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Curso: Administração Disciplina: Língua Brasileira de Sinais Prof. ª Flaviane Melo de Anchieta Aluno (a): Camilla Laurentino da Motta Solano Cardia A LIBRAS E SUAS ESPECIFICIDADES SOCIAIS Rio de Janeiro 2020 2 De maneira geral, a expressão língua materna é utilizada para se referir à primeira língua que a criança aprende, que nem sempre é a língua usada pelos pais, mas pode ser alguma outra língua aprendida com o meio, e por essa razão também é chamada de primeira língua. Uma criança pode aprender vários idiomas simultaneamente, o que é conhecido como bilinguismo ou multilinguismo, mas pode haver diferenças entre os níveis de domínio dessas línguas, podendo uma das línguas ser mais desenvolvida do que as outras. Tal como acontece com outras culturas, a cultura surda tem seu próprio conjunto de valores, convicções e comportamentos socialmente aceitáveis e a Libras também é o meio de expressão linguística e cultural da comunidade surda brasileira e, portanto, quando a Libras é a língua materna de uma criança, é importante que ela receba educação em sua língua materna e possa se expressar através dela. O maior objetivo de reconhecer a Libras no ensino da língua materna é o fortalecimento da identidade e autoimagem do aluno como um usuário da Libras em um ambiente no qual as línguas faladas também são utilizadas. Ou seja, ele deve se reconhecer e ser reconhecido como um falante de outra língua, no caso a Libras, que possui aspectos culturais e sociais próprios, da mesma forma como falantes das mais diversas línguas faladas são reconhecidos. Embora a língua de sinais brasileira tenha sido legalmente reconhecida pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, tal avanço ainda é insuficiente para disseminação e reconhecimento da Libras. Dentre os fatores que mais dificulta esse processo está o fato de que os surdos são vistos como deficientes, quando na verdade são membros de uma comunidade linguística cuja a língua natural é a língua de sinais, assim como a linguagem falada é própria das pessoas que ouvem. Apesar de haver tentativas de fazer dos surdos "ouvintes" por meio de aparelhos auditivos, tais alternativas são adequadas apenas para permitir que os surdos aprendam a linguagem falada para terem alguma assimilação na comunidade ouvinte, sendo vital reconhecer que para alguns surdos a língua de sinais é a língua principal, e talvez a única, uma vez que a língua falada é inacessível para eles. Mesmo assim, para as pessoas surdas que têm uma audição útil com 3 aparelhos auxiliares auditivos, a linguagem falada ainda está incompleta no que diz respeito à aprendizagem e à comunicação, e por isso a língua de sinais é uma parte essencial de todo o processo de aprendizagem ao longo da vida dos indivíduos surdos. A expressão corporal e facial é de crucial importância para a linguagem de sinais e para a cultura surda em geral. Por exemplo, assim como na comunidade ouvinte seria rude uma pessoa sair de um recinto quando alguém está falando com ela, na cultura surda, por outro lado, é considerado rude desviar o olhar quando alguém está sinalizando. Além disso, uma mudança na postura ou expressão facial podem mudar completamente o significado de uma conversa para uma pessoa surda, ao passo que para pessoas que ouvem uma mudança na expressão corporal pode impactar apenas sutilmente no significado. As mãos, o rosto, os olhos e todo o corpo trabalham juntos para a comunicação na linguagem de sinais, e por isso o uso de óculos de sol, joias em excesso, bigodes e barbas longos podem distrair a pessoa surda para a qual se está sinalizando. Na linguagem de sinais, e na Libras especificamente, o uso de expressões faciais e corporais significativas é fundamental para ampliar o significado dos sinais feitos com as mãos e garantir a precisão da comunicação, mas sua importância não é facilmente compreendida pelos ouvintes, que por muitas vezes não entendem que o significado oculto e transmitido pela inflexão da nossa voz não é captado e entendido pelos surdos, sendo por isso substituído por expressões corporais e faciais mais incisivas que enfatizam o significado dos sinais, o que muitas vezes é mal visto na comunidade ouvinte. A Libras tem sua própria gramática, regras e sintaxe, assim como o português também tem as suas, ou seja, são línguas distintas, o que comprova que a Libras é a língua materna legítima e o único meio de comunicação fluente dos surdos brasileiros com outras pessoas surdas dessa comunidade e com ouvintes com quem convivem. O impedimento ou exclusão desses indivíduos surdos da exposição e do aprendizado de alto nível da Libras, assim como de outras línguas de sinais, é uma violação de seus direitos humanos, linguísticos e culturais. 4 Referências Bibliográficas: BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 25 abr. 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 21 set. 2020. Santa Casa de Maringá. A Importância da Comunicação em Libras na Vida das Pessoas Surdas. Disponível em: < http://www.santacasamaringa.com.br/noticia/147/a-importancia-da- comunicacao-em-libras-na-vida-das-pessoas-surdas>. Acesso em: 21 set. 2020. Signum Web. Libras: as expressões faciais dos surdos e intérpretes. Disponível em: < https://blog.signumweb.com.br/curiosidades/libras-expressoes- faciais-dos-surdos/>. Acesso em: 21 set. 2020. Signum Web. A segunda língua do surdo é o português?. Disponível em: <https://blog.signumweb.com.br/curiosidades/portugues-a-segunda-lingua-do- surdo/>. Acesso em: 21 set. 2020. Vida Mais Livre. O surdo e a língua escrita. Disponível em: < https://www.vidamaislivre.com.br/colunas/o-surdo-e-a-lingua-escrita/>. Acesso em: 21 set. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm https://blog.signumweb.com.br/curiosidades/libras-expressoes-faciais-dos-surdos/ https://blog.signumweb.com.br/curiosidades/libras-expressoes-faciais-dos-surdos/ https://blog.signumweb.com.br/curiosidades/portugues-a-segunda-lingua-do-surdo/ https://blog.signumweb.com.br/curiosidades/portugues-a-segunda-lingua-do-surdo/
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