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Mariana Marques – T29 Necrose e Apoptose LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL INTRODUÇÃO Lesão celular irreversível: causado pela progressão do dano, em que a lesão atinge o ponto de não retorno e a célula não apresenta mais meios de se recuperar, ou seja, leva à morte celular (depende do tempo e intensidade da agressão) → intracelular Morte celular: lesão celular irreversível das atividades integradas da célula com consequente capacidade da manutenção de seus mecanismos de homeostasia. Existem dois tipos principais de morte celular, a NECROSE e a APOPTOSE, que se diferem em morfologia, mecanismos e papéis na fisiologia e na doença Características da irreversibilidade: incapacidade de reverter uma disfunção mitocondrial (perda da fosforilação oxidativa e geração de ATP), perturbações profundas ma função das membranas e danos irreparáveis no DNA ou nas proteínas MORTE SOMÁTICA x MORTE CELULAR Somática: parada definitiva e irreversível dos processos metabólicos, das funções orgânicas e vitais do organismo como um todo (atinge vários sistemas) Celular: Ocorre quando a célula não é capaz de retornar as suas funções bioquímicas mesmo com a remoção da agressão (células param as atividades celulares) Mariana Marques – T29 APOPTOSE Características: Também chamada de morte celular programada (autodestruição celular) Requer energia e síntese proteica ser executada, relacionada com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho dos tecidos (pode ser fisiológica ou patológica) Não ocorre autólise, a célula é fragmentada (os fragmentos são endocitados por células vizinhas), não há ativação de células fagocitárias Não causa inflamação Morfologia: O citoplasma fica mais denso e eosinofílico Há redução do volume celular (compactação de organelas) Condensação da cromatina (fica disposta em grumos junto à membrana nuclear) Corpos apópticos Fagocitose dos corpos (geralmente por macrófagos) Inibição da apoptose: pode ajudar no combate de doenças inflamatórias (agudas ou crônicas) Indução da apoptose: Em células T auto-reativas: poderá ser uma proteção contra doenças auto-imunes Em células malignas: é uma estratégia para o tratamento do doenças cancerígenas Características bioquímicas: Ativação das Caspases (família de proteases), podem ser ativadoras (ativando outras proteases) ou executoras (clivam estruturas da célula). Essa ativação pode ocorrer por: → Via mitocondrial (mecanismos intrínsecos): envolvem diversos estímulos que produzem sinais intracelulares iniciados na mitocôndria que irão agir diretamente em alvos na célula Exemplo: Liberação do citocromo C → Via de receptor de morte (mecanismos extrínsecos): indução externa por associação de outra célula àquela que sofrerá apoptose, essa interação ocorre por meio de receptores localizados na membrana celular e proteínas sinalizadoras (ou ligantes), que se associa ao ligante; um domínio transmembrana; e um "domínio de morte" intracelular, que tem o papel crucial de transmitir a sinalização de morte para as vias intracelulares. Quebra do DNA e proteínas: divisão do DNA por endonucleases dependente de Ca2+ e Mg2+ Alterações da membrana e reconhecimento pelos fagócitos: movimento de alguns fosfolipídios do folheto interno para o folheto externo da membrana Obs: a apoptose pode coexistir com a necrose e, além disso, a apoptose induzida por estímulos patológicos pode progredir para necrose Mariana Marques – T29 APOPTOSE FISIOLÓGICA (programada): Consiste num fenômeno normal que visa eliminar as células que não são mais necessárias e manter um número constante das diversas populações celulares nos tecidos. Exemplos: desenvolvimento embrionário (degradação da membrana interdigital em fetos), na organogênese, na renovação de células epiteliais e hematopoiéticas, na involução cíclica dos órgãos reprodutivos da mulher, em células que já cumpriram seu papel (neutrófilos na resposta inflamatória) APOPTOSE PATOLÓGICA (acidental): A morte por apoptose é responsável pela perda de células em várias situações patológicas Exemplos: lesão no DNA (radiação, drogas citotóxicas e hipóxia), acúmulo de proteinas mal dobradas (doenças degenerativas do sistema nervoso central), infecções virais Mariana Marques – T29 NECROSE Características: É o estado de morte de um tecido ou parte dele em um organismo vivo, ou seja, há a desnaturação de proteinas intracelulares e da digestão enzimática, ocorrendo a perda da permeabilidade, possui resposta inflamatória, células ficam tumeficadas (extravasamento do conteúdo intracelular) e há digestão de fragmentos celulares (lisossomos) É a morte celular seguida de autólise: digestão total da célula (precisa ser destruída por completo) Ocorre degradação enzimática dos componentes celulares por enzimas da própria célula liberadas por lisossomos após a morte celular Ocorre resposta inflamatória Heterofagia: digerir estruturas que vem de fora da célula englobadas por fagocitose (englobamento de partículas sólidas) ou pinocitose (englobamento de líquidos) Autofagia: digestão parcial da célula. Exemplo: digerir uma organela Alterações Morfológicas: surgem após algum tempo Alteração celular: Picnose (intensa contração e condensação da cromatina tornando o núcleo basófilo e menor do que o normal), cariólise (digestão da cromatina em que há perda da individualidade dos grânulos de cromatina - não se consegue distinguir sua coloração como antes) e cariorrexe (núcleo se fragmenta e se dispersa no citoplasma) Alteração citoplasmática: Citoplasma vítreo devido à perda de partículas de glicogênio, cheio de vacúolos devido à digestão das organelas pelas enzimas e eosinofilia aumentada (célula mais rosada) devido à desnaturação de proteínas. Causas: hipóxia, isquemia, anóxia; agentes físicos, químicos e biológicos; mecanismos imunes; distúrbios genéticos e nutricionais Mariana Marques – T29 NECROSE COAGULATIVA Também chamada de necrose isquêmica (tipo mais comum) Etiologia: hipóxia, isquemia Patogenia: coagulação (desnaturação de proteínas e de enzimas responsáveis pela proteólise A arquitetura básica das células mortas é preservada por algum tempo, devido à não degradação das proteínas (devido a não circulação, não há presença de fagócitos no local) Uma área localizada com necrose coagulativa pode ser chamada de infarto. Órgãos de comum ocorrência: rins, baço e coração Exceção: necrose no cérebro ocorrida devido a uma isquemia é considerada LIQUEFETIVA Macroscopia: Área esbranquiçada ou amarelo-pálida, sem brilho, com textura firme (por ausência de circulação), há hiperemia (tentativa de compensar a isquemia). Microscopia: Eosinofilia aumentada/ acidofilia, picnose e cariólise até que o núcleo desaparece por completo, essas alterações constitui a necrofanerose NECROSE LIQUEFATIVA Também chamada de necrose coliquativa ou necrose por coliquação. Etiologia: Principalmente infecções bacterianas ou fúngicas. Patogenia: Liquefação (tecido com estruturas desfeitas), há liberação de muitas de enzimas lisossômicas para digerir células necróticas (digestão rápida e total do tecido morto) Ocorre em infecções dentárias, abscessos, pâncreas, sistema nervoso, pulmões e intestino. O maior exemplo de necrose de liquefação é o cérebro (AVC): causada por isquemia O tecido do cérebro possui poucas proteinas e mais lipídios, a ação enzimática se sobressai à desnaturação proteica, caracterizando como uma necrose liquefativa e não de coagulação. Macroscopia: Frequentemente amarelo-cremoso (devido à presença de leucócitos mortos): PUS, consistência pastosa ou aquosa. Microscopia: Processo inflamatórioimediato, diversas células inflamatórias, estrutura amorfa/ indefinida, acidofílica, resto de células mortas.
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