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João Vitor Freire – MEDUNIME 2019.2 
DOENÇAS PROSTÁTICAS 
 
Anatomicamente, a próstata é dividida em cinco 
zonas: central (15 a 20% do tecido glandular 
secretório), periférica (75% do tecido glandular 
secretório, onde se localizam 70% dos carcinomas 
da próstata), de transição (5% do tecido glandular 
secretório, sede de 20% dos carcinomas e principal 
sede das hiperplasias não malignas), estroma 
fibromuscular e tecido periprostático. 
 
Apesar de sua relativa importância vital e de suas 
pequenas dimensões, a próstata ocupa um lugar de 
grande destaque no universo nosológico geriátrico, 
pela alta incidência e prevalência de patologias que 
interferem de maneira importante na qualidade de 
vida do homem durante o envelhecimento. São 
muito comuns, a partir da meia-idade e, em 
especial, após os 60 anos, os processos 
inflamatórios, congestivos e neoplásicos da 
próstata, trazendo assim sinais e sintomas, 
principalmente, ligados a distúrbios da micção. Por 
essa razão, os homens apenas percebem a 
existência da próstata a partir do momento em que 
tais distúrbios se manifestam. No adulto jovem e na 
meia-idade, predominam os casos de prostatite. A 
partir dos 60 anos de idade, são prevalentes a 
hiperplasia prostática benigna (HPB) e o 
carcinoma. 
 
a) HPB 
 
A hiperplasia prostática benigna (HPB) é um dos 
processos mórbidos mais comuns que afetam o 
homem idoso. Na literatura médica há relatos de 
estimativas de que, em homens com 80 anos de 
idade ou mais, 90% deles apresentam evidências 
histológicas dessa condição, 81% têm sinais ou 
sintomas relacionados com a HPB e 10% 
desenvolvem retenção urinária aguda. 
 
Devido à íntima relação anatômica entre próstata, 
uretra e colo vesical, qualquer aumento da próstata, 
permanente ou não, trará graus variáveis de 
obstrução ao fluxo urinário. Na dependência da 
intensidade desse fenômeno, sua duração, bem 
como reações de adaptação encontradas nos 
músculos detrusores da bexiga, o paciente poderá 
manterse desde assintomático até apresentar 
situações de desconforto e gravidade variados, tais 
como: sintomas do sistema urinário baixo (LUTS), 
antigamente denominados genericamente 
prostatismo. São também comuns sinais como 
hematúria, litíase vesical, incontinência urinária, 
infecções locais e insuficiência renal pós-renal. 
 
Etiologia: A idade e os hormônios androgênios 
atuantes são os maiores fatores de risco para o 
desenvolvimento da HPB. A doença não é 
diagnosticada em homens até 20 anos de idade ou 
em homens castrados antes da puberdade. Vários 
estudos epidemiológicos têm mostrado não haver 
relação estatisticamente significativa entre maior 
prevalência de HPB e outras variáveis como raça, 
fumo, obesidade, estados de hiperestrogenismo 
relativo, como na cirrose hepática, vasectomia e 
atividade sexual. O papel da hereditariedade 
parece ser relevante segundo alguns autores, que 
demonstraram risco 3 vezes maior da ocorrência de 
HPB entre gêmeos homozigóticos, quando um dos 
dois é portador dessa patologia, o que não se 
verificou entre gêmeos heterozigotos. 
 
Complicações da hiperplasia benigna 
prostática: As principais complicações da HPB e 
que podem se apresentar como achados de 
consultas iniciais são: retenção urinária, litíase 
vesical, infecção urinária, falência do detrusor, 
insuficiência renal e hematúria. 
 
A retenção urinária pode ocorrer tanto em próstatas 
pequenas como grandes, geralmente desencadeada 
pela ingestão de medicamentos 
simpaticomiméticos e anticolinérgicos, na 
distensão aguda da bexiga em casos de diurese 
forçada, na prostatite aguda e no infarto prostático. 
A infecção urinária se apresenta classicamente com 
febre, calafrios, disúria grave e edema prostático. 
Em alguns pacientes, os sinais podem ser escassos 
e simular sintomas irritativos leves. Na falência do 
detrusor após HPB de longa duração, podem 
ocorrer dilatação do sistema urinário superior e 
falência renal, além de aumento da incidência de 
litíase vesical e de divertículos locais. 
 
A insuficiência renal é observada em até 14% dos 
pacientes com HPB, devendo, entretanto, ser 
lembrado que, na população idosa, outros fatores 
como idade, hipertensão, diabetes, entre outros, 
estarão aumentando a propensão dos rins à 
insuficiência. Por fim, em relação à hematúria, ela 
é vista em proporções variáveis de pacientes com 
HPB, podendo estar ligada não só à próstata, mas 
também a neoplasias urogenitais e à litíase vesical. 
João Vitor Freire – MEDUNIME 2019.2 
Esses pacientes devem ser, portanto, investigados 
rotineiramente para afastar tais hipóteses. 
 
b) Adenocarcinoma de Próstata 
 
Etiologia: As pesquisas médicas na área molecular 
têm apresentado importantes avanços na 
compreensão dos eventos que contribuem para a 
transformação de uma célula prostática normal, 
androgênio-dependente, em uma célula anormal, 
de comportamento maligno, metastático e 
androgênio-independente. O crescimento do câncer 
da próstata depende assim da perda do equilíbrio 
entre a proliferação e a morte celular programada 
geneticamente. Em condições normais, estima-se 
um tempo de turnover celular de cerca de 500 dias. 
O surgimento de lesões precursoras do câncer, 
como lesões intraepiteliais (PIN), envolve aumento 
nos ritmos de proliferação e de morte celular, 
abrindo caminho para mutações genéticas, redução 
posterior da morte celular programada e 
consequente elevação da replicação celular 
displásica. Aproximadamente 9% de todos os 
cânceres prostáticos e 45% dos casos 
diagnosticados abaixo dos 55 anos de idade podem 
ser atribuídos à suscetibilidade genética, 
caracterizada pela presença de um alelo 
autossômico dominante. Um número expressivo de 
homens carrega, pois, uma mensagem genética, os 
protooncogenes, que levam ao surgimento de 
células autônomas na sua replicação neoplásica. A 
presença de genes protetores, os oncossupressores, 
evita a ocorrência indiscriminada dessas 
transformações cancerígenas. Essa proteção é dada 
principalmente pelos genes p21, p53 e Rb, que, 
durante o envelhecimento, tendem a perder sua 
eficácia funcional, favorecendo o predomínio da 
replicação celular desordenada, disfunções na 
metilação do DNA celular, inativação da glutationa 
Stransferase, com posterior elevação do aumento 
da oxidação intranuclear, culminando com o 
surgimento do câncer. 
 
Outros fatores biomoleculares que parecem 
influenciar o surgimento de células neoplásicas são 
a detecção de mutações nos receptores 
androgênicos das células prostáticas tanto 
hormônio-dependentes como também em 50% das 
células hormônio-independentes. Mais 
recentemente, têm sido descritas transformações 
relevantes nos fatores de crescimento (growth 
factors) intraprostáticos, gerando assim 
estimulação indevida de crescimento e proliferação 
celular. 
 
QC: Antes dos programas populacionais de 
rastreamento para o câncer da próstata e do 
surgimento de marcadores tumorais como o PSA, 
grande parte dos pacientes se apresentava ao 
diagnóstico em fases avançadas da doença, com 
neoplasia disseminada. Atualmente, a maior parte 
dos pacientes se apresenta com câncer localizado, 
melhorando muito o prognóstico e as opções de 
tratamentos curativos. Na maioria dos pacientes, 
portanto, a doença é assintomática. Na neoplasia 
regional ou localmente avançada, 90% dos 
pacientes apresentam queixas miccionais 
relacionadas com a obstrução vesical, bem como 
hematúria relacionada com a invasão do trígono 
vesical. Nas fases mais avançadas, dependendo dos 
órgãos acometidos, os pacientes poderão 
apresentar sinais e sintomas, tais como: ostealgia, 
emagrecimento, anemia, linfedema, trombose 
venosa de membros inferiores, hidronefrose e 
uremia, hemospermia, linfadenopatias, dispneia 
por metástases pulmonares e síndromes 
colestáticas por metástases hepáticas. 
 
Psiu!!!Caiu no TBL de LPI!! 
* Um tecido com HPB apresenta nódulos compostos por 
proporções variáveis de elementos glandulares 
proliferativos e estroma fibromuscular. 
* No tecido com HPB as glândulas são revestidas por 
células epiteliais colunares altas e uma camada periférica 
de células basais planas, lumens glandulares geralmente 
apresentando material denso de secreção proteica. 
* A HPB é caracterizada pela proliferação tanto de 
elementos estromais quanto de epiteliais, com o resultante 
crescimento da glândula e, em alguns casos, obstrução 
urinária.

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