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Maria Lídia Nascimento de Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA ➔ Quantidade múltipla de fetos que ultrapassam a quantidade normal para a espécie. As gatas têm menor variação comparando às cadelas. ➔ Etiologia: aptidão genética (as cadelas já tem ovulação múltipla, mas nesse caso, ocorre de forma acentuada), fatores hormonais (endógenos e exógenos) e fatores ambientais (alimentação e sanidade). Sinais clínicos ● Distensão abdominal acentuada além do normal e compressão ● Distúrbios cardiorrespiratórios e gastroentéricos ● Alteração mecânica do parto (atonia uterina) ● Distúrbios metabólicos ↳ hipocalcemia – número elevado de filhotes, com maior demanda nutricional para ela e para eles – e toxemia ● Morte fetal (aborto e mumificação). Diagnóstico ● Através dos sinais clínicos, exame radiográfico para contagem de fetos, palpação abdominal e ultrassom (pouca precisão). ● Diagnóstico diferencial: piometra, mucometra, hemometra e outras causas de distensão abdominal. Tratamento ➔ Se for possível levar à fêmea até o momento do parto, irá ser necessário fazer um manejo completo para ajudar a defecação, minimizar fatores que favorecem a quadros de vômitos (diminuição da alimentação), evitar distúrbios metabólicos com suplementação de cálcio, dar assistência ao parto verificando se há atonia uterina e chances de cesariana. ➔ Indicar a OSH ou retirá-la da reprodução. Isso acontece porque a gestação múltipla tem o fator genético, ou seja, ela sempre terá gestações múltiplas acentuadas e passará isso para as gerações futuras. 1 PATOLOGIAS DA GESTAÇÃO Gestação Múltipla Patológica Maria Lídia Nascimento de Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA ➔ Presença parcial ou total do útero gravídico como conteúdo herniário. ➔ A hérnia mais comum é a inguinal, relativamente comum nas cadelas e raro nas gatas. ➔ Outros tipos de hérnias são as umbilicais, perineais e diafragmática (ocorrência em traumas). ➔ Etiologia ● Predisposição anatômica da abertura do anel inguinal nas cadelas ● Hereditariedade e gestação múltipla patologia sobrecarrega o útero, favorecendo a queda do útero na cavidade, facilitando a ocorrência da histerocele gravídica inguinal. Sinais clínicos e diagnóstico ➔ É comum ser unilateral, apenas um corno é herniado. ➔ Hérnias irredutíveis, com gestação já avançada, o útero no saco herniário, sem estrangulamento e ali a gestação é continuada. ➔ Diagnóstico: palpação do anel e conteúdo herniário, exame radiográfico e ultrassonografia para verificação da viabilidade fetal. ➔ Diagnóstico diferencial: hérnias ou eventrações sem presença uterina, neoplasias mamárias, mastite e abscessos. ➔ Prognóstico: favorável para a fêmea e mantém-se reservado para os fetos, dependendo da viabilidade. Tratamento ➔ Preventivo: verificação das hérnias e fazer o fechamento da mesma para que a fêmea possa entrar em uma gestação. ↳ quando ela já está gestante, depende da fase gestacional que a fêmea está. ➔ Definitivo: herniorrafia e OSH para evitar recorrências e passagem da patologia para gerações futuras. Quando a histerocele é descoberta durante a gestação, o primeiro é preciso avaliar a hérnia e classificá-la: ● Redutível: faixa compressiva até o momento do parto, a fim de evitar recidivas na gestação. ● Irredutível: reposição uterina e herniorrafia, lembrando sempre dos riscos que uma intervenção cirúrgica durante a gestação pode ter (anestésicos). O mais indicado é o acompanhamento gestacional, observando sempre a viabilidade dos fetos e saúde da mãe e intervir quando chegar à hora do parto, dependendo das possibilidades. 2 Histerocele gravídica - hérnias Maria Lídia Nascimento de Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA ➔ Possibilidade 1 ● Abordagem sobre a região da hérnia inguinal com uma incisão apenas na parede herniária, mas não no útero ● Ampliação do anel inguinal ● Reposição do corno uterino para dentro do abdômen ● Sutura do anel inguinal ampliado ● Cesariana pela linha média ventral. ➔ Possibilidade 2 ● Abordagem sobre a região da hérnia inguinal ● Abertura do útero (histerotomia do corno herniado via inguinal) e cesariana ● Sutura e reposição do corno uterino herniado ● Sutura do anel inguinal original ● Cesariana do corno contralateral pela linha média ventral. ➔ Possibilidade 3 ● Abordagem sobre a hérnia inguinal ● Grande ampliação cirúrgica do anel inguinal ● Exteriorização total dos cornos uterinos via inguinal ● Histerotomia inguinal ● Sutura e reposição abdominal dos cornos uterinos e sutura do anel inguinal ampliado. ➔ Acontece de forma esporádica em cadelas e gatas e pode ocorrer durante a gestação ou parto. ➔ Etiologia ou fatores predisponentes ● Útero torce em torno do seu eixo com desvitalização do órgão ● Contrações uterinas excessivas devido a medicamentos como a ocitocina ● Traumatismos principalmente associados à gestação múltipla patológica ● Manobras obstétricas inadequadas com fórceps ● Morte fetal séptica (macerados e enfisematosos) Sinais clínicos e evolução ➔ Depende da contaminação ou não do conteúdo fetal ➔ Em casos sépticos, a parede estará inflamada e desvitalizada. ➔ Após a ruptura, o feto cai na cavidade abdominal e se torna macerado, podendo levar à peritonite, devido à contaminação da parede abdominal. 3 Ruptura uterina Maria Lídia Nascimento de Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA ➔ Há dor abdominal e sinais de infecção. ➔ Em conteúdos não sépticos, o feto fica mumificado. ➔ A fêmea pode apresentar corrimento vaginal hemorrágico e em casos raros, haver evisceração via vaginal. ↳ quando o feto viável saiu do útero e está na cavidade abdominal, ocorre a “gestação” ectópica. Em casos de ruptura extensa, ele se tornará inviável por conta da ruptura placentária. Diagnóstico ➔ O diagnóstico da ruptura uterina por si só é difícil. ➔ Radiografia e ultrassonografia: podem auxiliar em alguns casos, mas quando não há mumificação ou maceração fetal, fica mais difícil. ➔ Celiotomia exploratória: método para verificação de ruptura e desvitalização da parede uterina. ➔ Prognóstico: reservado a desfavorável quando relacionado à vida reprodutiva. Mas para a fêmea em si, o grau varia de acordo com o conteúdo e o tempo decorrido do processo. Tratamento ➔ Celiotomia para remoção dos fetos e anexos ➔ Histerorrafia ou OSH após avaliação da viabilidade uterina ➔ Lavagem da cavidade e tratamento da peritonite. ➔ No meio do processo gestacional, há morte fetal, podendo ser expulso ou não. ➔ Quando não há expulsão dos fetos, eles continuam no útero em processo não séptico (sem invasão bacteriana) e involução fetal. ➔ Há também absorção dos líquidos fetais e placentários e consequente desidratação fetal e involução uterina. Tipos placentários ➔ Papiráceo: mais comum nas cadelas e gatas. Os fetos e placenta secos com aspecto de papel ➔ Hemática: feto fica coberto por substância viscosa e escura, que é umahemorragia placentária (sangue metabolizado da placenta) 4 Mumificação Fetal Maria Lídia Nascimento de Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA Etiologia e fatores predisponentes ➔ Traumatismo com descolamento placentário ➔ Torção uterina comprometendo a circulação ➔ Deficiência na placentação levando a morte fetal ➔ Herpesvirose em cadelas e leucemia em gatas ➔ Espaço insuficiente quando tem ninhada grande ➔ Aplicação de progesterona quando a paciente está gestante e ruptura uterina extensa (mumificação abdominal) Sinais clínicos ➔ A fêmea apresenta poucos sinais evidentes por ter ausência de alterações sistêmicas por não ser um processo infeccioso. ➔ Há discreto desconforto abdominal, prolongamento do período gestacional e perda das características gestacionais quando há acometimento de toda a ninhada e não tem corrimento vaginal. ➔ Quando apenas alguns fetos mumificam, pode ter continuidade da gestação e parto de fetos viáveis e mumificados ↳ é comum distocia quando há fetos mortos Diagnóstico ● Palpação: quando há morte de toda a ninhada, durante a palpação há ausência de líquido, dando aspecto de seco/desidratado ● Doppler fetal negativo ● Acometimento de apenas parte da ninhada: há batimento cardíaco na auscultação, podendo dificultar o diagnóstico de morte fetal. ● Ultrassonografia: auxilia em caso de parte da ninhada viva. 5 Maria Lídia Nascimento de Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA ● Prognóstico: para a fêmea é favorável, mas para a vida reprodutiva é reservado a favorável. Tratamento ➔ Não é recomendada a utilização de medicamentos para a expulsão dos fetos mumificados. ➔ O mais indicado é a cesariana, removendo os fetos mortos e vivos e avaliação da viabilidade uterina para possível OSH. ➔ Igualmente a maceração, há morte fetal e ausência de aborto, mas com putrefação dos tecidos fetais e presença de produtos sépticos, com alterações sistêmicas na fêmea. ➔ Pode haver morte fetal por causas iguais a da maceração com invasão bacteriana secundária ou morte fetal por agentes bacterianos. ➔ Geralmente acomete toda a ninhada. Sinais clínicos ● Corrimento vaginal fétido ● Comprometimento do estado geral ● Ruptura uterina com quadro de peritonite ● Perda das características gestacionais. 6 Maceração Fetal Maria Lídia Nascimento de Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA Diagnóstico ➔ A partir dos sinais clínicos de infecção, há corrimento vaginal e partes fetais. ➔ Radiografia e ultrassonografia: presença de corpos fetais sem características anatômicas. ➔ Prognóstico: é desfavorável tanto para a vida reprodutiva quanto para a fêmea (varia de acordo com o estado geral). Tratamento ➔ Não promover a contração uterina para expulsão. ➔ Remoção manual das partes fetais insinuadas e realizar OSH com útero fechado, antibioticoterapia pré e pós-operatória. ➔ Morte fetal no final da gestação ou no processo de parto. ➔ O feto está normal durante toda a gestação e por um processo de infecção por bactérias produtoras de gases, esse feto acaba morrendo. ➔ Geralmente há parto fetal distócio seguido por morte fetal e por a cérvix estar aberta, tem-se invasão bacteriana anaeróbicas, levando a putrefação e enfisema de tecido. ➔ Pode haver comprometimento uterino e alterações sistêmicas. O tempo de evolução acontece em poucas horas após a morte fetal. Sinais clínicos ➔ Corrimento vaginal: escasso e fétido, devido a morte fetal e invasão bacteriana ➔ Distúrbio no estado geral da fêmea: pelo processo infeccioso, pode ocorrer ruptura uterina levando à peritonite. ➔ Aumento do volume fetal, útero e abdome. 7 Feto Enfisematoso Maria Lídia Nascimento de Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA Diagnóstico ➔ Feito a partir do histórico (gestação normal e parto distócico), sinais clínicos, inspeção para verificar o feto insinuado no canal do parto, palpação vaginal com feto enfisematoso retido, palpação abdominal com distensão gasosa. ➔ A atividade reprodutiva é reservada a desfavorável e o em relação à vida da fêmea é variável de acordo com o estado geral. Tratamento ➔ Remoção do feto retido enfisematoso quando possível ➔ Tração forçada sob lubrificação (fetotomia) ➔ Avaliar a presença de fetos vivos ➔ Cesariana ou OSH com útero fechado ➔ Antibioticoterapia pré e pós- operatória. 8
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