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Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 1/13 Ações e medidas para combater as desigualdades de gênero nas Assembleias Legislativas Brasileiras Emilia Cristine Pires1 1. Por que discutir gênero na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás? O número de mulheres eleitas nas eleições de 2018 para a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás diminuiu em relação às eleições de 2014. De quatro deputadas que atuavam na 18ª Legislatura, apenas duas continuam na 19ª Legislatura e nenhuma foi eleita para o primeiro mandato. Deste modo, a 19ª Legislatura, período das atividades da Assembleia Legislativa que começa com a posse dos deputados e vai até o término dos seus mandatos, o que compreende o período de quatro anos (2019 a 2022), terá apenas duas deputadas que foram reeleitas, são elas a Deputada Delegada Adriana Accorsi (PT) e Lêda Borges (PSDB). Apesar de a Lei nº 9.504/97 em seu artigo 10º, parágrafo 3º, estabelecer que cada partido ou coligação deve preencher, nas eleições proporcionais, o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo, o número de mulheres eleitas no Estado de Goiás ainda está abaixo do esperado e menor do que no último pleito. A Lei nº 13.165/15, conhecida como minirreforma eleitoral, estabelecia um limite mínimo de 5% e máximo de 15% do montante do Fundo Partidário para o financiamento de campanhas eleitorais femininas. A Procuradoria Geral da República acionou o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.617, argumentando que a fixação de um percentual máximo de recursos em quantidade proporcionalmente inferior à participação exigida de mulheres, conforme a Lei nº 9.504/97, impede que elas disputem eleições em pé de igualdade com os homens. Em março de 2018, os ministros do STF julgaram a ADIn 5.617 e fixaram uma nova regra, segunda à qual os partidos deverão destinar no mínimo 30% dos recursos do fundo das campanhas à candidatura de mulheres, sem percentual máximo. Esse percentual equivale ao mínimo de 1 Cientista Social formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Especialista em Políticas Públicas pela UFG, Mestra em Educação pela PUC-GO, é Analista Legislativo da categoria funcional Pesquisador Legislativo atuando no Assessoramento Temático. Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 2/13 participação feminina exigido pela Lei 9.504/97 nas campanhas de cada partido ou coligação. Os ministros decidiram também que, se a participação de mulheres na campanha for superior a 30%, os recursos destinados à campanha devem ocorrer na mesma proporção. Em maio de 2018, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou que os partidos políticos deverão reservar pelo menos 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para financiar as candidaturas femininas. Os ministros também decidiram que o mesmo percentual deve ser considerado em relação ao tempo destinado à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. O Fundo Eleitoral foi criado pela lei 13.487/2017 para ser aplicado nas eleições e compensar o fim das doações por empresas, proibidas desde 2015 pela Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.650. Já, o Fundo Partidário deve ser aplicado para custear as atividades partidárias, sendo constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros que lhes forem atribuídos por lei. Em outubro de 2018, precisamente no dia 3, a quatro dias antes das eleições, o STF, por meio da modulação dos efeitos da decisão tomada na ADIn 5.617, assegurou que os recursos das contas específicas voltadas a programas de promoção da participação política das mulheres seriam adicionalmente transferidos para as contas individuais das candidatas no financiamento de suas campanhas eleitorais na eleição de 2018. Ainda que nas eleições de 2018 as mulheres tenham tido asseguradas a cota de números de candidaturas, e nas decisões recentes do STF, a cota financeira através do Fundo Eleitoral, o número de eleitas no Estado de Goiás ficou aquém do restante do país. De acordo com Beatriz Rodrigues Sanchez (2019), doutoranda em Ciência Política pela USP e pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política, a lei de cotas não era efetiva porque as candidaturas femininas não recebiam recursos. Com a nova lei, os partidos têm que destinar 30% dos recursos para a candidatura de mulheres. No entanto, segundo a pesquisadora, essa lei também está sendo burlada, no caso das candidaturas majoritárias, porque se destina recurso para a chapa em que as mulheres são vices e o “cabeça” da chapa é homem. Assim, com a lei de cotas, a porcentagem de candidaturas femininas aumentou de 10% para 30%, mas o porcentual de mulheres eleitas se mantém. Para a pesquisadora, as barreiras para a representação feminina são o financiamento de campanhas e a questão de os partidos serem espaços de difícil acesso, onde as mulheres mal ocupam cargos de liderança nas legendas partidárias. Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 3/13 Para Araújo (2005), o entendimento do que ocorre com a participação das mulheres nos partidos e nas rotas de ingresso aos cargos eletivos de representação política, passa pela compreeensão da sua dimensão histórica, ou seja, a exclusão das mulheres no advento da condição de cidadãs e da ordem política moderna; as manifestações culturais – atitudes e práticas preconceituosas ou explicitamente discriminatórias que envolvem as relações de gênero em geral e que se reproduzem, também, no interior dos partidos políticos –; as características sócio-econômicas mais gerais dos países, assim como as dimensões institucionais do sistema político, incluindo-se as características do sistema partidário (Araújo, p. 193, 2005). Segundo a autora, o sistema partidário, embora visto como um componente institucional próprio, influencia e é influenciado pelo sistema eleitoral. Eles não são instituições fixas e imutáveis, estão em constante fluxo, adequando-se aos imperativos do contexto político a que se vinculam, refletindo as características mais amplas de cada sociedade. Deste modo, para Araújo (2005), o sistema partidário e o contexto específico dos partidos políticos constituem variáveis que ajudam na compreensão da participação partidária e dos padrões de inserção das mulheres nas instâncias legislativas. Dentre as estratégias dos partidos políticos para responder às demandas das mulheres, Araújo (2005) aponta três tipos básicos desenvolvidos por Lovenduski (1993), e aprimorados por Norris (2003), que os ampliou, extrapolando o campo das iniciativas dos partidos. O primeiro tipo diz respeito à estratégia retórica, que envolveria assinaturas de acordos internacionais no plano governamental e entre os partidos. As questões referentes às mulheres seriam aceitas em plataformas de campanhas e assumidas em discursos, mas não se implementaria políticas efetivas de fato. Entretanto, dependendo do compromisso das lideranças e do poder no interior dos partidos, as mulheres poderiam ser apontadas para a disputa ou a ocupação de alguns cargos. O segundo tipo consiste na estratégia de políticas de ação afirmativa ou de igualdade de oportunidades que propiciariam às mulheres certas condições para que pudessem desenvolver suas carreiras políticas como os homens. Nessa estratégia são definidos certos compromissos, além dos assumidos nas plataformas eleitorais ou em assinaturas formais de tratados pelo poder público, Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 4/13 como a realização de seminários, treinamentos e metas de inclusão a serem alcançadas pelo partido, como também treinamento de técnicas, programas financeiros voltados para o enfrentamento das campanhas eleitorais. Além disso, como política institucional, apoios com creches e facilidades para que as mulheres possam exercer e participar das atividades políticas. O terceiro tipo, estratégias de discriminação positiva, beneficiam as mulheres num determinado período de tempo. Nessas estratégias, observamos uma intervenção mais incisiva caracterizada, sobretudo, pela adoção de sistemas de cotas para as instâncias decisórias e para a representação pública do partido, além de outras políticas de gênero, como o treinamento para as competições eleitorais. De acordo com Araújo (2005), a comparação entre partidos que adotam políticas de gênero, voltadas para a participação nas instâncias decisórias, e partidos que não adotam, sugere que há alguma eficácia dessas políticas no que toca à presença feminina nos centros de decisão. Entretanto, em geral, a permanência de uma cultura política que não seja comprometida com valores igualitários em relação ao gênero dificulta a ampliação de investimentos partidários nessas políticas, as quais, em certas circunstâncias, demandam lógicas menos localistas e mais ideológicas. Em suma, o desenho dos partidos, a capacidade de as mulheres inserirem-se em suas dinâmicas políticas e organizacionais e sua força como grupo de pressão interna podem fazer diferença na definição das prioridades eleitorais. Contudo, qualquer que seja o tipo de intervenção, é necessário considerar o grau em que a variável “gênero” influencia ou é influenciada por essa característica multifacetada da política e quais desenhos institucionais da política tendem a ser mais democráticos e a garantir critérios mais justos de representação (Araújo, 2005, p. 212). Em fevereiro de 2017, a União Interparlamentar (UIP) divulgou um relatório sobre a situação das mulheres na política no mundo. A pesquisa foi realizada em 193 países e verificou a presença de mulheres no Parlamento, nos Ministérios e como Chefes de Estado ou Governo. De acordo com dados de 2017 da União Interparlamentar e da ONU Mulheres, o Brasil ocupava a 32ª posição em um ranking de 33 países latino-americanos sobre participação das mulheres nos parlamentos nacionais. Com 10% de parlamentares eleitas, Brasil só ficava à frente Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 5/13 de Belize, na América Central. No ranking mundial de 172 países, o país também ocupava uma das últimas posições, no 154º lugar. A UIP destacou também que os Parlamentos deveriam ser um lugar para as mulheres trabalharem sem medo de assédio sexual. Mas não foi isso que os pesquisadores constataram, já que mais parlamentares fizeram queixas sobre assédio sexual em 2017. Segundo o relatório, essas queixas contribuíram para que parlamentos de países como Canadá, França, Itália, Suíça, Reino Unido e o Parlamento Europeu fizessem uma avaliação do ambiente de trabalho. Também no ano de 2017, foi lançada uma nova parceria entre a ONU Mulheres, a UIP e a instituição Equality Now, voltada para a reforma de leis discriminatórias em relação à questão de gênero. Um dos objetivos é revogar ou alterar leis que discriminem meninas e mulheres e garantir que as leis sejam fundamentadas em igualdade de gênero e direitos das mulheres, e implementadas como parte das ações globais para a realização da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. Apesar de alguns avanços nos últimos anos, o Banco Mundial estima que 90% dos países em todo o mundo ainda tenham pelo menos uma lei discriminatória em seus sistemas legais. Um dos exemplos inclui legislações que não combatem adequadamente a violência contra a mulher, seja porque não são implementadas ou porque não garantem a confidencialidade e proteção das vítimas que buscam uma ação legal. Outra questão a ser destacada é a falta de mecanismos legais que garantam a participação das mulheres na política, e a necessidade de leis que abordem assédio sexual em espaços públicos e que garantam salários iguais para trabalhos iguais. Para a ONU Mulheres, parcerias com a sociedade civil e ativistas são essenciais para mudar as perspectivas de legisladores e do público em geral. E a implementação dessas leis exige coordenação entre organizações internacionais e regionais, governos, parlamentos, judiciário e sociedade civil. Outro tratado importante a ser considerado é o Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária, aprovado pelo Parlamento Latino-Americano e do Caribe (Parlatino), do qual, o Brasil é membro, em Assembleia Geral realizada na cidade do Panamá em 28 de novembro de 2015. Esse Marco passará a ser usado como referência pelos parlamentos nacionais da região Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 6/13 para a implementação de reformas institucionais e políticas que promovam e assegurem a igualdade substantiva entre homens e mulheres em todas as esferas de tomada de decisão. De acordo com o Marco Normativo, Persistem na região fatores estruturais que ainda impedem ou limitam o pleno exercício dos direitos políticos das mulheres. Isso se reflete nas atitudes culturais baseadas em modelos patriarcais, estereótipos sexistas e papéis tradicionais de homens e mulheres, no deficitário empoderamento político e econômico das mulheres ou nos dramáticos dados sobre violência de gênero. Igualmente, observa-se a tendência machista da mídia ou os problemas de conciliação entre a vida familiar e profissional (que afetam majoritariamente as mulheres), entre outras. Os Estados devem assumir sua responsabilidade, pois estão juridicamente exortados, por seus próprios mandatos constitucionais e pelos diferentes instrumentos internacionais, a respeitar, a proteger e a promover os direitos das mulheres (Parlatino, 2018, p. 18). Para Birolli (2018), o que se passa nos espaços definidos como privados e domésticos é significativo para a análise da democracia, pois se as relações de poder nesses espaços destoam de valores de referência igualitários e da forma institucional que assumem na esfera pública, há um problema. Segundo a autora, o feminismo ajuda a compreender esse problema contestando as noções autonomizadas da política, ao expor suas conexões com dinâmicas sociais nas quais se estabelecem as desigualdades e as assimetrias no exercício de influência e no exercício mais direto do poder político. Segundo Birolli (2018), a divisão sexual do trabalho não é tratada como tema para a democracia e é reduzida ao universo das preocupações de gênero ou das mulheres. Entretanto, ela é organizadora do acesso aos recursos fundamentais para a autonomia e participação em diferentes dimensões da vida pública, como também para o acesso a recursos e reconhecimento. Deste modo, […] a divisão sexual do trabalho doméstico incide nas possibilidades de participação política das mulheres porque corresponde à alocação desigual de recursos fundamentais para essa participação, em especial o tempo livre e a renda ( Biroli, 2018, p. 23). Portanto, para a autora, a divisão sexual do trabalho não pode ser explicada no âmbito da individualidade ou através das escolhas voluntárias dos indivíduos. Ela pode ser compreendida Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 7/13 como estruturante de identidades e alternativas. Desta forma, é ativada pelas instituições, pelas políticas públicas ou pela ausência dessas políticas, e pelas formas simbólicas de afirmação do feminino e do masculino em outras dimensões das relações de gênero. De acordo com Biroli e Miguel (2014), um dos exemplos dessa ausência de políticas públicas é a falta de creches e de políticas adequadas para a conciliação entre a rotina de trabalho e o cuidado com os filhos pequenos, que penaliza muito mais as mulheres do que os homens, em sociedades nas quais a divisão dos papéis está atrelada a compreensões convencionais do feminino e do masculino. A política, o sistema jurídico, a religião, a vida intelectual e artística, são construções de uma cultura predominantemente masculina. O movimento feminista atual refuta a ideologia que legitima a diferenciação de papéis, reivindicando a igualdade em todos a níveis, seja no mundo externo, seja no âmbito doméstico. Revela que esta ideologia encobre na realidade uma relação de poder entre os sexos, e que a diferenciação de papéis baseia-se mais em critérios sociais do que biológicos. Como afirma Simone de Beauvoir, “não se nasce mulher, torna-se mulher”. O “masculino” e o “feminino” são criações culturais e, como tal são comportamentos apreendidos através do processo de socialização que condiciona diferentemente os sexos para cumprirem funções sociais específicas e diversas. Essa aprendizagem é um processo social. Aprendemos a ser homens e mulheres e a aceitar como “naturais” as relações de poder entre os sexos (Moreira e Pitanguy, p. 55, 1981). De acordo com as autoras, a luta contra a discriminação entre os gêneros implica na recriação de uma identidade própria, que supere as hierarquias do forte e do fraco, do ativo e do passivo, e em que as diferenças entre os sexos seja de complementariedade e não de dominação. No campo da política, o Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária, considera que os partidos políticos, movimentos políticos e candidaturas independentes, devem estabelecer condições em suas três dimensões: organizacional, eleitoral e programática, bem como financeira, para que o entorno político deixe de ser o problema do empoderamento político das mulheres e passe a ser a plataforma que o impulsione e defenda. Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 8/13 Ainda de acordo com o art. 13 do Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária, o poder legislativo através de suas funções representativa, legislativa e de controle constitui-se em um ator chave para o desenvolvimento da Democracia Paritária. Os poderes legislativos adotarão medidas tendentes a propiciá-la, tais como: a. A criação de uma Comissão para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, com igual estrutura, funções, competências e recursos próprios que outras comissões, orientada a promover projetos legislativos com perspectiva de gênero e que impulse o efetivo cumprimento da Democracia Paritária em todo o parlamento. b. A representação paritária da assembleia legislativa, das presidências das comissões legislativas, como ao interior delas. c. A formação de uma “bancada de mulheres” interpartidária ( Parlatino, ONU Mulheres, 2018, p. 38). A maioria das assembleias legislativas dos estados brasileiros tem adotado essas medidas estabelecidas no art. 13 do Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária, infelizmente, como se pode ver no quadro 1, a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás não conta ainda com uma Comissão para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres, nem com uma bancada de mulheres interpartidária. Quadro 1. Ações para combater a desigualdade de gênero nas Assembleias Legislativas Estaduais. ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS AÇÕES PARA COMBATER A DESIGUALDADE DE GÊNERO Assembleia Legislativa do Acre ----------- Assembleia Legislativa de Alagoas ------------ Assembleia Legislativa do Amapá Comissão de direitos da pessoa humana, questões de gênero, assuntos indígenas, da mulher, do idoso, do afro-brasileiro da cidadania e defesa do consumidor - cdh. Procuradoria da mulher resolução Nº 0197, de 27 de fevereiro de 2018 Assembleia Legislativa do Amazonas Comissão da mulher, das famílias e do idoso Assembleia Legislativa da Bahia Comissão dos direitos da mulher; curso Gênero e Atuação Legislativa em parceria com a Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados (2014). Assembleia Legislativa do Ceará Procuradoria Especial da Mulher; Frente Parlamentar do Direito da Mulher (Durante o ano de 2014 as deputadas da Frente realizaram uma série de visitas desde Delegacias de Defesa a Mulher, passando pelo Presídio Feminino Auri Moura Costa, a Hospitais de Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 9/13 ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS AÇÕES PARA COMBATER A DESIGUALDADE DE GÊNERO atendimento a Mulher). A frente tem realizado audiências públicas e firmado convênios pela defesa dos direitos da mulher. Assembleia Legislativa do Espírito Santo Procuradoria Especial da Mulher; Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar. Assembleia Legislativa de Goiás ----------- Assembleia Legislativa do Maranhão Procuradoria da Mulher; Creche Escola Sementinha. Assembleia Legislativa do Mato Grosso ---------- Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e Combate à Violência Doméstica e Familiar Assembleia Legislativa de Minas Gerais Comissão de defesa dos direitos da mulher; Atividades da Escola do Legislativo: 2015- Ciclo de Debates Reforma Política, Igualdade de Gênero e Participação: O que querem as mulheres de Minas; 2016 - Ciclo de Debates Dia Internacional da Mulher – Mulheres contra a Violência: Autonomia, Reconhecimento e Participação; 2017- Ciclo de Debates Pela Vida das Mulheres: Educação, Enfrentamento do Machismo e Garantia de Direitos. 2018 -Programa de formação política para mulheres (Ciclo de Palestras e Debates Mulheres na política: história, lutas, conquistas e perspectivas (atividade presencial) é aberto a interessadas e interessados na participação da mulher na política). Assembleia Legislativa da Paraíba Comissão dos direitos da mulher; escola infantil (serviços aos filhos dos servidores do Poder Legislativo e da comunidade em geral). Assembleia Legislativa do Pará Núcleo Educacional Engenheiro Waldemar Chagas (Escola Creche). Assembleia Legislativa do Paraná Comissão de Defesa dos Diretos da Mulher; Frente Parlamentar dos homens pelo fim da violência contra as mulheres Assembleia Legislativa de Pernambuco Comissão Defesa dos Direitos da Mulher (A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher firmou parceria com o Núcleo de Apoio à Mulher do Ministério Público de Pernambuco para divulgar as ações do NAM/MPPE e realizar ações conjuntas). Assembleia Legislativa do Piauí Comissão Defesa dos Direitos da Mulher Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte Frente Parlamentar da Mulher Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres; Frente Parlamentar de Apoio, Fiscalização e Divulgação dos Direitos e Políticas Públicas para as Mulheres. Assembleia Legislativa de Rondônia Comissão de Defesa da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso. Assembleia Legislativa de Roraima Comissão de Defesa dos Direitos da Família, da Mulher, da Criança, do Adolescente e de Ação Social; Procuradoria Especial da Mulher; Chame - Centro Humanitário de Apoio à Mulher e o Observatório da Mulher. Assembleia Legislativa de Santa Catarina Bancada Feminina Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 10/13 ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS AÇÕES PARA COMBATER A DESIGUALDADE DE GÊNERO Assembleia Legislativa de São Paulo Comissão de Defesa e dos Direitos das Mulheres Frente Parlamentar em Defesa da Mulher Assembleia Legislativa de Sergipe Procuradoria Especial da Mulher Assembleia Legislativa do Tocantins Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Mulher Câmara Legislativa do Distrito Federal Procuradoria Especial da Mulher; Seminário mais mulheres na política De acordo com os pesquisadores Milena Alves Costa e Herberth Duarte dos Santos em “Participação Feminina no Legislativo Estadual após a Constituição Cidadã: análise quantitativa e comparativa das eleições para Deputado Estadual, em Goiás e no Brasil, de 1990 a 2018”, o melhor estado, e que está na liderança do IPFLE - Índice de Participação Feminina no Legislativo Estadual nas últimas três eleições consecutivas, é o Amapá, que tem conseguido ocupar, aproximadamente, um terço do seu parlamento com mulheres. O estado do Amapá, em 2018, preencheu 33,33% da sua Assembleia Legislativa com mulheres. Conforme a pesquisadora, o estado possui o melhor histórico de eleições de mulheres para o legislativo estadual depois do estabelecimento de cotas para as candidaturas femininas em 2009, com 29,17% em 2010, 33,33% em 2014 e, novamente 33,33% em 2018. Embora a Comissão de Direitos da Pessoa Humana, Questões de Gênero, Assuntos Indígenas, da Mulher, do Idoso, do Afro-brasileiro, da Cidadania e Defesa do Consumidor tenha sido instituída pela Portaria nº 1295/17 AL DOAL nº 406, em 21 de dezembro de 2017, e a Procuradoria da Mulher em 27 de fevereiro de 2018 pela Resolução nº 0197, a Assembleia Legislativa do Amapá ao longo de suas legislaturas tem feito diversas atividades e iniciativas de projetos de leis para atender as demandas das mulheres no referido estado, como a Lei nº 1233, de 11 de 11 de junho de 2008, de autoria da Deputada Francisca Favacho, criando o Centro de Atendimento Integral e Multidisciplinar para Mulheres e Respectivos Descendentes em Situação de Violência Doméstica e Familiar. Destacamos, também, o estado de Roraima que obteve o segundo lugar no IPFLE com 25% de cadeiras femininas na Assembleia Legislativa de Roraima. Observamos que a Assembleia Legislativa de Roraima conta com a Comissão de Defesa dos Direitos da Família, da Mulher, da Criança, do Adolescente e de Ação Social, e com a Procuradoria Especial da Mulher. A Assembleia Legislativa de Roraima conta também com o CHAME - Centro Humanitário de Apoio Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 11/13 à Mulher, desde o ano de 2009, atendendo mais de 14 mil mulheres em Roraima, com serviço de atendimento psicossocial e ações de prevenção, audiências de conciliação bimestrais pela Vara da Justiça Itinerante e Defensoria Pública. Inclusive, o Chame foi premiado no ano de 2018 com o Prêmio Dr. Pinotti – Hospital Amigo da Mulher, promovido pela Câmara dos Deputados. O Chame desenvolve vários projetos como o Papo Reto, que trabalha o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) combinado, com a Lei Maria da Penha, para que crianças e adolescentes sejam educados para o respeito integral à mulher e preparados para a não-violência. Embora não possamos afirmar que há uma correlação entre as atividades desenvolvidas pela Comissão de Defesa dos Direitos da Família, da Mulher, da Criança, do Adolescente e de Ação Social e Procuradoria Especial da Mulher com o bom desempenho do estado de Roraima no IPFLE, certamente elas contribuem para o reconhecimento das questões que envolvem as mulheres. Outras iniciativas interessantes que destacamos são as da Assembleia Legislativa de Minas Gerais que, além de contar com a Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres, realizam atividades na Escola do Legislativo voltadas para servidores e a comunidade em geral como o Ciclo de Debates Reforma Política, Igualdade de Gênero e Participação: O que querem as mulheres de Minas (2015), o Ciclo de Debates Dia Internacional da Mulher – Mulheres contra a Violência: Autonomia, Reconhecimento e Participação (2016), o Ciclo de Debates Pela Vida das Mulheres: Educação, Enfrentamento do Machismo e Garantia de Direitos (2017) e o Programa de Formação Política para Mulheres - Ciclo de Palestras e Debates Mulheres na política: história, lutas, conquistas e perspectivas (2018). Embora Minas Gerais tenha preenchido 12,99% das cadeiras femininas, o seu desempenho foi melhor do que em 2014 que obteve apenas 6,49% dessas cadeiras. De acordo com Araújo e Alves (2007), […] a interação entre diferentes ordens de fatores influencia o quadro atual da representação política das mulheres no país. Desse modo, as hipóteses que sustentam este estudo são as de que o aumento da participação parlamentar feminina no Brasil não está diretamente associado ao grau de desenvolvimento socioeconômico das regiões e unidades da federação–UFs; que variáveis institucionais ligadas ao Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 12/13 sistema eleitoral influenciam e interferem nas chances de acesso das mulheres aos cargos legislativos; e, finalmente, que o entendimento do resultado da política de cotas no Brasil passa pela compreensão das características da legislação e de sua interação com esses outros fatores multicausais, que possuem impactos indiretos sobre as cotas. (Araújo e Alves, 2007, p. 537). Desse modo, ao analisar o desempenho das mulheres nas eleições deve se considerar os diferentes fatores que influenciam as candidaturas femininas no processo eleitoral. Dentre esses fatores, citamos acima o sistema partidário que apesar de algumas mudanças, como a instituição das cotas para a candidatura feminina em 1997, só recentemente, em 2018, teve garantida a destinação de 30% do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para essas candidaturas. Além disso, destacamos a importância dos poderes legislativos para o desenvolvimento da democracia paritária, estabelecendo medidas tendentes a propiciá-la, tais como, a criação de uma Comissão para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, a representação paritária da assembleia legislativa, das presidências das comissões legislativas, e interior delas e a formação de uma “bancada de mulheres” interpartidária. 2. Referências Bibliográficas ALVES, Branca Moreira, Pitanguy, Jacqueline. O que é feminismo. Abril/ Brasiliense, 1981. ARAÚJO, Clara, Alves, José Eustáquio Diniz. Impactos de Indicadores Sociais e do Sistema Eleitoral sobre as Chances das Mulheres nas Eleições e suas Interações com as Cotas. DADOS– Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol.50, n.3, 2007, pp.535 a 577. ARAÚJO, Clara. Partidos Políticos e Gênero: Mediações nas Rotas de Ingresso das Mulheres na Representação Política. Revista Sociologia Política, Curitiba, 24, p. 193-215, jun. 2005. BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades: os limites da democracia no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018. BIROLI, Flávia, Miguel, Luis Felipe. Feminismo e Política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014. Seção de Assessoramento Temático Seção de Assessoramento Temático Alameda dos Buritis, 231 - Setor Oeste - CEP: 74.115-900 - Goiânia.Goiás assessoramentotematico@al.go.leg.br | portal.al.go.leg.br | +55 (62) 3221.3280 13/13 COSTA, Milena Alves, SANTOS, Herberth Duarte dos. Participação Feminina no Legislativo Estadual após a Constituição Cidadã: análise quantitativa e comparativa das eleições para Deputado Estadual, em Goiás e no Brasil, de 1990 a 2018. Disponível em https://portal.al.go.leg.br/arquivos/asstematico/75.pdf. LOVENDUSKI, Joni.,“The Dynamics of Genderand Party Politics”, in: P.Norrise J. Lovenduski (orgs.), Gender and Party Politics. London, Sage. 1993. NORRIS, Pippa e INGLEHART, R. Gender Equality and Cultural Change around the World. Cambridge, Cambridge University Press. 2003. ONU Mulheres lança iniciativa para reformar leis discriminatórias. ONU News, 2017. Disponível em <https://news.un.org/pt/story/2017/02/1577481-onu-mulheres-lanca-iniciativa-para-reformar- leis-discriminatorias> Acesso em 1 de março de 2019. PARLATINO, Onu Mulheres. Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária. 2018. SANCHEZ, Beatriz Rodrigues. Partidos encontram maneiras de burlar lei de cotas femininas. Jornal da USP, 2018. Disponível em < https://jornal.usp.br/atualidades/partidos-encontram- maneiras-de-burlar-lei-de-cotas-femininas/>. Acesso em 21 de fevereiro de 2019.
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