Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mariana Marques - TXXIX Robbins & Cotran Patologia — Bases Patológicas das Doenças | Vinay Kumar, MBBS, MD, FRCPath, Abul K. Abbas, MBBS e Jon C. Aster, MD 9ª Edição - Capítulo 3: Inflamação e Reparo Mecanismos de Cura e Reparo ---------------------------------------------------------------------------------- INTRODUÇÃO Conceito: refere-se à restauração da arquitetura e da função dos tecidos após lesão, ou seja, consiste na habilidade do organismo de reparar o dano causado pela agressão tóxica e pela inflamação é crítica para a sobrevivência de um organismo Ocorre por dois tipos diferentes de reação: Regeneração: nesse tipo de reparo, há substituição dos componentes danificados através da proliferação de células residuais (não lesadas), o qual retorna ao seu estado normal (há lesão celular) Deposição de tecido conjuntivo (formação de cicatriz): nesse caso, há maturação de células-tronco teciduais, as quais não conseguem restituir-se completamente, gerando deposição de tecido conjuntivo (fibroso), formando a cicatriz (há lesão celular + lesão de matriz extracelular – MEC) CARACTERISTICAS DA PROLIFERAÇÃO CELULAR - REGENERAÇÃO A proliferação celular é controlada por fatores de crescimento, dependendo da integridade da MEC e da capacidade proliferativa RECEPTORES: São moléculas responsáveis por perceber os estímulos e mandar informações para dentro da célula, no DNA (transcrição), essas informações estimularão a célula a se dividir ou parar a divisão, ou sejam estimulam ou inibem a proliferação MEC: constante, sintetizado localmente, que se organiza em uma rede que circunda as células → Constituintes: colágeno e elastina que garantes sustentação às células, proteoglicanos e hialuronatos que acumulam e apresentam os fatores de crescimento e glicoproteínas adesivas (fibronectina e membrana basal) e receptores de adesão - CAMs (integrinas, imunoglobulinas, selectinas, caderinas) → Funções: suporte mecânico (ancoragem e migração), manutenção da diferenciação, base para a renovação tecidual e armazenamento dos fatores de crescimento FATORES DE CRESCIMENTO: proteínas que estimulam a divisão celular → Mecanismos de sinalização: autócrina: molécula sinalizadora produzida por uma célula que também é a célula-alvo, parácrina: a molécula sinalizadora é liberada e atua em células próximas a ela e endócrina: as moléculas sinalizadoras são secretadas e, pela corrente sanguínea, chegam até sua célula-alvo → Ações: indução ou bloqueio da mitose, estimula a migração e diferenciação e intensifica a síntese de produtos celulares CAPACIDADE PROLIFERATIVA: pode aparecer de três tipos, sendo eles lábeis (proliferação constante), estáveis (proliferação quando há estimulo por lesão) e permanentes (não proliferam) Mariana Marques - TXXIX Robbins & Cotran Patologia — Bases Patológicas das Doenças | Vinay Kumar, MBBS, MD, FRCPath, Abul K. Abbas, MBBS e Jon C. Aster, MD 9ª Edição - Capítulo 3: Inflamação e Reparo TECIDOS LÁBEIS OU INSTÁVEIS: tecidos que se dividem de forma continua, sendo substituídos pela maturação de células tronco e pela proliferação de células maduras → Exemplos: células hematopoiéticas na medula óssea, epitélios de superfície (cavidade oral, epitélios da pele, vagina), epitélios dos ductos que drenam os órgãos exócrinos, epitélio do trato gastrointestinal, epitélio do trato urinário TECIDOS ESTÁVEIS: os componentes celulares característicos desse tipo de tecido encontram-se no estágio G0 do ciclo celular (células quiescentes), que em seu estado normal, possui capacidade proliferativa mínima, ou seja, são capazes de se dividir e renovar em caso de lesão ou perda tecidual → Exemplos: células do fígado, rim e pâncreas, células endoteliais e musculares lisas e fibroblastos TECIDOS PERMANENTES: são células terminalmente diferenciadas, que não são capazes de se proliferar na vida pós-natal, ou seja, no caso de ocorrência de lesão, essas são irreversíveis → Exemplos: células musculares cardíacas e neurônios . Obs: Regeneração do fígado Exemplo clássico de reparo através de regeneração. É desencadeada por citocinas e fatores de crescimento produzidos em resposta à perda de massa e à inflamação hepática. Em situações diferentes, a regeneração pode ocorrer por meio da proliferação de hepatócitos sobreviventes ou pelo repovoamento a partir de células progenitoras REPARO POR DEPOSIÇÃO DE TECIDO CONJUNTIVO Se o reparo não puder ser alcançado somente pela regeneração, ocorre através da substituição das células lesadas por tecido conjuntivo, levando à formação de uma cicatriz A cicatrização ocorre quando há lesão tecidual grave, muito extensa ou crônica causando danos às células parenquimatosas, ao epitélio e à estrutura dos tecidos conjuntivos, sendo uma resposta que “remenda” o tecido, ao invés de restaura-lo ETAPAS DA FORMAÇÃO DA CICATRIZ: Angiogênese: formação de novos vasos sanguíneos a partir dos vasos sanguíneos já existentes que irão fornecer nutrientes e oxigenação para a realização do reparo, envolve o brotamento de novos vasos a partir dos existentes, etapas: → Vasodilatação e aumento de permeabilidade induzida pelo fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) → Separação de pericitos e quebra da membrana basal, formando um broto → Migração de células endoteliais em direção à área de lesão → Proliferação de células endoteliais após células migratórias orientadoras → Remodelamento em tubos capilares → Recrutamento de células periendoteliais para formar o vaso → Supressão da proliferação, com migração endotelial e deposição da membrana basal Mariana Marques - TXXIX Robbins & Cotran Patologia — Bases Patológicas das Doenças | Vinay Kumar, MBBS, MD, FRCPath, Abul K. Abbas, MBBS e Jon C. Aster, MD 9ª Edição - Capítulo 3: Inflamação e Reparo Deposição do tecido conjuntivo: ocorre em 2 etapas 1. Formação de tecido de granulação: formação e migração de fibroblastos + deposição de tecido conjuntivo frouxo + vasos e linfócitos entremeados Migração de Fibroblasto: ativação de plaquetas, células inflamatórias e endotélio do vaso ativado 2. Remodelamento do tecido conjuntivo: consiste na maturação e reorganização do tecido conjuntivo, produzindo uma cicatriz fibrosa estável (a quantidade de conjuntivo aumenta a granulação), inicia-se com a formação de tecido de granulação (após cerca de 5 dias de início da lesão) Depósito de MEC: deposição de uma rede de colágeno para auxiliar na resistência da ferida A deposição de MEC depende do equilíbrio entre os agentes fibrogênicos, as metaloproteinases (MMPs) que digerem a MEC e os inibidores de tecidos de MMPs (TIMPs) → Redução da proliferação endotelial e fibroblástica → Aumento da atividade sintética dos fibroblastos (TGF, PDGF, FGF, EGF, IL-1) → Redução da degradação da MEC (inibição pelo TGF) → Substituição do tecido de granulação por matriz fibrosa (fibroblastos e colágeno) Obs: os macrófagos (M2 - ativados alternativamente), ao eliminarem os agentes agressores e o tecido morto, fornecem fatores de crescimento para a proliferação de várias células e ao secretam citocinas que estimulam a proliferação de fibroblastos e a síntese e deposição de tecido conjuntivo Quelóide: Espessamento localizado na pele, devido a um depósito excessivo de colágeno que se forma em cicatrizes da pele → Normalmente há uma pré disposição genética para essa forma de cicatrização Mariana Marques - TXXIX Robbins & Cotran Patologia — Bases Patológicas das Doenças | Vinay Kumar, MBBS, MD, FRCPath, Abul K. Abbas, MBBS e Jon C. Aster, MD 9ª Edição - Capítulo 3: Inflamação e Reparo CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS Etapas: hemostasia → inflamação → proliferação (tecido de granulação e deposição de MEC) → remodelamento (retração da ferida – 2ª intenção) Processo que envolve regeneração epitelial e formação de cicatriz de tecidoconjuntivo, pode ser de primeira ou de segunda intenção: PRIMEIRA INTENSÃO: ocorre quando a lesão ocorre apenas na camada endotelial e o principal mecanismo de reparo é a regeneração tecidual, no qual, a incisão causa apenas a interrupção focal da continuidade da membrana basal epitelial e a morte de poucas células epiteliais e das células do tecido conjuntivo → Ex: reparo de uma incisão cirúrgica limpa não infectada e aproximada por suturas cirúrgicas → Fatores que interferem na cicatrização: quantidade de tecido necrótico, presença de espaço morto, suturas muito apertadas e infecção → A ferida provoca rápido preenchimento sanguíneo, resultando na formação de uma crosta na superfície da ferida SEGUNDA INTENÇÃO: ocorre quando a perda de células ou tecidos é mais extensa, como ocorre em grandes feridas, abscessos, ulcerações e na necrose isquêmica (infarto) de órgãos parenquimatosos, o processo de reparo envolve uma combinação de regeneração e cicatrização, onde a reação inflamatória é mais intensa, há desenvolvimento abundante de tecido de granulação, acúmulo de MEC e formação de uma grande cicatriz, além de uma contração da ferida pela ação de Miofibroblastos → Ex: feridas agudas que cicatrizam sem a aposição das bordas (biópsias cutâneas, queimaduras profundas, feridas infectadas mantidas abertas) Mariana Marques - TXXIX Robbins & Cotran Patologia — Bases Patológicas das Doenças | Vinay Kumar, MBBS, MD, FRCPath, Abul K. Abbas, MBBS e Jon C. Aster, MD 9ª Edição - Capítulo 3: Inflamação e Reparo FATORES QUE INTERFEREM NO REPARO TECIDUAL Diabetes: doença metabólica que compromete o reparo tecidual por muitas razões (neuropatia sensorial, vasculopatias, baixa imunidade e distúrbios metabólicos), é uma das causas sistêmicas mais importantes de reparo anormal das feridas Infecção: a contaminação da ferida por bactérias acarreta em infecção clínica e retardo na cicatrização Corpos estranhos: "como fragmentos de aço, vidro ou até mesmo osso, impedem o reparo Nutrientes: má-nutrição é importante fator de interferência na cicatrização, especialmente em idosos Hipoproteinemia: retardo na cicatrização, inibição da angiogênese, da proliferação e da síntese de fibroblastos, interferem no acúmulo e remodelagem do colágeno Glicocorticoides (esteroides): têm efeitos anti-inflamatórios bem documentados, e sua administração pode resultar na fraqueza da cicatriz devido à inibição da produção de TGF-β e à diminuição de fibrose Fatores mecânicos: aumento de pressão local ou torsão podem provocar separação das feridas Perfusão deficiente: recorrente de arteriosclerose e diabetes, ou ainda de drenagem venosa obstruída prejudicam o reparo Hipóxia: encontrada em pacientes anêmicos, em choque, com sepse, nefropatias e diabéticos. Feridas infectadas, com hematoma e suturas sob tensão Tipo, o local, a característica do tecido e a extensão da lesão tecidual: afetam o reparo subsequente Drogas e outros fatores: Corticoesteroides: inibem migração de macrófagos, proliferação de fibroblastos e síntese matriz proteica Irradiação local: reduz população de fibroblastos e reduz potencialmente a proliferação do endotélio FIBROSE Indica a deposição anormal de colágeno e outros componentes da MEC em órgãos internos nas doenças crônicas Os mecanismos da fibrose são iguais aos mecanismos da cicatrização, no qual, um processo patológico é induzido por estímulos lesivos persistentes (infecções crônicas e reações imunológicas) Pode gerar perda de função significativa ou sua insuficiência Comum em articulações, pulmões e fígado COMPLICAÇÕES DA CICATRIZAÇÃO Formação deficiente: tecido de granulação ou colágeno insuficientes, levando a deiscência e ulceração da ferida Cicatrização Hipertrófica: acontece por excesso de tecido de granulação dentro dos contornos originais da ferida Queloide: Tipo de cicatriz hipertrófica onde o tecido de reparo cresce além das bordas originais da ferida, invadindo o tecido integro ao redor Contratura: exagero no processo de contração da ferida, podendo causar por exemplo mão em garra ou movimentos das articulações limitado
Compartilhar