Prévia do material em texto
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ............................ ......................................................... 2 UNIDADE 2 – FUMAÇA E GASES TÓXICOS ................ ............................................ 4 2.1 PRINCIPAIS GASES TÓXICOS .................................................................................. 7 2.2 ÍNDICE DE TOXICIDADE ........................................................................................ 12 2.3 EFEITOS E CONSEQUÊNCIAS SOBRE O SER HUMANO .............................................. 14 2.4 LESÕES POR INALAÇÃO DE FUMAÇA ...................................................................... 16 UNIDADE 3 – AS CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO HUMANO ... ....................... 19 3.1 A VISÃO DA PSICOLOGIA ...................................................................................... 19 3.2 OS ESTUDOS SOCIOLÓGICOS ............................................................................... 21 UNIDADE 4 – COMPORTAMENTO HUMANO EM SITUAÇÕES DE RI SCO .......... 27 4.1 A RESPOSTA FISIOLÓGICA E O COMPORTAMENTO HUMANO ..................................... 27 4.2 CARACTERÍSTICAS DOS OCUPANTES .................................................................... 30 4.3 O ABANDONO DE EDIFICAÇÕES – MOVIMENTO, TEMPO E COMPORTAMENTO DAS PESSOAS ................................................................................................................. 31 UNIDADE 5 – O PÂNICO .............................. ........................................................... 36 5.2 SINTOMAS DO PÂNICO E REAÇÕES INSTINTIVAS ..................................................... 37 5.3 CAUSAS DO PÂNICO ............................................................................................ 39 5.4 CARACTERÍSTICAS DE PESSOAS EM PÂNICO .......................................................... 40 UNIDADE 6 – PRIMEIROS SOCORROS EM INCÊNDIOS ...................................... 43 UNIDADE 7 – PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS: DICAS EMPÍRICAS ....................... 46 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Embora pareça difícil e realmente o é: manter a calma é condição básica para que sejam amenizadas as consequências de um incêndio! Chamar o Corpo de Bombeiros ou Brigada de Incêndio que, na maioria das cidades se dá pelo número 192 ou 193, vem na sequência ou concomitantemente por quem está fora do perigo. Outras dicas de imediato seriam molhar um pano limpo e amarrar no rosto como uma máscara para evitar que se respire aquela fumaça que já sabemos ser bem tóxica! Agachar bem próximo ao solo onde o calor é menor e há mais oxigênio também, são ações recomendadas. Todas essas atitudes e outras que veremos ao longo do módulo, são importantes para que um incêndio não traga consequências mais graves para aqueles que estão sofrendo o sinistro. Essa breve introdução, deixa claro que nosso caminho passa pelo comportamento humano frente ao pânico que se instala quando em uma situação de perigo iminente que decorre dos incêndios, principalmente se lembrarmos que os gases dissipados no ar são uma das causas desse pânico. De imediato, lembramos três reações que são típicas do ser humano em situações de perigo: a fuga, a luta e a inércia, sobre as quais também discorreremos. Segundo o Centro de Pesquisas, Perícias e Testes do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, as reações humanas são condicionadas por um mecanismo fisiológico, no qual o homem, ao ser informado sobre uma situação de perigo, se identifica com base em experiências, cognitivas anteriores ou de conhecimento adquirido através da informação e de relatos, lhe permite estabelecer comparações (ARAÚJO, 1999). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 3 Podemos inferir que essas reações fisiológicas passam, é claro, pela prevenção. Pois bem, iniciaremos o módulo elencando os gases mais tóxicos e que podem ser liberados em situação de incêndio, na sequência, as discussões perpassam o comportamento humano de acordo com algumas ciências como a Psicologia e a Sociologia. O pânico também terá uma unidade específica. Primeiros socorros em situações específicas de incêndio e dicas de prevenção numa conotação bem empírica complementam o módulo. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4 UNIDADE 2 – FUMAÇA E GASES TÓXICOS Didaticamente, podemos definir gases tóxicos como aqueles compostos que, quando inalados, ingeridos ou absorvidos através da pele, podem provocar uma grande variedade de danos ao ser humano, desde simples irritações até a morte, sem contar os danos ao patrimônio. A fumaça, por sua vez, é uma mistura de partículas sólidas muito finas, que não queimaram totalmente, aerossóis, vapores e gases tóxicos em suspensão no ar, decorrentes de um material combustível submetido a uma combustão (BRENTANO, 2007). Nesse sentido, o controle e a extração da fumaça são ações de extrema importância e a mesma é responsável por 80% das mortes em sinistros de incêndio. Além disso, Silva, Vargas e Ono (2010, p. 23) afirmam que os produtos gasosos podem ser tóxicos e/ou asfixiantes e a fumaça, além de prejudicar a visibilidade no local, retém os ocupantes da edificação mais tempo em contato com os gases. Vamos nos valer de algumas ponderações de Mitidieri (2008) acerca do comportamento dos materiais e componentes constitutivos diante do fogo que nos servirá como justificativa para entrarmos especificamente nos gases tóxicos: • a geração de fumaça e de gases tóxicos, a redução da quantidade de oxigênio disponível e o calor desenvolvido em estágios mais avançados são fatoscaracterísticos das distintas fases do incêndio e que oferecem risco à vida humana; • a probabilidade de os fenômenos associados ao incêndio (fumaça, gases nocivos, calor e falta de oxigenação) provocarem lesões aos ocupantes do edifício, tanto os usuários como as pessoas envolvidas no salvamento e no combate, define o risco à vida humana; • o risco à propriedade está presente desde o momento do início do incêndio e pode evoluir gradativamente atingindo a inflamação generalizada no ambiente e a propagação do fogo para outros ambiente e edifícios vizinhos; • a fumaça, os gases quentes e o calor danificam os materiais e equipamentos contidos no edifício, assim como o próprio edifício (ou seja, os seus Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 5 elementos construtivos) e os edifícios adjacentes. Portanto, o risco à propriedade é caracterizado pela probabilidade de ocorrência desses fatores; • quanto mais suscetível for o sistema construtivo à ação do incêndio, maior será o risco à propriedade. O colapso estrutural de partes do edifício pode implicar danos às áreas não atingidas pelo fogo e também aos edifícios vizinhos. Reafirma-se, portanto, que os gases tóxicos não causam problemas apenas para as pessoas que estão no ambiente inflamado, mas para todos ao redor e para o imóvel em si e outros equipamentos que lhe pertencem. Brentano (2007) explica ainda que a parte visível dos produtos em combustão são partículas de matéria sólidas, que não queimaram totalmente, e vapores, que são gasosos, mas, ao entrarem em contato com a temperatura normal do ambiente, tornam-se sólidos ou líquidos por condensação. De acordo com Seito (2008, p. 48), a composição química e o mecanismo de formação da fumaça são muito complexos. Na queima de combustíveis sólidos há uma combustão incompleta dos gases e dispersão de partículas, produzindo fuligem. Essa combustão incompleta provoca a formação de grandes quantidades de monóxido de carbono: CO – o gás mais tóxico. Quanto mais escura a fumaça, neste caso, maior a concentração deste gás. Combustíveis líquidos, quando em combustão, geram fumaça escura na queima incompleta de moléculas de hidrocarbonetos – resultantes de misturas inadequadas no centro da zona de combustão, devido à falta de oxigênio ou excesso de combustível. A combustão de gases não gera nenhum tipo de resíduo (BRENTANO, 2007, p. 283). O mesmo autor destaca que a fumaça se difere quanto ao material que estiver em combustão. É possível identificar o tipo de combustível através da cor da fumaça em um incêndio: � a fumaça branca ou cinza clara é resultante da queima de combustíveis comuns – madeiras, papéis, tecidos, entre outros; � quando a coloração for preta ou cinza escuro, a fumaça é originária da combustão incompleta, geralmente, de produtos derivados de petróleo – pneus, óleos, gasolina, graxas, plásticos, entre outros; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 6 � a fumaça de cor vermelha ou amarela indica que a queima é de um combustível líquido e que, geralmente, seus gases são tóxicos (BAUMEL, 2012). O controle da fumaça é de extrema importância visto que enquanto sua velocidade está em torno de 1m/s, e na direção vertical, no caso das escadas, está entre 2 e 3 m/s (IT nº 02/2011, CBMESP), a velocidade de fuga de um ocupante adulto em perfeitas condições físicas é em torno de 1 a 2m/s. Voltando a uma ilustração que já foi exposta no módulo 4, vejamos o cenário de fuga de uma vítima em paralelo com a proliferação de fumaça em um percurso de 100 metros. Fonte: Cunha e Martinelli Jr. (2008, p. 261). Enfim, os gases tóxicos específicos liberados em um incêndio variam de acordo com cinco fatores principais: a natureza do combustível, a taxa de calor, a taxa ou velocidade de aquecimento, a temperatura dos gases desprendidos e as concentrações de oxigênio (OLIVEIRA, 2005). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 2.1 Principais gases tóxicos Os principais gases tóxicos são: a) Amônia (NH3): É um gás tóxico produzido a partir da decomposição bacteriana de compostos nitrogenados, como proteínas e ácido úrico, existentes nos dejetos das aves. Segundo vários estudos, a concentração máxima de amônia permitida na atmosfera é de 25 ppm (partes por milhão). Acima deste valor, a maioria dos seres vivos desenvolve problemas respiratórios e imunodepressão. É um gás muito usado em ciclos de compressão (refrigeração), devido ao seu elevado calor, de vaporização e temperatura. Também é utilizado em processos de absorção em combinação com a água. A amônia e seus derivados, ureia, nitrato de amônio e outros, são usados na agricultura como fertilizantes. Também é componente de vários produtos de limpeza. Outro produto importante derivado da amônia é o ácido nítrico. Em condições ambientais correntes, a amônia é encontrada em estado gasoso e apresenta um odor penetrante característico. Embora este composto contribua significativamente na produção de alimentos na forma de fertilizantes (adubos), em geral, o gás, propriamente dito, é cáustico e pode causar danos sérios à saúde. Para os seres humanos, em particular, a exposição a concentrações muito altas de amônia gasosa pode causar danos sérios nos pulmões ou ser letal. b) Cianureto de Hidrogênio (HCN) Também chamado ácido cianídrico ou ácido prússico, é gás incolor com típico odor amargo, lembrando amêndoas. É um composto extremamente volátil. Puro, pode ser encontrado tanto na forma líquida quanto gasosa, devido ao seu baixo ponto de ebulição e grande volatilidade. Os sais de cianeto são cáusticos e pode ocorrer sensação de queimação na língua e inflamação da mucosa gástrica após a ingestão. Em casos de inalação pode ocorrer irritação nasal. Grande parte dos plásticos contém na sua composição compostos nitrogenados, que por combustão liberam gás cianídrico. Devido à liberação de cianeto de hidrogênio durante a queima de diversos tipos de plástico, as vítimas de incêndios eventualmente têm como causa morte o envenenamento. Na tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), vários dos jovens que morreram vítimas do Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 8 incêndio, foi devido o fogo ter entrado em contato com o teto que era de espuma. Esse contato soltou cianeto e os jovens morreram por asfixia. c) Dióxido de Carbono (CO2) É um dos gases do efeito estufa que menos contribui para o aquecimento global, já que representa apenas 0,03% da atmosfera. O excesso de dióxido de carbono que atualmente é lançado para a atmosfera resulta da queima de combustíveis fósseis, principalmentepelo setor industrial e de transporte. d) Dióxido de Enxofre (SO2) É um gás incolor, muito solúvel na água, gás irritante para as mucosas dos olhos e vias respiratórias. Em concentrações elevadas, pode provocar efeitos agudos e crônicos na saúde humana, especialmente em nível de aparelho respiratório e agravar problemas cardiovasculares pela presença simultânea do SO2 e de partículas na atmosfera. É um gás que contribui para o efeito estufa. Países industrializados emitem grandes quantidades desse gás na atmosfera, principalmente a partir de centrais termoelétricas à base de petróleo ou carvão e fábricas de ácido sulfúrico. e) Gás Cloro (Cl2) Gás extremamente tóxico e de odor irritante, encontrado formando parte de cloretos e cloratos, sobretudo na forma de cloreto de sódio nas minas de sal gema e dissolvido na água do mar. O cloro é aplicado principalmente no tratamento de águas, no branqueamento durante a produção de papel e na preparação de diversos compostos clorados, como, por exemplo, o hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio. f) Monóxido de Carbono (CO) É um gás inodoro, incolor e insípido e é classificado como asfixiante, cuja ação tóxica provoca uma deficiência de oxigênio nos tecidos orgânicos, causada por uma alteração no mecanismo de transporte de oxigênio. Acidentes desse tipo ocorrem com certa frequência, principalmente com pessoas fechadas em garagem com um automóvel em funcionamento. Em baixas concentrações no ar, ele pode produzir afecções crônicas, principalmente em pessoas anêmicas ou com deficiências respiratórias ou circulatórias. A principal origem do monóxido de Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 9 carbono está na combustão incompleta do carvão e do petróleo. Calcula-se em 260 milhões de toneladas por ano a produção mundial desse gás. O seu maior perigo reside provavelmente no fato de ser “invisível”, e ao contrário do que se supõe, os gases de escapamento de automóveis são mais tóxicos que as fumaças negras dos caminhões a óleo, pois a combustão nos motores à gasolina produz mais monóxido de carbono que a dos motores a diesel. O monóxido de carbono possui grande afinidade química pela hemoglobina do sangue, em substituição ao oxigênio, o que pode causar a morte por asfixia. g) Sulfeto de hidrogênio (H2S) É um gás incolor, de cheiro desagradável característico, que devido a sua toxidez é capaz de irritar os olhos e/ou atuar no sistema nervoso e respiratório podendo matar (de acordo com a concentração) um ser humano em questão de minutos. Ocorrências de H2S podem ser encontradas nas jazidas de petróleo e gás natural, na extração de sal (cloreto de sódio), nas águas subterrâneas, em esgotos sanitários, entre outros. Nos segmentos industriais, o H2S é oriundo de processos de remoção de gases ácidos, de tratamento de efluentes, de fermentações, entre outros. OBS.: Óxidos de nitrogênio – NOx: uma grande variedade de óxidos, óxi-ácidos e óxi-anions, correspondentes aos estados de oxidação do nitrogênio de +1 a +5, pode ser formada num incêndio. As suas formas mais comuns são: monóxido de dinitrogênio (N2O); óxido de nitrogênio (NO); dióxido de nitrogênio (NO2) e tetróxido de dinitrogênio (N2O4). O óxido de nitrogênio não é encontrado livre na atmosfera porque é muito reativo com o oxigênio formando o dióxido de nitrogênio. Esses componentes são bastante irritantes inicialmente; em seguida, tornam-se anestésicos e atacam particularmente o aparelho respiratório, onde forma os ácidos nitroso e nítrico, em contato com a umidade da mucosa. Esses óxidos são produzidos principalmente pela queima de nitrato de celulose e decomposição dos nitratos inorgânicos (SEITO, 2008). Enfim, a fumaça possui composição química altamente complexa e variável, podendo apresentar cerca de duas centenas de substâncias com quantidades Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 percentuais variando conforme o estágio do incêndio. A composição química do material em combustão, o calor e a oxigenação presente no ambiente, influenciam na formação dessas substâncias (SEITO, 2008, p. 51). Os gases tóxicos, de acordo com Falcão (1995 apud SOUZA, 2012, p. 27), podem ser classificados em seis grupos, considerando os principais efeitos psicológicos associados â exposição: a) Naturais: aqueles presentes normalmente no ar e que não produzem efeitos danosos em concentrações normais e à pressão atmosférica normal. Ex.: oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono. b) Asfixiantes: aqueles que impedem ou privam os tecidos, de obter o oxigênio. Ex.: monóxido de carbono. c) Irritantes: os que produzem inflamações nas membranas das mucosas do aparelho respiratório ou dos olhos, tais como o fosfagênio, dióxido de enxofre, nitrosos, amoníacos, ozônio, entre outros. d) Tóxicos: os que depois de sua absorção, agem como venenosos sobre os tecidos. Ex.: dissulfeto de hidrogênio. e) Narcóticos: aqueles que depois de sua absorção, produzem efeitos anestésicos em maior ou menor grau. Ex.: dissulfeto de hidrogênio. f) Vesicantes: são os que além de irritantes provocam vesículas na pele. Para comprovar e reafirmarmos a morte por fumaça em incêndios temos três ilustrações abaixo. Vejamos: Vítimas fatais: queimaduras x intoxicação por inalação de fumaça Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 11 Fonte: Mitidieri (2008 apud SIEBEN, 2014, p. 54). Morte em incêndio no Reino Unido Fonte: Colt (2014 apud SIEBEN, 2014, p. 55). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 12 Mortes em incêndios NFPA Fonte: tocantins (2008 apud SIEBEN, 2014, p. 55). Guarde... Os gases tóxicos provocam, além de asfixia, lesões nas vias respiratórias, intoxicação, devido à sua composição, e queimaduras, pelas altas temperaturas durante o incêndio. O primeiro gás a ser inalado, quando ocorre a combustão completa dos materiais envolvidos no sinistro, é o dióxido de carbono (CO2). Mesmo não sendo tóxico, este gás é prejudicial, pois estimula a respiração contribuindo para uma maior inalação de outros gases presentes no ambiente. O volume de ar respirado triplica caso a concentração de CO2 no ar for entre 2 e 4 % (MITIDIERI, 2008). 2.2 Índice de toxicidade Os métodos para determinar a toxicidade dos gases utilizam a análise qualitativa e quantitativa e a análise biológica com ratos e cobaias. A toxicidade é expressa pela seguinte equação: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicosou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 Usando esse conceito, é possível, por comparação, avaliar a toxicidade dos compostos gasosos existentes no ambiente. Numa atmosfera que contém dois ou mais componentes tóxicos, a toxicidade desse ambiente é estimada primeiramente como Ø = ∑ Ø i Caso o efeito de sinergia exista, efeito esse verificado por meio de experiências com cobaias, a toxicidade desse ambiente é calculada por: O “índice de toxidez” pode ser determinado quando produtos de combustão são gerados por diversos materiais. Exemplificando: quando a massa m de um material é decomposta num ambiente de volume V que resulta uma atmosfera de toxicidade Ø, então o “índice de toxidez” é expresso por: Quando c e cf são expressos em relação de volumes, tem-se: C= v /V v é o volume de produtos gasosos provenientes de massa m do material, então: Caso os componentes tóxicos sejam mais de um, então: t1, t2 . . .n são os “índice de toxidez” dos componentes 1, 2...n. O “índice de toxidez” produzido por materiais decompostos depende das condições do experimento. O valor máximo obtido, ou seja, o “índice de toxidez” máximo fornecerá o potencial de perigo de um material quanto à geração de produtos gasosos perigosos às pessoas (SEITO, 2008). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 2.3 Efeitos e consequências sobre o ser humano Só para começar a discorrer sobre os efeitos e consequências da fumaça sobre nós, de imediato, qualquer leigo já diria que a fumaça “incomoda”, faz tossir, irrita os olhos, etc. Esse conhecimento empírico diz quase tudo, não é verdade?! Afinal de contas, um produto que faz tossir e irrita os olhos com certeza não é algo benéfico para o ser humano. Pois bem, a densidade ótica enquanto uma característica da fumaça tem papel importante! Interfere na evacuação de pessoas e na produção de vítimas. Seus efeitos negativos são contundentes, já que tanto a evacuação de pessoas como o trabalho do corpo de bombeiros (nas operações de salvamento, combate e resgate), ficam prejudicados pela falta de visibilidade. Sua ação química sobre o organismo humano é mais intensa por, geralmente, estarem acompanhadas de gases tóxicos. Ainda definindo a fumaça, esta seria “uma concentração visível de partículas de sólidos e/ou líquidos em suspensão gasosa resultante de uma combustão ou pirólise” (ISO/GUIDE52/TAG5, 1990), e, sua produção na combustão é aproximadamente o volume do ar que penetra na coluna dos gases quentes, por segundo! Quanto mais completa for a combustão, mais vivas e claras serão as chamas, e a emissão de fumaça, nesse caso, é pequena. Quando se tem um suprimento de ar incompleto e uma temperatura mais baixa, haverá pouca ou nenhuma chama, porém a geração de fumaça será maior, e será escura e com teor de monóxido de carbono mais elevado. Os efeitos irritantes da fumaça, frequentemente causam sérias lesões, pois por meio de uma ação física ela atua sobre as mucosas, brônquios e particularmente sobre os olhos. Em se tratando de um edifício, a propagação da fumaça é muito rápida. A fumaça é carreada com os gases quentes, fazendo com que várias áreas sejam permeadas em período muito reduzido, gerando pânico e intoxicando pessoas. A toxidade da fumaça, juntamente com sua densidade, talvez seja o fator mais crítico dentre os que intervêm na reação ao fogo dos materiais, devido ao elevado número de vítimas que proporciona. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 A toxicidade da fumaça gerada pelos materiais quando em combustão é um tópico que vem sendo discutido há alguns anos, porém, até hoje não se tem métodos suficientemente precisos e efetivos para uma correta qualificação e quantificação dos gases desprendidos numa situação de incêndio. Alguns países estabeleceram cotas máximas toleráveis pelo corpo humano, porém, na prática, verifica-se que tais cotas se desviam das reais. Os gases têm um efeito direto irritante nos olhos, nariz, peito e vias aéreas superiores. Se chegarem aos pulmões, podem gerar reações inflamatórias agudas ou crônicas, tais como: bronquite, asma e pneumonia química. Nesse sentido, quando uma substância tóxica é absorvida na corrente sanguínea e distribuída através do corpo, é caracterizado como efeito sistêmico. Alguns compostos como o arsênico, quando absorvidos em quantidades tóxicas, podem causar distúrbios em várias partes do corpo: sangue, sistema nervoso, fígado, rins e pele. No caso de ocorrer um acidente de proporções elevadas, que ponha em risco a integridade das pessoas presentes e do edifício, como um incêndio, o risco de uma explosão ou a libertação de gases tóxicos, o edifício deve ser evacuado imediatamente. Fechamos a unidade com uma tabela, através da qual podemos encontrar e comparar os efeitos fisiológicos provocados por gases tóxicos e as concentrações expressas em ppm a partir das quais os efeitos tóxicos são produzidos. Mas ainda veremos bem mais sobre essa questão da toxicidade da fumaça quando tratarmos da fisiologia e do comportamento humano. Efeitos fisiológicos de gases tóxicos em ppm Gás Efeito após 30-60min Mortal em 30 min Imediatamente mortal Ácido cianídrico – HCN 100 150 180 Ácido clorídrico - HCL 1000 1300 1300 Ácido fluorídrico - HF 50 250 ----- Ácido sulfídrico – H2S 300 600 1000 Amoníaco – Nh3 500 2200 2500 Cloro – Cl2 40 150 1000 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 Dióxido de carbono 3500 ----- 6000 Fosgênio – COCl2 25 30 50 Monóxido de carbono 1500 4000 10000 Vapores nitrosos – NO/NO2 100 ----- 200 2.4 Lesões por inalação de fumaça Antônio, Castro e Freire (2013), em uma revisão de literatura sobre lesão por inalação de fumaça em ambientes fechados em adultos, com dano direto às vias aéreas, intoxicação por cianeto (HCN) e por monóxido de carbono (CO), fazem algumas inferências pesquisadas em autores variados que valem ser apresentadas. � Não é possível predizer as interações fisiopatológicas de todas as toxinas produzidas pela fumaça, ainda mais se considerarmos a ampla variedade dos componentes envolvidos na pirólise, bem como a imprevisível taxa de formação de subprodutos, dependendo da temperatura, espaço e composição do ambiente. � Durante um incêndio em atividade, tipicamente, a concentração de oxigênio (O2) cai para 10-15%, ponto no qual ocorre o óbito por asfixia. � Entre 60% e 80% dos óbitos imediatos ocorridos na cena de um incêndio são atribuídos à inalação de fumaça. O cenário clássico é de um incêndio em espaço fechado, com perda de consciência, na presença de queimaduras faciais ou de grandes SCQs. Quanto às lesões por inalação de fumaça, estas podem ser classificadas, didaticamente, em três tipos: 1) Acometimento de via aérea superior por lesão térmica de boca,orofaringe e laringe. 2) Acometimento de via aérea inferior e parênquima causado por materiais químicos e particulados oriundos da fumaça. 3) Asfixia metabólica, através da qual alguns constituintes da fumaça impedem a entrega de oxigênio aos tecidos e/ou seu consumo pelos mesmos. O manejo imediato de vítimas de Lesão por Intoxicação (LI) deve-se focar primariamente no “esquema” ABCDE do trauma que veremos na unidade sobre primeiros socorros. Mas vale saber um pouco sobre a fisiologia da respiração! Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 17 O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários órgãos que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos, os três últimos localizados nos pulmões, ou seja, o sistema é formado pelas vias respiratórias e pelos pulmões. O ar inspirado, rico em oxigênio, enche os pulmões ao nível dos alvéolos (sacos onde ocorrem as trocas gasosas com o sangue – hematose). Os pulmões são protegidos pela caixa torácica, formada pelo Esterno e pelas costelas. Os movimentos são feitos pelo Diafragma e pelos músculos intercostais. Quando inspiramos, a caixa se expande e o diafragma desce, entrando o ar. Quando expiramos, a caixa volta ao normal e o diafragma sobe novamente, expelindo o ar, cheio de gás carbônico. O sangue deve nutrir os tecidos e, por isso, leva os nutrientes e os gases respiratórios. Quando chega às células dos tecidos diversos, ocorre uma troca entre eles e o sangue arterial, que libera o oxigênio e recebe o gás carbônico, que é carregado principalmente sob a forma de íons Bicarbonato, mas também é levado dissolvido no plasma e ligados à hemoglobina. A anidrase carbônica é a enzima que vai catalisar a reação da água com o dióxido de carbono no sangue. A hemoglobina é o pigmento das hemácias que lhes dá a coloração característica e através dos seus íons Ferro, carregam o oxigênio inspirado para todas as células do corpo. Dica: O CO (monóxido de carbono), um gás inodoro, faz uma ligação altamente estável com a hemoglobina, incapacitando-a de transportar o oxigênio. Se o indivíduo for exposto ao CO por um período prolongado, pode chegar à morte por asfixia. Em altitudes mais elevadas, o ar é mais rarefeito e a disponibilidade de oxigênio, mais baixa. As pessoas que vivem ao nível do mar, ao subirem a tais altitudes, sentem o impacto da carência de oxigênio. O organismo, para suprir tal carência, começa a produzir mais hemácias na medula óssea, pela ação do hormônio Eritropoetina e, portanto, vai haver maior número de moléculas de hemoglobina para captarem mais oxigênio. A asfixia consiste na obstrução mecânica das vias aéreas e tem como sinais e sintomas: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 � incapacidade de falar; � respiração difícil e barulhenta; � gestos de sufocação. A intoxicação ou envenenamento ocorre quando o indivíduo entra em contato, aspira ou ingere, acidental ou não, substâncias tóxicas de natureza diversa. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 UNIDADE 3 – AS CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO HUMANO Numa primeira vista, a ciência da qual nos lembramos quando se trata de “comportamento humano” com certeza é a Psicologia, mas, hoje em dia, esse estudo pode acontecer por meio de várias outras ciências. Da Filosofia milenar, passando pela Sociologia que muitas contribuições nos trouxeram nos últimos séculos, até áreas bem contemporâneas como a Neurociências, encontraremos reflexões acerca do comportamento humano, lembrando que pelo avançar dos séculos, dos estudos, dos erros, das falhas, dos equívocos, dos experimentos, das invenções, dos desenvolvimentos práticos e teóricos é que viemos percebendo o foco de cada uma dessas ciências, frisando ainda que elas não invadem ou invalidam os conhecimentos uma da outra, ao contrário, felizmente acrescentam, somam, contribuem sobremaneira para entendermos nossa evolução (ARCAS, 2000). Vamos discorrer um pouco sobre essas áreas que estudam e buscam explicar o comportamento humano justificando que desde o século XX, as noções de comportamento humano e ciência tornaram-se praticamente indissociáveis, quando a primeira tornou-se objeto de estudo da ciência. 3.1 A visão da Psicologia Por definição, Psicologia é o estudo científico dos processos mentais e do comportamento do ser humano e as suas interações com o ambiente físico e social. A palavra provém dos termos gregos psico (alma ou atividade mental) e logia (estudo). A Psicologia procura descrever sensações, emoções, pensamentos, percepções e outros estados motivadores do comportamento humano e as investigações para tanto, geralmente, acontecem através do método de observação. O tipo de observação mais utilizado é a sistemática, delimitada pelas condições do que se pretende observar. Em se tratando do comportamento humano em situações de estresse como durante e após um incêndio de proporções considerável, podemos trabalhar com a Psicologia das emergências. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 Bruck (2007) em sua tese de Doutorado em Psicologia explica que o assunto “trauma” vem adquirindo novos significados, considerando principalmente acontecimentos sociais recentes, sejam eventos adversos, catástrofes, desastres, sejam as situações-limite vividas pelas pessoas no cotidiano urbano. A psicologia das emergências estuda o comportamento das pessoas nos acidentes e desastres desde uma ação preventiva até o pós-trauma e, se for o caso, subsidia intervenções de compreensão, apoio e superação do trauma às vítimas e profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Para Bruck (2007), o assunto se estende às questões que vão desde a experiência pessoal do trauma até os eventos adversos provocados por calamidades, sejam estas naturais e/ou provocadas pelo homem. A psicologia das emergências é um tema de angústia pública, sentimento difuso de mal-estar que se origina dos acontecimentos públicos traumáticos, chamados estressores, tais como os incêndios em edificações com muitas pessoas, acidentes de trânsito, assim como os provenientes das demais situações limites de toda a violência urbana. O trauma é uma experiência que explode a capacidade de suportar um revés, traz a perda de sentido, desorganização corporal e paralisação da consciência temporal, pode deixar marcas que influenciam a criatividade e a motivação para a vida. Nessa direção, os objetivos nos primeiros auxílios psicológicossão de aliviar as manifestações sintomáticas e o sofrimento, reduzindo os sentimentos de anormalidade e de enfermidade. As contribuições da psicologia são muito importantes na prevenção e redução de desastres, bem como no tratamento das consequências psicológicas oriundas de um evento adverso vivido por um indivíduo, por uma comunidade ou cidades inteira (MELO; SANTOS, 2011). Enfim, a Psicologia, enquanto área que investiga o comportamento e o sofrimento humano, deve preparar-se para agir em situações de emergência, tendo em mente sempre que algumas reações “bizarras” de pessoas que acabam de sofrer um evento adverso podem ser respostas absolutamente normais diante de eventos que não são normais, e cabe a esse profissional fazer essa distinção. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 21 3.2 Os estudos sociológicos Se fizermos o caminho percorrido das ciências sociais, veremos que estas possuem como objeto de investigação e estudo do comportamento social humano. Comportamento este que pode assumir diversas expressões e formas sociais (BARBOSA, 2003). O mesmo autor pondera que na medida em que o conhecimento acerca do comportamento humano foi sendo ampliado, as ciências sociais foram se dividindo em diversas ciências particulares. Dessa forma se consolidaram na: a) Sociologia, que se ocupa do estudo das relações sociais e das formas de associação dos diversos grupos sociais. São temas de investigação da sociologia a divisão social da sociedade, os conflitos sócio-políticos, os processos de mudança social, etc. b) Economia, que se ocupa do estudo do processo de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. São temas da investigação da economia o padrão de acumulação capitalista vigente, as políticas públicas sobre a esfera do mercado, etc. c) Antropologia, que se ocupa do estudo das origens e desenvolvimento da cultura dos diversos grupos humanos (étnico, nação, entre outros), bem como suas identidades culturais. São temas de investigação da antropologia a indústria cultural, mitos e ritos antigos reminiscentes na nossa contemporaneidade, entre outros. d) Ciência Política, que se ocupa do estudo das relações de poder no âmbito das macro e microestruturas sociais. São temas de investigação da Ciência Política: o caráter e o papel do Estado, as lutas e conflitos políticos, entre outros. Embora não esteja delimitado pela Sociologia, como campo de estudo, a questão do comportamento humano em situações de estresse pode vir a ser estudada pela área, assim propomos algumas reflexões acerca do assunto porque acreditamos que a aglomeração de pessoas em situações de sinistralidade nos leva a algumas conclusões que podem contribuir para o trabalho do Engenheiro no momento de elaboração de projetos de segurança contra incêndio e pânico. Estudos de França (2010) apontaram que em cada etapa de seu processo evolutivo, o comportamento coletivo passou por diversas abordagens relacionadas à finalidade desse comportamento, às características individuais de seus membros e Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 22 aos seus objetivos. O autor separou esses estudos do comportamento coletivo pela sua abordagem e finalidade dentro de um contexto histórico e social. Interessa-nos compartilhar nesse tópico, a abordagem que trabalha o pânico em multidões. O comportamento coletivo engloba vários tipos dentre eles a massa, que pode ser entendida como um aglomerado de pessoas agindo no mesmo espaço físico ao mesmo tempo; o público, que é um grupo de pessoas separadas, normalmente sem a ocorrência de interação física e discutindo algum tema específico (como a opinião pública); e a multidão que precisa de uma proximidade física entre seus elementos e uma ação mais coordenada face a um objetivo definido durante o processo social. O pânico pode ser desencadeado por diversos fatores, tais como ameaças naturais (enchentes, terremotos, erupções vulcânicas), ameaças provocadas pelo homem (atentados terroristas, perda do controle social por parte do Estado), entre outros. Em uma situação de pânico sempre há um risco iminente e uma sensação de urgência em agir por parte dos indivíduos. França (2010) trabalhou, dentre outros, com o modelo de pânico em multidões baseado na teoria do Interacionismo Simbólico, definido por Blumer como formação de uma multidão nos seguintes estágios: Primeiro há a ocorrência de um evento escapista ou excitante (normalmente relacionado com a agitação social), que chama a atenção do indivíduo e o pressiona a agir. Com isso, os membros da coletividade direcionam a sua atenção para o evento. De acordo com Blumer, os indivíduos se submetem ao evento, e inicia-se o desenvolvimento de uma multidão ativa. Uma das bases do comportamento coletivo está na insatisfação das pessoas, provocada pela incapacidade de satisfazer seus impulsos e desejos. Quando essa insatisfação está associada a uma reação circular que se torna contagiosa, ela passa a ser uma agitação social (social unrest). Neste estado, de acordo com Blumer, as pessoas tendem a se mover erraticamente, sem rumo, as rotinas normais não funcionam mais e, por conta disso, surgem novas linhas de ação organizada (MUUKKONEN, 1999 apud FRANÇA, 2010). Em seguida há o processo de milling, que faz com que os indivíduos fiquem mais sensibilizados e compreensivos, de modo que se tornem mais preocupados Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 uns com os outros. Com um foco maior uns com os outros, os indivíduos respondem aos demais de forma rápida, direta e inconsciente, preparando a formação de um humor comum. Neste terceiro momento, por meio do milling, o grupo reencontra um objeto comum de atenção, de modo que o humor, o imaginário e os sentimentos das pessoas fiquem focados. Chegando em uma quarta etapa, pela compreensão da situação através do foco obtido, surge uma excitação coletiva, que Blumer categorizou como uma forma mais intensa de milling e uma reação circular pura. O comportamento excitado interfere no processo de imaginário direcionado. A excitação coletiva diminui a capacidade de utilizar a linguagem ou o imaginário para criar imagens diferentes das formadas pela coletividade. Desta maneira, ele pode entrar em uma linha de conduta que não conseguiria conceber, e muito menos executar. Para ignorar tal comportamento excitado, o indivíduo precisa se autoexcluir do cenário onde a ação ocorre, ou direcionar a sua atenção para outro objeto, com o auxílio de algumas fórmulas verbais. Por exemplo, em uma situação de emergência, enquanto alguns membros da coletividade buscam sair do ambiente, outros entram em um estado de negação e passam a rezar ou maldizer o destino pela condição inoportuna. A tendência natural dos indivíduos é lidar com o comportamento excitado e procurar algum interesse nele. Nesse estado, o indivíduo tende a guiar-se mais pelas emoções do que pelarazão. Em condições de stress, o indivíduo pode ainda reorganizar significativamente os seus sentimentos, costumes e traços de personalidade. Em um quinto momento, a excitação coletiva leva ao contágio social, que é uma forma intensa de milling e excitação coletiva e, portanto, é uma forma avançada de reação circular. Pode-se dizer também que o contágio social é a disseminação rápida e irracional de humor, impulso ou forma de conduta que ocorre, por exemplo, nos surtos coletivos, nas manias, nas modas passageiras. Em formas extremas, o contágio social se apresenta de forma epidêmica, como a histeria da guerra ou pânico no mercado financeiro. A característica mais importante do contágio social é que ele atrai e “infecta” indivíduos que normalmente estão desvinculados da ação social, como espectadores e passantes. O indivíduo pode estar apenas curioso, ou Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 24 ligeiramente interessado nesse comportamento. Na medida em que se contagiam e prestam mais atenção a esse comportamento, os indivíduos estão mais inclinados a segui-lo. Finalmente, após o contágio social, forma-se o comportamento coletivo elementar. Na figura abaixo há uma visão geral desses estágios. Estágios do Comportamento Coletivo de Blumer Fonte: Mcphail (1989 apud FRANÇA, 2010, p. 24). Esse modelo apresentado, ainda que não se relacione diretamente como nosso objeto de estudo, dá uma boa pincelada no comportamento humano visto pela Sociologia. Tomemos como exemplo a tragédia ocorrida na Boate Kiss, em Santa Maria (RS). Ouvimos naqueles dias expressões como “as pessoas entraram em pânico”, que a situação era “caótica”, e predominava o “cada um por si”. Martins (2013), logo após a tragédia, comentou que o comportamento coletivo é tendencialmente irracional, provocado por fator geralmente repentino, como uma faísca, uma explosão, um grito, uma falsa notícia alarmante, em situações sociais, em que as referências estáveis de conduta, que são as normais e corriqueiras, não operam plenamente. As pessoas estão cercadas, predominantemente, por desconhecidos e os códigos de conduta são em boa parte improvisados no momento, de reciprocidades Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 25 meramente reativas. Quando um começa a correr, todos correm, mesmo sem saber o motivo. É essa característica sociológica do comportamento coletivo que impõe a prudência e a providência de que as situações de multidão sejam regulamentadas e condicionadas por marcos e instrumentos de referência de conduta e de segurança em situação de emergência: saídas largas e em número proporcional ao público presente, extintores de incêndio, especialistas em orientação de multidão, iluminação, entre outros. São os lembretes das normas sociais interiorizadas, que essas situações invariavelmente colocam entre parênteses. O caso de Santa Maria, pelas informações até então disponíveis, sugeria que o alto índice de mortes foi agravado pela falta desses cuidados. Quando do pânico decorrem mortes, as pessoas surpreendidas nos trajes, nos atos, no cenário e na circunstância “impróprios para morrer”, numa cultura funerária como a nossa, tradicional, que pressupõe a morte em família, as sequelas sociais são imensas. Cria-se a situação culturalmente anômala do ausente que não chega, do filho que não volta. A espera passa a regular a vida da família, numa sociedade em que já não há lugar para esperar (MARTINS, 2013). Pesquisas ao redor do mundo com pessoas que sobreviveram a diversas tragédias como incêndios, inundações, tumultos, ataques terroristas, entre outras, trazem a revisão de alguns posicionamentos dominantes no senso comum, como o de que as pessoas entram facilmente em pânico, agindo de modo irracional ou que sempre predomina o comportamento egoísta, no qual, cada um tenta salvar sua própria pele sem se importar com os outros. A investigação científica das situações de tragédias, por exemplo, derruba o mito do egoísmo extremo, demonstrando que o comportamento predominante é de cooperação e solidariedade. Geralmente, as pessoas começam ajudando quem está com elas e tendem a estender esta ajuda àqueles desconhecidos em volta, criando um forte sentimento de identidade coletiva (SCARPATO, 2013). Existe um ponto crítico, no entanto, em que o comportamento tende a mudar e a sobrevivência passa a contar mais do que o sentido de coletividade. Para que ocorra esta mudança na direção do comportamento precisam ocorrer duas condições simultâneas: as pessoas se sentirem sem saída e sob o risco iminente de morte. Num incêndio, por exemplo, quando o fogo está próximo, a fumaça Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 26 intoxicando e as saídas parecem escassas, fugir imediatamente da situação torna-se imperativo para preservar a própria vida. Nesta hora crítica, o estado emocional de pânico entra em ação, ativando padrões automáticos de comportamentos de luta/fuga. O comportamento racional, solidário e cooperativo dá lugar então a um comportamento de emergência, em que sair da situação torna-se a única prioridade. Quando as pessoas entram neste estado emocional de pânico, acabam se empurrando, se atropelando, o que aumenta os danos de uma tragédia, com pessoas que morrem pisoteadas e sufocadas no meio da multidão tentando sair de um lugar ameaçador em saídas insuficientes, essa tem sido a realidade. Esse comportamento, estudado por várias áreas, nada mais é do que o instinto de sobrevivência do ser humano e não uma atitude de crueldade. Como justifica Scarpato (2013), é o atendimento a uma lógica primária de preservação da vida. Com o perigo aumentando e a sensação de risco de morte iminente, sair da situação o mais rápido possível é o comportamento mais coerente pela lógica de preservação do cérebro humano. Depois de sair, muitas pessoas voltam para ajudar os outros, muitas vezes até colocando em risco a própria vida. Enfim, o que aumenta as mortes e danos numa tragédia não decorre do “comportamento irracional” das pessoas, mas das limitações do ambiente, como insuficiência de saídas, ausência de sinalização, falta de liderança e treinamento em procedimentos de evacuação, entre outros, eis onde o Engenheiro pode dar sua valiosa contribuição no momento de elaboração de projetos que atentem para aspectos de segurança contra incêndios, aqui mais precisamente no terceiro estágio, na fuga iminente. Guarde... As estratégias para lidar com tragédias precisam oferecer condições para as pessoas saírem daquela situação antes de entrarem neste “modo de pânico”. Esta deve ser uma prioridade no planejamento arquitetônico de espaços públicos e no desenvolvimento de estratégias de evacuação. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicosou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 27 UNIDADE 4 – COMPORTAMENTO HUMANO EM SITUAÇÕES DE RISCO É fato que as pessoas reagem de maneira diferente nas diversas situações. Devido à exposição ao risco, não há como realizar experimentos que demonstrem com máxima certeza o comportamento humano. Os ensaios sempre são ensaios, tentam se aproximar ao máximo da realidade, mas são ensaios, frise-se. As afirmativas acima nos levam, de antemão, a inferir que o estudo do comportamento humano em situações de incêndio e pânico é um estudo complexo, visto que são impraticáveis as realizações de certos experimentos que venham a demonstrar as reais reações e comportamentos sem que venha a se expor a riscos a integridade física dos envolvidos nestes e, com isto, os estudos existentes fornecem apenas partes das situações reais experimentadas por vítimas em situações reais de incêndio. Estes estudos têm sido conduzidos nos últimos 40 anos, iniciando-se na década de 60 nos Estados Unidos e na Inglaterra, intensificados a partir da década de 70, pela ocorrência do incêndio do edifício Joelma, em São Paulo, em 1974. Cenas bem vivas, até hoje, de pessoas se lançando ao espaço na tentativa de escapar das chamas percorreram todo o mundo, via televisão, tornando-se uma referência trágica mundial e aguçando a curiosidade científica mundial. De todos os fatos observados, uma coisa é certa: o treinamento prévio de como agir ou sobreviver em meio a um incêndio, realizado com uma certa periodicidade, pelo menos uma vez ao ano, é a forma mais segura de se reduzir as fatalidades e os acidentes decorrentes dos incêndios (ARAÚJO, 1999). 4.1 A resposta fisiológica e o comportamento humano As reações humanas são condicionadas por um mecanismo fisiológico, no qual o homem, ao ser informado de uma situação de perigo, se identifica com base em experiências cognitivas anteriores ou de conhecimento adquirido através da informação e de relatos, o qual lhe permite estabelecer comparações. As reações mais típicas são: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 28 � a fuga, na maior parte dos comportamentos; ou, � a luta da situação de perigo, ou a ausência dela; � a inércia, em que nada mais é do que um processo total de negação do fato relacionado com o perigo, motivado por uma situação maior e mais complexa que a capacidade individual de ser tomada qualquer ação, quer fugir ou lutar. A resposta fisiológica ao medo é um dos fenômenos fisiológicos mais básicos, inerentes às espécies animais, e a garantia de sua sobrevivência e evolução. Os seres vivos, em especial os animais, cujo homem é parte integrante da espécie, ao perceberem da ocorrência de um determinado perigo, pelos seus sentidos, sendo os mais importantes e influentes: a visão, a audição, o olfato, e o tato, têm o seu processamento lógico-sensorial baseado na definição ou não de uma situação de perigo como visto anteriormente. Esta situação, sendo identificada como uma situação de perigo, é transmitida um impulso elétrico pelo Sistema Nervoso Central (o qual corre em grande parte pelo interior da coluna vertebral) a um conjunto de glândulas situadas sobre os rins – as glândulas suprarrenais, as quais se incumbem de liberar o hormônio adrenalina (ou epinefrina) para a corrente sanguínea (ARAÚJO, 1999). Duas pessoas reagem de forma diferente a uma mesma situação quando ela ocorre e, mesmo assim, uma destas pode agir de uma determinada forma hoje e, diferentemente, daqui a algumas horas, dias ou semanas. Há certos fatores que podem determinar como nós agiremos em determinadas situações. Experimentos e estudos apontam que nós agimos frente ao calor, fumaça e chamas baseados nos seguintes fatores: a) Idade – os mais novos, devido ao desconhecimento e as restrições de mobilidade, e os mais velhos (por isso, as faixas de maior vulnerabilidade nos incêndios é até os 5 anos e acima dos 65 anos), além destas restrições de mobilidade, devido a outros problemas de ordem sensorial e neurológica (agravadas ainda por mal de Parkinson, Alzheimer, entre outros) tem a sua capacidade de lidar com o incêndio reduzida tornando-se um fator crítico de sobrevivência. b) Tamanho – pessoas de maior massa muscular podem tolerar melhor altas doses de materiais tóxicos gerados nos incêndios, entretanto, no tocante ao Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 29 condicionamento cardiorrespiratório, crucial nestas condições de sobrevivência, estas pessoas, em geral, mal condicionadas, podem tornar-se vítimas potenciais. c) Condições físicas pré-existentes – a condição geral de um indivíduo poderá ter um efeito na sua sobrevivência em um incêndio, nestas, podemos incluir a Estabilidade Cardíaca (determinada pela condição anatomo-fisiológica do sistema cardiocirculatório). d) Condição Aeróbica (associada ao condicionamento cardiorrespiratório) – Mobilidade (ligada ao biotipo, peso, altura, flexibilidade articular, doenças musculoesqueléticas), neste aspecto, temos também de considerar grávidas, pessoas com restrição motora, visual e auditiva, em especial cadeirantes. e) Capacidade Respiratória – a maior parte das “Causas Mortis” nos incêndios decorre da inalação de fumaça. Por esta razão a Capacidade Respiratória é uma condição crítica de sobrevivência na situação de um incêndio. Quaisquer doenças crônicas pré-existentes como enfisema pulmonar e asma (devido a alteração respiratória por conta da alteração e da elevação da frequência respiratória, em decorrente da obstrução dos músculos pulmonares, contraem-se, interrompendo o ciclo respiratório e provocando vasoconstrição – diminuição do calibre das vias aéreas pulmonares. Fatores estes associados a fumaça, stress, calor, entre outros), podem reduzir consideravelmente esta capacidade. Fatores agudos como resfriados, gripes ou pneumonias podem vir a afetar esta capacidade. E no caso de fumantes, as condições pulmonares, bem reduzidas, em geral, dificultam a ações de troca pulmonar a nível alveolar, em termos de absorção de O2, e, consequentemente, dificultando uma boa irrigação sanguínea cerebral, indispensável para a tomada de ações, quer quanto ao critério, quanto à velocidade das mesmas, quer quanto ao impulso neurológico em uma situação de incêndio. f) Medicação, drogas e álcool – estes elementos reduzem substancialmente a capacidade de avaliação e da percepção dos riscos inerentes a um incêndio, alterando substancialmente a capacidade de se tomar a decisão adequada frente a emergências. Estatísticas recentes (United States Fire Administration – USFA , Abril, 17, 2008) citam que pelo menos 10% das fatalidades em incêndios residenciais tem como causa principal o uso de drogas ou álcool, em especial nas comunidades mais pobres. Neste aspecto, a faixa etária envolvida neste tipo de evento se situa entre 20 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperaçãode dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 30 a 64 anos, cujos índices são duas vezes maiores que as outras faixas etárias, e os homens são os mais predominantes neste aspecto. 4.2 Características dos ocupantes Concordamos com Araújo (2008), quando diz que o estudo do comportamento das pessoas em incêndios é importantíssimo para a escolha dos procedimentos, do que fazer em caso de incêndio e o caminho a seguir até a rota de fuga e a saída em segurança. O relatório da NFPA (2005) menciona que a maioria dos incêndios em prédios elevados ocorre em quatro classes de edifícios: escritórios, hotéis, apartamentos e hospitais. Os edifícios de escritórios, atualmente, estão sendo projetados e construídos para maximizar o espaço disponível, com divisórias baixas, como estações de trabalho. Isso adensa e aumenta a população no pavimento, diminui a compartimentação, o que facilita uma possível contaminação de fumaça, em uma situação de incêndio. Mas, via de regra, a maioria da população está familiarizada com as rotas de fuga e saídas de emergência, fato que facilita a evacuação do ambiente, se houver necessidade de abandono de área. Em hotéis, o público usuário é rotativo e nem sempre está habituado a observar onde estão as saídas de emergência e os procedimentos de emergências. Vejamos um exemplo de norma de comportamento em caso de incêndio de um hotel. O texto abaixo foi afixado no lado interno da porta de um apartamento do Hotel Metrópole, em Roma, junto de um mapa do pavimento indicando onde o hóspede está em relação aos corredores, saídas de emergência sinalizadas, trajetos em linha vermelha e tracejado preto, botoeiras de alarme de incêndio, iluminação de emergência e equipamentos de combate a incêndios com extintores de incêndio e hidrantes. Se possível, alcançar a escada de emergência seguindo o percurso “A” indicado com a linha tracejada em vermelho. Se não for possível alcançar a escada de emergência, seguir o percurso “B” (indicado com tracejado preto) que remete à escada principal. Em todos os casos, não servir-se absolutamente dos elevadores. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 31 Se não for possível usar o corredor, permanecer no próprio quarto com intenção de ser socorrida, mantendo a calma e assinalando a própria presença. INSTRUÇÕES DE INCÊNDIO Se você descobrir um incêndio: 1. Imediatamente acione a botoeira de alarme de incêndio mais próxima. 2. Ataque o fogo, se possível, com os equipamentos instalados, mas sem riscos pessoais. Ao ouvir o alarme: 3. Deixe a edificação e siga para o ponto de reunião “B”. Os incêndios em apartamentos têm, na maioria das vezes, a particularidade de permanecerem confinados dentro da unidade de origem, face à compartimentação dos ambientes. Em hospitais, há setores em que as pessoas internadas não podem ser facilmente removidas, como centros cirúrgicos, unidades de terapia intensiva; deve haver, portanto, cuidadosa compartimentação e rigoroso controle de materiais e equipamentos contra a eventualidade de um princípio de incêndio. Nos locais em que as pessoas permanecem em vigília, por exemplo, em locais de trabalho, o tempo de reação aos alarmes é inferior aos ambientes em que pessoas repousam ou apresentam dificuldade de locomoção, a exemplo de hospitais e até mesmo de edificações prisionais, principalmente se não estiverem familiarizadas com as rotas de fuga e saídas de emergência, como nos hotéis e assemelhados (ARAÚJO, 2008). 4.3 O abandono de edificações – movimento, tempo e comportamento das pessoas A segurança contra incêndios em edifícios passa fundamentalmente pela segurança das pessoas, o que significa criar condições seguras, ou seja, provisão de rotas de fugas adequadas, para que as pessoas possam abandonar o edifício de forma incólume (VALENTIN; ONO, 2006). A confiabilidade deste elemento deve ser, necessariamente, mais elevada que dos outros elementos do sistema, pois na hipótese do incêndio ocorrer, pondo em risco a incolumidade dos usuários do edifício, significando que outros elementos do sistema falharam, a evacuação segura do edifício não poderá falhar. Trata-se desta forma, do elemento mais importante e mais Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32 diretamente associado à segurança da vida humana, em caso de incêndio (BERTO, 1991, p. 276-7). Para que possa se ter uma evacuação satisfatória, além das proteções passivas e ativas, faz-se necessário conhecer o comportamento e o movimento das pessoas em situações de incêndio. Determinar a velocidade de deslocamento das pessoas em situações normais pode ser uma tarefa fácil, entretanto, em situações de incêndio torna-se extremamente complexa devido aos vários fatores que podem interferir neste processo. Segundo Valentin e Ono (2006), de uma forma geral, a pessoa tem um comportamento adaptativo, ou seja, consegue abandonar o edifício sem se afastar dos padrões normais de comportamento. Entretanto, em alguns casos, podem surgir alguns fenômenos que contribuam para que o indivíduo passe a ter um comportamento não adaptativo. Um comportamento não adaptativo pode ser definido: “[...] pela prática de uma ou várias ações que contribuem para dificultar a evacuação do edifício e o próprio combate ao incêndio” (COELHO, 1997). A probabilidade de um comportamento não adaptativo aumenta se não forem consideradas as seguintes medidas de segurança contra incêndio: � concepção correta dos caminhos de evacuação (visibilidade das saídas, larguras suficientes, adequada relação entre largura e altura dos degraus das escadas, existência de corrimãos nas escadas, entre outros); � passagens estreitas ou estrangulamentos nos caminhos de evacuação; � existência de sinalização de segurança; � existência de iluminação de emergência; � detecção do incêndio em sua fase inicial e adequados sistemas de alarme; � existência de lugares de refúgio e sistema de comunicação com os ocupantes (edifício muito alto); � sistema adequado de controle de fumaça. É importante compreender que o tempo total de abandono é composto por várias parcelas de tempo e que o tempo de caminhamento é somente uma delas. Faz-se necessário entender cada uma destas parcelas de tempo, pois se a somatória de tempos que precedem o caminhamento for muito alta, quando o Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 33 ocupante decidir efetivamente iniciar o movimento, o limite tolerável pode ser mínimo, ou seja, os gases quentes e tóxicos podem já ter invadido as rotas de fuga ou o incêndio pode já ter se alastrado. O tempo de abandono inclui: � tempo de detecção do incêndio – pode ser curto quando as pessoas estão despertas no recinto em que iniciou o incêndio, ou longo se o incêndio ocorrer em sala distante da presença de pessoas e não houver sistema de detecção automática de incêndio. Neste caso, ao ser descoberto, o incêndio já terá sedesenvolvido, gerado uma grande quantidade de fumaça ou gases tóxicos; � tempo de alarme – depende das ações realizadas pelas pessoas que tomam conhecimento do incêndio ou das características dos sistemas de detecção e alarme; � tempo de reconhecimento – mesmo soado o alarme muitas pessoas querem se certificar do que está havendo antes de decidir a abandonar o local; � tempo de resposta – algumas pessoas ainda vão executar certas tarefas antes de iniciarem o abandono. Estas tarefas podem ser de caráter pessoal ou tarefas necessárias referentes a algum tipo de processo produtivo. A soma do tempo de reconhecimento e de resposta é denominada de tempo de pré- movimento; � tempo de caminhamento – é aquele efetivamente gasto no deslocamento da saída. Inúmeros fatores influem neste tempo como o estado físico e mental das pessoas e a idade, entre outros. Este é o tempo que está relacionado às distâncias de caminhamento, citadas nas normas e regulamentações. A tomada de decisão do ocupante, situada entre o tempo de reconhecimento e o tempo de resposta, torna-se muito mais complexa do que em uma tomada de decisão cotidiana, devido a: � existência de maior risco em um incêndio do que em outras situações, onde as consequências de uma tomada de decisão podem determinar sua sobrevivência; � o tempo disponível é limitado e o tomador de decisão sente que sua decisão deve ser tomada rapidamente; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 34 � as informações disponíveis para a tomada de decisão são ambíguas e incompletas (PROULX, 2002 apud VALENTIN; ONO, 2006). Diante desta situação, independente de sua experiência anterior, idade, sexo ou treinamento, toda pessoa envolvida em uma situação de emergência sentirá algum estresse. Este sentimento não é uma situação anormal, pelo contrário, o estresse é visto como um sentimento necessário para motivar reação e ação. A tomada de decisão mediante o estresse é frequentemente caracterizada pelo estreitamento das opções. Por este motivo, o treinamento constante de abandono torna-se extremamente importante. Frise-se que os modelos matemáticos são cada vez mais utilizados na análise de projetos baseados em desempenho como alternativa ao comprimento dos códigos prescritivos, uma vez que estes são capazes de prever as áreas onde ocorrerá congestionamento durante o abandono. Olenick e Carpenter (2003 apud VALENTIN; ONO, 2006) apresentam um levantamento dos vários modelos de simulação na área de segurança contra incêndio, onde são identificados 16 modelos de simulação de abandono desenvolvidos em vários países. Da análise dos incêndios catastróficos que houve no mundo, verifica-se que o ponto nevrálgico das edificações é a vulnerabilidade de circulação interna seja elas horizontal ou vertical aos efeitos do incêndio (fumaça, calor e chamas). Nesse contexto é que o projeto de combate a incêndio e pânico interfere na segurança física das vias de circulação horizontal e vertical. As escadas a prova de fumaça, a sinalização e iluminação de emergência, o correto dimensionamento dos hidrantes de parede e extintores possibilitam uma evacuação segura das pessoas para fora da edificação até a chegada do Corpo de Bombeiros (PRADO, 2011). Guarde... � Pessoas diferentes também tendem a reagir de forma diferente à mesma situação de perigo, dependendo de diversos fatores. Igualmente, a mesma pessoa pode reagir diferentemente a duas situações de perigo semelhantes, em alturas diferentes. � As reações das pessoas perante uma situação de incêndio são várias: - Fuga ao perigo; Luta contra o perigo; Inércia perante o perigo. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 35 � São fatores de ordem individual (Idade, Porte Físico, Estado de Saúde). � São fatores relacionados com o incêndio (Temperatura, Fluxo de Calor, Redução do nível de oxigênio, Exposição aos gases do incêndio). � São fatores relacionados com os sistemas de alarme (Sistema de Socorro, Sistema de notificação sonora, Cheiro de fumo, notificação pessoal e barulhos). � O treinamento prévio de como agir ou sobreviver em meio a um incêndio, realizado com uma certa periodicidade, pelo menos uma vez ao ano, é a forma mais segura de se reduzir as fatalidades e os acidentes decorrentes dos incêndios. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 36 UNIDADE 5 – O PÂNICO Araújo (2008), Abolins, Bianchini e Nomellini (2008) fazem algumas colocações que nos levarão a desenvolver o pensamento sobre o pânico nessa unidade. Vejamos: � as pessoas têm reações diferentes diante de situações adversas, em caso de sinistros, quando sentem ameaçadas em sua integridade física; � em um incêndio, o comportamento mais frequente é a tensão nervosa ou estresse, e não a reação de medo e que foge ao controle racional, ou seja, o pânico. Normalmente, as pessoas demoram a reagir diante de uma situação de incêndio, como se estivessem paralisadas nos primeiros minutos, não acreditando que estejam sendo envolvidas numa situação de risco grave; � a fumaça, que dificulta a visibilidade, durante um incêndio, contém CO, entre outros gases, que possui mais afinidade com a hemoglobina do sangue que o oxigênio. Isso afeta o sistema nervoso central, provocando sintomas como mal-estar, distúrbios de funções motoras, perda de movimento, perturbações de comportamento (fobia, agressividade, pânico, coma, entre outros); � a falta ou inobservância de detalhes construtivos integrantes do sistema de saídas de emergência acarreta, no caso de utilização real, o desencadeamento de lesões corporais, entrada em pânico e até casos mais graves; � quando o movimento tem uma restrição aproximando-se dos 45 metros por minuto, é quando se originam os contatos físicos, onde os espaços são disputados pela força física, causando as lesões e dando origem ao pânico; � saídas de emergência bem planejadas atenuam o pânico quando da ocasião de sinistros; � estresse x pânico – em situação de estresse, a pessoa pensa, ainda está no seu estado racional, ao contrário de uma situação de pânico no qual a pessoa está sob controle do instinto, a pessoa não pensa. Seu pensamento é instintivo. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 37 5.1 Definições Conforme Sumida e Macau (2004), pânico define-se pelo pavor ou susto inesperado que gera uma ação desconexa instantânea no corpo diante de um perigo. Esse organismo reage imediatamente, desenvolvendo reações químicas e físicas, causando exaltação e medo, o que é conhecido como pânico individual. O pânico coletivo é o que abrange uma grande quantidade de pessoas (multidão)em uma situação de perigo específica em que todos estão envolvidos. Uma particularidade importante no comportamento do pânico é a presença de uma situação ameaçadora iminente. Disto infere-se que: Pânico é um estado emocional incontrolável onde a pessoa perde o controle sobre o seu próprio corpo passando a agir sob o comando do seu instinto. A natureza dotou os animais com um sistema de defesa que é acionado pela situação de pânico. Nesta situação, fala mais alto o instinto animal registrado em seu inconsciente. Muitas das situações de pânico são herdados dos pais. O pânico é caracterizado pela produção exagerada de adrenalina que produz no organismo reações estranhas. 5.2 Sintomas do pânico e reações instintivas O que define um ataque de pânico é um período distinto de intenso temor ou desconforto, no qual quatro (ou mais) dos seguintes sintomas desenvolveram-se abruptamente e alcançaram um pico em 10 minutos. Os 13 sintomas somáticos ou cognitivos são: palpitações, sudorese, tremores ou abalos, sensações de falta de ar ou sufocamento, sensação de asfixia, dor ou desconforto torácico, náusea ou desconforto abdominal, tontura ou vertigem, desrealização ou despersonalização, medo de perder o controle ou de “enlouquecer”, medo de morrer, parestesias e calafrios ou ondas de calor (DSM IV). (1) Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado. (2) Sudorese. (3) Tremores ou abalos. (4) Sensações de falta de ar ou sufocamento. (5) Sensações de asfixia. (6) Dor ou desconforto torácico. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 38 (7) Náusea ou desconforto abdominal. (8) Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. (9) Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (distanciar de si mesmo). (10) Medo de perder o controle ou enlouquecer. (11) Medo de morrer. (12) Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). (13) Calafrios ou ondas de calor (MAGALHÃES, 2014). Quanto às reações instintivas podemos falar em alguns tipos de comportamento a partir de comparações do mundo animal para que o conteúdo seja suavizado (sic): a) Comportamento de Bando – o indivíduo corre com os outros, junto com os outros. É o que acontece com animais “pequenos” frente ao predador “grande” como no caso das anchovas que se defendem do ataque do tubarão na forma de um cardume compacto. Na hora do pânico, a adrenalina toma conta do nosso corpo e não conseguimos pensar. Nossa reação é instintiva e multas pessoas seguem o grupo de forma inconsciente. b) Instinto de sobrevivência – tendo sido vítima de muitas enchentes, alguns grupos “fogem” para locais altos. As formigas e mais alguns animais que fazem ninho no chão como as corujas, promovem mudanças e migrações para locais mais altos na aproximação da temporada de chuvas. Na hora do pânico, sob a ação da adrenalina, o instinto desse grupo sinaliza “locais altos” e estando num prédio sob incêndio, a pessoa “corre” para o alto mesmo tendo consciência que a fuga segura é para baixo, para fora do prédio. c) Instinto de Fuga – detectado o “foco” do perigo, o animal “foge” para longe do foco. O exemplo típico é o da galinha em fuga que foge sempre para o lado oposto ao do foco. Se o foco é um carro à noite com o foral aceso, a galinha foge “para a frente” e se o carro muda de direção, a galinha muda para a mesma direção e continua na frente do carro. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 39 Na hora do pânico pela ocorrência de um incêndio, este grupo “foge” do foco do fogo. Mesmo havendo setas e outros indicadores de saída, é possível que este grupo corra ao contrário para fugir do fogo. d) Instinto de Fome – traumatizado, até hoje, pela acirrada disputa por um naco de alimento que nossos antepassados enfrentavam todo dia, o ser sob pânico não “soma” e nem “divide” – apenas “subtrai” e sai correndo para um canto protegido onde pode se acalmar e satisfazer a sua fome. Na hora do pânico, a enorme “concorrência” pela disputa de corredores, escadarias e portas de saída, este grupo tende a “eliminar” o concorrente, empurrando para o lado e passando por cima. Não existe amizade, companheirismo e muito menos solidariedade, por indivíduos deste grupo, na hora do pânico. Depois, tendo atingido um “refúgio” seguro, a razão volta e junto sentimentos de amizade e de solidariedade. Muitos que “saíram”, procuram “voltar” para salvar aqueles que estão tendo dificuldades de sair. e) Instinto de Defesa – não reagir, não provocar, não agredir são atitudes defensivas para aquele grupo de pessoas que viveram longos períodos sob permanente opressão e submissão. Calar-se, resignar-se, abaixar a cabeça, obedecer, ajoelhar são as reações características. Neste grupo, o desmaio é frequente. 5.3 Causas do pânico Não é necessário que ocorra um evento catastrófico, ruidoso e de grandes proporções como um incêndio ou uma enchente. Uma situação qualquer, mesmo que calma, mas que possa produzir estresse nas pessoas pode desencadear uma situação de pânico. Numa reunião séria, uma pessoa que tenha aquele tique de ficar apertando o botão da caneta pode produzir em uma outra pessoa cargas de estresse. Pessoas que falam sempre em tom de gozação e com um sorriso irônico nos lábios, causam irritação nas pessoas “sérias” aumentando o estresse. Motoristas “presos” no congestionamento ficam irritados com a demora e principalmente pela “esperteza” de outros motoristas que dão uma de esperto forçando a passagem e andando no acostamento. Estes eventos aumentam o nível Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 40 de adrenalina causando irritação, impaciência, nervosismo e estresse deixando a pessoa, permanentemente ou o dia todo, no limiar do estado de pânico. Uma discussão entre duas pessoas que, de início, conversavam amigavelmente, pode ocorrer uma exaltação que acirra os ânimos, aumentando gradativamente o estresse e pode culminar com trocas de socos e pontapés, características do estado de pânico. Outras situações de pânico ocorrem em local com aglomeração de pessoas como cinema, teatro, igreja, escola, ginásio, estádio, arena, boate, restaurante, entre outros. As situações de pânico são potencializadas pelo conteúdo emocional praticado nos locais de concentração de pessoas. Nas igrejas, em geral, as pessoas ficam “calmamente” orando, mas existem igrejas que apelam para o emocional com o aumento gradativo do tom de voz do pastor. As pessoas elevam suas emoções com a produção de adrenalina. Se ocorrer um incêndio neste momento, as reações das pessoas serão totalmente desprovidas de razão. Outros locais utilizam-se de artifícios para produzir estados emocionais com o fornecimento de bebidas alcoólicas e o entoar de músicas eletrônicas. Estas músicas ritmam na frequência cardíaca da pessoa, vibrando, inicialmente em torno de 90 batidas por minuto, recebendo um aumento gradativo para 100, 120 e assim por diante.O batimento cardíaco aumenta na mesma proporção, influenciado, ou induzido, pelo volume alto e envolvente da energia sonora. A causa do pânico pode também ter origem psicológica. Chama-se síndrome do pânico e a pessoa pode surtar, sem mais nem menos, pois existe predisposição psicológica em que a pessoa se julga perseguida ou ameaçada. 5.4 Características de pessoas em pânico Pessoas em estado de pânico e mesmo em breves instantes de situações de pânico não agem de forma “normal”. Eis algumas características do pânico: a) Perda da racionalidade. Não adianta conversar com a pessoa em pânico tentando convencer que “não há perigo” ou que “está tudo normal”. Muitas vezes, a pessoa entra em pânico por uma discussão aparentemente boba como um conflito de trânsito. A pessoa entra em pânico, por exemplo, pelo aparecimento de um Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 41 alguém com brincadeiras “sem graça” que, muitas vezes sem querer, produz um disparo na situação de pânico. A pessoa que entra em pânico não diminui seu grau de pânico enquanto aquela pessoa que produziu o disparo da situação permanecer nas proximidades. A melhor solução é levar, mesmo que seja à força, a pessoa sob pânico para longe do local. b) Reações Instintivas: é muito forte a reação instintiva de preservação da integridade. Muitos homens fortes não conseguem segurar uma frágil senhora em pânico. O melhor é gritar por socorro para atrair mais pessoas para que, em grupo, consigam segurar e levar a pessoa para longe do local. Em se tratando de situações de incêndio, é preciso usar todos os artifícios para que as pessoas não entrem em pânico e se já o estão, que sejam minimizados seus efeitos, os quais sabemos podem ser devastadores. Guarde... Seis processos sequenciais foram identificados como padrões-resposta a situações de emergência, predecessores do pânico os quais se alternam sucessivamente em uma espiral crescente, são eles: 1) RECONHECIMENTO Da forma que um indivíduo é informado ou tem a sensação de “que algo não corre bem”, ou seja, de que um incêndio está se desenvolvendo próximo a si, tem um impacto direto sobre as suas ações. 2) VALIDAÇÃO Este processo consiste na tentativa de avaliar o quão séria representa a ameaça a que ele está exposto, quando são colocadas questões do tipo: “Devemos desocupar o prédio ou aguardar as instruções?”; “Este cheiro de fumaça será de algo que realmente está queimando?”. 3) DEFINIÇÃO Este processo consiste basicamente no conhecimento da informação sobre o perigo ao qual o indivíduo está exposto, dentro de certas variáveis qualitativas, Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 42 como a natureza da ameaça, a magnitude do risco, e o contexto temporal de desenvolvimento da emergência, neste caso do incêndio. Neste aspecto, o indivíduo pode determinar o curso de andamento da situação, com questões do tipo “Com quanta fumaça nós ainda poderemos ver?” ou “Quanto calor nós ainda poderemos sentir?”. 4) AVALIAÇÃO Este processo pode ser descrito como um conjunto de atividades cognitivas e psicológicas requeridas para que o indivíduo venha a responder à ameaça. A habilidade individual de se controlar a ansiedade e o stress tornam-se fatores preponderantes e, neste processo, a ameaça causada pelo incêndio determinará, segundo o padrão psicológico ou vivencial do indivíduo a ação subsequente: a de fugir ou a de lutar contra o fogo. 5) EXECUÇÃO Esta parte do processo é relativa ao conjunto de mecanismos os quais o indivíduo lançará mão, o qual foi estabelecido previamente, durante o processo de Avaliação, e que será a garantia de sua sobrevivência. 6) REAVALIAÇÃO Este é o processo mais estressante para o indivíduo, em especial quando uma última tentativa tem acabado de falhar, e a subsequência destas tentativas (por exemplo: tentar escapar de locais aonde as portas se encontram fechadas ou obstruídas), pode levar, devido a recorrência do stress, cansaço à perda subsequente da coordenação motora ao incremento da possibilidade de sucesso, tornando as decisões cada vez menos racionais e daí ao pânico como elemento final (ARAÚJO, 1999). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 43 UNIDADE 6 – PRIMEIROS SOCORROS EM INCÊNDIOS Partindo novamente da fisiologia dos seres vivos, todas as células necessitam de oxigênio e nutrientes, sem os quais entram em sofrimento, podendo resultar em morte. Com a morte das células, segue-se a morte dos tecidos, órgãos e do próprio ser vivo. O suprimento de oxigênio e nutrientes para a célula, assim como a retirada de resíduos, são realizados pelo sangue de forma contínua. O sangue se desfaz do gás carbônico e se abastece de oxigênio nos pulmões e de nutrientes pela absorção de alimentos digeridos no tubo digestivo. Pois bem, visto que somos seres de uma complexidade tamanha, a qual nos faz fortes e frágeis ao mesmo tempo, o atendimento inicial a uma vítima de sinistro como o incêndio tem protocolos básicos que são essenciais para manter a vida. Evidentemente que estes protocolos são seguidos por uma equipe treinada que geralmente é a Brigada de Incêndio. Nas palavras de Camillo Junior e Leite (2008, p. 293): devemos, como medida inicial e antes do atendimento a possíveis vítimas, observar o local, eliminar riscos potenciais para o socorrista, vítima e terceiros, já que não se quer o surgimento de novas vítimas, inclusive brigadistas. Para tanto, a observação das seguintes medidas são fundamentais: • sinalizar e isolar adequadamente o local do atendimento; • verificar a utilização de EPI adequado; • solicitar sempre apoio ao corpo de bombeiros (telefone de emergência 193); • liberar a via trafegável o mais rápido possível e com segurança; • cuidado com a contaminação e outros riscos, tais como explosão, agressões vindas de terceiros, entre outros. O objetivo do atendimento inicial à vítima é identificar situações que coloquem a vida em risco, iniciar o suporte básico de vida e desencadear a continuidade dos cuidados necessários: imobilização, remoção e acionamento de serviços de apoio (pré-hospitalar, bombeiros, serviços de energia elétrica, entre outros). Com atendimento organizado e eficiente, é possível oferecer maiores chances de sobrevida às vítimas de trauma e reduzir as sequelas. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 44 Os passos iniciais no atendimento à vítima são: controle ou segurança de Cena e Avaliação Primária ou análise da vítima. O controle da cena não diz respeito apenas à segurança de quem vai atender o acidente, mas também à da vítima.Toda vítima em situação perigosa deve ser retirada para uma área segura antes de se iniciarem a avaliação e o tratamento. Os riscos mais presentes para as vítimas e os socorristas são: fogo, fios elétricos caídos, explosivos, materiais perigosos, incluindo sangue e fluidos corporais, tráfego de veículos, inundações, armas (Ex.: pistolas, revólveres e facas) e condições ambientes como o calor e frio extremos. O objetivo da avaliação primária é determinar a condição atual da vítima, priorizando as ações que causam risco de vida para o paciente, sendo elas dispostas da seguinte maneira: vias aéreas, respiração, circulação e reanimação. Esta avaliação, de modo geral, é feita sem mobilizar a vítima de sua posição inicial, salvo condições especiais: como risco de explosão, incêndio, afogamento, desabamento, sendo, assim, desenvolvidas as ações subsequentes. O socorrista deve aproximar-se da vítima pelo lado que ela está olhando, pois isto evita que ela mova a cabeça em direção ao socorrista, e perguntar como ela está, ao mesmo tempo que imobiliza a cabeça da vítima com uma das mãos. Tente tranquilizá-la e pergunte o que aconteceu (se a vítima responder claramente os seus questionamentos, significa que ela está consciente, orientada e com as vias aéreas desobstruídas). A seguir, realiza-se o ABCDE, que é um método desenvolvido para priorizar as ações no atendimento à vítima, ações estas que devem ser seguidas protocolarmente, conforme abaixo descrito: A = Via aérea com controle cervical B = Respiração C = Circulação e controle de grandes hemorragias D = distúrbios neurológicos E = Exposição das vestes IMPORTANTE: só se avança para o passo seguinte após completar o anterior. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 45 A = airway (liberação das vias aéreas): manobra de desobstrução de vias aéreas (para trauma, usar a elevação da mandíbula ou a tração do mento e, para casos clínicos, a extensão cervical); verificar se não há pequenos objetos no interior da boca da vítima. B = breathing (respiração): diante da inexistência da sequência ver, ouvir e sentir (observação visual, auditiva e tátil), realizar duas ventilações (ventilação de resgate), preferencialmente utilizando-se de barreira, máscara ou reanimador manual e, como último recurso, a respiração boca a boca. C = circulation (circulação): verificar presença de pulso por meio de palpação de pulso central (carotídeo no adulto e criança ou braquial no bebê); caso não haja presença de pulso, iniciar a reanimação cardiorrespiratória imediatamente, que consiste na compressão torácica (sobre o osso externo e entre a linha dos mamilos). Na proporção de trinta compressões e duas ventilações ao ritmo de cem movimentos por minuto. A cada dois minutos ou aproximadamente 4/5 ciclos, os sinais vitais devem ser checados. Caso haja disponibilidade, a utilização precoce do desfibrilador externo automático pode ser fundamental. D = disability: distúrbios neurológicos verificados por meio de estímulo doloroso (compressão pinçada no músculo do trapézio), abertura ocular espontânea e simetria das pupilas (tamanhos e formas). Essas observações podem trazer diagnóstico de acidente vascular cerebral (AVC), uso de drogas, traumas de crânio, entre outros. E = exposition: expor, retirando vestes para diagnóstico de ferimentos e fraturas severas que possam, por meio de perda de sangue, levar a vítima ao estado de choque e à morte, ou, ainda, retirar de exposição as vítimas que estejam sobre o efeito de frio intenso (hipotermia) ou calor excessivo. Lembrar que nesses casos, o brigadista socorrista deve preservar a vítima de exposições desnecessárias, desde que isso não interfira no atendimento. Essas são consideradas medidas de análise primária, que consistem na sequência ordenada de procedimentos, levadas a efeito para evitar problemas que levem a vítima a óbito, de forma imediata, desde que não sejam tratados (CAMILLO JUNIOR; LEITE, 2008). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 46 UNIDADE 7 – PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS: DICAS EMPÍRICAS Sendo o incêndio um fato indesejado e inesperado que põe em risco a vida humana e os bens, nada melhor do que nos prevenirmos, certo? Em muitas situações, claro que é possível a prevenção, tanto que, de imediato, vamos enumerar várias dicas que contribuem com ela. Embora pareça uma unidade muito básica, que até mesmo fuja “à conotação científica” que deveria ter um material para o nível de especialização que se propõe, insistimos que de tão óbvias e empíricas que possam parecer, merecem nossa atenção. Também sabemos que embora seja desejável eliminar todos os riscos, infelizmente, existem variáveis que são condicionadas por fatores imponderáveis e uma ação global a fim de eliminar todos os riscos seria antieconômica. Numa situação de incêndio, podem ocorrer diversos fenômenos, tais como: a presença de chamas; aumento das temperaturas; presença de fumaça e gases tóxicos; que podem contribuir para provocar uma instabilidade emocional nas pessoas. Embora, na maioria das vezes, as pessoas apresentem um comportamento dentro dos padrões normais, tais fenômenos podem contribuir para que surjam comportamentos denominados não adaptativos (VALENTIN; ONO, 2006). Ao longo do módulo teremos várias citações e nos embasaremos nos autores acima para discutir a questão do comportamento humano nos incêndios, mas agora vamos às dicas de prevenção que valem tanto para residências particulares seja em casas térreas ou condomínio de edifícios e até mesmo lojas comerciais! a) Em se tratando da eletricidade: • manter as instalações em bom estado, para evitar sobrecarga, mau contato e curto-circuito; • nunca deixar ferro elétrico ligado quando tiver que fazer alguma outra coisa, mesmo que seja por alguns minutos, pois isto tem sido causa de grandes incêndios; • não sobrecarregar as instalações elétricas com vários utensílios ao mesmo tempo, pois os fios esquentam e podem ocasionar um incêndio; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 47 • não deixar lâmpadas, velas acesas e aquecedores perto de cortinas, papéis e outros materiais combustíveis; • se a casa ficar desocupada por um período prolongado, desligue a chave elétrica principal; • não usar tomadas e fios em mau estado ou de bitola inferior à recomendada; • nunca substituir fusíveis ou disjuntores por ligações diretas com arames ou moedas; • observar se os orifícios e grades de ventilação dos eletrodomésticos (como T.V., vídeo e forno de micro-ondas) não se encontram vedados por panos decorativos, cobertas, entre outros; • não usar lixeiras para apagar cigarro, estas podem conter outros tipos de lixo como papel que incendeiam facilmente. b) Com Gás: • caso o gás esteja instalado dentro de casa e ele vier a vazar, não risque fósforo, não acenda ou apague luzes. Chame os bombeiros e se possível retire o botijão da sua casa; •abra as portas e janelas, corte a energia no “relógio” e fique longe do local onde o gás está vazando; • ao acender um forno de fogão, riscar primeiro o fósforo e abrir o gás depois; • manusear botijões de gás com cuidado, evitando que caiam ou sofram pancadas; • os botijões devem ser guardados em locais bem limpos, bem ventilados, livres de óleo e graxa, protegidos contra chuva, sol, e outras fontes de calor; • se a casa ficar desocupada por um período prolongado, feche o registro de gás. Ao instalar um novo botijão use espuma de sabão para testar se há vazamentos; • jamais use fogo para tal propósito, mas lembre-se: o sabão não deve ser usado para vedar vazamentos. Botijões de gás domésticos não devem ficar juntos do fogão, mas fora da casa e conectados com tubulações metálicas. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 48 c) Prevenção de acidentes na cozinha: • não usar aventais ou toalhas plásticas na cozinha; • quando sair de casa verifique que nada ficou aceso e que nenhum perigo de incêndio colocará em perigo sua residência; • não coloque panos ou papéis decorativos próximo do fogão; • os cabos das panelas devem ficar voltados para o centro do fogão; • cozinha não é lugar para crianças, não permita que elas fiquem sozinhas lá; • deixar fósforos ou isqueiros ao alcance de crianças é um atentado contra sua casa e à integridade física das mesmas; • ao pegar uma panela quente, tenha certeza que conseguirá transportá-la, evitando que caia de suas mãos. d) Prevenção de acidentes com automóveis: As primeiras dicas embora também pareçam fugir a uma prevenção a incêndios, nas entrelinhas, podemos perceber que existe sim o fator prevenção! • Use sempre o cinto de segurança. • Evite deixar crianças sozinhas dentro de automóveis com as chaves na ignição ou mesmo sem as chaves. • Respeite sempre e acredite nas placas sinalizadoras. • Realize manutenções regulares em seu veículo. • Não fume nem permitir que fumem perto de veículos acidentados, ou onde houver forte cheiro de gasolina ou álcool. • Fumar em automóvel com todas as janelas fechadas cria concentrações perigosas de monóxido de carbono. • Forte cheiro de combustível no motor ou na cabine de um carro, ou aumento repentino de consumo são indícios de vazamento. Cuidado, podem provocar um incêndio! e) Prevenção de acidentes gerais: • jamais deixe crianças trancadas ao sair de casa. Em caso de incêndio, ou outra emergência, elas não terão como fugir; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 49 • não soltar fogos de artifícios, pode explodir acidentalmente na mão do usuário, mutilando-o ou queimando-o; • grande quantidade de papéis, papelões e outros materiais de fácil combustão não devem ser estocados em locais abertos, próximo a áreas de circulação de pessoas, mas sim guardados em recintos fechados; • não avivar chamas de churrasqueiras e braseiros jogando álcool ou outros inflamáveis; • não soltar balões, os mesmos podem provocar grandes incêndios; • após utilizar uma fogueira na mata, camping, entre outros, jogar água na mesma e cobrir com areia; • ter cuidado com bolas (balões) de gás para crianças, muitas vezes enchidos com hidrogênio. Não fumar perto deles, o que pode causar explosões e várias queimaduras; • não fumar na cama, pois o fumante pode adormecer e o cigarro provocar um incêndio; • não jogar inflamáveis, gasolina, álcool, entre outros, nos ralos, pode causar acúmulo de gases provocando explosões (JCS, 2011). EM SITUAÇÕES DE PÂNICO INSTALADO NÃO FUNCIONAM: 1 - Conversa que tenta convencer o contrário. Se a pessoa em surto de pânico está “errada”, nem tente convencê-la do contrário. Seu inconsciente vai produzir mais adrenalina. 2 - Cartazes com recomendações. Na hora do pânico, em que todo mundo corre para tudo quanto é lado, um cartaz na parede não é nem notado pelas pessoas. Mesmo escrito com letras garrafais, ninguém tem “cabeça” para parar e ficar lendo o cartaz. 3 - Aparelhos, instrumentos e componentes que exigem racionalidade. Extintor de incêndio cheio de “frescuras” com “lacres” e “pinos de segurança”. É muita atividade preparatória e a adrenalina não permite “lembrar” de todas aquelas instruções recebidas no treinamento. Se é que a pessoa passou por um treinamento. Extintor bom é aquele que a gente pega e aperta. Instruções escritas no próprio Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 50 extintor também não servem para nada. A adrenalina não dá tempo para apreciar leituras naquele instante. Outra coisa que não funciona é a mangueira que é dobrada no meio e que precisa ser esticada por inteiro antes de ser conectada no hidrante. 4 - Placas devem ser visíveis em qualquer situação. Placas com simples pinturas não são visíveis, pois os olhos, tomados pela adrenalina “não enxergam nada”. A pessoa “fica cega”. Placas refletivas também não funcionam, pois à noite ou numa situação de incêndio, as luzes são cortadas e as placas refletivas não tem nenhuma luz para refletir. Todas as placas orientativas em situações de pânico devem ter luminosidade própria. Para a aprovação, os órgãos responsáveis devem solicitar um atestado de visibilidade em situações de pânico, obtidas por meio de ensaios de visibilidade realizados por laboratório credenciado. Uma placa indicando a Saída de Emergência em um salão, por exemplo, deve ser visível a partir de qualquer ponto do salão mesmo no escuro e o salão tomado por grossa fumaça carregada de fuligem. 5 - Não parar, não abaixar e nem agachar quando estiver num fluxo de pessoas saindo. Ao diminuir a velocidade, parar ou abaixar, a pessoa será empurrada pelos que vêm atrás e vai cair. Caindo, será pisoteada. RECOMENDAÇÕES GERAIS: � manter a calma e caminhar em ordem; � não correr, não empurrar, não gritar e não fazer algazarras; � não ficar na frente de pessoas em pânico, se não puder acalmá-las, evite-as, se possível avisar um brigadista; � nunca voltar para apanhar objetos; � ao sair de um lugar, fechar as portas e janelas sem trancá-las; � não se afastar dos outros e não parar nos andares; � levar consigo os visitantes que estiverem em seu local de trabalho; � sapatos de salto alto devem ser retirados; � não ascender ou apagar luzes, principalmente se sentir cheiro de gás; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 51 � deixar a rua e as entradas livres para a ação dos bombeiros e do pessoal do socorro médico; � ver como seguro o local predeterminado pela brigada e aguardar novas instruções. EM LOCAIS COM MAIS DE UM PAVIMENTO: � nunca utilizar o elevador; � nãosubir, procure sempre descer; � ao utilizar as escadas de emergências, descer sempre utilizando o lado direito. EM SITUAÇÕES EXTREMAS: � nunca retirar as roupas, procure molhá-las, a fim de proteger a pele da temperatura elevada; � se houver necessidade de atravessar uma barreira de fogo, molhar todo o corpo; � proteger a respiração com um lenço junto à boca e o nariz; � manter-se sempre o mais próximo do chão, é o local com menor concentração de fumaça; � sempre que precisar, abrir uma porta, verificar se ela não está quente, e só abrir vagarosamente; � se ficar preso em algum ambiente, procure inundá-lo com água, sempre se mantendo molhado; � não saltar, mesmo que esteja com queimaduras ou intoxicações. ENFIM: O comportamento humano é elemento-chave, importante na evacuação de um edifício. Se não for considerada a influência do comportamento dos ocupantes no desenvolvimento de um incêndio, o dimensionamento das condições de segurança poderá ser demasiado otimista ou desnecessário. Há necessidade de: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 52 � melhor conhecimento do comportamento humano com relação a situações de incêndios, condições edilícias, familiaridade com o “layout” e tecnologias de segurança contra incêndio atuais; � direcionar o treinamento de abandono de área com maior precisão, que é essencial e indispensável, bem como às ações das brigadas de incêndio e dos usuários das edificações. É importante salientar que o controle de fumaça é apenas parte de conjunto de ações integradas para segurança contra incêndio. A proteção contra incêndio acompanha os passos da evolução do incêndio, então primeiro é preciso evitar que ele ocorra. Depois, que ele se estabeleça e que se propague. Aí, entram as formas de extinção e de controle de fumaça, para garantir a saída dos ocupantes. Se o incêndio se propaga violentamente, por exemplo, o controle de fumaça não é suficiente. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 53 REFERÊNCIAS ABC-MED-BR. Transtorno do pânico: definição, causas, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução (2013). Disponível em: <http://www.abc.med.br/p/psicologia..47.psiquiatria/509154/transtorno-do-panico- definicao-causas-sinais-e-sintomas-diagnostico-tratamento-evolucao.htm>. ABOLINS, Heliodoro Alexandre; BIANCHINI, Flávio José; NOMELLINI, Luiz Henrique. Saídas de emergência em edificações. In: SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008. ANTONIO, Ana Carolina Peçanha; CASTRO, Priscylla Souza; FREIRE, Luiz Octavio. Lesão por inalação de fumaça em ambientes fechados: uma atualização. J Bras Pneumol. 2013;39(3):373-381. ARAÚJO, José Moacir Freitas de. Comportamento humano em incêndios. In: SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008. ARAÚJO, Sérgio Baptista de. Comportamento humano nos incêndios (1999). Disponível em: www.cppt.cbmerj.rj.gov.br/modules.php?name=News&file=print. ARCAS, Milton Hermidas. Revolução emocional e psíquica. Estante virtual, 2000. BARBOSA, Walmir. Sociologia e Trabalho: uma Leitura Sociológica Introdutória (2003). BASSI, Estevão et al. Atendimento às vítimas de lesão inalatória por incêndio em ambiente fechado: o que aprendemos com a tragédia de Santa Maria. Rev. bras. Ter. intensiva. 2014, vol.26, n.4, pp. 421-429. BAUMEL. L. F. S. Prevenção e combate a princípio de incêndio. In: Programa brigadas escolares - defesa civil na escola. 2012. Reboliças. Anais eletrônicos... Irati: NRE de Irati. 2012. p. 1-31. Disponível em: www.seed.pr.gov.br BERTO, A. F. Medidas de proteção contra incêndio: aspectos fundamentais a serem considerados no projeto arquitetônico dos edifícios. Dissertação de Mestrado. FAUUSP. São Paulo, FAU/USP, 1991. BORBA, Dorico Gabriel; BAUMEL, Sargento Luiz Fernando Silva. Socorros de urgência manual de procedimentos. Governo do Estado do Paraná, 2013. Disponível em: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 54 http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/Brigada_Escolar/Brigada_Escolar_2015 /Modulo_V_Socorros_De_Urgencia.pdf BRENTANO, Telmo. A proteção conta incêndios no Projeto de Edificações. Porto Alegre, 2007. BRUCK, Ney Roberto V. A psicologia das emergências: um estudo sobre angústia pública e o dramático cotidiano do trauma. Porto Alegre, 2007. CAMILLO JUNIOR, Abel Batista; LEITE, Walmir Corrêa. Brigadas de incêndio. In: SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008. CARNEIRO, Gerson Luiz. Proposta metodológica para a formação de equipes de atendimento para situações de pânico, incêndio e emergência na indústria. Ponta Grossa (PR): Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2010. COELHO, Antônio Leça. Modelação matemática de evacuação de edifícios sujeitos a ação de um incêndio. Porto: Universidade do Porto, 1997. V.II DEJOURS, Christophe. O fator humano. Tradução Maria Irene Stocco; Maria José Tonelli. 5 ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2005. FALCÃO. R. J. K. Tecnologia de proteção contra incêndio. Rio de Janeiro: 1995. FORTES, Wanessa Mota Freitas. Sociedade, direito e controle social. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 82, nov. 2010. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artig o_id=8675 FRANÇA, Robson dos Santos. Simulação Multi-Agentes Modelando o Comportamento Coletivo de Pânico em Multidões. Santo André (SP): Universidade Federal do ABC, 2010. JCS. Equipamentos contra incêndios. Prevenção contra incêndios (2011). Disponível em: http://jcsequipamentos.com.br/imaster/prevencao-contra-incendio MAGALHÃES, Fernando Lima. Transtorno do pânico (2014). Disponível em: http://www.fernandomagalhaes.pt/panico.html MAGALHÃOES, Sílvia Helena Tenan; LOUREIRO, Sonia Regina. Transtorno do pânico: nível de stress e locus de controle. Estud. psicol. (Campinas). 2005, vol.22, n.3, pp. 233-240. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 55 MARTINS, José de Souza. O pânico de Santa Maria. O Estado de S. Paulo [Caderno Metrópole], Segunda-feira, 28 de janeiro de 2013, p. C10. MELO, Cecília Araújo; SANTOS, Felipe Almeida dos. As contribuições da Psicologia nas emergências e desastres. Psicólogo Informação, ano 15, n. 15, jan./dez. 2011. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas- ims/index.php/PINFOR/article/viewFile/3177/3045 MITIDIERI, Marcelo Luis. O comportamento dos materiais e componentes construtivos diante do fogo - reação ao fogo. In: SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurançacontra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008. NORO, Grazielle. Interação comportamento e ambiente: análise do comportamento, neurociência e epigenética. Londrina (PR): Universidade Estadual de Londrina, 2013. Disponível em: http://www.uel.br/pos/pgac/wp- content/uploads/2014/05/Intera%C3%A7%C3%A3o-comportamento-e-ambiente- an%C3%A1lise-do-comportamento-neuroci%C3%AAncia-e-epigen%C3%A9tica.pdf OLIVEIRA, Marcos de. Estudo sobre incêndio de progresso rápido. Florianópolis: UFSC, 2005. PERONDI, Evandro Carlos. Dispositivo para auxiliar na fuga de casas noturnas em situações de incêndio com incidência de fumaça e gases. Porto Alegre: UFRGS, 2013. PRADO, Silvio Leonardo Vieira. Orientações para desenvolvimento de projetos contra incêndio e pânico em edificações de Sergipe: comportamento humano em situações de incêndio. Universidade Federal de Sergipe, 2011. Disponível em: http://www.cbm.se.gov.br/modules/news/article.php?storyid=525#.VS0uOPnF_z4 SALUM, Giovanni Abrahão; BLAYA, Carolina; MANFRO, Gisele Gus. Transtorno do pânico. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul. 2009, vol.31, n.2, pp. 86-94. SCARPARO, Artur. O comportamento humano nas tragédias coletivas (2013). Disponível em: http://www.psicoterapia.psc.br/blog/?p=263 SEITO. A. I. Fundamentos de Fogo e Incêndio. In: SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008. SIEBEN, Monique. Prevenção e segurança contra incêndio: legislação, normas e instruções técnicas para extração e controle de fumaça. Porto Alegre: UFRGS, 2014. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 56 SILVA, V. P.: VARGAS, M. R.: ONO, R. Prevenção Contra Incêndio no Projeto de Arquitetura. Rio de Janeiro: IABr/CBCA, 2010. SUMIDA, Ivana Yoshie; MACAU, Elberí Einstein Neher. Dinâmica em Situações de Pânico. São Paulo: Laboratório Associado de Computação e Matemática Aplicada (LAC) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 2004. VALENÇA, Alexandre M et al. Ataques de pânico provocados pelo dióxido de carbono: estudo clínico-fenomenológico. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2001, vol.23, n.1, pp. 15-20 VALENTIN, Marcos Vargas; ONO, Rosaria. Saídas de emergência e comportamento humano: uma abordagem histórica e o estado atual da arte no Brasil (2006). Disponível em: http://www.lmc.ep.usp.br/grupos/gsi/wp-content/nutau/valentin.pdf VIETTA, Edna Paciência. Síndrome de hiperventilação e síndrome do pânico (2013). Disponível em: http://www.ufrgs.br/psicoeduc/ed23/tag/transtorno-do-panico/