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Módulo 4 – Tratos e Colheita 130 Módulo 4: Tratos e Colheita Chegamos ao último módulo do curso Florestas Plantadas. Vamos à última etapa do processo, que se refere aos tratos e à colheita. Tratos silviculturais são todos os cuidados que o silvicultor deve tomar para garantir o desenvolvimento adequado de uma plantação florestal. Este módulo é composto de quatro aulas. Conheça os assuntos que serão tratados em cada uma: Módulo 4 – Tratos e Colheita 131 Aula 1 - Tratos Silviculturais • Principais aspectos relacionados à desrama • Conheça os principais aspectos relacionados à prática do desbaste florestal Pronto(a) para começar a primeira aula? Aula 2 -Colheita Florestal • Importância da colheita florestal • Época da colheita das árvores Aula 3 - Equipamentos para Colheita • Motosserra • Outros equipamentos para a colheita Aula 4 - Sistemas de Colheita • Sistema de colheita manual • Sistema de colheita semimecanizada • Colheita mecanizada • Fatores influenciadores da colheita florestal Módulo 4 – Tratos e Colheita 132 Aula 1: Tratos Silviculturais Tratos silviculturais são todos os cuidados que o silvicultor deve tomar para garantir o desenvolvimento adequado de uma plantação florestal. Desrama e desbaste são os principais tratos silviculturais. De olho nos valores É importante lembrar que a desrama melhora a qualidade da madeira, pois evita a formação dos nós causados pelos ramos não eliminados. O desbaste reduz a população original do povoamento, favorecendo a entrada de luz e aumentando a disponibilidade de nutrientes e água para as plantas remanescentes. Os tratos silviculturais são imprescindíveis para o produtor que tenha por objetivo a produção de madeira de alta qualidade, principalmente se a intenção for fornecer matéria-prima para serraria e desdobro. Os plantios de eucaliptos que não recebem tratos culturais adequados jamais produzirão madeira de qualidade. Módulo 4 – Tratos e Colheita 133 Principais aspectos relacionados à desrama Conceito A queda e/ou a remoção (poda) dos galhos, em certa porção do tronco de uma árvore, são denominadas desrama. Ela propicia a formação de dois cilindros distintos, um livre de nós, denominado cilindro de madeira limpa, que se superpõe a um cilindro com nós, comumente denominado de cilindro nodoso, conforme a figura a seguir. desrama Pode ser artificial, se provocada pela interferência direta do homem, ou natural, se não provocada pela interferência direta do ser humano. Ao se realizar a desrama artificial em uma árvore, é necessário saber que ela é um trato silvicultural que necessita planejamento, pois influencia o crescimento da árvore (diâmetro e altura), a conicidade do tronco e, consequentemente, o fator de forma. Por isso, é preciso que o operador tenha alguns conhecimentos (que estarão expostos a seguir) sobre a morfologia da árvore, pelo menos, quanto aos elementos básicos da base dos ramos.Representação do cilindro nodoso. Processo de compartimentalização A árvore sempre deve estar preparada para se defender da ação de organismos que lhe provoquem danos, como pragas e doenças, uma vez que há morte ou quebra de ramos vivos a todo momento. Para tal, são criadas barreiras, no interior do tronco, com o objetivo de evitar o crescimento dos fungos degradadores da madeira. A criação de barreiras aos organismos degradadores – processo Módulo 4 – Tratos e Colheita 134 denominado compartimentalização – é caracterizada por alterações químicas que incluem a síntese de taninos; o bloqueio de vasos com resinas, látex ou gomas; o aumento do metabolismo, que leva à produção de substâncias antibióticas; e a reação do câmbio com aumento da multiplicação das células ricas em substâncias protetoras (suberinas). Planejamento da desrama O principal ponto que interfere no planejamento da desrama é o uso que será dado à madeira. Quando a madeira está destinada à produção de celulose e energia, não há necessidade de programação de desrama. Ao contrário, na condução de povoamentos para a produção de madeira para serraria ou uso múltiplo, a desrama passa a ser um ponto importante. Mão na terra Além do sítio, outro fator importante é o objetivo da produção, pois este irá determinar o diâmetro máximo do núcleo nodoso aceitável. Definição da altura da desrama Para alguns técnicos, o mais simples é definir uma altura fixa a partir do solo até onde se deve proceder à desrama. Geralmente, é o uso futuro da madeira que comanda o estabelecimento da altura da desrama, para que seja possível a obtenção da uniformidade no tamanho das toras necessárias para o atendimento daquele tipo de uso. Determinação do número de árvores a desramar O número de árvores a serem desramadas depende da densidade de plantio, do regime de desbaste que foi estabelecido, do número de árvores escolhidas para corte final do povoamento, da qualidade das árvores, dos riscos de quebra ou lesões devido a pragas ou a situações climáticas. Módulo 4 – Tratos e Colheita 135 Mão na terra Em povoamentos florestais plantados com mais de 1.000 árvores/ha, planejados para desbaste seletivo, para facilitar outras operações de manejo, como desbaste e controle de fogo, normalmente são desramadas todas as árvores na primeira intervenção, excluindo-se apenas aquelas em péssimas condições. Depois do primeiro desbaste, passará a valer o número de árvores estabelecidas para o corte final, mais um percentual de segurança da ordem de 20%. Seleção de árvores a serem desramadas Essa situação é interessante quando se vai desramar um número muito pequeno de árvores. Nesse caso, indica-se considerar, durante a seleção das árvores, os seguintes critérios: a. posição fitossociológica (posição que a planta ocupa em relação às outras); b. qualidade do tronco (desvio de prumo ≥ 10 cm no DAP: não desrama); c. qualidade e formato da copa (equilíbrio e simetria – excentricidade); diâmetro dos ramos (ramos finos preferenciais – fechamento rápido do ferimento); posicionamento dos ramos (retos, melhor que inclinados); número de ramos (muitos ramos finos, melhor que poucos ramos grossos); e sanidade da árvore. Intensidade da desrama no eucalipto É importante que se mantenha wum volume de copa de, no mínimo, 40%-60% da altura total da árvore, pois esse procedimento permite a manutenção de uma área foliar adequada para fotossíntese e crescimento da planta. Módulo 4 – Tratos e Colheita 136 Para ajudar a operacionalização no campo, deve-se adotar o padrão de 50% da altura total, pois facilita a visualização e execução da desrama. Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental Desrama e qualidade da madeira A desrama influencia o potencial de madeira limpa produzida, em função de diferentes proporções de núcleo nodoso da tora. Ou seja, a desrama, quando realizada no momento correto, evita a formação de nós, produzindo madeira de melhor qualidade (limpa) e com maior valor agregado. Isso pode ser mais bem entendido com base na figura ao lado. cilindro nodoso madeira sem nós Configuração do cilindro nodoso e do cilindro oco de madeira sem nó em uma tora. A desrama é um processo que induz à formação de uma madeira sem nós, veja abaixo: Mostra de madeira com nó e madeira sem nó proveniente de árvore desramada. Com nó Madeira limpa Módulo 4 – Tratos e Colheita 137 Como deve ser feita a desrama A desrama deve ser feita de modo a preservar a crista e o colar. Para tal, recomenda-se variar o ângulo de corte, dependendo se o galho estiver vivo ou morto. Galho vivo Crista da casca Colar (galho vivo) Local correto para a realização da desrama em galho vivo. Galho morto fossa basa (galho morto) Local correto para a realização da desrama em galho morto. Um estudo sobre o efeito da desrama artificial, realizado no município de Abaeté, no cerrado mineiro, por POLLI et al. (2006), estabelecido no espaçamento 3 m x 3 m, mostrou os seguintes resultados: • A conicidade, o achatamentoe o encurvamento da primeira tora não diferiram significativamente entre tratamentos; • Núcleo nodoso: a desrama artificial reduziu o núcleo nodoso, com um ganho médio de 94% na extensão de madeira limpa em relação à testemunha; • A cicatrização se deu de forma mais rápida em ferimentos provocados pela remoção de ramos mais jovens, de menor diâmetro. Módulo 4 – Tratos e Colheita 138 A produção de madeira limpa a partir do uso da desrama, apesar de ser uma forma que assegura madeira de melhor qualidade, sem nós, somente deverá ser feita se na região produtora a madeira limpa for comprada a preço diferenciado, uma vez que envolve custos e mão de obra. Ao realizar a poda, os operários deverão obrigatoriamente usar equipamentos de proteção individual – EPIs. Ao desramar, deve-se evitar o uso de facões que podem prejudicar o corte dos ramos e danificar a árvore. Deve-se utilizar ferramentas como o serrote tipo jacaré, acoplado à haste de 5 a 7 m (para desrama em maiores alturas), tesouras de poda e podão florestal. Desrama errada O corte do galho deveria ter sido feito rente ao tronco, sem deixar toquinhos Os cortes devem ser feitos rentes o suficiente ao tronco para evitar deixar tocos ao lado, que serão incorporados pela árvore dando origens a nós na madeira. Módulo 4 – Tratos e Colheita 139 Conheça os principais aspectos relacionados à prática do desbaste florestal Desbaste florestal Os desbastes são colheitas parciais de madeira, em povoamentos ainda imaturos, objetivando estimular e distribuir o potencial de crescimento do sítio florestal para um número menor de árvores remanescentes. É, portanto, uma técnica silvicultural necessária para quem tem o objetivo de produzir toras de grande diâmetro ao final da rotação. Ao contrário, quando o objetivo é produção de madeira fina para lenha e carvão, por exemplo, o desbaste é dispensável. Classificação das árvores no povoamento O crescimento das árvores em um povoamento dependerá individualmente da genética, do solo, do local específico de plantio, do ataque eventual de patógenos ou insetos-pragas e de algum dano ocorrido durante o seu desenvolvimento. As diferenças individuais são mais evidentes em povoamentos formados com mudas de material não clonal, mas mesmo em povoamentos clonais podem aparecer distinções em função da ação de fatores não genéticos. Uma das classificações utilizadas para as árvores em plantações florestais é a seguinte: 2 33 5 55 44 2 1 3 3 22 2 Linha do dossel Posições fitossociológicas das árvores no povoamento: 1 (AE); 2 (AD); 3 (AcD); 4 (AI); 5 (Ad). Módulo 4 – Tratos e Colheita 140 Árvores emergentes (AE) Aquelas cujas copas se encontram bem acima das demais e, por se sobressaírem no povoamento, terminam sendo atingidas totalmente pela radiação direta. Árvores dominantes (AD) Neste grupo estão aqueles indivíduos cujas copas se localizam imediatamente abaixo do nível atingido pelas emergentes. Por isso, recebem luz direta somente na parte superior de sua copa e luz parcial nas suas laterais. Árvores codominantes (AcD) São aquelas que estão em condições menos favoráveis que as dominantes, em relação à recepção por luz, e que terminam recebendo luz direta na parte superior e pouca luz na parte lateral. Árvores intermediárias (AI) Nesses indivíduos, as copas se espremem entre as copas das dominantes e codominantes, em uma situação de desvantagem, de modo que recebem pouca luz na parte superior e nenhuma luz em suas laterais. Árvores dominadas (Ad) Essas encontram-se na condição menos favorável e, por isso, recebem apenas luz difusa. Em florestas primárias denominam-se árvores suprimidas. Módulo 4 – Tratos e Colheita 141 Vantagens da realização do desbaste A principal vantagem do desbaste é dar prioridade para a continuidade do desenvolvimento daqueles indivíduos mais aptos a formarem uma maior quantidade de madeira de qualidade na época programada para o corte raso. Há, no entanto, outras vantagens: • proteger as árvores com crescimento mais expressivo, boa forma de fuste e que sejam eleitas para o corte raso; • colher árvores inferiores, mantendo no povoamento as superiores, aumentando a produtividade média na rotação; • concentrar-se nas árvores com maior incremento diamétrico; • facilitar a realização de atividades de manejo, dentro do povoamento; • no caso de sistemas agroflorestais, o desbaste promove a entrada de luz para os componentes que dela necessitam. Dinâmica do povoamento de eucalipto após o desbaste Antes do desbaste, o povoamento encontra-se submetido a uma pressão competitiva entre as próprias árvores do plantio, para a obtenção de luz, água e nutrientes. Ao realizar um desbaste, promove-se um aumento do espaço disponível para as árvores remanescentes que retomam, assim, o crescimento. Os desbastes, no entanto, não influenciam apenas o crescimento das árvores, mas também alteram a forma das mesmas. A retomada de crescimento das árvores remanescentes, a partir de uma operação de desbaste, tende a diminuir com o tempo, até atingir um novo estágio de estagnação. Por isso, para produção de madeira de maiores diâmetros, os desbastes, geralmente, são feitos de forma sucessiva ao longo do tempo. Módulo 4 – Tratos e Colheita 142 Seleção de árvores para desbaste Este processo tem como base a posição relativa das árvores no povoamento, o vigor e a sanidade que apresentam, além da qualidade e da forma dos fustes. Desses aspectos, a posição é um dos mais importantes fatores a serem considerados no momento da realização de um desbaste. Plantas emergentes e dominantes, salvo um problema de doença ou de forma de fuste, normalmente são plantas candidatas a se manterem no povoamento até o corte raso, dependendo do sistema de desbaste adotado. Mão na terra Ou seja, as árvores com menor crescimento, menor vigor, suprimidas e doentes devem ser selecionadas para retirada no desbaste, enquanto que as melhores árvores no povoamento são deixadas para produção de madeira grossa, geralmente destinada a serraria. Tipos mais comuns de desbaste Existem três tipos de desbaste utilizados por manejadores de plantações florestais comerciais: seletivo, sistemático e misto, sendo que o seletivo pode ser do tipo “por baixo” ou do tipo “pelo alto”. Módulo 4 – Tratos e Colheita 143 Desbaste seletivo O mais antigo tipo de desbaste é o por “por baixo”, nele removem-se as árvores de classe de crescimento inferior, visando favorecer as superiores. Ele simula, de certo modo, o desbaste natural na floresta, sendo bastante indicado para espécies como o eucalipto, por exemplo. É adequado para produtores de madeira para serraria a partir de povoamentos homogêneos e com árvores de mesma idade. No desbaste “pelo alto”, removem-se as árvores intermediárias e superiores, favorecendo as demais árvores promissoras. Ele é mais recente e de aplicação mais complexa. Parece ser uma técnica silvicultural interessante para pequenos e médios produtores, uma vez que possibilita, em um prazo mais curto, entrada de dinheiro na propriedade. Como pontos negativos do tipo “pelo alto”, pode-se dizer que, após o desbaste, há uma diminuição do diâmetro e da altura total médios da população. Ele não estimula a desrama natural, pois sua aplicação aumenta a quantidade de luz no interior do povoamento, forma camadas de copas em diversos estratos, além de elevar o perigo de erosão. Ele, ainda, prolonga a rotação. Desbaste sistemático Em geral, nos desbastes sistemáticos retira-se totalmente uma linha de árvores a cada três, efetuando-se, em operações subsequentes, desbastes seletivos nas duas linhas remanescentes. Esse sistema é recomendável para plantios homogêneos, feitos com material genético selecionado e com técnicas silviculturais adequadas. Aplica-se, ainda, quando não houver interesse no manejo da rebrota das touças, ou para espécies que não apresentam rebrota satisfatória. Nos demais casos, os desbastesseletivos são os mais recomendáveis. Na Tabela a seguir, podem ser visualizados, de forma resumida, os principais tipos e subtipos de desbaste. Módulo 4 – Tratos e Colheita 144 Tipo de desbaste Subtipo Intensidade Seletivo Pelo alto Removem-se as árvores intermediárias e superiores, favorecendo-se as demais árvores promissoras. Leve Saem: doentes, mortas, inclina- das, Ad; a maior parte das AD defeituosas; algumas AD bem formadas que estejam muito juntas e parte das AcD. Pesado Aplica-se a intensidade leve e mais algumas de classes supe- riores que estejam competindo com as copas das melhores árvores. Por baixo Removem-se as árvores de classe de crescimento inferior, visando favorecer as superiores. Leve Saem árvores doentes, mortas e Ad. Moderado Saem árvores do grau anterior e, gradualmente, todas as AI. Podem sair, ainda, AcD de bom formato, mas muito juntas ou com copa excessiva e a maioria das que tiverem fuste defeituoso. Pesado Todas do grau moderado + algumas AcD bem conformadas + todas AD mal conformadas + algumas AD bem conformadas. Sistemático - Saem árvores independente- mente da classe, uma vez que segue um padrão que pode considerar a colheita de árvores em fileiras alternadas, ou de árvores alternadas dentro das fileiras. Misto - Qualquer combinação de sistemático com seletivo. Muito pouco utilizado. Fonte: Elaborado por Moacir José Sales Medrado, a partir de dados extraídos de FERRAZ et al. (2012). Módulo 4 – Tratos e Colheita 145 Observando-se a tabela anterior, nota-se que a marcação para desbaste necessita do olhar de alguém que tenha sido treinado e que possa separar as árvores a permanecerem no povoamento, mantendo, entre elas, uma distribuição adequada de espaço. Indicadores do momento do desbaste São vários os indicadores que podem ser utilizados para estabelecer o momento ideal para a realização do desbaste, sendo o mais comum aquele que relaciona o Incremento Corrente Anual com o Incremento Médio Anual. O momento do desbaste é definido como aquele em que o valor do Incremento Corrente Anual (ICA) passa a ser menor do que o valor do Incremento Médio Anual (IMA). Os incrementos podem ser considerados com base na área basal (m2/ha/ ano), diâmetro a altura do peito – DAP (cm/ano) ou volume (m3/ha/ano). O incremento com relação ao diâmetro deve ser utilizado por ser o método de mais fácil aplicação. Define-se como momento do desbaste aquele em que o valor do DAP passa a não aumentar significativamente em relação ao calculado no ano anterior. Determinação da intensidade e da frequência de desbaste Tanto a intensidade quanto a frequência de desbaste, em um determinado povoamento, dependerão de uma análise do local em que o plantio está situado, bem como da densidade de plantio inicial (espaçamento) e da taxa de crescimento das árvores. Módulo 4 – Tratos e Colheita 146 Idade (anos) Árvores removidas por ha Árvores remanescentes por ha Porcentagem de desbaste (%) Volume total de madeira (m3) Madeira para celulose (m3) Madeira para desdobro (m3) 0 0 1.047 - - - - 5 647 400 62 288,3 143,4 0 8 200 200 50 320,9 108,8 34,4 15 200 0 100 409,4 90,2 306,4 Fonte: SANTOS (2010) apud SANTAROSA et al. (2014). Lá na fazenda Rio Novo O Marcos, técnico do Senar, deu uma dica especial para nós da fazenda Rio Novo na questão do desbaste. Segundo ele, uma forma interessante de determinação do regime de desbaste é utilizar (como no exemplo a seguir) os softwares SisEucalipto e Planin, produzidos pela Embrapa. Os softwares poderão ser adquiridos no endereço www.embrapa.br/florestas/ transferencia-de--tecnologia/softwares-florestais. Experimente você também! Recomendações gerais aos operadores de desbaste florestal É fundamental que o operador do desbaste leve em consideração algumas dicas importantes consubstanciadas na experiência de manejadores de plantações florestais comerciais, como as seguintes: • do ponto de vista econômico e operacional, quando a área é grande e exige colheita florestal mecanizada, o desbaste do tipo sistemático é mais adequado devido à sua economia; http://www.embrapa.br/florestas/transferencia-de--tecnologia/softwares-florestais http://www.embrapa.br/florestas/transferencia-de--tecnologia/softwares-florestais Módulo 4 – Tratos e Colheita 147 • no caso de desbastes seletivos, nas primeiras operações, o desbaste “por baixo” eliminando árvores dominadas, malformadas, tortas, bifurcadas e doentes é o mais indicado; • durante o primeiro desbaste, não se deve retirar árvores muito próximas, evitando, assim, a formação de clareiras que facilitam o crescimento de plantas invasoras e o surgimento de muitas brotações no povoamento de eucalipto -- situações que aumentam os custos com a desrama e ainda causam a diminuição da qualidade da madeira; • o desbaste sistemático é apropriado para povoamentos clonais de crescimento mais uniforme, sendo colhidas fileiras de forma alternada; • quando o objetivo for aumentar a proporção de madeira de boa qualidade, limitando a madeira de qualidade inferior a um pequeno cilindro central, desbastes leves devem ser programados inicialmente. • Desbastes precoces e pesados permitem alterar a destinação da madeira produzida em função de mudanças no mercado e possibilitam a comercialização de uma maior variedade de produtos, em menor tempo. • Atualmente, existem simuladores de crescimento e de produção. O SisEucalipto, por exemplo, é de extrema utilidade para a definição do regime de desbaste para cada povoamento, da situação de mercado e do interesse do empreendedor. No Brasil, vêm sendo adotados regimes de desbaste, em que o planejamento aponta para desbastes precoces e pesados para produzir toras na faixa de 35 cm a 45 cm de diâmetro em rotações curtas de 15 a 20 anos. Isso tem sido executado mesmo com o conhecimento de que, com esse método, é possível colher muita madeira juvenil. Módulo 4 – Tratos e Colheita 148 Aula 2: Colheita Florestal A colheita florestal é um conjunto de operações realizadas na plantação de árvores comerciais com o objetivo de retirar a madeira, prepará-la e transportá-la até o depósito por meio de técnicas planejadas e executadas. As etapas mais importantes são: corte, extração, carregamento, transporte e descarregamento. • Corte: significa derrubar a árvore (equipamentos – Harvester, Feller, Buncher, motosserra); • Processamento: consiste no desgalhamento, traçamento e descascamento (equipamentos – Harvester, processador, motosserra); • Baldeio ou transporte primário: é a retirada da madeira de dentro dos talhões e colocação na margem da estrada (equipamentos – Forwarder, Skidder, guincho, Track-Skidder); • Carregamento: coleta da madeira da margem da estrada e sua colocação no caminhão (equipamento – grua); • Transporte: levar a madeira até o pátio da fábrica (equipamento – Romeu e Julieta, treminhão); Módulo 4 – Tratos e Colheita 149 De olho nos valores A colheita está condicionada ao ciclo de corte, o qual está ligado ao objetivo final da madeira: lenha, carvão, celulose, mourões, postes, madeira para construção ou serraria. Para produção de madeira para celulose, lenha e carvão vegetal, a colheita é realizada aos seis ou sete anos, dependendo da condição de solo, clima e manejo a que a planta foi submetida. A condução dos talhões de eucalipto, para produção de madeira voltada ao uso múltiplo, geralmente recebe um corte aos seis ou sete anos para produção de madeira para lenha, mourões e construção, e outro, aos 12 ou 14 anos, para produção de madeira para serraria. Importância da colheita florestal A colheita da madeira de uma plantação de árvores comerciais de eucalipto é o ponto mais importante de todo o processo produtivo. Primeiramente, por ser a atividade de maior custo no sistema de produção do eucalipto e, segundo, porque é, provavelmente, a etapa mais impactante, do ponto de vista ambiental,de todo o ciclo de produção das árvores. Módulo 4 – Tratos e Colheita 150 De olho nos valores Há quem diga que os processos de colheita e transporte florestal ocupam de 40 a 50% do custo de produção do eucalipto. É um processo que vem sofrendo acentuada modernização desde o início da década de 1970, com avanços significativos em relação aos equipamentos e maquinários disponíveis para esta operação. Época da colheita das árvores Há duas condições para determinar a época ideal de corte: a idade ótima de corte do ponto de vista técnico e a idade ótima de corte do ponto de vista econômico. O Marcos, do Senar, explicou um pouco melhor sobre quando determinar o momento ideal do corte. Confira! Dica do Técnico Olá, tudo bem? Gostaria de te explicar um pouco mais sobre a época de colheita da madeira. É lógico que a colheita vai depender de diversos fatores, principalmente os objetivos propostos para o material colhido, mas é bom você entender um pouco sobre o ponto de vista técnico e o econômico deste processo. A determinação da idade ótima de corte do ponto de vista técnico busca potencializar a produtividade de madeira por unidade de área por ano. Por sua vez, a determinação do ponto de vista econômico tem como objetivo maximizar o retorno econômico líquido por unidade de área por ano. Módulo 4 – Tratos e Colheita 151 Antes de cortar as árvores é importante saber a idade ótima de corte do ponto de vista técnico. Para isso, existem dois indicadores de crescimento da floresta: o Incremento Corrente Anual (ICA), que mede o quanto a floresta cresceu em volume no último ano, e o Incremento Médio Anual (IMA), que mensura o crescimento médio da floresta até aquela idade. Em plantios de eucalipto voltados à produção de matéria-prima para celulose ou energia, e que, portanto, não sejam desbastados e cujo objetivo seja apenas o volume de madeira, a idade ótima de corte do ponto de vista técnico é atingida quando o valor do IMA, ou seja, o Incremento Médio Anual, se iguala ao ICA, o Incremento Corrente Anual. Nessa idade, o plantio de eucalipto atinge o valor máximo de produção de volume de madeira por unidade de área por ano. Lembre-se que o planejamento é fundamental para uma boa colheita. Até mais! Para o exemplo apresentado na Figura, do ponto de vista técnico, o corte deveria ser feito pouco depois de o povoamento completar oito anos de idade. Nesse ponto, o plantio de eucalipto estaria com o maior volume de madeira por unidade de área por ano (máximo IMA). Módulo 4 – Tratos e Colheita 152 Importante salientar que, para regimes de manejos para obtenção de multiprodutos, nem sempre é fácil determinar a idade ótima de corte do ponto de vista técnico. Nesses casos, o melhor é determinar o ótimo “econômico”, avaliando vários regimes de manejo diferentes e identificando aquele que possibilita o maior retorno líquido equivalente, por unidade de área, por ano. Isso é possível de ser feito com base em simulações usando softwares do tipo SisEucalipto, que pode ser obtido na Embrapa, no seguinte endereço eletrônico: www.embrapa.br/florestas/transferencia- de-tecnologia/softwares-florestais Vale ressaltar que essa idade varia de acordo com a curva de crescimento da floresta, devendo ser avaliada para cada plantio ou para uma amostra representativa do plantio em questão, por meio das técnicas de inventário e biometria florestal. Em pequenas propriedades ou florestas de menor porte, a decisão pode se basear em uma estimativa, analisando-se o diâmetro das toras em função do destino a ser dado à madeira, seja serraria, laminação, celulose, construção civil ou carvão. http://www.embrapa.br/florestas/transferencia-de-tecnologia/softwares-florestais http://www.embrapa.br/florestas/transferencia-de-tecnologia/softwares-florestais Módulo 4 – Tratos e Colheita 153 Aula 3: Equipamentos para Colheita Há inúmeros tipos de máquinas, equipamentos e acessórios no mercado para a realização da colheita florestal. Para a derrubada de árvores, por exemplo, existem as seguintes alternativas: motosserra, Harvester, Slingshot e grade desgalhadora. Para a etapa de processamento, pode-se utilizar: a motosserra, o Harvester, o Slingshot, a garra traçadora, o processador e o Slasher. O descascamento, quando realizado no campo, pode ser feito com: descascadores móveis, Harvester ou processadores; enquanto na indústria é realizado por tambores rotativos. As máquinas para colheita florestal mecanizada têm preço elevado, e o empreendedor deve manter pessoal qualificado, ou seja, com bons salários, durante todo o ano para manutenção e operação dos equipamentos, sendo que a colheita, boa parte das vezes, não ocorre o ano todo. Por isso, é importante realizar uma avaliação benefício/custo para cada caso, e observar qual a tomada de decisão melhor: terceirizar ou fazer a operação com recursos próprios. Módulo 4 – Tratos e Colheita 154 Na operação de extração, utilizam-se: tratores agrícolas adaptados (seja com caçambas, seja por guinchos), Forwarders, caminhões, Skidders, cabos aéreos etc. No carregamento e descarregamento dos veículos de transporte são usados carregadores com gruas hidráulicas. O carregamento pode ser realizado com o próprio Forwarder, quanto este é utilizado para o baldeio. Motosserra Motosserra trabalhando na colheita As motosserras são máquinas amplamente utilizadas em várias atividades florestais, como: derrubada, traçamento e desgalhamento. Outros equipamentos para a colheita • Harvester • Feller Buncher • Forwarder • Skidder • Garra Traçadora Módulo 4 – Tratos e Colheita 155 • Timber Hauler • Grua Florestal A produção de máquinas para colheitas talvez tenha sido a que mais cresceu nos últimos anos, no setor florestal. Por isso, durante a operação, o empreendedor, dependendo do sistema que adotar, poderá escolher quais os equipamentos que irá utilizar entre diversas opções. Módulo 4 – Tratos e Colheita 156 Aula 4: Sistemas de Colheita Existem três tipos de colheitas florestais: mecanizada, semimecanizada e manual. Saiba um pouco sobre cada uma delas para poder decidir qual sistema deverá utilizar em seu empreendimento. Sistema de colheita manual A colheita manual é feita por meio do corte das árvores com machado. É uma atividade de baixíssimo rendimento e pouquíssimo uso em plantações florestais comerciais. Somente é utilizado em propriedades muito pequenas, nas quais o produtor não dispõe de recursos que viabilizam outra operação. Os operários que trabalham na operação de colheita manual – seja a realizada com funcionários da fazenda/ empresa, seja das empresas terceirizadas – devem usar equipamentos de proteção individual – EPIs. Módulo 4 – Tratos e Colheita 157 Sistema de colheita semimecanizada O corte de árvores utilizando motosserra permite uma boa produtividade individual e pode ser aplicado em locais de difícil acesso. Por isso, apesar de o sistema de colheita mecanizada ser uma tendência definitiva, a colheita semimecanizada, com o uso de motosserras, ainda tem espaço, principalmente em propriedades rurais agropecuárias, por ter um baixo custo inicial, ao contrário da mecanização total. A colheita semimecanizada segue uma sequência, que será apresentada resumidamente para facilitar a tomada de decisão de quem esteja em dúvida entre terceirizar ou montar o seu próprio serviço de colheita das árvores. Faça, primeiramente, a “boca do corte”, um corte horizontal em “V”, em um ângulo de 45 graus, no lado no qual se quer que a árvore caia. O corte deverá ir até pouco mais da metade do diâmetro do tronco. Módulo 4 – Tratos e Colheita 158 Faça um segundo corte no lado oposto, cinco centímetros acima da “boca do corte”, chamado corte de trás, que deverá chegar até a metade do diâmetro do tronco, quando a árvore começar a cair. Em troncos de pequeno diâmetro, recomenda-se fazer um corte reto no lado no qual se quer que a árvore caia, até pouco mais dametade do diâmetro do tronco, e, depois, um corte de trás, três centímetros acima. O direcionamento certo da queda da árvore dependerá da direção predominante dos ventos e do formato do tronco, bem como da correta realização do corte. Esses fatores são importantes para a organização da colheita. O alinhamento das toras entre as fileiras, além de facilitar a retirada do material, é primordial para quando o produtor pretender realizar a condução das brotações. As toras devem ser empilhadas na área para facilitar a medição do volume final da madeira colhida. O tronco da árvore é cortado em toras, com tamanho estabelecido pelo mercado a que elas se destinam. Normalmente, as toras são deixadas na área por até 90 dias, enquanto secam ao tempo, diminuindo, assim, o seu peso, o que reduz custo com o transporte e contribui para o aumento no rendimento das operações da produção de carvão, quando for o caso. Módulo 4 – Tratos e Colheita 159 A colheita semimecanizada tem atraído questionamentos sobre segurança no trabalho, ergonomia, passivos trabalhistas, questões ambientais e produtividade operacional. Colheita mecanizada A colheita mecanizada exige altos investimentos em máquinas pesadas e sofisticadas e tem proporcionado aumento da capacidade operacional durante o corte de florestas. Mão na terra O sistema de colheita mecanizada vem tendo um grande avanço com as empresas terceirizadas, que atendem inclusive médios empreendimentos. A mecanização da colheita está se expandindo em algumas regiões, como no estado do Paraná, onde se tem discutido a otimização da colheita florestal em pequenas propriedades com foco na mecanização da colheita com equipamentos de baixo custo de produção. Sistemas de colheita A escolha do sistema de colheita deve levar em consideração variáveis como a experiência e a habilidade da mão de obra, a espécie florestal, a produtividade, a distância de arraste, o transporte, o desempenho da máquina, o capital requerido e a característica do terreno. No Brasil, têm-se usado, basicamente, os sistemas de toras longas e o sistema de toras curtas. O produtor define aquele mais adequado de acordo com a situação de seu empreendimento. Módulo 4 – Tratos e Colheita 160 Sistema de toras curtas Neste sistema, as árvores são cortadas e processadas em toras, com dimensões de acordo com o uso final, no próprio local de abate; as operações são feitas ao pé da árvore (canteiro de corte). A madeira é preparada em peças de pequeno comprimento (2 a 6 m) para o transporte primário. Corte de árvore mecanizado. Como nesse sistema os resíduos da colheita permanecem na área, ao invés de serem retirados para queima e consequente liberação de CO2, ele é adequado para uma silvicultura de baixa emissão de carbono e ecologicamente amigável, como a preconizada pelo Plano ABC. Para usar esse sistema, o terreno deve estar bem preparado, de modo que o equipamento possa entrar no povoamento com facilidade. Não é muito indicado para topografia acidentada, embora no Brasil seja utilizado em locais planos e acidentados. Módulo 4 – Tratos e Colheita 161 Sistema de toras longas É um método no qual a árvore é desgalhada e destopada no local de corte, enquanto o processamento da madeira é feito à margem do carreador. Pode ser de dois tipos: de tora longa, propriamente dita, e o de árvore inteira. Mão na terra O sistema de toras longas envolve o corte, desgalhamento e retirada do ponteiro das árvores no local de abate, transporte e posterior processamento à margem da estrada ou no pátio. É um sistema ideal para locais mais acidentados. Obviamente, o transporte primário exige equipamentos de grande potência, devido ao peso e às dimensões das toras longas. O acabamento final da madeira colhida (picagem, descascamento e seleção) é feito em uma estrada ou em um pátio de processamento intermediário. Tipo árvores inteiras Primeiramente, a árvore é abatida para depois ser levada inteira para uma estrada ou pátio de processamento, onde a madeira é preparada para o transporte. Esse tipo de subsistema foi desenvolvido tanto para terrenos planos como para acidentados. Ele é vantajoso para situações em que se planeja fazer o aproveitamento total da árvore, pois facilita o transporte primário. Toras inteiras sendo carregadas. Módulo 4 – Tratos e Colheita 162 Para uma silvicultura de baixa emissão de carbono, os sistemas de tora longa são menos amigáveis. O sistema misto foi apresentado pela Veracel, no XVI Seminário de Atualização em Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal. Seu objetivo é a união, mesmo que parcial, de equipamentos usados nos sistemas de toras curtas e de toras longas. Desse modo, utiliza o Feller Buncher para a derrubada, o Harvester somente para o processamento e o Forwarder. O trabalho do Forwarder, nesse sistema, é facilitado pela ausência de tocos altos e pilhas maiores em seu local de baldeio, devido a um número maior de árvores processadas em um mesmo ponto pelo Harvester. O sistema misto pode trazer ganhos ergonômicos e de produtividade dos equipamentos, além da melhoria da logística interna do trabalho. Ele também dispensa a atividade de rebaixamento de tocos na implantação do plantio em segunda rotação. O Feller Buncher dispensa o corte do sub-bosque, o que pode representar um efetivo ganho ambiental. Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental Módulo 4 – Tratos e Colheita 163 Sub-bosque: é o conjunto de vegetação que fica embaixo do dossel da plantação florestal. Dossel: é o estrato superior da plantação florestal. Fatores influenciadores da colheita florestal Os seguintes pontos são considerados relevantes em relação ao processo de colheita florestal: mecanização, terceirização, certificação, qualidade, uso múltiplo da floresta, nível tecnológico, segurança e saúde ocupacional, agrossilvicultura, comércio de madeira, ergonomia, gestão integrada de máquinas florestais e a inovação tecnológica. Entre estes, serão comentados neste módulo: o processo de certificação, o uso múltiplo da floresta, os sistemas agroflorestais, a segurança e saúde ocupacional, a ergonomia e a inovação tecnológica, pelo fato de estarem mais ligados ao tipo de agricultura que o Plano ABC busca incentivar. Mão na terra Olá, estou aqui para te convidar a conhecer o curso Integração Lavoura-Pecuária- Floresta, uma ótima combinação que estou pesquisando junto com o meu marido para implementar na Fazenda Rio Novo. Módulo 4 – Tratos e Colheita 164 Certificação Como o Plano e o Programa ABC visam à modernização da agricultura e da silvicultura, no caminho da baixa emissão de carbono, o processo de certificação é uma ferramenta garantidora de boas práticas florestais, influenciando, inclusive, o processo de colheita florestal, que é considerado um dos mais impactantes do ciclo de produção da madeira. Uso múltiplo da madeira O uso múltiplo das plantações florestais, com a madeira destinada para diferentes finalidades (lenha, carvão, celulose e serraria), é um processo novo e interessante tanto para produtores parceiros das empresas e pertencentes a programas de fomento quanto para produtores que estão em regiões em que tais programas não ocorrem. O crescimento desse tipo de sistema é uma realidade e, em função disso, os processos de colheita deverão sofrer adequação para atendê-los. Sistemas agroflorestais A expansão dos sistemas agroflorestais, principalmente os silvipastoris e agrossilvipastoris, apoiada tanto pelo Plano quanto pelo Programa ABC, deverá exigir um esforço modernizador dos sistemas de colheita. Os sistemas de poda mais precoces, por exemplo, aliados aos espaçamentos mais amplos das árvores, darão origem a respostas diferentes das árvores que, certamente, influenciarão o processo de colheita, provavelmente beneficiando-o. Segurança e saúde ocupacional dos operadores A exigência dos processos certificadores e as pressões de organizaçõessociais em relação à valorização da ergonomia, em busca da melhoria da qualidade das condições de trabalho do brasileiro, já estão incluídos no rol das preocupações dos fabricantes que buscam, a cada novo modelo de máquinas para colheita florestal, apresentar condições de trabalho mais adequadas. Módulo 4 – Tratos e Colheita 165 Condução de rebrotas O planejamento da condução da rebrota do eucalipto interfere na programação de colheita do povoamento porque a brotação sofre influência da temperatura, da chuva e da insolação. Quando a temperatura e a insolação são excessivas, o número de brotos diminui e os que brotam apresentam uma qualidade inferior ao que poderia ocorrer em situações normais. O mesmo ocorre em situações de déficit hídrico ou falta de chuvas. Por isso, quando se planeja conduzir as brotações de um povoamento, a colheita deve ser pensada para períodos em que não se espera seca ou geada forte, dependendo da região, pois as duas situações podem causar a soltura da casca das cepas. Roçada pré- corte A roçada pré-corte é uma atividade muito importante para o processo de colheita, pois reduz o volume do sub-bosque, tornando o processo de colheita mais produtivo e seguro. Pode ser dispensada quando, no momento da colheita, se usa o Feller Buncher. Altura do corte A altura do corte se faz importante por alguns motivos bastante claros. O primeiro é porque corte muito alto significa perda de madeira na colheita. O segundo é que, nas condições em que ocorrem deficiências hídricas acentuadas, há influência na performance de espécies com baixa capacidade de brotação. Por fim, é fundamental para empreendedores que desejam estabelecer um sistema de condução de brotações. Módulo 4 – Tratos e Colheita 166 Tamanho do povoamento Ao se trabalhar com grandes empreendimentos, a concentração do corte dos povoamentos em uma única época é quase impossível. Nível de independência do produtor No caso de produtores parceiros de empresas florestais, quase sempre a colheita de sua floresta plantada comercial é realizada pela empresa parceira. No caso de produtores independentes, a colheita geralmente é terceirizada, devido aos seguintes fatores: • falta de recursos financeiros para aquisição de equipamentos e máquinas; • falta de recursos financeiros para manter na fazenda mão de obra especializada durante todo o ano, nos casos em que o tamanho da exploração não assegure colheita contínua; • falta de condições de segurança para operacionalização da colheita florestal; • indisponibilidade de tempo. Mesmo terceirizando o transporte da madeira, o produtor deve discutir o planejamento da operação com os potenciais terceirizados. O uso de veículos mais indicados para a rede de estradas de sua região, o número de turnos mais econômicos, quando for o caso, e a adequação do fluxo de caminhões, respeitando a infraestrutura de carga e descarga de sua propriedade, pode racionalizar o processo e reduzir o valor do transporte. Módulo 4 – Tratos e Colheita 167 Rendimento da madeira O rendimento da madeira de um povoamento florestal é um dado bastante variável, pois deriva de uma série de fatores, como o material genético, o solo, o clima e o manejo aplicado no talhão, incluindo controle de plantas daninhas, adubações, desrama e desbaste, quando for o caso. De olho nos valores Um valor médio, que tem sido bastante utilizado, chega a 32 metros cúbicos de madeira por cada ano em um hectare, ou seja, aproximadamente 210 metros cúbicos de madeira de eucalipto por hectare considerando um ciclo de corte de 7 anos. Os compradores de madeira para serraria, quando negociam “madeira em pé” na propriedade, costumam aplicar um desconto que varia entre 40 a 50%, dependendo do local, para compensar perdas na colheita e na etapa do desdobro. Quando a madeira é para fabricação de carvão, costumam calcular 30%. Portanto, quando se aproximar o momento da colheita, o produtor deverá solicitar o apoio de um técnico para uma medição prévia do volume de madeira na propriedade. Módulo 4 – Tratos e Colheita 168 Atividade de aprendizagem As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler e respondê-las com mais tranquilidade. Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá as questões. Você terá duas tentativas para responder cada questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que: 1. acertar as questões; ou 2. usar todas as suas tentativas. Questão 1 A desrama é conceituada como a queda e/ou a remoção dos galhos, em certa porção do tronco de uma árvore, podendo ser artificial, quando feita pelo homem, ou natural. Sobre a desrama é correto afirmar: a) É uma prática silvicultural recomendada para florestas com o objetivo de produção de celulose e carvão. b) É uma prática silvicultural recomendada aos povoamentos florestais para a produção de madeira para serraria. c) Ao realizar a desrama, deve-se deixar um toco rente ao tronco de aproximadamente 5 cm. Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos apresentados até aqui. Módulo 4 – Tratos e Colheita 169 d) Ao efetuar a desrama, deve-se retirar toda a copa da árvore, pois assim se terá uma maior área útil de tronco. Questão 2 A colheita florestal de eucalipto consiste de um conjunto de operações que tem por objetivo retirar a madeira da área de plantio, prepará-la e transportá-la até os depósitos intermediários. Sobre a colheita florestal é correto afirmar: a) A colheita florestal é feita quando a floresta para de crescer. b) A colheita florestal é a etapa de menor custo da produção florestal. c) A colheita florestal é a etapa de maior custo da produção florestal. d) A colheita florestal para a produção de celulose e carvão é realizada quando a floresta atinge oito anos de idade. Questão 3 Um silvicultor possui 100 hectares de eucalipto em sua propriedade, localizada em área de Cerrado de Minas Gerais. Após 7 anos, a floresta atingiu ponto de corte e depois da colheita o silvicultor deseja conduzir a rebrota. Ao consultar o projeto feito pelo técnico especialista em plantio de eucalipto, o silvicultor verificou que alguns fatores influenciam na colheita da madeira. É correto afirmar: a) O processo de certificação é uma ferramenta que custa barato, e ao avaliar o custo-benefício não compensa, pois não garante boas práticas florestais. b) As empresas fabricantes de máquinas de colheita ainda não estão preocupadas com as exigências dos processos certificadores e com as pressões de organizações sociais em relação à valorização da ergonomia, em busca da melhoria da qualidade das condições de trabalho do brasileiro; logo, é o próprio empreendedor que deve se atentar para buscar condições de trabalho mais adequadas, o que aumenta o custo. Módulo 4 – Tratos e Colheita 170 c) A altura do corte é importante porque o corte muito alto significa perda de madeira na colheita, além de ser fundamental para empreendedores que desejam estabelecer um sistema de condução de brotações. d) Quando se planeja conduzir as brotações de um povoamento, não há necessidade de se preocupar com o período de realização da colheita, pois tanto o período seco quanto a ocorrência de geada, dependendo da região, não influenciam na rebrota. Módulo 4 – Tratos e Colheita 171 Encerramento Muito bem! Você chegou ao final do curso Florestas Plantadas! Neste curso você conheceu todos os aspectos do plantio à colheita de madeira para os diversos usos. Para encerrar, que tal relembrar alguns pontos importantes sobre controle de pragas e a colheita que vimos ao longo dessa jornada? Acesse o AVA e assista ao vídeo de encerramento. Vale a pena conferir! Um bom trabalho e até a próxima! Módulo 4 – Tratos e Colheita 172 Referências ABIEC. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. Disponível em: <www.abiec.com.br>. Acesso em: 11 nov. 2015. ARAÚJO, A. R. de. Amostragem de solo: primeira e talvez a principal etapa parao conhecimento da propriedade rural. 2016. (texto não publicado). BAHIA, V. G.; CURI, N.; CARMO, D. N. Fundamentos de erosão do solo (tipos, formas, mecanismos, fatores determinantes e controle). Informe Agropecuário, v. 176, n. 16, p. 25-31, 1992. CARVALHO, G. G. P.; PIRES, A. J. V. Leguminosas tropicais herbáceas em associação com pastagens. Archivos de Zootecnia, v. 57, n. 1, p. 103- 113, 2008. DIAS FILHO, M. B. Degradação de pastagens: processos, causas e estratégias de recuperação. 4 ed. rev. atual. e ampl. Belém: Ed. do Autor, 2011. 216 p. ______. Formação de manejo de pastagens. Belém: Embrapa, 2012. 9 p. (Comunicado Técnico 235). EMBRAPA, GADO DE CORTE. Cultivo e uso do estilosantes Campo Grande. Campo Grande: Embrapa CNPGC, 2007. EVANGELISTA, A. R. 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