Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mariana Marques – T29 Pigmentações Patológicas ---------------------------------------------------------------------------------- INTRODUÇÃO Pigmentos: substâncias de origens, composições químicas e significados biológicos diferentes, com cor própria e que conferem cor a tecidos do organismo Pigmentação: processo de formação ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos em determinados lugares e órgão do organismo. Pigmentação patológica: acúmulo patológico de pigmentos no organismo Pode ser sinal de alterações bioquímicas Acúmulo ou a redução, um dos aspectos mais importantes em diversas doenças CLASSIFICAÇÃO Endógena: quando o pigmento surge de substancias originadas pelo próprio organismo Principais tipos: derivados de hemoglobinas, melanina, ácido homogentísico, lipofuscina Exógena: quando os pigmentos vem do exterior, por vias respiratória, digestiva ou parenteral, penetrando e depositando-se nos órgãos Partículas podem ficar retidas no corpo ou ser transportadas e eliminadas por fagócitos (linfática, sanguínea, macrófagos) Principais tipos: antracnose, argiria, crisíase, tatuagem PIGMENTOS ENDÓGENOS DERIVADOS DA HEMOGLOBINA Ferruginosos – Hemossiderina: Acúmulo de ferro no organismo devido a degradação de hemácias liberando assim, ferro no citosol Pigmento acastanhado a dourado, granular (grosseiro) Macrófago (células parenquimatosas ou no interstício) faz a fagocitose da hemácia, processaram a hemoglobina e o acúmulo de hemossiderina fica no citosol dos macrófagos (esse processo denomina-se hemossiderose) Normalmente, ocorre após hemorragias anteriores A hemossiderose pode ser localizada ou sistêmica: → Localizada: - hemorragias (pigmentação no interior de macrófagos) ou hematomas: após um traumatismo, a hemorragia aparece como uma área vermelho-azulada, devido à desoxigenação da hemoglobina, que ao ser degradada liberando biliverdina e bilirrubina, torna-se verde-azulada ou amarelada, por fim, após a formação de hemossiderina, atinge a cor ferrosa característica. Mariana Marques – T29 - congestão passiva crônica (hepática ou pulmonar – células do vício cardíaco que são macrófagos pigmentados com hemossiderina): Pulmonar: com o aumento da pressão nos capilares pulmonares, ocorre extravasamento de hemácias para os alvéolos, as quais serão fagocitadas por macrófagos, causando o acúmulo de hemossiderina no citoplasma dessas células fagocíticas. → Sistêmica: - anemia hemolíticas ou após transfusões sanguíneas repetidas: ocorre destruição excessiva de hemácias, causando o acúmulo dos pigmentos nos macrófagos. Esses acúmulos localizam-se principalmente no baço, medula óssea e linfonodos, podendo também atingir a derme, pâncreas e rins. Normalmente, na maioria dos pacientes, não há lesão celular suficiente para provocar distúrbios funcionais dos órgãos afetados. - aumento da absorção intestinal de ferro: hemocromatose primária ou hereditária: distúrbio genético autossômico recessivo que resulta em maior absorção de ferro no intestino. Há acúmulo extremo de hemossiderina no fígado, coração, pâncreas, rins, pele e articulações. Causa irritação crônica (atrofia e fibrose de fígado e pâncreas), também é chamada de “diabete bronzeada” (há formação de radicais livres) Obs: ocorre de forma mais acentuada nos homens devido a menstruação mensal das mulheres – há perda de ferro) CASO CLÍNICO 1 Um homem de 50 anos de idade, apresenta-se com uma história de dois meses de fraqueza, letargia, fadiga e bronzeamento da pele. Exames laboratoriais: mostrarem saturação de transferrina (transporte de ferro) e ferritina (proteína que envolve o acúmulo de ferro) aumentados. Glicemia de jejum: 145 mg/dL. Descobriu-se que ele é um homozigoto C282Y (mutação no gene que faz controle da absorção de ferro). Exames de imagem mostram fígado aparentemente cirrótico Diagnóstico: Hemocromatose primária ou hereditária Sintomas: só aparecem quando começa as perdas funcionais, por isso, normalmente o diagnóstico é tardio Tratamento: medicação Mariana Marques – T29 Não ferruginosos - Bilirrubina: vem da metabolização do grupo heme (produto final da degradação da hemoglobina) Pigmento granular castanho-amarelado a esverdeado Evidentes em: hepatócitos, células de Kupffer e na luz de canalículos biliares Icterícia: bilirrubina total = bilirrubina direta + indireta - pigmento amarelo-alaranjado: cor plasma - aumento da bilirrubina no plasma (hiperbilirrubinemia) - pigmentação da pele, mucosas e esclera Ciclo normal da bilirrubina: → A hemoglobina é composta por Fe + globina + HEME → Dentro da hemocaterese (mecanismo pelo qual o baço sequestra os eritrócitos do sangue periférico através do sistema retículo endotelial e a hemácia é retirada da circulação e destruída), a fração HEME que é metabolizada. A fração heme → biliverdina → bilirrubina indireta (não conjugada/insolúvel) → fixa-se na albumina para ser transportada até o fígado → no fígado há proteínas que permitem o transporte da bilirrubina indireta intracelularmente → há conjugação da bilirrubina com o ácido glicurônico (tornando-a em bilirrubina direta/solúvel) → assim, essa bilirrubina pode ser eliminada através do canalículo biliar, saindo do hepatócito e seguindo via intestino através do polo apical Há um escape da bilirrubina por outro polo (basal) – bilirrubina circulante em baixas [ ] Obs: devido a algum problema patológico (disfunção ou obstrução dos canalículos biliares), a porção de bilirrubina liberada no sangue pode ser maior, causando a icterícia Icterícia fisiológica em recém nascidos: Aumento catabolismo Heme e menor capacidade de transporte (Ligantina e proteína Z = proteínas que carregam a bilirrubina indireta para ser conjugada, são encontradas em menores quantidades em recém nascidos) → Causa uma condição chamada Kernicterus no qual há aumento da bilirrubina não conjugada (essa forma pode atravessar a barreira hematoencefálica ainda não completamente desenvolvida ou lesada) e causar lesão neuronal irreversível com sequelas neurológicas permanentes e até a morte. Mariana Marques – T29 CASO CLÍNICO 2 RN do sexo masculino nasceu de parto normal, sem intercorrências, aproximadamente na 36ª semana de gestação de uma mãe primigesta. Peso ao nascimento: 2215g. No pré-natal o resultado do HIV, VDRL, HEPATITES foram não – reagentes. A gestação ocorreu sem complicações. Nas primeiras 24 horas de vida, o bebê tem icterícia, e observa-se que a bilirrubina sérica total é de 7 mg/dL. Ele recebe alta no segundo dia, com uma consulta de acompanhamento marcada com o pediatra depois de 1 semana. No entanto, 48 horas depois, o bebê é levado ao pronto-socorro. A mãe conta que o bebê começou a ficar mais ictérico gradativamente. Não está se alimentando bem por aleitamento materno. Está letárgico (parado). RN encontrava-se com peso de 1920g. O exame físico revela icterícia significativa (incluindo as solas dos pés). Icterícia em zona V de Kramer. Exame neurológico é normal. Bilirrubina sérica total é de 23,7mg/dL. Bilirrubina direta 0,9 mg/dL. Hematócrito 43,8. Hemoglobina 14,7. Albumina de 2,9. Diagnóstico: RN encontra-se com a bilirrubina indireta elevada, albumina está diminuída (transporte dificultado da bilirrubina indireta), em RN a quantidade de proteínas transportadoras dos hepatócitos é naturalmente menor, favorecendo ainda mais o acúmulo da bilirrubina. Tratamento: “banho de sol” (raios UV ajudam na degradação da bilirrubina) MELANINA Surge da degradação da tirosina a partir da enzima tirosinase Pigmento proteico castanho a negro (cor da pele, pelos e olhos) Sintetizado pelos melanócitos: células produtoras de melanina responsáveis pela pigmentação da pele, são derivadas da crista neural, que se localizam principalmente na camada inferior da epiderme,mas também globo ocular e leptomeninge Funções: Fotoprotetora (eumelanina - coloração que varia de marrom a negro) e Antioxidante (eumelanina e feomelanina - coloração vermelha ou amarela) Influência Hormonal: ACTH e Hormônios sexuais Normalmente se dá em cima do núcleo celular e pode ser produzida em excesso ou em déficit: Hiperpigmentação melânica: Aumento do número de melanócitos: → Nevos - "pintas" (benignas): áreas concentradas e hiperpigmentadas no corpo devido ao aumento do número de melanócitos na região → Melanoma (maligna): neoplasia, mutação no melanócito, fazendo com que ele se multiplique de forma exacerbada e sem controle Mariana Marques – T29 Aumento da quantidade de melanina: → Efélides - "sardas": melanócitos que produzem mais melanina → Doença de Addison (hipoadrenalismo): ACTH estimula o aumento da atividade da enzima tirosinase, aumentando assim, a eumelanina (glândula adrenal não funciona e não produz cortisol) → Cloasma ou Melasma Gravídico: manchas irregulares, em geral mais escuras que o resto da pele (alterações hormonais ou de exposição ao sol) Defeito na eliminação de melanina: → Incontinência pigmentar: dominante e ligada ao cromossomo X (presença de pigmento livre na camada basal da epiderme) Hipopigmentação melânica: Diminuição do número de melanócitos: → Acromia cicatricial: exaustão dos melanócitos ou de sua destruição (inflamações e traumas) → Vitiligo (destruição auto-imune de melanócitos): Acromia localizada adquirida, idiopática, geralmente simétrica, irregular e delimitada, com hipercromia periférica. Redução de produção de melanina: → Albinismo (congênita): despigmentação generalizada decorrente da incapacidade de melanócitos na sintetize da tirosinase, importante na síntese da melanina - Oculocutâneo (herança autossômica recessiva): desordem genética na qual ocorre um defeito na produção da melanina, pigmento que dá cor a pele, cabelo e olhos. - Ocular (herança recessiva ligada X): forma de albinismo que se manifesta no olho, trata-se de uma alteração genética caracterizada pela baixa ou ausente síntese de melanina CASO CLÍNICO 3 Uma mulher de 36 anos de idade com pele clara apresenta uma mancha pigmentada escura e irregular que ela percebeu há 4 meses na panturrilha posterior direita. Ela aumentou de tamanho gradualmente. A mulher relata aproximadamente 6 queimaduras solares no passado e tem usado câmara de bronzeamento diversas vezes ao ano nos últimos anos. A história familiar é positiva para melanoma em seu tio. No exame físico, aproximadamente 15 nevos de aparência normal, de 3 mm a 5 mm, simétricos, coloração marrom uniforme e bordas regulares, são observados em outros locais no tronco e membros. A lesão pigmentada na panturrilha direita é assimétrica em relação aos 2 eixos, mede 1 cm x 0.8 cm, é profundamente pigmentada com vários tons de marrom e tem borda irregular. Os linfonodos poplíteos não são clinicamente palpáveis. Diagnóstico: melanoma Mariana Marques – T29 PIGMENTOS ENXÓGENOS São partículas externas (entram no organismo por vias respiratória, digestiva ou parenteral) e se depositam nos órgãos e tecidos, podendo ficar retidas no tecido ou serem eliminadas ANTRACOSE: Poluente de ar e minas de carvão (carbono ou poeira de carvão) O carvão é fagocitado através dos macrófagos e depositados em linfonodos regionais (também podem adotar a coloração escura) Normalmente, se deposita no pulmão na forma de manchas pretas (pigmento enegrecido) ARGIRIA: Condição causada por exposição imprópria a formas químicas de prata O sintoma mais relevante da argiria é a coloração azulada ou cinza Pode ser encontrada de forma geral no corpo ou em apenas uma área Exemplo: obturação antiga, o indivíduo podia apresentar manchas enegrecidas na gengiva, dado o pigmento que acumulado. TATUAGEM: Pigmentos insolúveis de diversas cores depositados na derme Os macrófago fagocitam a tinta, podendo encontrar linfonodos com tinta de tatuagem Como consequência, a tatuagem pode ficar desbotada Mariana Marques – T29 RESUMINDO AS PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS
Compartilhar