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- -1 CONTABILIDADE E GESTÃO TRIBUTÁRIA I APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA, CONTEXTUALIZAÇÃO E ESTUDO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Entender o plano da disciplina; 2. Contextualizar a contabilidade tributária; 3. Compreender o Sistema Tributário Nacional; 4. Identificar e compreender os principais conceitos relacionados a tributos e relações tributárias. 1 Introdução Conforme estudado em outras disciplinas, a Contabilidade é uma Ciência Social que objetiva o controle do patrimônio das entidades e de seus resultados. Da mesma forma, o Direito é uma Ciência Social que tem como objetivo a interpretação e aplicação das normas jurídicas de relacionamento social nas suas diversas vertentes. Dentre os diversos ramos do Direito, o que se ocupa da ordem pública e, como subdivisão deste, está o Direito Financeiro e intrínseco a este: O Direito Tributário, que se ocupa da normatização da tributação, arrecadação e divisão dos tributos arrecadados pelo estado. - -3 Neste contexto, a Contabilidade e o Direito possuem forte vínculo, tendo em vista a própria conceituação de ciência social e a aplicação da legislação nos diversos segmentos das organizações e mercados, não obstante ao forte impacto da tributação sobre os fluxos financeiros das organizações. A fim de facilitar a compreensão e o estudo da Contabilidade, ela é dividida em segmentos voltados a áreas específicas como: • Financeira; • Comercial; • Societária; • Custos; • Gerencial; • Tributária, entre outras. No contexto do presente estudo, a contabilidade tributária tem como objeto principal o reconhecimento dos institutos tributários incidentes sobre o patrimônio, as operações e relações ambientais, à luz dos regulamentos comerciais, fiscais e tributários, bem como as normas e princípios contábeis. Mais especificamente, do ponto de vista das organizações, o objetivo da mesma é reconhecer os tributos, registrá-los e cumprir as obrigações principais e acessórias, na forma da Lei, de forma menos onerosa. Podemos dizer que a Contabilidade Tributária é o ramo da contabilidade responsável: Pelo controle (reconhecimento, apuração, lançamento ou escrituração e evidenciação). Pelo planejamento dos tributos incidentes nas diversas atividades organizacionais ou grupos societários, que buscam harmonizar a atividade empresarial aos direitos e obrigações tributárias, de forma a usufruir dos direitos e cumprir as obrigações, sem expor a entidade às possíveis infrações fiscais e legais. 2 Sistema tributário nacional A atividade tributária do Estado tem origem remota, e certamente acompanhou a evolução do homem desde a criação das primeiras sociedades e concepções políticas, sendo hoje um dos fundamentos da existência de qualquer sociedade, independente da forma de governo ou concepções econômico-sociais. • • • • • • - -4 O Estado tem por finalidade a realização do bem comum por meio da administração pública, que executará as políticas públicas, planos de ação para que o Estado funcione, tendo como referência a sociedade. Contudo, as atividades estatais não são autossustentáveis, e é uma importante função do Estado estabelecer e cobrar tributos para o financiamento das políticas públicas, visando o bem comum. Assim, no nosso modelo de governo federalista, a Constituição Federal, apesar de não criar tributo, cumpre o papel essencial de estruturação do sistema tributário ao definir as competências tributárias dos entes políticos da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios): Consagrar os princípios e normas gerais de direito tributário; Instituir limitações ao poder de tributar; - -5 Estabelecer a repartição das receitas tributárias e vinculações compulsórias. Entretanto, a instituição, a arrecadação e a fiscalização dos tributos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, que para evitar conflitos entre os entes estatais e o cidadão, criaram regras para limitar o poder de tributar dos governantes. A evolução histórica do direito constitucional alcança essas limitações por meio dos princípios gerais de direito tributário. 3 A evolução até a Constituição de 1988 O nosso sistema tributário sofreu diversas modificações até alcançarmos a estrutura atual. Durante o império e a proclamação da república, o sistema manteve a mesma estrutura, assim permanecendo até a Constituição de 1934. Na época, a principal fonte de receita pública concentrava-se na tributação do comércio exterior, com destaque para o imposto de importação, que chegava a representar 2/3 das fontes públicas. A Constituição de 1934 trouxe relevantes modificações, quando passou a predominar a cobrança de impostos internos sobre produtos. Com o advento da Constituição de 1946, novas modificações foram introduzidas com a preocupação de aumentar a receita dos municípios, sintetizada pelo sistema de transferência dos municípios. Na vigência deste sistema, que durou aproximadamente 20 anos, observou-se a crescente importância dos impostos indiretos sobre produtos, atingindo, nos anos 60, a representativa cifra de 40% da arrecadação da União e 70% da arrecadação dos Estados. - -6 A nova reforma tributária ocorreu no período de 1965 a 1967, quando foi instituída a Lei Complementar no 5.172, de 1966, conhecida e vigente até nossos dias como Código Tributário Nacional. Na época, este sistema foi implementado como um dos mais modernos do mundo, privilegiando a simplificação e criando dois tributos sobre o valor agregado: o ICM e o IPI, sob regime não cumulativo, em substituição aos tributos cumulativos incidentes sobre o consumo. A Constituição Federal de 1988 trouxe profundas e importantes modificações ao sistema tributário nacional, especialmente no que toca a distribuição dos recursos arrecadados, pertinentes aos entes federativos (União, Estados e Municípios), ampliando os direitos trabalhistas e previdenciários, bem como ampliando os tributos de competência de cada ente político da Federação. No texto constitucional, nenhum outro imposto poderá ser criado, além daqueles expressamente previstos. Essa garantia admite apenas exceções em função da competência residual da União, desde que os tributos criados sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou bases de cálculo próprias dos discriminados na Constituição (CF, art. 154, I), bem como, impostos extraordinários, que podem ser instituídos na iminência ou em caso de guerra externa, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos gradativamente, cessadas as causas de sua criação (CF, art. 154, II). - -7 4 Competência Tributária A competência tributária dos entes políticos está disposta nos artigos transcritos abaixo: 5 Limitações ao poder de tributar O Estado de Direito não admite direitos que possam ser exercidos ilimitadamente, não respaldando poderes sem qualquer restrição. Desta forma, em matéria tributária, o Estado detém o poder de impor tributos ao contribuinte, pessoa física ou jurídica, sendo observados alguns preceitos e dispositivos da Constituição Federal e demais legislações infraconstitucionais. Os artigos (150 https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_18.02.2016/art_150_.asp), 151 (https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_151_.asp) e https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_18.02.2016/art_150_.asp https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_18.02.2016/art_150_.asp https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_151_.asp https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_151_.asp - -8 (152 http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_152_.asp) da CF são compostos por diversas normas e princípios que são garantias constitucionais do contribuinte para que o Estado não adentre seu patrimônio particular, devido a constante necessidade de arrecadar recursos para sesustentar e cumprir suas finalidades essenciais. 6 Princípios constitucionais tributários Além dos princípios existentes na Constituição, mais precisamente no seu art. 5º, no que tange o direito tributário, existem normas constitucionais específicas para limitar a competência tributária dos entes estatais, as quais são abordadas, também, pela legislação infraconstitucional. Vale a pena agora você conhecer essas normas, vamos lá? 7 Elementos fundamentais da obrigação tributária No nosso modelo, tributo é definido como (Código Tributário Nacional – Lei 5.172/76): “Toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei, que não constitua sanção pecuniária decorrente de ato ilícito, cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Os três elementos da obrigação tributária são: A – é o principal elemento da obrigação tributária, pois cria o tributo, os elementos de sua incidência e as lei condições para a sua apuração e cobrança. O – representa as obrigações que o sujeito passivo (contribuinte) deve cumprir, com base nosobjeto do tributo ditames legais. As prestações consistem em pagamento do valor em dinheiro, referente ao tributo devido ou a multa imposta por não cumprimento da obrigação legal (obrigação principal), ou cumprimento de formalidades complementares destinadas a comprovar a existência, os limites da obrigação tributada e o correto cumprimento dos desígnios legais (obrigações acessórias), como, por exemplo: Escrituração de livros contábeis e fiscais, preenchimento de declarações (DIPJ, DIRF, DCTF, etc), registros em órgãos públicos, preenchimento de formulários, abstenção de certos atos, etc; O – é a situação definida em lei como necessária e suficiente para ocorrência da obrigaçãofato gerador tributária (obrigação principal), e qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática de ato, ou abstenção de ato, que não configure obrigação principal (obrigação acessória). http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_152_.asp http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_152_.asp - -9 8 Contribuinte e responsável tributário Qualquer obrigação tributária envolve, pelo menos, duas partes: Sujeito ativo Entre público que tem o direito de instituir e cobrar o tributo. Sujeito passivo Pessoa sobre a qual incide a obrigação de pagar a obrigação principal ou multa pecuniária. O identifica duas espécies de sujeito passivo: O e o .CTN Contribuinte Responsável Tributário O primeiro tem a relação direta com a situação legal que constitua o fato gerador, enquanto o segundo é a pessoa que, embora não revista a condição de contribuinte, tem obrigação por disposição expressa de lei. 9 Espécies de tributos Conforme dispõem os artigos 145 da Constituição Federal e 5º do Código Tributário Nacional - CTN, as espécies tributárias são: Contudo, a Constituição prevê dois outros institutos tributários que se encaixam perfeitamente na definição de tributo descrita, e que são tratados da mesma forma que os tributos. São eles: Ressalta-se ainda que, para a natureza jurídica do tributo, o relevante é o seu fato gerador (CTN, art. 4º), sendo de menor importância o seu nome ou a destinação do produto de sua arrecadação. Costuma-se designar por imposto toda e qualquer exigência vinda do poder público. Entretanto, imposto possui um conceito mais restrito, sendo uma das espécies de tributos previstos pela Constituição. - -10 O imposto é a quantia pecuniária (em dinheiro), legalmente exigida pelo Poder Público, que deverá ser paga pela pessoa física ou jurídica a fim de atender às despesas feitas no interesse comum, sem levar em conta vantagens de ordem pessoal ou particular. Segundo o CTN, art. 16, “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. Outras definições importantes relacionadas aos tributos são: Tributo direto- é aquele em que a pessoa que paga (contribuinte de fato) é a mesma que faz o recolhimento aos cofres públicos (contribuinte de direito). Ex: IRPJ, IRPF, IPVA, IPTU e CSSL. Tributo indireto - É aquele em que o contribuinte de fato não é o mesmo que o de direito. O exemplo clássico é o ICMS. Tributo progressivo - É aquele cujo percentual aumenta de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. Existem alíquotas diferenciadas que aumentam à medida que os rendimentos ficam maiores. Exemplo: IRPF, IRPJ. Há também uma característica de determinados tributos chamada “não cumulativa onde o contribuinte tem o direito de compensar os montantes devidos nas operações anteriores com os montantes devidos nas operações subsequentes. As imunidades são privilégios instituídos na Constituição na qual algumas entidades ou pessoas ficam livres de obrigação legal: • Vedação de entes estatais instituírem impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, não obstante à tributação de atividades econômicas reguladas pelo direito privado; • Vedação de entes estatais instituírem impostos sobre patrimônio, renda ou serviços de templos de qualquer natureza; • Vedação de entes estatais instituírem impostos sobre patrimônio, renda ou serviços de entidades representativas de partidos políticos, sindicatos de trabalhadores, instituições de educação e de assistência sem fins lucrativos; • Vedação de entes estatais instituírem impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. A isenção tributária consiste na dispensa concedida em lei. 10 Principais instrumentos regulatórios O nosso sistema tributário é um dos mais complexos do mundo, começando pelo emaranhado de instrumentos regulatórios nas três órbitas. Apresentamos abaixo uma pequena parte, contendo alguns dos principais instrumentos reguladores em vigor na órbita do nosso sistema tributário nacional. • • • • - -11 O que vem na próxima aula Na próxima aula, você irá estudar os seguintes assuntos: • Responsabilidades; • Normas; • Critérios para escrituração. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Conheceu o plano da disciplina, identificou o escopo da Contabilidade Tributária e do Sistema Tributário Nacional, buscando identificar e compreender os principais conceitos relacionados a tributos e relações tributárias. • • • • Olá! 1 Introdução 2 Sistema tributário nacional 3 A evolução até a Constituição de 1988 4 Competência Tributária 5 Limitações ao poder de tributar 6 Princípios constitucionais tributários 7 Elementos fundamentais da obrigação tributária 8 Contribuinte e responsável tributário 9 Espécies de tributos 10 Principais instrumentos regulatórios O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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