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O acolhimento na Escola de Educação Infantil

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O acolhimento na Escola de Educação Infantil (CEI)
O processo de inserção e acolhimento da criança pela instituição é mais comumente chamado processo de ADAPTAÇÃO. É o momento que recebemos essa criança e sua família pela primeira vez na escola e a ajudamos a adquirir essa nova rotina em sua vida. O termo “adaptação”, nos dicionários, significa uma acomodação ou um ajustamento, que é exatamente o contrário do que acreditamos que deva acontecer na Educação Infantil. 
Ajustamento e acomodação subentendem uma submissão a uma determinada situação, seja ela favorável ou não. Esse termo pode dar uma impressão de conformismo e por isso vários autores têm sugerido a substituição pelo termo INSERÇÃO e ACOLHIMENTO, que traz a conotação do que de fato deve acontecer com a criança neste processo. Mas na prática o termo que será encontrado ainda na maioria das instituições é adaptação. Esse processo pode ser percebido de diferentes formas pela criança. Algumas perceberão a instituição como um lugar prazeroso e logo estabelecerão vínculos com os adultos e crianças. Para outras, esse momento de separação da família pode ser bastante angustiante e sofrido.
 A idade que a criança começa a frequentar a instituição, assim como o tipo de convivência social que esta criança tem, e a forma como a instituição organiza esse processo são fatores que também influenciam muito. Devemos estar atentos ao fato de que o carinho e a atenção se revelam nos menores gestos e cabe aos educadores uma parcela muito importante na inserção da criança, principalmente se for o primeiro contato escolar. Atente e oriente as famílias em relação aos seguintes aspectos: 
1. Alguns dias antes deve-se preparar a vinda da criança à escola. Os pais devem contar a ela, numa linguagem bem simples (em qualquer idade) como é a escola, o que ela vai fazer lá, sem esticar muito o assunto, a não ser que ela faça perguntas.
 2. A reação de choro neste período é normal. Entretanto; se após uns dez ou quinze dias as lágrimas continuarem é importante verificar se a estratégia utilizada está adequada a esta criança e sua família. Nem sempre o choro quer dizer que a criança não quer ficar na escola, principalmente se o choro acontecer somente no momento da entrada, muitas vezes pode ter outro significado e até mesmo representar um “jogo” para manter a mãe junto de si. 
3. Se os pais trabalham fora e não dispõem de tempo para permanecer na escola durante o período de adaptação, o melhor é transferir a responsabilidade para alguém da família (tias, avós etc). 
A mãe, ao ficar preocupada com os horários, pode transferir ao filho sua ansiedade e piorar a situação. 4. A pessoa que substituir a mãe deverá ter participado do processo de visita à escola, conhecer o trabalho e desejar que a criança se adapte. É preciso tomar cuidado com avós, tias, babás, entre outros, que desejam cuidar da criança, pois tudo farão para evitar que ela se adapte.
 5. Na escola, o responsável não deve fazer nada para a criança. Caso ela solicite, ele deve induzi-la a procurar o educador com quem deve criar laços afetivos e para quem deverá transferir suas necessidades e dependências.
 6. O educador deve ser visto como uma nova aquisição afetiva, uma nova pessoa amiga e querida e não aquele que vai substituir a família. Alguns pais sentem ciúme do profissional que vai lidar com seu filho. 
7. Se no período de adaptação a criança for agredida ou agredir outra, aja com naturalidade. A criança não sabe dominar sua agressividade, e o ato físico é a linguagem mais eficiente para o agressor. Um dos trabalhos da escola é exatamente o de fazer as crianças perceberem que podem resolver as coisas de outras formas. Com o tempo a agressividade vai diminuindo. 
8. Pode ser que a criança fique isolada nos primeiros dias. Isso é muito comum e o educador deve promover sua integração no grupo. 
9. Uma criança que acabou de ganhar um irmão apresenta mais dificuldade na adaptação e essa situação deve ser evitada. 
10. É importante que, após passado os dias iniciais cujo o tempo de permanência é reduzido, a criança chegue à escola na hora da entrada, participando de toda rotina junto com a turma. 
11. Os pais devem tomar cuidado para não se atrasarem no momento da saída. A demora pode gerar insegurança e fantasia a respeito de que os pais a esqueceram. 
12. As roupas da criança devem ser práticas e simples, para que não tirem sua liberdade. Devem ser de fácil manuseio, assim como os calçados, pois as crianças devem ser estimuladas à independência, vestindo-se e calçando-se sozinhas. 
13. É um engano pensar que filhos de pais separados terão maior dificuldade neste processo. Se eles têm segurança, se vivem numa situação de estabilidade emocional e rotina tranquila, a inserção transcorrerá naturalmente. 
14. Com a entrada na escola, a criança poderá demonstrar algum tipo de medo, por exemplo, de lobo mau. Esses medos se deflagram porque a criança está vivendo um momento de insegurança. Toda criança, em maior ou menor grau, sente medo em alguma fase de sua vida; ele permanecerá somente se for usado pelo adulto como forma de repressão e ameaça para obter comportamentos “adequados” da criança. 
15. Se a criança procurar ficar perto dos pais durante o período de inserção, o educador deve estimulála a se juntar ao grupo. Mas é preciso também respeitar o tempo da criança. Algumas preferem ficar alguns momentos apenas observando, para depois participar. 
16. Pode acontecer também que a criança brinque logo, explore o ambiente e só depois de alguns dias é que comece a chorar. Esse comportamento também é comum. O interesse costuma voltar em breve. 
17. O responsável não deve sair “fugido”. Deve despedir-se naturalmente e avisar que voltará para buscar a criança. Durante o processo de inserção e acolhimento, devemos ter em mente que não é só a criança que vive esse processo, a família e o educador também o vivem com a mesma intensidade. 
O educador precisa, além de se organizar para receber a criança e a família, estar disponível e sensível para estabelecer uma relação de confiança com ambos. Deve entender que o seu planejamento com a turma precisará sofrer alterações durante este período ele terá de também dar suporte ao grupo que poderá apresentar estranhamento e sentimentos de ciúme em relação à criança que está chegando. Para que o educador possa dar conta de todas essas questões ele irá necessitar de todo apoio e suporte da instituição, para que todos os envolvidos passem por essa fase com o máximo de tranquilidade possível. 
Em relação à família, o que percebemos muitas vezes é uma grande ambiguidade de sentimentos em relação ao educador e à instituição. Por um lado, necessita da instituição para deixar seu filho enquanto está envolvida em atividades de trabalho e se sente confortada por ter esse lugar, mas ainda não estabeleceu uma relação de confiança, muitas vezes apresenta insegurança, tem medo de perder o amor do filho, de que ele se sinta abandonado, de que ele não seja bem cuidado, sente ciúme do educador porque ele acompanhará primeiro vários momentos importantes do desenvolvimento da criança. É claro que os exemplos dados vão variar muito dependendo do histórico de vida familiar, e o educador e a instituição deverão iniciar o processo de parceria com as famílias para que esses e outros sentimentos e problemas não venham atrapalhar o trabalho realizado com a criança.
 Atividade Reflexiva: Imagine que você está iniciando o período letivo e precisa organizar a acolhida das crianças em sua turma que retornaram das férias, e das crianças novas. Como você faria? ( Escrever no caderno)

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