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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Alexandre Gialluca Direito Empresarial Aula 02 ROTEIRO DE AULA 6.3. Cabe desconsideração da personalidade jurídica ? Art. 980-A do CC/02. § 4º “Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação com o patrimônio da pessoa natural que a constitui” foi este revogado pelo dizer: “qualquer situação”. [VETADO] Enunciado nº 470 da V Jornada de Direito Civil - O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. - Antes da MP 881/2019, a desconsideração da personalidade jurídica para a EIRELI era cabível em todos os casos de fraude, confusão patrimonial ou desvio de finalidade. Com a inserção do §7º ao Art. 980-A do CC, a desconsideração só é autorizada nas hipóteses de fraude, o que torna o alcance do instituto excessivamente reduzido. Art. 980-A “§ 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude.” MP 881/2019 6.4. Capital mínimo a) Valor: uma das maiores dificuldades para se constituir uma EIRELI no Brasil está no valor do capital mínimo exigido pela lei, que é equivalente a 100 vezes o valor do salário mínimo federal. Além disso, não é possível estabelecer um prazo para a integralização futura do capital, como acontece na Sociedade Limitada. A integralização do capital mínimo deve ocorrer no ato de constituição da EIRELI (= “devidamente integralizado” = devidamente PAGO!). Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) b) Formas de integralização: a integralização pode se dar tanto em DINHEIRO quanto em BENS (móveis ou imóveis). Com relação ao bem imóvel, vale lembrar que a sua transmissão do patrimônio da Pessoa Física para o da EIRELI com o objetivo de integralizar capital não atrai a incidência de ITBI, já que se trata de hipótese de imunidade especial. A única exceção, na qual haverá incidência, é nas situações em que o imóvel transmitido for utilizado pela EIRELI com finalidade comercial. Art. 156 da CF - Compete aos Municípios instituir impostos sobre: II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; § 2º - O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; • É possível integralizar capital social com serviços na EIRELI? Não. Nos termos dos artigos 980-A, §6°c/c 1055, §2º do CC, não é possível a integralização de capital por meio de serviços na EIRELI, já que a ela se aplicam as regras da sociedade limitada de modo subsidiário. c) O pagamento/integralização deve ser feito no ato da constituição. - Só aquele que tem condições de integralizar o capital mínimo exigido pela lei de imediato é que pode constituir a EIRELI. d) Precisa ficar atualizando sempre o capital da pessoa jurídica com o aumento ulteriores do salário- mínimo? - O valor do salário mínimo que deve ser tomado como referência para a integralização do capital mínimo da EIRELI é o vigente no ano em que ela foi constituída. Logo, não é necessário atualizar o capital da pessoa jurídica a cada aumento do valor do salário mínimo federal. 6.5. Aplicação subsidiária Segundo o art. 980-A §6° a aplicação subsidiária da EIRELI são as regras de sociedade limitada. 6.6. Quem pode ser titular ? • Temos 2 (duas) correntes: 1ª corrente: somente P. Física. - Iniciada pela Instrução Normativa nº 117 do extinto DNRC e confirmada pela Instrução Normativa nº 10 DREI, essa corrente afirma que a função da EIRELI é colocar fim a informalidade do empresário individual, oferecendo-lhe como benefício a limitação da responsabilidade. Essa posição busca se afirmar por meio da interpretação do Art. 980-A, §4º do CC, que faz menção apenas a Pessoa Natural. Obs.: o DNRC foi substituído pelo DREI (Departamento de Registro Empresarial e Integração) a) A instrução normativa 117 DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comercio) – somente pessoa natural pode ser titular de uma EIRELI. - A Instrução Normativa nº 10 do DREI, item 1.12.11 do anexo V dispõe: “não pode ser titular de EIRELI a pessoa jurídica, bem assim a pessoa natural impedida por norma constitucional ou por lei especial”. b) A ideia da EIRELI é acabar com a informalidade do empresário individual c) A ideia é limitar a responsabilidade do empresário individual d) Redação dos §4° e §2°, 980-A: § 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) §4º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação com o patrimônio da pessoa natural que a constitui Enunciado da V jornada de Direito Civil nº 468: A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural. • 2ª corrente: P. Física e P. Jurídica: a) Art. 980–A - Como o legislador optou por utilizar no caput o gênero PESSOA, não fazendo distinção entre as espécies, seria lícito presumir que qualquer pessoa pode ser titular. Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) b) A lei não proíbe expressamente a pessoa jurídica de ser titular (Não há proibição legal) – Instrução normativa 117 do DNRC e Instrução normativa 10 DREI (não podem proibir essa titularidade); - As instruções do DNRC e do DREI extrapolaram a função de regulamentar ao impor restrição que a lei não previu, ferindo, desta forma, o princípio da legalidade. Constituição Federal/88, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; c) O art. 980-A, §6° prevê a aplicação subsidiária das regras de sociedade LDTA JURISPRUDÊNCIA: a 22ª vara Federal de SP, em sede de Mandado de Segurança no processo 00174394720144036100, que deferiu a liminar permitindo o arquivamento de Alteração Social que transformava uma Sociedade Limitada reduzida a um único quotista pessoa jurídica em EIRELI5. Esta decisão foi confirmada pelo TRF da 3ª região, que manteve a liminar em sede de AI 0002895- 84.2015.4.03.000006 IN 38/17 – DREI, 1.2.5 - Pode ser titular de EIRELI, desde que não haja impedimento legal: a) O maior de 18 (dezoito) anos, brasileiro(a)ou estrangeiro(a), que estiver em pleno gozo da capacidade civil; b) O menor emancipado → A prova da emancipação do menor deverá ser comprovada exclusivamente mediante a apresentação da certidão do registro civil, a qual deverá instruir o processo ou ser arquivada em separado. c) A pessoa jurídica nacional ou estrangeira; • INCAPAZ PODE SER TITULAR DE EIRELI? - O incapaz não pode iniciar como empresário individual, tendo em vista que para isso é necessário estar em pleno gozo da capacidade civil. Em contrapartida, nos termos da Instrução nº 38/17, o incapaz pode ser titular de EIRELI, desde que ele seja devidamente representado ou assistido conforme o grau de sua incapacidade e, além disso, não exerça a administração da EIRELI. d) O incapaz, desde que exclusivamente para continuar a empresa, nos termos do art. 974 do Código Civil e respeitado o disposto no item 1.2.6-A deste manual. d) O incapaz, desde que devidamente representado ou assistido, conforme o grau de sua incapacidade, e com a administração a cargo de terceira pessoa não impedida. - O Art. 974, §3º do CC prevê que o incapaz também pode ser sócio de sociedade, desde que observados os mesmos requisitos acima expostos para que ele seja titular de EIRELI, além do fato do capital social estar totalmente integralizado. Vale notar que esse último requisito (= integralização total do capital) não é exigido no caso da EIRELI em razão da integralização total do capital ser inerente a esse tipo societário. • MAGISTRADO PODE SER TITULAR DE EIRELI? CNJ / Consulta nº 0005350-37.2016.2.00.0000 → Fonte: www.conjur.com.br – 09 de maio de 2019 - É incompatível com a magistratura a abertura de empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), ainda que esta seja administrada por um terceiro. O entendimento, por maioria, foi firmado pelo Conselho Nacional de Justiça ao julgar consulta da Associação Nacional do Magistrados Estaduais (Anamages). - Prevaleceu o entendimento do relator, conselheiro Márcio Schiefler Fontes, de que a criação de Eireli cria para o titular da empresa interesses e obrigações que não se coadunam com a dedicação plena à judicatura e com a independência e imparcialidade necessárias ao desempenho da função jurisdicional. - De acordo com o voto, a incompatibilidade permanece mesmo com a designação de um terceiro como administrador, já que o controle continua com o titular, que é o único detentor de todo o capital social e o principal interessado no sucesso econômico da atividade explorada. “De igual modo, tem-se que a incompatibilidade permaneceria mesmo que a administração fosse conferida a pessoa diversa, pois é certo que o exercício individual da empresa, a decisão dos rumos da atividade, a fiscalização do administrador, a concentração integral do capital, a percepção de lucros e o interesse direto no êxito da Eireli continuariam com o seu titular, no caso, o magistrado”, diz o voto. 6.7. Limitação da EIRELI por pessoa - Cada CPF autoriza a constituição de apenas uma única EIRELI. - A vedação, contudo, refere-se apenas a Pessoa Natural, sendo possível que a Pessoa Jurídica formada pelo titular constitua a EIRELI e dela seja a única sócia. Assim, uma EIRELI pode ser a única sócia de várias outras EIRELI’s sem que isso implique em violação da lei. § 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) 6.8. Administrador - Para saber quem pode ser administrador da EIRELI é necessário recorrer à aplicação subsidiária do regramento da sociedade limitada (Art. 980-A, §6º, CC). - Nos termos dos artigos 1060 e 1061 do CC, o administrador pode ser o (i) titular da EIRELI ou (ii) um terceiro não titular. 6.9. “Transformação” - Quando o legislador introduziu a figura da EIRELI no Art. 980-A do CC, muitos dos que eram empresários individuais resolveram migrar para esse tipo societário buscando o benefício da responsabilidade limitada. O ato que concretiza essa mudança é o instituto da transformação, previsto no Art. 980, §3º do CC. A transformação tem lugar em todos os casos nos quais os requisitos para a constituição da EIRELI sejam observados por aquele que pretende a mudança. • Sociedade empresária pode recorrer à transformação? No caso da sociedade empresária, a transformação é mais difícil, visto que ela conta com dois sócios ou mais. Neste caso, o ato de transformação depende da transferência da integralidade das cotas sociais para um dos sócios, passando este a ser o titular da EIRELI. Art. 980-A § 3º - A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. - Vale destacar que a transformação do empresário ou da sociedade em EIRELI mantém o CNPJ do tipo societário anterior. Isso é uma vantagem em vários aspectos como, por exemplo, a contagem do tempo de constituição da empresa, que pode ser requisito para que a empresa contrate com a Administração Pública por meio de licitação. • É possível transformar a EIRELI em empresário individual ou em sociedade empresária? Sim. Embora não seja tão vantajoso, a transformação é possível também neste caso. 6.10. EIRELI originária e a EIRELI derivada - A EIRELI originária é aquela que assim se constitui desde o início. - A EIRELI derivada é aquela que decorre do ato de transformação. 6.11. Comparativo EMPRESÁRIO INDIVIDUAL EIRELI PESSOA NATURAL PESSOA JURÍDICA RESPONSABILIDADE ILIMITADA RESPONSABILIDADE LIMITADA NÃO TEM CAPITAL MÍNIMO POSSUI CAPITAL MÍNIMO 7. OBRIGAÇÕES EMPRESARIAIS - As obrigações empresariais equivalem ao conjunto de deveres que devem ser observados por aqueles que desenvolvem uma atividade empresarial. Tanto o empresário individual quanto a sociedade empresária e a EIRELI devem observá-las. 7.1. Registro - O registro é a primeira de todas as obrigações empresariais. - Obrigatoriedade/Competência: todo aquele que é empresário individual, sociedade empresária ou EIRELI deve efetuar o registro na junta comercial. - Na atividade empresarial existe o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREN). O SINREN está dividido em dois órgãos: o Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI) e as Juntas Comerciais. Enquanto o DREI é órgão normatizador e fiscalizador de alcance federal, a junta comercial é órgão executor de alcance estadual. - O DREI fiscaliza as juntas comerciais, que são órgãos executores. • Tem alguma exceção ??? - O Art. 971 do CC traz o empresário rural como exceção a regra do registro obrigatório. Ou seja, para o empresário rural o registro é facultativo. Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. b) Competência para julgamento de ato do presidente da junta comercial - No âmbito administrativo, a Junta Comercial está subordinada ao estado da federação ao qual ela se vincula. Todavia, tecnicamente, a sua subordinação é federal. JURISPRUDÊNCIA: RE 199793 / RS - RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI Julgamento: 04/04/2000 Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação DJ 18-08-2000 PP-00093 EMENT VOL-02000-04 PP-00954 Parte(s) RECTE.: ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL RECDO.: INCOMEX S/A - CALÇADOSJuntas Comerciais. Órgãos administrativamente subordinados ao Estado, mas tecnicamente à autoridade federal, como elementos do sistema nacional dos Serviços de Registro do Comércio. Consequente competência da Justiça Federal para o julgamento de mandado de segurança contra ato do Presidente da Junta, compreendido em sua atividade fim. Informativo nº 0536 Período: 26 de março de 2014. TERCEIRA SEÇÃO. DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIME ENVOLVENDO JUNTA COMERCIAL. Compete à Justiça Estadual processar e julgar a suposta prática de delito de falsidade ideológica praticado contra Junta Comercial. O art. 6º da Lei 8.934/1994 prescreve que as Juntas Comerciais subordinam-se administrativamente ao governo da unidade federativa de sua jurisdição e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro do Comércio, órgão federal. Ao interpretar esse dispositivo legal, a jurisprudência do STJ sedimentou o entendimento de que, para se firmar a competência para processamento de demandas que envolvem Junta Comercial de um estado, é necessário verificar a existência de ofensa direta a bens, serviços ou interesses da União, conforme determina o art. 109, IV, da CF. Caso não ocorra essa ofensa, como na hipótese em análise, deve-se reconhecer a competência da Justiça Estadual. Precedentes citados: CC 119.576-BA, Terceira Seção, DJe 21.6.2012; CC 81.261-BA, Terceira Secão, DJe 16.3.2009. CC 130.516-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/2/2014. c) Natureza Jurídica do Registro - A natureza jurídica do registro é variável. ✓ EMPRESÁRIO: o registro é mera condição de irregularidade. Se o empresário não realizar o registro, ele não deixará de ser empresário. Apenas será tido como um empresário irregular. Em outras palavras, não é o registro que constitui a Pessoa Natural em empresário, mas sim o fato dela preencher os requisitos do Art. 966 do CC. Enunciado nº 198 da III Jornada de Direito Civil: “Art. 967: A inscrição do empresário na junta comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. o empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do código civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário”. Enunciado nº 199 – Art. 967: a inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização. ✓ EMPRESÁRIO RURAL: o registro tem natureza constitutiva, por força da redação do Art. 971 do CC. Logo, o regime jurídico empresarial somente será aplicável ao empresário rural se ele realizar o registro. Enunciado nº 202 – ARTS. 971 E 984: o registro do empresário ou sociedade rural na junta comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção. d) Principais consequências da ausência de registro • Dentre as principais consequências da ausência do registro, podemos destacar: (i) Não pode pedir recuperação judicial (ii) Não pode requerer a falência de terceiros (iii) Tratando-se de sociedade ou EIRELI, o sócio ou o titular respectivo terá responsabilidade ilimitada. Cuidado com pegadinhas!!! Exemplo: A sociedade empresária irregular não tem legitimidade ativa para pleitear a falência de outro comerciante, mas pode requerer recuperação judicial, devido ao princípio da preservação da empresa. ERRADO 7.2. Escrituração dos livros comerciais A) Classificação dos livros • Livro Facultativo: são facultativos os livros que o empresário não está obrigado a escriturar (ex.: livro-caixa, livro-razão, livro conta corrente, etc…). • Livro Obrigatório • Obrigatório Especial: é aquele que o empresário está obrigado a escriturar apenas em casos excepcionais. • Obrigatório Comum: é o livro que todo empresário está obrigado a escriturar (ex.: livro- diário). Art. 1.180 do CC/02: Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. B) Consequências da escrituração irregular ou da ausência de escrituração - A ausência de escrituração não pode ser confundida com a irregularidade na escrituração. Novo Código de Processo Civil, Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. Novo Código de Processo Civil, Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio entre empresários. - A ausência de escrituração pode configurar crime; a irregularidade não. - Se a empresa entrar em crise e sofrer um processo de falência ou pleitear a recuperação (judicial ou extrajudicial), é bem possível que ela seja alvo de denúncia pela prática do crime falimentar previsto no Art. 178 da Lei 11.101/05. Art. 178 da Lei 11.101/05 - Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. C) Dispensa da escrituração - O pequeno empresário está dispensado de realizar a escrituração. Todavia, deve-se ter atenção para não se confundir o pequeno empresário com ME ou EPP. - A Microempresa, a Empresa de Pequeno Porte e o Microempreendedor Individual não constituem um 4º (quarto) tipo societário. Trata-se apenas de uma classificação realizada pelo legislador com o objetivo de conferir benefícios fiscais, previdenciários, dentre outros, a determinados empresários. Tais empresários podem se constituir de acordo com qualquer um dos 4 tipos societários, com exceção do Microempreendedor Individual (MEI), que só pode se constituir como empresário individual. O que os diferencia é o critério objetivo previsto nos incisos do Art. 3º da Lei nº 123/06. Art. 1.179 do CC/02: O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1° Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2° É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Microempresa (ME) Empresa de Pequeno Porte (EPP) Microempreendedor Individual (MEI) • Empresário individual • Sociedade empresária • EIRELI • Sociedade Simples • Empresário individual • Sociedade empresária • EIRELI • Sociedade Simples • Empresário individual Microempresa Empresa de Pequeno Porte Microempreendedor Individual Valor igual ou inferior a R$ 360.000,00 Valor superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 Valor igual ou inferior a R$ 81.000,00 Art. 3° Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registradosno Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). Art.1º A Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, passa a vigorar com as seguintes alterações: Produção de efeito “Art. 3º.................................................................................. II – no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00(trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). D) Falsificação dos livros comerciais - A lei equipara o livro comercial a categoria dos documentos públicos, motivo pelo qual a sua falsificação faz com que o empresário incorra na prática de crime de falsificação de documento público. Art. 297 do CP - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. E) Princípio da Sigilosidade - Os livros do empresário possuem informações muito importantes do ponto de vista empresarial/concorrencial. Por isso, a lei garante o sigilo destes documentos, ainda que tal regra comporte exceções pontuais. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp155.htm#art11 Art. 1.190 do CC/02: Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. • Exceções: a. Exibição total: a exibição total pode ser realizada somente quando a quebra do sigilo auxiliar o juiz a resolver questões relacionadas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. Em todo caso, é necessário requerimento da parte. Art. 1.191 do CC/02: O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. Novo CPC, Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros empresariais e dos documentos do arquivo: I - na liquidação de sociedade; II - na sucessão por morte de sócio; III - quando e como determinar a lei. b. Exibição parcial: pode ser determinada de ofício. Novo CPC, Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas. Art. 1.193 do CC/02: As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. 7.3. Demonstrativos contábeis periódicos a) Balanço patrimonial: é destinado a apurar os ativos e passivos da atividade empresarial. Art. 1.188 do CC/02: O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. B) Balanço de resultado econômico: é destinado a apurar o resultado da atividade empresarial em termos de lucros/perdas. “Art. 1.189 do CC/02: O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial.” 7.4. Conservar em boa guarda toda a escrituração “Art. 1.194 do CC/02: O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.” 8. NOME EMPRESARIAL 8.1- Previsão Constitucional - O nome empresarial é garantido constitucionalmente. Art. 5°, XXIX da CF/88: a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 8.2. Conceito - O nome empresarial é o elemento de identificação do empresário individual, sociedade empresária e da EIRELI no universo empresarial. O nome é necessário para participar de licitações, realizar contratos civis em geral, dentre outras modalidades de relação jurídica. 8.3. Modalidades • Firma: pode ser (a) individual ou (b) social/razão social. • Denominação 8. 4. Aplicação/Composição • Firma Individual ✓ Aplicação: é aplicada para o empresário individual. ✓ Composição: Nome civil do empresário (completo ou abreviado) Art. 1.156 do CC/02: O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. b) Firma Social ✓ Aplicação: utiliza-se para a sociedade que possui sócio com responsabilidade ilimitada Ex.: sociedade em nome coletivo. ✓ Composição: nome(s) do(s) sócio(s) (completo ou abreviado) Art. 1.157 do CC/02: A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura. - Se a responsabilidade é ilimitada, o sócio responde com seus bens particulares pelas dívidas sociais. Logo, nada mais justo que o credor saiba quem é o sócio cujo patrimônio irá responder pela garantia de seu crédito. c) Denominação ✓ Aplicação: aplica-se para a sociedade que possui sócio com responsabilidade limitada. ✓ Composição: utiliza-se um elemento fantasia + ramo da atividade Ex.: Ki Fome Lanchonete, Divina Gula Doceria, etc... 8.5. QUADRO GERAL Firma Denominação Empresário Individual (= responsabilidade ilimitada) TEM Não tem Sociedade em comandita simples (= o sócio comanditado tem responsabilidade ilimitada e o comanditário tem responsabilidade limitada). TEM Não tem Sociedade em nome coletivo (= todos os sócios tem responsabilidade ilimitada) TEM Não tem Firma Denominação S/A (= responsabilidade limitada) Não tem TEM Cooperativa (= responsabilidade limitada) Não tem TEM Sociedade LTDA TEM TEM (art. 1.158 CC) EIRELI TEM TEM (art. 980-A, §1°) Firma Denominação Sociedade em comandita por ações TEM TEM Sociedade em conta de participação (= sociedade despersonificada) Não tem Não tem ✓ Sociedade anônima Art. 1.160. do CC/02: A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista,ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. ✓ Cooperativa Art. 1.159 do CC/02 A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa” Obs. Cuidado com três exceções: ✓ Sociedade limitada Art. 1.158 do CC/02: Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. § 1° A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2° A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. § 3° A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. ✓ EIRELI, também pode ter firma ou denominação ✓ Comandita por ações também pode ter firma ou denominação Art. 1.162 do CC/02: A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.
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