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@pedagoedicas e @foco_socioemocional apresentam: ACOLHIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR Os desafios do retorno presencial para as escolas, professores e famílias. "Receber alguém; hospedar, agasalhar: acolher um amigo em casa; acolheu-me de braços abertos”. O que antes já chamamos de adaptação, hoje entendemos como acolhimento. Adaptar significa que a criança entra num espaço e deve se adaptar a ele, as regras dele, não se pensa na sua individualidade, a criança não é vista como alguém que vem para agregar. Acolher parte de uma visão onde a criança tem direitos, é competente, se comunica e tem sentimentos. Ela é alguém que precisa ser acolhida todo o tempo, ainda mais nesse começo. O processo pode ser tranquilo, respeitoso, pensado para isso, em vez de traumático e doloroso. Isso não quer dizer que não vai envolver choro ou ser fácil para todos, mas que todos estão disponíveis para ampará-la. Só por essa introdução já dizemos muito sobre o que acreditamos em educação e que imagem temos da criança, por isso se você que está lendo isso, se identifica e ainda usa o termo adaptação, talvez seja hora de mudar! Acolher Por aqui vamos dar algumas dicas e reflexões que devem ser adaptadas a realidade de cada escola e comunidade. Talvez não seja ideal para você, mas sirva como tema disparador para que consiga iniciar uma discussão que chegue a melhor proposta considerando o seu contexto. Vamos trazer pontos para a escola, professores e famílias O acolhimento é um momento especial e que merece muita atenção e sensibilidade, mas a ideia de escrever esse documento veio por acreditar que esse processo no ano de 2021, será ainda mais delicado. Com mais tempo em casa, devido a pandemia de COVID-19, as crianças se afastaram do convívio diário com outras crianças e muitas ficaram em ambientes com pouco espaço, fechadas em casas e apartamentos. Ninguém pode dizer qual impacto isso terá na vida dessas crianças e de toda a sociedade, mas sabemos que, aos poucos e com segurança, elas devem voltar. Para estarmos mais atentas e preparadas trazemos aqui coisas que lemos, vivemos, discutimos e pensamos como educadora, psicóloga e agora também como mãe. Vamos iniciar lembrando do nosso combinado de que aqui é para dar dicas e ideias, não precisa fazer igual, ou por não fazer dessa forma estar errado. Cada um tem suas concepções e a realidade muda conforme o contexto. Nas instituições pelas quais passamos, a forma que consideramos mais interessante para esse acolhimento foi estipular um horário gradativo ao longo da primeira semana. Principalmente se é a primeira vez da criança na escola, talvez ela precise de um adulto de sua referência ao seu lado ao longo de toda a semana. É preciso estar sensível e ir abrindo espaço, mas ter a possibilidade deste adulto estar no espaço escolar. Sabemos que muitos familiares não têm essa disponibilidade, por isso cabe uma adaptação a sua realidade. Á escola É papel da escola apoiar as famílias antes e durante o processo de acolhimento. As novas ferramentas tecnológicas nos trouxeram grandes facilidades, que tal uma roda de conversa online com as famílias antes do primeiro dia na escola? Levar uma pauta semiestruturada com perguntas disparadoras que gerem reflexão pode ser uma opção. Os grupos familiares podem funcionar também como uma rede de apoio entre si e muitas vezes é um alívio se reconhecer nas dúvidas e angústias dos outros. O acolhimento não é apenas da criança, mas de toda a família. A escola, considerando toda a equipe, deve preparar uma programação e enviar aos familiares com antecedência, para diminuir a ansiedade. Deixando claro que a programação é flexível e as protagonistas, que são as crianças, serão sempre o foco. De modo geral a escola deve reforçar que esse é um momento de parceria, que a família possui saberes sobre a criança que a escola não tem e a escola possuiu uma proposta diferente do grupo familiar e elas serão, no melhor dos cenários, complementares. Deixe claro que conversar sobre qualquer assunto relacionado a criança é sempre uma possibilidade. Compreender que cada criança irá vivenciar esse processo da sua maneira e não realizar comparações entre o grupo. Acolher com calma e disponibilidade, buscar entender as diversas formas de comunicação da criança e se comunicar com ela. Pensar que a família também deve ser acolhida, não apenas a criança. Acompanhar a família, antes, durante e "depois" do processo inicial de acolhimento. Antes: Roda de conversa, envio e apresentação do planejamento, apresentação da professora e assistentes. Durante: Orientações descritivas, convidar o adulto de referência a brincar junto, pontuar também para as famílias quando estiverem indo bem. Depois: Finalizar os dia com um feedback, apontando os momentos de sucesso e se necessário realizando orientações. Escola Vamos passar agora de um pensamento geral e institucional para o momento da professora com a sua turma. Se estamos falando de acolhimento de uma criança precisamos conhecê-la! Reuniões prévias com os pais, decorar os espaços com fotos e uma anamnese com detalhes importantes deixa os pais mais tranquilos de que já vão ter profissionais conhecendo seus filhos, e os professores com mais recursos para começar esse vínculo com cada um. Se estamos falando de uma relação precisamos nos conhecer mutuamente! Professoras Que tal conhecer a professora também? Algumas ideias para conhecer a família e professores: Tem brinquedo favorito/objeto? Tem relação com outras crianças? Como foi esse período afastado? Rotina de sono. Comida favorita. Alergias. Quem são os contatos próximos em caso de emergência? Músicas e livros que gosta. O que esperam do filho na escola? Quais seus sonhos para ele? Queridas famílias, não existe escola sem defeitos, mas cada um sabe quais são suas prioridades. Esteja muito seguro da sua escolha de escola, conheça o espaço, a coordenação, o porteiro, a metodologia e sinta esse ambiente. Você foi acolhido? Deu vontade de estar nesse espaço? Se sim, provavelmente seu filho também vai se sentir desta forma! Você pode pegar dicas com amigos sobre escolha da escola, mas como você se sente é parte mais importante nessa escolha. Escolher a escola do seu filho, para quem tem esse privilégio, é uma tarefa delicada e de muita importância, por isso faça com calma e carinho. Se já era difícil em outros tempos agora com toda a insegurança que estamos vivendo, fica ainda mais desafiador. Após escolher, conte a escola como está se sentindo nesse processo, como espera que seja esse início! Não existem perguntas bobas! Se quiser leve uma lista de perguntas ou vá questionando conforme for sentindo a necessidade. ás Famílias Contem tudo que quiserem! Tem coisa melhor que falar do seu filho? Aproveitem! Acrescentem detalhes que façam sentido e façam do seu filho único! Perguntas aos professores: Formação Quantos anos na área? Por que escolheu essa profissão e essa faixa etária? O que mais gosta na profissão? Como foi/está sendo a pandemia? Do que gostava de brincar quando criança? O que espera desse ano com esse grupo? O que esperam da família? é a palavra chave para o sucesso desse processo! O grande pilar que sustenta a relação família-escola é a confiança e essa só é possível através da comunicação. A relação entre família e escola começa antes mesmo da primeira visita. Explicar, mostrar o que a escola acredita e alinhar expectativas são maneiras de construir confiança. É preciso dar espaço para que as famílias falem das suas inseguranças e que pertençam ao novo ambiente. É importante que ambas instituições, família e escola lembrem sempre que a intenção é de parceria! Quantas famílias têm receio de perguntar ou expor sua opinião? Quantas escolas desistem de projetos por já considerar que as famílias não vão participar? Existem muitas escolas que fazem escolhas sem pedir apoio e famílias que não participam para não seremtaxadas de alguma forma. Comunicação A família é quem mais conhece a criança e a escola estuda sobre educação e sabe melhor orientar. Unidos conseguimos ir mais longe e será bom para todos! O que parece óbvio e lógico para um dos lados pode não ser para o outro, as coisas precisam ser ditas! Parece algo simples e básico na relação, mas acabamos nos esquecendo. Lembre-se e lembre a equipe e comunidade dessa parceria e importância desse engajamento! Comunicação Ideias de como fazer a comunicação acontecer: Deixem definido o meio de comunicação, pelo app da escola, no portão na momento da saída ou chegada, pelo whatsapp... Dessa forma desencontros são evitados. Periodicidade. Marquem uma frequência fixa, que suporte algumas flexibilidades, não deixem para mandar mensagem apenas quando algo sai do previsto. Cuidado. Por vezes na rotina a comunicação se transforma em um monte de demandas. Mandem notícias de progressos, momentos bons, protocolos de higiene sendo seguidos etc. Crianças muito novas ainda não conseguem contar como foi o dia na escola, é importante que as famílias tenham alguma noção geral do que aconteceu, principalmente no começo. Planejem como comunicar isso a família. Assertividade e propósito. As famílias e as professoras adoram falar sobre as crianças, mas ninguém gosta de uma reunião improdutiva. Se organize e pense nos temas principais a cada encontro. No momento inicial defendemos que é de extrema importância finalizar o dia com um feedback para quem está vivendo esse processo com a criança, caso o adulto não esteja junto o tempo todo, contar, o que foi feito, que em determinado momento a intenção não era construir o bloco mais alto e sim possibilitar uma atividade que a criança pudesse interagir com seus pares para progredir no seu objetivo, que nesse sentido ela foi muito bem. Deixar claro que chorar não é um problema, dar um feedback para a família, dizer que aquela mãe/pai/tia/avó foi muito bem e algum tipo de orientação de como se comportar em determinadas situações. Aqui depende do perfil do professor nós, por exemplo, orientávamos os adultos a começarem a brincar com outras crianças antes de saírem do ambiente. Todos precisam estar seguros: escola, criança e família. Finalizações Reunimos essas informações a partir do que estudamos e acompanhamos de perto por algumas escolas. Nosso objetivo é que esse processo seja mais respeitoso com as crianças, que haja reflexão por parte dos profissionais e um acalanto aos pais que estão ansiosos. Cada escola e criança tem seu momento e o que funciona em alguns lugares pode não funcionar tão bem em outros, por isso acreditamos que a base de tudo o que trouxessem aqui é ser aberto e sensível nesse e em todos os momentos. Não é por que fazíamos de outra forma que não podemos melhorar, não é por que "uma hora passa" que devemos ignorar. Pensem em uma construção feita com uma base forte e que será duradoura, por que não começar bem? Um bom retorno a todos! Com todos os cuidados e cuidando principalmente delas, as crianças! Gostou do conteúdo? Segue a gente no Instagram @pedagoedicas e @foco_socioemocional Marina Vieira Carolina Lemos
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