básica para a orientação das políticas públicas será feita pelo Sistema Nacional de Avaliação. • O artigo 12º diz que até o final do primeiro semestre do ano de 2023 o Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional o projeto de lei referente ao Plano Nacional de Educação a vigorar no período subsequente. • O artigo 13º fala da articulação entre os sistemas de ensino para efetivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de Educação. • O artigo 14º fala que essa Lei entra em vigor na data de sua publicação. Saiba mais Para saber mais sobre as metas e os resultados do PNE, leia: MEC. Plano nacional de educação – Lei n. 13.005/2014. PNE em movimento, [s.d.]. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos- subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao- lei-n-13-005-2014. Acesso em: 10 mar. 2020. 141 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA A seguir, apresentamos as metas e estratégias propostas no Plano Nacional de Educação que é composto por 20 metas que abrangem todos os níveis de formação, desde a educação infantil até o ensino superior, garantindo foco em questões especialmente importantes (como a educação inclusiva, o aumento da taxa de escolaridade média dos brasileiros, a capacitação e o plano de carreira dos professores), além de aspectos que envolvem a gestão e o financiamento desse imenso projeto. O relatório do 1º ciclo de monitoramento das metas do PNE 2014-2016 foram retiradas da Diretoria de Estudos Educacionais (Dired), do MEC, com comentários nossos. 8.2.3.1 Metas e estratégias Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE (BRASIL, 2014b, p. 16). O principal objetivo da meta 1 é a educação infantil, que prevê até final de 2016 o atendimento de 100% das crianças na pré-escola (de 4 e 5 anos de idade); e até o final do plano (2024) o atendimento de 50% nas creches (de 0 a 3 anos de idade). Atual 2015 90,5% Meta 2016 100% Atual 2015 30,4% Meta 2024 50% Porcentagem de crianças de 4 a 5 anos na Educação Infantil Porcentagem de crianças de 0 a 3 anos na Educação Infantil Figura 2 No período de 2014 a 2015, tivemos um acréscimo muito pequeno no atendimento às crianças na pré-escola , apenas 1,4%, enquanto na creche o aumento foi de 0,8%. Saiba mais Ao vermos as metas do PNE, acompanhe as estratégias estabelecidas pelo Governo para cada meta no anexo da seguinte lei: BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Brasília, 2014a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 17 fev. 2020. 142 Unidade III Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE (BRASIL, 2014b, p. 19). Atual 2015 97,7% Meta 2024 100% Atual 2015 76% Meta 2024 95% Porcentagem de crianças de 6 a 14 anos matriculadas no Ensino Fundamental Porcentagem de jovens de 16 anos que concluíram o Ensino Fundamental Figura 3 No ensino fundamental, a meta para o atendimento das crianças em 2024 é de 100%, no entanto, de 2014 a 2015, o aumento foi de apenas 0,2%. Em relação ao número de alunos que finalizaram o ensino fundamental em 2015 e o objetivo de alunos concluintes para 2024, falta ainda uma porcentagem de 19%. Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento) (BRASIL, 2014b, p. 22). Atual 2015 84,3% Meta 2016 100% Atual 2015 62,7% Meta 2024 85% Porcentagem de crianças de 15 a 17 anos na escola Porcentagem de crianças de 15 a 17 anos matriculados no Ensino Médio Figura 4 A meta 3 do PNE refere-se ao atendimento de alunos no Ensino Médio, entre 15 a 17 anos, que prevê para 2016 um atendimento de 100%. No entanto, de 2014 (82,6%) para 2015 (84,3%), o acréscimo foi de apenas 1,7%. Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados (BRASIL, 2014b, p. 24). 143 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Em relação à educação inclusiva, o atendimento escolar à população de 4 a 17 anos com deficiência ou superdotados, os dados apresentados pelo IBGE são de 2010, e mostra uma população de 82,5% matrículas na escola regular de Educação Básica. Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental (BRASIL, 2014b, p. 26). De acordo com a Diretoria de Avaliação da Educação Básica (DAEB –MEC): A alfabetização assume foco central da escolarização, como recurso para o desenvolvimento da autonomia das pessoas para a busca de conhecimento mediado pela língua escrita. A alfabetização, enquanto base para a aquisição de outros conhecimentos escolares, concorre para a inserção das pessoas nos contextos letrados da atualidade como elemento significativo para a formação da cidadania. [...] Os conceitos de alfabetização e letramento permeiam as discussões acadêmicas dos últimos anos, as quais consolidaram a articulação entre ambos, considerando que, embora distintos, são complementares e interdependentes no processo de aquisição da língua escrita. Desse modo, compreende-se que o processo de apreensão do sistema alfabético deve ser associado à compreensão dos significados e de seus usos sociais em diferentes contextos. Resumidamente, alfabetização pode ser definida como a apropriação do sistema de escrita, que pressupõe a compreensão do princípio alfabético, indispensável ao domínio da leitura e da escrita. O letramento, por sua vez, é definido como prática e uso social da leitura e da escrita em diferentes contextos. [...] Educar, no sentido de alcançar tais objetivos de alfabetização e letramento, visa garantir que as crianças possam vivenciar, desde cedo, atividades que as levem a pensar sobre as características do nosso sistema de escrita, de forma reflexiva, lúdica, inseridas em atividades de leitura e escrita de diferentes textos. A decodificação do alfabeto é uma aprendizagem fundamental, mas, para que os indivíduos possam ler
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