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Unidade IV Questão de sáude genêro

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Geografia da População 
Concepções Sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori 
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone 
5
• Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da 
População
• Direitos Humanos e a Questão de Gênero no Brasil: 
Uma Abordagem Geográfica
Dando continuidade aos temas relativos à Geografia da População, discutiremos, nesta 
unidade, questões sobre saúde, gênero e direitos humanos da população, dando ênfase ao 
papel e às condições de vida da mulher. 
Ao longo do tempo, houve diferentes abordagens para esses temas, caso, por exemplo, da 
visão que relaciona as doenças com o clima. No entanto, esse é um conhecimento que pode 
ser analisado de forma interdisciplinar. 
É fundamental perceber que há multifatores que interferem em questões de saúde, direitos 
humanos e, também, no papel da mulher no mundo e, especificamente, no Brasil. Além 
disso é importante considerar que o espaço geográfico precisa ser levado em conta no 
entendimento desses temas
 · Nesta unidade discutiremos concepções sobre questões de 
saúde, gênero e direitos humanos. 
 · Para atingirmos satisfatoriamente os objetivos desta 
disciplina, saliento a importância da leitura atenta dos textos 
e do empenho na realização das atividades propostas
Concepções Sobre Questões de 
Saúde, Gênero e Direitos Humanos
6
Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
Contextualização
Não é possível exagerar o impacto da combinação da estagnação com os conflitos. Os conflitos são 
uma fonte directa de sofrimento, doença e mortalidade, consideráveis e excessivos. Na República 
Democrática do Congo, por exemplo, em 1998-2004, o conflito provocou um excesso de mortalidade 
de 450.000 mortes por ano. 
Qualquer estratégia para ultrapassar as grandes diferenças, em termos de saúde, entre países – 
e mesmo para corrigir as desigualdades dentro dos países - tem de considerar a criação de um 
ambiente de paz, estabilidade e prosperidade que permita o investimento no sector de saúde. 
Uma história de crescimento econômico lento é também uma história de recursos estagnados para 
a saúde [...] Depois de se adaptar à inflação, o PIB per capita na África subsaariana caiu em quase 
todos os anos, entre 1980 e 1994, deixando pouco espaço para ampliar o acesso ao sistema de 
saúde ou para transformar os sistemas de saúde. 
Fonte: Trecho literal da Organização Mundial da Saúde (OMS). Relatório Mundial de Saúde 2008. Cuidados de saúde primários: agora 
mais que nunca. Editor de versão portuguesa. Lisboa, Portugal, Ministério da Saúde, 2008, p. 7. Disponível em: http://www.who.int/
eportuguese/publications/whr08_pr.pdf?ua=1. Acesso em 29/05/2014. 
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), os conflitos políticos e guerras ajudam a 
impactar ainda mais as condições da saúde da população, sobretudo os investimentos em 
equipamentos de saúde, medicamentos, formação de quadros de profissionais, entre outros. 
Além de conflitos políticos, crises econômicas também afetam as condições de vida da população 
e interferem na relação saúde-doença. 
Saúde, para a OMS, não é apenas a ausência da doença, mas também a situação de bem-
estar e qualidade de vida à qual todas as populações devem ter direito. No entanto, o acesso às 
possibilidades de saúde e à boa qualidade de vida varia enormemente nos diferentes lugares do 
mundo; há sempre a mediação territorial definindo os que têm mais acesso e os que não têm. 
Esta é uma concepção de estudos sobre saúde, população e território, mas há outras, 
conforme se evidencia no texto teórico da disciplina. 
7
Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
Aproximar ou especificar temáticas como a questão de gênero e saúde é uma forma de 
considerar que a realidade, geralmente, é complexa e, muitas vezes, a Geografia necessita 
de se aproximar de teorias, do aporte teórico-conceitual e de pesquisas de outras áreas do 
conhecimento ou de outras ciências, buscando ser interdisciplinar. Caso, por exemplo, da 
Epidemiologia, quando se relaciona à saúde, ou mesmo da Antropologia Cultural e Social ou, 
ainda, da Sociologia para estudos da questão de gênero. 
Há estudos que fazem a interface entre Geografia e Medicina, área do conhecimento a qual 
alguns denominam de Geografia Médica ou Geografia da Saúde. Nessas pesquisas há diferentes 
propostas teóricas sobre como estudar saúde e doença e relacioná-las ao espaço geográfico.
Em geral, ao longo da história humana, as explicações para as doenças eram oriundas de 
crenças, superstições e também das religiões de uma forma mais sistematizada. Apesar disso, já 
na Idade Antiga, na Grécia, na obra “Ares, águas e lugares”, atribuída a Hipócrates (480 A.C.), 
já se fazia uma relação entre as condições da água e do ar e os possíveis fatores que interferiam 
na saúde das pessoas. Contudo, só com a descoberta dos micro-organismos e depois da relação 
destes com as doenças é que houve uma revolução do conhecimento sobre algumas doenças 
transmissíveis, principalmente a partir do final do século XIX (BARATA; BRICEÑO-LEÓN, 2000). 
Ainda era comum alguns cientistas e médicos, no começo do século XX até período da Segunda 
Guerra Mundial, relacionarem as doenças ao clima. Daí surgiram expressões como doenças 
tropicais ou, ainda, Medicina Tropical. Conforme preceitos da época, no Brasil, preconizava-se, 
para doença como tuberculose, a ida para cidades como Campos do Jordão (SP), na Serra da 
Mantiqueira, pois o ar da cidade, devido ao clima, seria melhor para a recuperação dos doentes. 
Contudo, com as descobertas, nos séculos XIX e XX, da microbiologia, foram colocados em 
xeque os fatores das doenças, pois descobriram-se novos agentes etiológicos. 
 Podemos, ainda, afirmar que algumas doenças são mais endêmicas, ou seja, mais comuns 
em alguns lugares do que em outros. Há, sim, uma dimensão natural-biológica-ecológica que 
interfere nesse processo, assim, por exemplo, o vírus da dengue dissemina-se conforme a 
condição físico-ecológica dos lugares, conforme afirma o Ministério da Saúde (2002, p. 6): 
A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na 
forma clássica, e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. A dengue 
é, hoje, a mais importante arbovirose (doença transmitida por artrópodes) que 
afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no mundo, 
especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente 
favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal 
mosquito vetor.
Desse modo, um fator condicionante da dengue vincula-se a lugares mais úmidos, quentes 
e com disponibilidade de água para que o mosquito vetor possa se proliferar. Estando ele 
contaminado com o vírus, irá transmitir a doença às pessoas, tornando-as infectadas. Podemos 
dizer, então, que há um território da dengue bem como que esta é uma doença predominantemente 
tropical. Mas esse território da dengue só existe devido ao calor, temperatura e umidade altas? 
Ou seja, só existe devido a fatores climáticos? Ou também existem condições sociais, econômicas 
e políticas que podem interferir nas condições dessa propagação da doença?
8
Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
Na Geografia clássica, já em meados do século XX, um geógrafo francês chamado Max 
Sorre (1943), ao estudar questões relativas à saúde e à Geografia, criou um conceito chamado 
“complexo patogênico”, no qual relacionava alguns elementos humanos, ecológicos e sociais 
para definir algumas doenças, enfatizando as doenças infecciosas e parasitárias e sua relação 
com o meio no qual o homem vive. Desse modo, relacionando-se os fatores, chegava-se às 
condições para existência de uma doença. Assim, nessa perspectiva, havia o complexo da 
“malária”, o complexo da “doença do sono”, por exemplo. 
Max Sorre definia assim o complexo patogênico:A interdependência dos organismos postos em jogo na produção de uma mesma 
doença infecciosa permite inferir uma unidade biológica de ordem superior: o 
complexo patogênico. Compreende, além do homem e do agente causal da 
doença, seus vetores e todos os seres que condicionam ou comprometem sua 
existência. [...] Tendo por base esta noção é que propomos fundar o capítulo 
mais vasto da geografia médica, o das doenças infecciosas; sem ela, este nada 
seria senão uma coleção de fatos desprovidos de ligação e de alcance científico. 
[...] Na complexidade das relações que interessam a uma só vez ao biólogo e 
ao médico, procura-se uma noção sintética capaz de orientar as pesquisas do 
geógrafo (SORRE apud BARATA; BRICEÑO-LEÓN, 2002, p. 7). 
Nessa perspectiva de Max Sorre, o homem pode ser um vetor para as doenças como os 
outros animais devido a seu caráter biológico, mas, ao mesmo tempo, o homem distingue-se 
dos demais, pois tem condições de interferir no meio mediante suas ações no complexo da 
doença ou no complexo patogênico.
Outro geógrafo que tratou da questão da saúde, relacionando-a às características dos lugares, 
foi o brasileiro Josué de Castro, que, em diversas obras, vinculou a fome e a nutrição aos lugares. 
Você Sabia ?
Josué de Castro (1908-1973) foi um importante médico e geógrafo brasileiro. Estudou Medicina 
na Bahia, graduou-se no Rio de Janeiro (1929) e voltou para clinicar em Recife, sua cidade natal. 
Fez concurso na antiga Universidade do Distrito Federal (depois chamada de Universidade do 
Brasil e atual Universidade do Rio de Janeiro) para a cátedra de Geografia Humana. Passou a 
desenvolver pesquisas sobre Geografia da Saúde em tópicos sobre nutrição e alimentação. Na 
década de 1950, tornou-se político (deputado federal) e também foi convidado pela Organização 
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) da ONU, onde presidiu o Conselho 
da FAO e fundou a Associação Mundial da Fome. Com o golpe militar em 1964, foi impedido 
de retornar ao Brasil. Escreveu várias obras e duas que se tornaram conhecidas no mundo são: 
Geografia da Fome (1946) e Geopolítica da Fome (1951). 
Outros enfoques mais recentes de concepção da Geografia Crítica relacionam outros 
condicionantes que ajudam a explicar a saúde e a doença existentes nos lugares, enfatizando 
as políticas públicas de saúde, as condições socioeconômicas, educativas etc. Cabe, portanto, 
lembrar que é fundamental observar quais são os fatores que interferem na questão da saúde; em 
muitos casos são multifatores de ordem política, econômica, sociocultural e também ambiental. 
9
Observe em sua cidade. Há doenças endêmicas na região ou município no qual você vive? Há 
território específicos em seu município onde há maior prevalência de certas doenças? Quais os 
fatores que levam à maior incidência de uma determinada doença em um território específico? 
Desse modo, é fundamental relacionar os possíveis fatores e não, como faziam alguns estudos, 
colocar apenas a natureza ou o meio ambiente como determinantes de casos relacionados à 
questão de saúde. 
A seguir, vamos enfatizar a questão dos direitos humanos e de gênero no Brasil, enfatizando 
a situação da mulher. 
Direitos Humanos e a Questão de Gênero no Brasil: Uma Abordagem Geográfica
Entende-se que a questão dos direitos humanos e sua mediação com a questão do gênero 
ocorrem num processo histórico, dialético e com contradições que são inerentes à condição 
humana, à existência.
Consequentemente, a falta de acesso às políticas públicas e aos direitos humanos surge 
devido à opressão produzida pela própria humanidade, a qual, concretamente, consiste nos 
homens e mulheres que vivem em diferentes lugares e situações. Falta de direitos por preconceito 
com o “outro” e pela supressão das liberdades individuais e dos diversos grupos socioculturais 
existentes no mundo. 
Então, discordamos do termo “pessoa humana” empregado em alguns documentos e textos 
(BRASIL, 2006; UNIFEM et alii, 2006) que tratam sobre direitos humanos no Brasil, pois essa 
expressão é redundante, já que toda pessoa é humana e, sendo assim, não consideramos o 
humano como um adjetivo. Destacamos o que diz o texto da Declaração dos Direitos Humanos 
da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1948: 
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua 
fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa 
humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram 
promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade 
mais ampla [...] (ONU, 1948, s/p.) (grifo nosso). 
Dizer “pessoa humana” não significa qualificá-la como um ser “do bem”, pois são inerentes 
aos seres humanos também as vicissitudes, a maldade, a impiedade; em caso contrário, 
não precisaríamos tratar de direitos humanos, não seria necessário reivindicá-los, pois todos 
viveriam bem se todos os homens fossem bons. Entretanto, apesar dos problemas humanos, 
devemos buscar aceitar o outro, considerar a diversidade cultural e religiosa existente, levar em 
conta a existência de um mundo plural. Sobretudo como educadores, é essencial considerar a 
diversidade existente no mundo, seja racial, cultural, por gênero etc.
10
Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
Considera-se que, nas interações humanas, estabelecem-se relações de poder de diversos 
tipos e ordens: entre sexos, entre gêneros, no mundo do trabalho, por questões raciais e 
étnicas, por preconceito religioso, por perseguição política, entre outras relações, que criam 
a necessidade de tratarmos dos direitos humanos. Como diz Hannah Arendt1 (2005), não 
há poder de um só indivíduo; o poder manifesta-se no grupo e também pelas instituições e 
organizações existentes no mundo. 
Em 1948, foi criada a “Declaração dos Direitos Humanos”, pela ONU, como um marco 
importante no entendimento da busca da cidadania, da igualdade e da fraternidade no mundo. 
No entanto, concretamente, ainda há muito a ser feito em diversos países. No Brasil, entre as 
políticas de Direitos Humanos mais recentes do governo federal, houve a criação, em 1997, da 
“Secretaria Especial dos Direitos Humanos” (SEDH) e da “Secretaria de Políticas das Mulheres” 
(SPM), em 2003, que favoreceram a formulação de políticas específicas para as mulheres no 
âmbito do governo federal.
Ao tratar da questão de gênero, é fundamental conceituar o que é gênero. A bibliografia, 
os artigos e documentos (BRASIL, 2006; UNIFEM, 2006) sobre a questão dizem que falar de 
gênero não é a mesma coisa que tratar de sexo, pois o gênero é o papel social desempenhado ou 
definido pelos sexos e dele decorrem alguns preconceitos sobre qual seria esse papel, sobretudo 
o das mulheres. Gênero é um conceito relacional do masculino e do feminino. 
A questão de gênero como política pública vem, por conseguinte, dessa mundialização e 
globalização, nas quais se destacam as Conferências Mundiais de Mulheres no México (1975), 
em Nairóbi (1985) e em Pequim (1995). No Brasil, tais políticas são definidas, principalmente, 
na nova constituição brasileira de 1988 e após os anos de 1990, período no qual surgiram 
várias normatizações sobre a questão dos direitos da mulher e políticas de assistência e de saúde 
específicas. Com a criação da “Secretaria das Políticas das Mulheres”, em nível federal, em 
2003, realizou-se a “I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres” no Brasil, em 2004, 
evento que subsidiou a elaboração do “Plano Nacional de Políticas para as Mulheres” assim 
como as demais políticas desenvolvidas pelos governos estaduais e municipais. 
Além das condições socioeconômicas e de trabalho, que são importantes para a emancipação 
feminina, há também as condições relativas à saúde, ao direito reprodutivo e à assistência 
à mulher como aspectos fundamentais no entendimento da condição de gênero e de suas 
transformações. Segundo Miriam Ventura (2006), na Conferência Internacional de Populaçãoe 
Desenvolvimento, em 1994, no Cairo, foi incorporado o conceito de direito reprodutivo.
Você Sabia ?
O direito reprodutivo tem como premissa o direito à dignidade, à integridade psicológica e física assim 
como o direito à definição da liberdade da escolha de como o planejamento familiar ocorrerá pelo 
casal. Direito que necessita, portanto, de acesso à informação, ao conhecimento sobre assistência 
ginecológica, saúde sexual e saúde reprodutiva assim como à assistência à maternidade. 
1 “O único fator material indispensável para a geração de poder é a convivência entre os homens. Estes só retêm poder quando vivem tão 
próximos um aos outros que as potencialidades da ação estão presentes [...]” (ARENDT, 2005, p. 213).
11
Neste caso, fatores socioeconômicos, culturais e de saúde são todos relacionados e podem 
ser analisados espacialmente. Há mediação entre o território e a saúde. Os sistemas de objetos 
de saúde, tais como hospitais e unidades básicas de saúde, são fundamentais para a prevenção 
e busca dos direitos à vida. Contudo, além deles, são necessárias políticas públicas e ações 
efetivas para que a condição de prevenção e existência da saúde se realize adequadamente, não 
bastando apenas os equipamentos. Devemos lembrar que espaço depende da materialidade 
(equipamentos, infraestrutura) mas também de ações.
A mortalidade materna é um dos grandes problemas que ainda assolam a humanidade. É 
mais um indicador originado das políticas que são universais, e, atualmente, sua redução faz 
parte das “Metas do Milênio” da ONU. As maiores dificuldades no uso de dados de mortalidade 
materna são as definições da causa da morte, principalmente nos países subdesenvolvidos. 
Observando-se o gráfico 1, de mortalidade materna por macrorregiões do mundo, verifica-
se uma diferença grande entre os países de regiões desenvolvidas - onde as condições de 
infraestrutura de saúde bem como as políticas de assistência à mulher são melhores - e os países 
da África Subsaariana, nos quais as condições gerais da saúde da população são piores em 
vários indicadores e não apenas quanto à saúde da mulher. É o caso também do Sudeste da 
Ásia, incluindo-se nos dados a Índia, Bangladesh, Vietnã etc. 
Gráfico 1: Estimativa de Mortalidade Materna - Por Regiões do Mundo (Número de pessoas)
Fonte: Dados da WORLD HEALTH ORGANIZATION, Estimates developed by WHO, UNICEF, UNFPA and The World Bank, 2014, 
p. 22. Elaborado por Vivian Fiori, 2014.
A pobreza de boa parte da população, a deficiência de infraestrutura básica e das políticas 
de saúde fazem dessa parte da África uma das regiões em que a falta da prática dos direitos 
humanos é mais acentuada. Contudo, cabe lembrar que há, também, variações nesses dados se 
compararmos diferentes países e ou regiões africanas.
12
Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
No Brasil não é muito diferente; em algumas regiões há muita ignorância sobre o papel 
da mulher, sua sexualidade e sobre as condições de reprodução humana, assim como há 
desigualdade em relação ao acesso à educação, saúde e cidadania. Desigualdades espaciais 
em relação à mortalidade materna no Brasil causam dificuldades à notificação das causas de 
morte materna, sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Por isso, só há 
dados mais precisos das regiões Sul-Sudeste, do Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. Há 
problemas de subnotificação da mortalidade materna em algumas regiões, brasileiras, segundo 
o Ministério da Saúde: 
No Brasil, dois fatores dificultam o real monitoramento do nível e da tendência 
da mortalidade materna: a subinformação das causas dos óbitos e o sub-
registro das declarações de óbito. A subinformação resulta do preenchimento 
incorreto das declarações de óbito, e ocorre quando se omite que a morte 
teve causa relacionada à gestação, ao parto ou ao puerpério. Isto ocorre pelo 
desconhecimento dos médicos quanto ao correto preenchimento da Declaração 
de Óbito e quanto à relevância desse documento como fonte de dados de 
saúde. Já o sub-registro e a omissão do registro do óbito em cartório, frequente 
nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, seja pela dificuldade de acesso aos 
cartórios, pela existência de cemitérios irregulares ou a falta de informação da 
população quanto à importância da declaração de óbito como instrumento de 
cidadania (MINISTÉRIO DE SAÚDE, 2009, p. 7).
Outra temática importante é a questão da sexualidade. Em pesquisa realizada com 12.676 
mulheres de todas as regiões do Brasil sobre reprodução e saúde sexual da mulher, ao serem 
interrogadas sobre a frequência do uso de preservativos em suas relações sexuais, mais de 57% 
dessas mulheres, conforme mostra o gráfico 2, responderam que nunca usam. 
Em todas as regiões brasileiras, a maioria das mulheres nunca utiliza preservativo, embora 
na mesma pesquisa 90% delas tenham respondido que conhecem a função do preservativo, 
sobretudo para evitar gravidez e também para evitar doenças sexualmente transmissíveis, 
entre elas a aids. O número das que conhecem a dupla função do preservativo é maior entre 
as mulheres que trabalham e vivem em áreas urbanas. Contudo, cabe lembrar que, para 
além do desconhecimento, há o problema do acesso ao preservativo e o fato de algumas 
mulheres se submeterem à vontade dos homens de não usar o preservativo, não assumindo 
sua própria decisão.
Sobre o “uso de preservativo na última relação sexual”, gráfico 3, em todas as regiões 
brasileiras, 70% ou mais mulheres disseram que não usaram. Ao verificarmos a resposta em 
relação às classes sociais, de A a E, observamos uma diferença marcante. Enquanto na classe 
A1, assim definida pela pesquisa, aproximadamente 53,7% delas usaram preservativo na 
última relação, na classe E, esse percentual caiu para 16,8%, ou seja, entre as mais pobres o 
uso é menor.
13
 Gráfico 2: Distribuição (%) de mulheres sexualmente ativas, segundo uso de preservativo - Brasil
Fonte: Dados do Ministério da Saúde, PNDS, 2006, p. 121. Elaborado por Vivian Fiori, 2014.
Gráfico 3: Uso de preservativo na última relação, por região do Brasil (%)
Fonte: Ministério da Saúde, PNDS, 2006, p. 119. Reelaborado por Vivian Fiori, 2014. 
Logo, a questão não é apenas a falta de informação sobre a importância do uso do preservativo, 
mas também o acesso ao uso. Assim, questões socioculturais e as condições em que vivem 
definem o uso. As mulheres solteiras tendem a usar mais (cerca de 50%) do que as casadas. 
14
Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
Fatores socioeconômicos, a questão da mulher e do gênero
A população de mulheres no Brasil é um pouco maior do que a dos homens (51% são 
mulheres e 49% homens) segundo Censo em 2010. O nível de escolaridade2 das mulheres vem 
aumentando. Conforme dados dos Censos de 1991 e 2000, a média de anos de escolaridade 
passou de 6,8 para 7,8 anos de estudo para mulheres de 7 anos ou mais (vide mapa 1). O Centro-
Sul do Brasil consolidou-se como a região de maior média de escolaridade entre as mulheres; 
já as regiões Norte e Nordeste apresentam as médias de escolaridade menores, ocasionadas por 
fatores de exclusão social e econômica e também porque as áreas rurais geralmente só oferecem 
Ensino Fundamental Básico de 1ª a 5ª séries.
Mapa 1: Média de Anos de Estudo das Mulheres-Brasil (por município) 
Fonte: Dados IBGE, 1991 e 2000. Elaborado por Vivian Fiori, 2014.
Comparando-se a média de escolaridade das mulheres com a dos homens, em 2000 as 
mulheres apresentaram uma maior escolaridade, ou seja, 6,8 anos para os homens e 7,8 para as 
mulheres. Os homens abandonam mais os estudos que as mulheres. O motivo mais comum para 
essa diferença na evasão escolar é o trabalho, mas explica-se também pela maior dedicação das 
mulheres à continuidade dos estudos e menor índice de reprovação escolar do que o dos homens. 
Em 2010, conforme gráfico 4, evidencia-se que a escolaridade no Brasil ainda não 
éadequada para um país que pretende se desenvolver. Quase 50% da população com 25 
anos ou mais têm escolaridade até, no máximo, Ensino Fundamental incompleto. O que se 
percebe observando o gráfico é que, à medida que a escolaridade vai aumentando, amplia-se 
a proporção da escolaridade das mulheres em relação à dos homens, chegando-se, no Ensino 
Superior completo, a aproximadamente 12, 5% de mulheres e 9,9% de homens.
 
2 No Brasil há a seguinte divisão escolar: Ensino Fundamental (da 1ª à 9 ª série), Ensino Médio (geralmente da 1 ª à 3 ª série) e Ensino Superior, 
que se divide em Graduação (com duração de 2 a 6 anos) e Pós-Graduação (geralmente de 2 anos para mestrado e 4 anos para doutorado).
15
Gráfico 4: Distribuição das pessoas de 25 anos ou mais de idade, por sexo, (nível de instrução-Brasil, 2010)
Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.
Entretanto, a taxa de analfabetismo entre as mulheres em alguns municípios brasileiros 
é alarmante. Em média, a taxa nacional de analfabetismo é de 12,9% para mulheres de 15 
anos ou mais; contudo as maiores taxas encontram-se, novamente, no Norte e Nordeste do 
Brasil, sendo que em alguns municípios a taxa vai de 30% a 67,30%, número bastante distante 
da média geral. São municípios pouco populosos, mas há uma demonstração evidente das 
desigualdades espaciais do Brasil, sobretudo nas zonas rurais. 
O analfabetismo é um dos fatores que dificulta a inserção social e no mundo do trabalho 
formal dessas mulheres, além de ser fator que compromete a autonomia e emancipação 
feminina. Nas áreas rurais, o analfabetismo das mulheres, em média, chega a 27%, taxa bem 
maior do que nas áreas urbanas. Isso torna-se um círculo vicioso, mas a situação tem melhorado 
se comparada às de décadas anteriores (IBGE, 2000). 
No Brasil, o número de domicílios3 chefiados por mulheres vem aumentando 
concomitantemente à ampliação do nível de escolaridade feminina. Verifica-se percentualmente 
que esse número aumentou em todas as regiões do Brasil de 1991 a 2000 e a 2010. 
Essa situação ocorre por causa da inserção da mulher no mercado de trabalho e também 
devido ao aumento do número de mulheres que vivem sozinhas com seus filhos, dando origem 
a famílias monoparentais femininas, situação comum em todas as classes sociais. Segundo 
Woortmann; Woortmann (2002), em artigo produzido sobre as famílias monoparentais femininas 
no Brasil, essa situação já era comum nas famílias pobres e, mais recentemente, após os anos 
1990, houve um aumento dessa condição nas classes médias. 
3 Cabe ressaltar que se trata de chefia por domicílio, não de família propriamente dita, já que o Censo é feito por domicílio e não por unidade 
familiar. Os arranjos familiares nos domicílios são bastante diversos, sendo comum, em áreas mais pobres, que exista mais de uma geração no 
mesmo domicílio, com mães mais velhas que sustentam toda a família, filhos e netos.
16
Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
No caso das mulheres mais pobres, com filhos, a vulnerabilidade social ocorre porque elas 
necessitam de emprego e nem sempre há com quem deixar os seus filhos. Se, de um lado, 
isso revela emancipação da mulher e sua maior inserção no mercado de trabalho, de outro 
lado, a mulher exerce uma dupla jornada trabalhando fora e ainda precisando cuidar de seus 
filhos, e, muitas vezes, não há condições sociais para existência adequada dessa dupla função. 
No Brasil há legislação sobre a necessidade de os pais pagarem pensão alimentícia para o 
provimento dos filhos ao se separarem, mas, nas áreas mais pobres, esses direitos comumente 
são negligenciados. Conforme aponta estudo do IBGE:
As estatísticas mais recentes sobre as mulheres brasileiras mostram que, 
cada vez mais, elas estão presentes no mercado de trabalho e com níveis de 
escolaridade mais elevados do que os homens. Estas mudanças influenciam o 
comportamento social das mulheres tanto no âmbito público como no privado. 
Independentemente de se tratar de casal sem filhos ou casal com filhos, houve 
um aumento considerável da proporção de mulheres responsáveis pelos núcleos 
familiares entre 2002 e 2012. No caso dos núcleos formados por casal sem 
filhos, a proporção de mulheres passou de 6,1% para 18,9%, nos casais com 
filhos de 4,6 % passou para 19,4%. Nas monoparentais, as mulheres sempre 
foram maioria, proporção que se mantém no período. (IBGE, 2013, p.73). 
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IPEA, 2009), a partir 
dos anos 1980 aumentou o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, alcançando alta 
taxa. Em 2008, por exemplo, de cada 100 mulheres, 52 estavam ocupadas ou procurando 
emprego, e a maior taxa de ocupação encontra-se na faixa etária de 30 a 49 anos, sucedida 
pela de 25 a 29 anos. 
Os fatores para a menor inserção das mulheres em relação aos homens no mercado de 
trabalho são bastante variados, desde a opção de não quererem participar do mercado de 
trabalho até a proibição dos cônjuges, além da necessidade de cuidarem de seus filhos, entre 
outros. Apesar disso, dados mais recentes (IBGE, 2013) apontam que o rendimento das mulheres 
continua mais baixo do que o dos homens na mesma função. Diz o texto:
Na perspectiva de gênero, na última década se mantiveram as características da 
desigualdade de rendimento em relação à escolaridade, visto que a distância 
entre o rendimento-hora de homens e mulheres aumenta à medida que avança 
a escolaridade. No grupo dos mais escolarizados (12 anos ou mais de estudo), 
as mulheres recebiam em média por hora, 66% do rendimento dos homens, o 
mesmo percentual observado em 2002 (IBGE, 2013, p. 152).
Em relação ao território nacional, os estados com menor proporção de mulheres ocupadas 
são o Amazonas, Para e Amapá, na região Norte; e Paraíba, Pernambuco e Alagoas, no Nordeste 
brasileiro (vide mapa 2). 
17
Mapa 2: Proporção de Pessoas de 10 anos ou mais Idade, Ocupada, por sexo-Brasil (UF)
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2012. Organizado por Maurício Yamada e Vivian Fiori, 2013.
Há uma diferença marcante quando comparamos a proporção de ocupação dos homens e 
das mulheres. As mulheres entram no mercado de trabalho mais tarde, têm salários menores e 
trabalhos mais precários segundo os dados (IPEA, 2009; IBGE, 2008; 2012;2013).
Observe os gráficos 5 e 6 e leia, atentamente, as diferenças entre os tipos de atividades 
desenvolvidas por homens e mulheres. As mulheres são maioria, segundo tipo de atividade, 
nos trabalhos domésticos sem e com carteira assinada. No Brasil há uma tradição social das 
famílias de classe média e alta de empregarem trabalhadoras domésticas, tais como faxineiras, 
arrumadeiras, cozinheiras, babás, entre outras atividades comumente desenvolvidas pelas 
mulheres mais pobres. 
 Gráfico 5: Participação da População Ocupada, por grupos de Atividades, Segundo Sexo-Brasil (%)
Fonte: IBGE, 2012. Pesquisa Mensal de Emprego (PME, 2012).
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Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
Nem sempre há uma formalização desse tipo de emprego. Muitas não têm a carteira assinada, 
condição que permite direitos de aposentadoria, seguro desemprego e outros benefícios sociais 
no Brasil. Das trabalhadoras domésticas que estão no mercado de trabalho (IPEA, 2009), as que 
trabalham em apenas um domicílio são cerca de 30%; com carteira assinada e com previdência 
social temos 32%. Já das mulheres que trabalham em mais de um domicílio, só 14% têm 
carteira assinada, o que nos leva a afirmar que as que trabalham em vários domicílios, a que, 
no Brasil, são chamadas de “diaristas”, são mais excluídas dos benefícios sociais existentes.
Gráfico 6: Proporção das Pessoas Ocupadas de 10 anos ou mais de Iadade, por sexo, por Ocupação-Brasil
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2008, IPEA, 2009.
Além disso, as mulheres são maioria na área do funcionalismo público, pois são concursadas, 
o que significa que, quandohá condições de igualdade de acesso por sexo - caso dos concursos 
públicos no Brasil -, as mulheres têm mais chances de acesso ao mercado de trabalho. 
Já, em relação ao rendimento médio, verifica-se que os homens têm os melhores rendimentos 
em todos os tipos de ocupação (gráfico 7), mesmo nos trabalhos domésticos, nos quais as 
mulheres são maioria. Leia atentamente os gráficos a seguir (2003 e 2011). 
Em 2011, observa-se que as mulheres passaram a ganhar mais do que os homens (107%) 
apenas no setor de construção (para 11 anos ou mais de estudos). Logo, há uma dupla exclusão 
da mulher: apesar de ter maior escolaridade, possui os menores rendimentos e os trabalhos mais 
precários sob o ponto de vista dos benefícios sociais. Isso ocorre em todas as regiões do Brasil.
Gráfico 7: Razão do Rendimento Médio Real das Mulheres Ocupadas em Relação aos Homens 
(com 11 anos ou mais de estudo e com Ensino Superior) em R$ - Brasil
 
Fonte: IBGE, 2012. Pesquisa Mensal de Emprego (2003, 2011)
19
Observações: A leitura do gráfico aponta os seguintes fatores: % do rendimento médio das 
mulheres ocupadas em relação ao trabalho do homem. Assim, em 2003, por exemplo, na 
indústria, as mulheres com nível superior recebiam 64% do salário dos homens; já para as 
mulheres com mais de 11 anos de estudo (sem nível superior) o salário era de 83% do salário 
dos homens. Dessa forma, neste caso, apesar do Ensino Superior, as mulheres ganhavam menos 
que os homens. 
Já, em relação às pessoas ocupadas na categoria de dirigentes, as mulheres são minoria em 
todas as regiões brasileiras, sendo que, no total, no Brasil, são 5,9% homens e 4,4% mulheres, e, 
no Centro-Oeste, há a maior diferença, com 2,1% a favor dos homens (IPEA, 2009). Segundo 
informações mais recentes do IBGE, nos cargos gerenciais ainda há poucas mulheres. Segue 
informação do IBGE:
[...] o acesso de homens e mulheres aos cargos de direção e gerenciais. A 
igualdade no mundo do trabalho é um dos eixos do Plano Nacional de Políticas 
para as Mulheres e, desde 2005, a Secretaria de Políticas para as Mulheres lançou 
o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, com o objetivo de sensibilizar e 
fomentar uma cultura empresarial menos desigual e inclusiva. Uma das bases 
do programa é a superação da desigualdade salarial e de ocupação dos cargos 
gerenciais entre homens e mulheres e brancos e negros. De acordo com os 
dados da PNAD 2012, o acesso de mulheres com 25 anos ou mais de idade aos 
cargos de direção e gerenciais é menor comparativamente ao dos homens nessa 
faixa etária: 5,0% para as mulheres e 6,4% para os homens. Essa situação, 
no entanto, permanece similar ao que se tinha em 2002, cujas proporções de 
mulheres e homens nesses cargos em relação ao total de ocupados por sexo 
eram de 4,9% e 7,4%, respectivamente (IBGE, 2013, p. 152). 
 Assim também fica evidente a baixa inserção social das mulheres tanto nos cargos eletivos4, 
caso de prefeitas, vereadoras, governadoras e senadoras, quanto nos cargos de indicação, caso 
do Supremo Tribunal Federal e do Conselho de Justiça Federal. As menores diferenças ocorrem 
nos cargos de magistrados, juízes(as), que são preenchidos por concursos públicos, mas exigem 
prova oral e entrevista assim como os cargos de chefia de grandes empresas. 
 Quando comparados a dados de décadas anteriores, observa-se um avanço quanto à 
ocupação de cargos de chefia por mulheres no Brasil, relacionado, também, ao aumento da 
escolaridade das mulheres. Entretanto, manteve-se a segregação em relação ao rendimento das 
mulheres, que, mesmo realizando as mesmas funções, ganham menos. 
 As políticas sindicais e públicas vêm buscando atender às reivindicações que se referem à 
questão da mulher e sua inserção no mercado de trabalho, mas ainda não se refletem claramente 
em todos os dados existentes, inclusive devido às diferenças existentes no território brasileiro. 
A questão do gênero aponta para outras dificuldades para a mulher por causa da gestação e 
da necessidade de cuidar dos filhos. As demandas por creches vêm sendo incorporadas por 
sindicatos, mas ainda há deficiências enormes nessa questão (UNIFEM; FUNDAÇÃO FORD; 
CEPIS, 2006). 
4 No Brasil, em 1995, a lei (Lei 9.100/95) estipulava que cada partido ou coligação reservassem, no mínimo, 20% para candidaturas de 
mulheres. Já, em 1997, pela lei 9.504/97, essa porcentagem aumentou para, no mínimo, 30%.
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Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
Embora ainda haja muitos problemas em relação aos direitos da mulher e de sua condição 
social, seja no trabalho, na família ou na saúde sexual e reprodutiva, houve avanços no período 
dos anos 1990 aos dias atuais no Brasil. Há ainda muitas disparidades no território brasileiro, 
quer porque ainda faltem objetos que possam atender adequadamente à mulher quer porque 
persistem políticas inadequadas e preconceitos em relação ao papel desempenhado pela mulher. 
Tais condições são mais evidentes em áreas rurais do que urbanas, assim como são maiores nas 
regiões Norte e no Sertão Nordestino. 
Verificamos que já estão mais consolidados os direitos do ponto de vista jurídico e das políticas 
mais universais dos governos federal, estaduais e municipais no Brasil. Contudo, a existência 
real dessas políticas no cotidiano familiar, na vida das mulheres pelo território brasileiro ainda 
requer mais atenção dos Conselhos da Mulher e de outras entidades de cidadania existentes nos 
estados e municípios na busca do cumprimento das leis e dos planos existentes. 
Por fim, falta também uma atenção maior à educação de homens e mulheres, uma educação 
que busque tratar dos direitos humanos e da importância do respeito entre sexos, respeito pelas 
diferenças em busca de maior igualdade de acesso a todos aos direitos e à cidadania. 
21
Material Complementar
Para aprofundamento dos temas discutidos nesta unidade, sugerimos:
Leitura:
BARATA, RB; BRICEÑO-LEÓN, RE. (orgs). Doenças endêmicas: abordagens 
sociais, culturais e comportamentais [on-line]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 
2000. Disponível em: http://books.scielo.org/id/45vyc. Acesso em 19/05/2014. 
Documentário:
Documentário: “Josué de Castro, Cidadão do Mundo”, direção de Silvio Tendler, 
51min25, Brasil, 1994. O filme retrata a vida e a obra do médico e geógrafo pernambucano 
Josué de Castro. Autor de vários livros sobre a questão da fome, fez parte da Organização 
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) da ONU. Disponível em: 
http://www.youtube.com/watch?v=fQrwW1sjHyI. Acesso em 30/05/2014. 
22
Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
Referências
ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: 
Forense Universitária, 2005. pp. 188-338.
BARATA, RB; BRICEÑO-LEÓN, RE. (orgs). Doenças endêmicas: abordagens sociais, 
culturais e comportamentais [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000. Disponível em: 
http://books.scielo.org/id/45vyc. Acesso em 19/05/2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: aspectos epidemiológicos, 
diagnóstico e tratamento / Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde. – Brasília: 
Fundação Nacional de Saúde, 2002. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
dengue_aspecto_epidemiologicos_diagnostico_tratamento.pdf. Acesso em 01/05/2014. 
BRASIL. Portaria nº 1.119 de 5 de junho de 2008. Regulamento de óbitos maternos. 
Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2008 /GM/GM-1119.htm. 
Acesso em 28/06/2010.
COMISSÃO DE CIDADANIA E REPRODUÇÃO. Mortalidade materna e direitos humanos 
no Brasil. Relatório do Seminário. São Paulo: Centro Brasileiro de Análise e Planejamento- 
CEBRAP, maio de 2009. 
FUNDO DE DESENVOLVIMENTO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A MULHER (UNIFEM); 
FUNDAÇÃO FORD; CIDADANIA, ESTUDO, PESQUISA, INFORMAÇÃO E AÇÃO (CEPIA). 
O progresso das mulheres no Brasil. Brasília, 2006. 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA(IBGE). Anuários estatísticos 
1991 e 2.000. Rio de Janeiro, 2000. Dados disponíveis em: http://www.ibge.com.br/servidor_
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 
2010: educação e deslocamento. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://biblioteca.
ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/545/cd_2010_educacao _e_deslocamento.pdf. Acesso em 
12/05/2014. 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Mulher no mercado 
de trabalho: perguntas e respostas. Pesquisa Mensal de Emprego- PME. Rio de Janeiro, 
IBGE, 08/03/2012. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/
trabalhoerendimento/pme_nova/Mulher_Mercado_Trabalho_Perg_Resp_2012.pdf. Acesso em 
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sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Estudos e Pesquisas – 
Informação Demográfica e Socioeconômica, 26, Rio de Janeiro, 2009, p. 200-230.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Síntese de indicadores 
sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Estudos e Pesquisas – 
Informação Demográfica e Socioeconômica, n. 32, Rio de Janeiro, 2013. 
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual dos Comitês de mortalidade materna. Brasília: 
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2007.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pacto nacional pela redução da mortalidade materna e 
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SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICA PARA AS MULHERES. PRESIDÊNCIA DA 
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http://200.130.7.5/snig/informacao/snig_indicadores.pdf. Acesso em 20/06/2010. 
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Disponível em: http://www.mulheres.org.br/rhm3/ revista3/22-mortalidade.pdf. Acesso em 
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24
Unidade: Concepções sobre Questões de Saúde, Gênero e Direitos Humanos da População
VENTURA, Miriam. Saúde feminina e o pleno exercício da sexualidade e dos direitos reprodutivos. 
In: FUNDO DE DESENVOLVIMENTO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A MULHER (UNIFEM); 
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. Trends in maternal mortality: 1990 to 2013. Estimates 
by WHO, UNICEF, UNFPA, The World Bank and the United Nations Population Division, 2014. 
Acesso em 10/05/2014. 
25
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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