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Ações e medidas para combater as desigualdades de gênero nas Assembleias Legislativas Brasileiras desigualdade de generos na assembleia legislativa

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Ações e medidas para combater as desigualdades de gênero nas Assembleias 
Legislativas Brasileiras 
 
Emilia Cristine Pires1 
 
 
1. Por que discutir gênero na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás? 
 O número de mulheres eleitas nas eleições de 2018 para a Assembleia Legislativa do 
Estado de Goiás diminuiu em relação às eleições de 2014. De quatro deputadas que atuavam na 
18ª Legislatura, apenas duas continuam na 19ª Legislatura e nenhuma foi eleita para o primeiro 
mandato. 
Deste modo, a 19ª Legislatura, período das atividades da Assembleia Legislativa que 
começa com a posse dos deputados e vai até o término dos seus mandatos, o que compreende o 
período de quatro anos (2019 a 2022), terá apenas duas deputadas que foram reeleitas, são elas a 
Deputada Delegada Adriana Accorsi (PT) e Lêda Borges (PSDB). 
Apesar de a Lei nº 9.504/97 em seu artigo 10º, parágrafo 3º, estabelecer que cada partido 
ou coligação deve preencher, nas eleições proporcionais, o mínimo de 30% e o máximo de 70% 
para candidaturas de cada sexo, o número de mulheres eleitas no Estado de Goiás ainda está abaixo 
do esperado e menor do que no último pleito. 
A Lei nº 13.165/15, conhecida como minirreforma eleitoral, estabelecia um limite mínimo 
de 5% e máximo de 15% do montante do Fundo Partidário para o financiamento de campanhas 
eleitorais femininas. A Procuradoria Geral da República acionou o Supremo Tribunal Federal 
(STF), por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.617, argumentando que a fixação de 
um percentual máximo de recursos em quantidade proporcionalmente inferior à participação 
exigida de mulheres, conforme a Lei nº 9.504/97, impede que elas disputem eleições em pé de 
igualdade com os homens. 
Em março de 2018, os ministros do STF julgaram a ADIn 5.617 e fixaram uma nova regra, 
segunda à qual os partidos deverão destinar no mínimo 30% dos recursos do fundo das campanhas 
à candidatura de mulheres, sem percentual máximo. Esse percentual equivale ao mínimo de 
 
1 Cientista Social formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Especialista em Políticas Públicas pela UFG, 
Mestra em Educação pela PUC-GO, é Analista Legislativo da categoria funcional Pesquisador Legislativo atuando 
no Assessoramento Temático. 
 
 
 
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participação feminina exigido pela Lei 9.504/97 nas campanhas de cada partido ou coligação. Os 
ministros decidiram também que, se a participação de mulheres na campanha for superior a 30%, 
os recursos destinados à campanha devem ocorrer na mesma proporção. 
Em maio de 2018, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou que os 
partidos políticos deverão reservar pelo menos 30% dos recursos do Fundo Especial de 
Financiamento de Campanha para financiar as candidaturas femininas. Os ministros também 
decidiram que o mesmo percentual deve ser considerado em relação ao tempo destinado à 
propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. 
O Fundo Eleitoral foi criado pela lei 13.487/2017 para ser aplicado nas eleições e 
compensar o fim das doações por empresas, proibidas desde 2015 pela Ação Direta de 
Inconstitucionalidade 4.650. Já, o Fundo Partidário deve ser aplicado para custear as atividades 
partidárias, sendo constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações 
e outros recursos financeiros que lhes forem atribuídos por lei. 
Em outubro de 2018, precisamente no dia 3, a quatro dias antes das eleições, o STF, por 
meio da modulação dos efeitos da decisão tomada na ADIn 5.617, assegurou que os recursos das 
contas específicas voltadas a programas de promoção da participação política das mulheres seriam 
adicionalmente transferidos para as contas individuais das candidatas no financiamento de suas 
campanhas eleitorais na eleição de 2018. 
Ainda que nas eleições de 2018 as mulheres tenham tido asseguradas a cota de números de 
candidaturas, e nas decisões recentes do STF, a cota financeira através do Fundo Eleitoral, o 
número de eleitas no Estado de Goiás ficou aquém do restante do país. 
De acordo com Beatriz Rodrigues Sanchez (2019), doutoranda em Ciência Política pela 
USP e pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política, a lei de cotas não era efetiva porque 
as candidaturas femininas não recebiam recursos. Com a nova lei, os partidos têm que destinar 
30% dos recursos para a candidatura de mulheres. No entanto, segundo a pesquisadora, essa lei 
também está sendo burlada, no caso das candidaturas majoritárias, porque se destina recurso para 
a chapa em que as mulheres são vices e o “cabeça” da chapa é homem. Assim, com a lei de cotas, 
a porcentagem de candidaturas femininas aumentou de 10% para 30%, mas o porcentual de 
mulheres eleitas se mantém. Para a pesquisadora, as barreiras para a representação feminina são o 
financiamento de campanhas e a questão de os partidos serem espaços de difícil acesso, onde as 
mulheres mal ocupam cargos de liderança nas legendas partidárias. 
 
 
 
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Para Araújo (2005), o entendimento do que ocorre com a participação das mulheres nos 
partidos e nas rotas de ingresso aos cargos eletivos de representação política, passa pela 
compreeensão da 
sua dimensão histórica, ou seja, a exclusão das mulheres no advento da condição 
de cidadãs e da ordem política moderna; as manifestações culturais – atitudes e 
práticas preconceituosas ou explicitamente discriminatórias que envolvem as 
relações de gênero em geral e que se reproduzem, também, no interior dos 
partidos políticos –; as características sócio-econômicas mais gerais dos países, 
assim como as dimensões institucionais do sistema político, incluindo-se as 
características do sistema partidário (Araújo, p. 193, 2005). 
 
Segundo a autora, o sistema partidário, embora visto como um componente institucional 
próprio, influencia e é influenciado pelo sistema eleitoral. Eles não são instituições fixas e 
imutáveis, estão em constante fluxo, adequando-se aos imperativos do contexto político a que se 
vinculam, refletindo as características mais amplas de cada sociedade. 
Deste modo, para Araújo (2005), o sistema partidário e o contexto específico dos partidos 
políticos constituem variáveis que ajudam na compreensão da participação partidária e dos padrões 
de inserção das mulheres nas instâncias legislativas. 
Dentre as estratégias dos partidos políticos para responder às demandas das mulheres, 
Araújo (2005) aponta três tipos básicos desenvolvidos por Lovenduski (1993), e aprimorados por 
Norris (2003), que os ampliou, extrapolando o campo das iniciativas dos partidos. 
O primeiro tipo diz respeito à estratégia retórica, que envolveria assinaturas de acordos 
internacionais no plano governamental e entre os partidos. As questões referentes às mulheres 
seriam aceitas em plataformas de campanhas e assumidas em discursos, mas não se implementaria 
políticas efetivas de fato. Entretanto, dependendo do compromisso das lideranças e do poder no 
interior dos partidos, as mulheres poderiam ser apontadas para a disputa ou a ocupação de alguns 
cargos. 
O segundo tipo consiste na estratégia de políticas de ação afirmativa ou de igualdade de 
oportunidades que propiciariam às mulheres certas condições para que pudessem desenvolver
suas 
carreiras políticas como os homens. Nessa estratégia são definidos certos compromissos, além dos 
assumidos nas plataformas eleitorais ou em assinaturas formais de tratados pelo poder público, 
 
 
 
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como a realização de seminários, treinamentos e metas de inclusão a serem alcançadas pelo 
partido, como também treinamento de técnicas, programas financeiros voltados para o 
enfrentamento das campanhas eleitorais. Além disso, como política institucional, apoios com 
creches e facilidades para que as mulheres possam exercer e participar das atividades políticas. 
O terceiro tipo, estratégias de discriminação positiva, beneficiam as mulheres num 
determinado período de tempo. Nessas estratégias, observamos uma intervenção mais incisiva 
caracterizada, sobretudo, pela adoção de sistemas de cotas para as instâncias decisórias e para a 
representação pública do partido, além de outras políticas de gênero, como o treinamento para as 
competições eleitorais. 
De acordo com Araújo (2005), a comparação entre partidos que adotam políticas de gênero, 
voltadas para a participação nas instâncias decisórias, e partidos que não adotam, sugere que há 
alguma eficácia dessas políticas no que toca à presença feminina nos centros de decisão. 
Entretanto, em geral, a permanência de uma cultura política que não seja comprometida 
com valores igualitários em relação ao gênero dificulta a ampliação de investimentos partidários 
nessas políticas, as quais, em certas circunstâncias, demandam lógicas menos localistas e mais 
ideológicas. 
 
Em suma, o desenho dos partidos, a capacidade de as mulheres inserirem-se em 
suas dinâmicas políticas e organizacionais e sua força como grupo de pressão 
interna podem fazer diferença na definição das prioridades eleitorais. Contudo, 
qualquer que seja o tipo de intervenção, é necessário considerar o grau em que a 
variável “gênero” influencia ou é influenciada por essa característica 
multifacetada da política e quais desenhos institucionais da política tendem a ser 
mais democráticos e a garantir critérios mais justos de representação (Araújo, 
2005, p. 212). 
 
Em fevereiro de 2017, a União Interparlamentar (UIP) divulgou um relatório sobre a 
situação das mulheres na política no mundo. A pesquisa foi realizada em 193 países e verificou a 
presença de mulheres no Parlamento, nos Ministérios e como Chefes de Estado ou Governo. 
De acordo com dados de 2017 da União Interparlamentar e da ONU Mulheres, o Brasil 
ocupava a 32ª posição em um ranking de 33 países latino-americanos sobre participação das 
mulheres nos parlamentos nacionais. Com 10% de parlamentares eleitas, Brasil só ficava à frente 
 
 
 
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de Belize, na América Central. No ranking mundial de 172 países, o país também ocupava uma 
das últimas posições, no 154º lugar. 
A UIP destacou também que os Parlamentos deveriam ser um lugar para as mulheres 
trabalharem sem medo de assédio sexual. Mas não foi isso que os pesquisadores constataram, já 
que mais parlamentares fizeram queixas sobre assédio sexual em 2017. 
Segundo o relatório, essas queixas contribuíram para que parlamentos de países como 
Canadá, França, Itália, Suíça, Reino Unido e o Parlamento Europeu fizessem uma avaliação do 
ambiente de trabalho. 
Também no ano de 2017, foi lançada uma nova parceria entre a ONU Mulheres, a UIP e 
a instituição Equality Now, voltada para a reforma de leis discriminatórias em relação à questão 
de gênero. Um dos objetivos é revogar ou alterar leis que discriminem meninas e mulheres e 
garantir que as leis sejam fundamentadas em igualdade de gênero e direitos das mulheres, e 
implementadas como parte das ações globais para a realização da Agenda 2030 de 
Desenvolvimento Sustentável. 
Apesar de alguns avanços nos últimos anos, o Banco Mundial estima que 90% dos países 
em todo o mundo ainda tenham pelo menos uma lei discriminatória em seus sistemas legais. 
Um dos exemplos inclui legislações que não combatem adequadamente a violência contra 
a mulher, seja porque não são implementadas ou porque não garantem a confidencialidade e 
proteção das vítimas que buscam uma ação legal. Outra questão a ser destacada é a falta de 
mecanismos legais que garantam a participação das mulheres na política, e a necessidade de leis 
que abordem assédio sexual em espaços públicos e que garantam salários iguais para trabalhos 
iguais. 
Para a ONU Mulheres, parcerias com a sociedade civil e ativistas são essenciais para mudar 
as perspectivas de legisladores e do público em geral. E a implementação dessas leis exige 
coordenação entre organizações internacionais e regionais, governos, parlamentos, judiciário e 
sociedade civil. 
Outro tratado importante a ser considerado é o Marco Normativo para Consolidar a 
Democracia Paritária, aprovado pelo Parlamento Latino-Americano e do Caribe (Parlatino), do 
qual, o Brasil é membro, em Assembleia Geral realizada na cidade do Panamá em 28 de novembro 
de 2015. Esse Marco passará a ser usado como referência pelos parlamentos nacionais da região 
 
 
 
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para a implementação de reformas institucionais e políticas que promovam e assegurem a 
igualdade substantiva entre homens e mulheres em todas as esferas de tomada de decisão. 
De acordo com o Marco Normativo, 
 
Persistem na região fatores estruturais que ainda impedem ou limitam o pleno 
exercício dos direitos políticos das mulheres. Isso se reflete nas atitudes culturais 
baseadas em modelos patriarcais, estereótipos sexistas e papéis tradicionais de 
homens e mulheres, no deficitário empoderamento político e econômico das 
mulheres ou nos dramáticos dados sobre violência de gênero. Igualmente, 
observa-se a tendência machista da mídia ou os problemas de conciliação entre a 
vida familiar e profissional (que afetam majoritariamente as mulheres), entre 
outras. Os Estados devem assumir sua responsabilidade, pois estão juridicamente 
exortados, por seus próprios mandatos constitucionais e pelos diferentes 
instrumentos internacionais, a respeitar, a proteger e a promover os direitos das 
mulheres (Parlatino, 2018, p. 18). 
 
Para Birolli (2018), o que se passa nos espaços definidos como privados e domésticos é 
significativo para a análise da democracia, pois se as relações de poder nesses espaços destoam de 
valores de referência igualitários e da forma institucional que assumem na esfera pública, há um 
problema. Segundo a autora, o feminismo ajuda a compreender esse problema contestando as 
noções autonomizadas da política, ao expor suas conexões com dinâmicas sociais nas quais se 
estabelecem as desigualdades e as assimetrias no exercício de influência e no exercício mais direto 
do poder político. 
Segundo Birolli (2018), a divisão sexual do trabalho não é tratada como tema para a 
democracia e é reduzida ao universo das preocupações de gênero ou das mulheres. Entretanto, ela 
é organizadora do acesso aos recursos fundamentais para a autonomia e participação em diferentes 
dimensões da vida pública, como também para o acesso a recursos e reconhecimento. 
Deste modo, […] a divisão sexual do trabalho doméstico incide nas possibilidades de 
participação política das mulheres porque corresponde à alocação desigual de recursos 
fundamentais para essa participação, em
especial o tempo livre e a renda ( Biroli, 2018, p. 23). 
Portanto, para a autora, a divisão sexual do trabalho não pode ser explicada no âmbito da 
individualidade ou através das escolhas voluntárias dos indivíduos. Ela pode ser compreendida 
 
 
 
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como estruturante de identidades e alternativas. Desta forma, é ativada pelas instituições, pelas 
políticas públicas ou pela ausência dessas políticas, e pelas formas simbólicas de afirmação do 
feminino e do masculino em outras dimensões das relações de gênero. 
De acordo com Biroli e Miguel (2014), um dos exemplos dessa ausência de políticas 
públicas é a falta de creches e de políticas adequadas para a conciliação entre a rotina de trabalho 
e o cuidado com os filhos pequenos, que penaliza muito mais as mulheres do que os homens, em 
sociedades nas quais a divisão dos papéis está atrelada a compreensões convencionais do feminino 
e do masculino. 
 
A política, o sistema jurídico, a religião, a vida intelectual e artística, são 
construções de uma cultura predominantemente masculina. O movimento 
feminista atual refuta a ideologia que legitima a diferenciação de papéis, 
reivindicando a igualdade em todos a níveis, seja no mundo externo, seja no 
âmbito doméstico. Revela que esta ideologia encobre na realidade uma relação 
de poder entre os sexos, e que a diferenciação de papéis baseia-se mais em 
critérios sociais do que biológicos. Como afirma Simone de Beauvoir, “não se 
nasce mulher, torna-se mulher”. O “masculino” e o “feminino” são criações 
culturais e, como tal são comportamentos apreendidos através do processo de 
socialização que condiciona diferentemente os sexos para cumprirem funções 
sociais específicas e diversas. Essa aprendizagem é um processo social. 
Aprendemos a ser homens e mulheres e a aceitar como “naturais” as relações de 
poder entre os sexos (Moreira e Pitanguy, p. 55, 1981). 
 
De acordo com as autoras, a luta contra a discriminação entre os gêneros implica na 
recriação de uma identidade própria, que supere as hierarquias do forte e do fraco, do ativo e do 
passivo, e em que as diferenças entre os sexos seja de complementariedade e não de dominação. 
No campo da política, o Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária, 
considera que os partidos políticos, movimentos políticos e candidaturas independentes, devem 
estabelecer condições em suas três dimensões: organizacional, eleitoral e programática, bem como 
financeira, para que o entorno político deixe de ser o problema do empoderamento político das 
mulheres e passe a ser a plataforma que o impulsione e defenda. 
 
 
 
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Ainda de acordo com o art. 13 do Marco Normativo para Consolidar a Democracia 
Paritária, 
o poder legislativo através de suas funções representativa, legislativa e de 
controle constitui-se em um ator chave para o desenvolvimento da Democracia 
Paritária. Os poderes legislativos adotarão medidas tendentes a propiciá-la, tais 
como: a. A criação de uma Comissão para a Igualdade de Gênero e o 
Empoderamento das Mulheres, com igual estrutura, funções, competências e 
recursos próprios que outras comissões, orientada a promover projetos 
legislativos com perspectiva de gênero e que impulse o efetivo cumprimento da 
Democracia Paritária em todo o parlamento. b. A representação paritária da 
assembleia legislativa, das presidências das comissões legislativas, como ao 
interior delas. c. A formação de uma “bancada de mulheres” interpartidária ( 
Parlatino, ONU Mulheres, 2018, p. 38). 
 
A maioria das assembleias legislativas dos estados brasileiros tem adotado essas medidas 
estabelecidas no art. 13 do Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária, 
infelizmente, como se pode ver no quadro 1, a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás não 
conta ainda com uma Comissão para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres, nem 
com uma bancada de mulheres interpartidária. 
Quadro 1. Ações para combater a desigualdade de gênero nas Assembleias Legislativas Estaduais. 
ASSEMBLEIAS 
LEGISLATIVAS 
AÇÕES PARA COMBATER A DESIGUALDADE DE GÊNERO 
Assembleia Legislativa 
do Acre 
----------- 
Assembleia Legislativa 
de Alagoas 
------------ 
Assembleia Legislativa 
do Amapá 
Comissão de direitos da pessoa humana, questões de gênero, assuntos indígenas, da 
mulher, do idoso, do afro-brasileiro da cidadania e defesa do consumidor - cdh. 
Procuradoria da mulher resolução 
Nº 0197, de 27 de fevereiro de 2018 
Assembleia Legislativa 
do Amazonas 
Comissão da mulher, das famílias e do idoso 
Assembleia Legislativa 
da Bahia 
Comissão dos direitos da mulher; curso Gênero e Atuação Legislativa em parceria com 
a Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados (2014). 
Assembleia Legislativa 
do Ceará 
 
Procuradoria Especial da Mulher; Frente Parlamentar do Direito da Mulher (Durante o 
ano de 2014 as deputadas da Frente realizaram uma série de visitas desde Delegacias de 
Defesa a Mulher, passando pelo Presídio Feminino Auri Moura Costa, a Hospitais de 
 
 
 
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ASSEMBLEIAS 
LEGISLATIVAS 
AÇÕES PARA COMBATER A DESIGUALDADE DE GÊNERO 
atendimento a Mulher). A frente tem realizado audiências públicas e firmado convênios 
pela defesa dos direitos da mulher. 
Assembleia Legislativa 
do Espírito Santo 
Procuradoria Especial da Mulher; 
Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Mulher Vítima de Violência Doméstica 
e Familiar. 
Assembleia Legislativa 
de Goiás 
----------- 
Assembleia Legislativa 
do Maranhão 
Procuradoria da Mulher; Creche Escola Sementinha. 
Assembleia Legislativa 
do Mato Grosso 
---------- 
Assembleia Legislativa 
de Mato Grosso do Sul 
Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e Combate à Violência Doméstica e 
Familiar 
Assembleia Legislativa 
de Minas Gerais 
Comissão de defesa dos direitos da mulher; 
Atividades da Escola do Legislativo: 
2015- Ciclo de Debates Reforma Política, Igualdade de Gênero e Participação: O que 
querem as mulheres de Minas; 2016 - Ciclo de Debates Dia Internacional da Mulher – 
Mulheres contra a Violência: Autonomia, Reconhecimento e Participação; 2017- Ciclo 
de Debates Pela Vida das Mulheres: Educação, Enfrentamento do Machismo e Garantia 
de Direitos. 
2018 -Programa de formação política para mulheres (Ciclo de Palestras e Debates 
Mulheres na política: história, lutas, conquistas e perspectivas (atividade presencial) é 
aberto a interessadas e interessados na participação da mulher na política). 
Assembleia Legislativa 
da Paraíba 
Comissão dos direitos da mulher; escola infantil (serviços aos filhos dos servidores do 
Poder Legislativo e da comunidade em geral). 
Assembleia Legislativa 
do Pará 
Núcleo Educacional Engenheiro Waldemar Chagas (Escola Creche). 
Assembleia Legislativa 
do Paraná 
Comissão de Defesa dos Diretos da Mulher; Frente Parlamentar dos homens pelo fim 
da violência contra as mulheres 
Assembleia Legislativa 
de Pernambuco 
Comissão Defesa dos Direitos da Mulher (A Comissão de Defesa dos Direitos da 
Mulher firmou parceria com o Núcleo de Apoio à Mulher do Ministério Público de 
Pernambuco para divulgar as ações do NAM/MPPE e realizar ações conjuntas). 
Assembleia Legislativa 
do Piauí 
Comissão Defesa dos Direitos da Mulher 
Assembleia Legislativa 
do Rio de Janeiro
Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher 
Assembleia Legislativa 
do Rio Grande do Norte 
Frente Parlamentar da Mulher 
Assembleia Legislativa 
do Rio Grande do Sul 
Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres; Frente 
Parlamentar de Apoio, Fiscalização e Divulgação dos Direitos e Políticas Públicas para 
as Mulheres. 
Assembleia Legislativa 
de Rondônia 
Comissão de Defesa da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso. 
Assembleia Legislativa 
de Roraima 
Comissão de Defesa dos Direitos da Família, da Mulher, da Criança, do Adolescente e 
de Ação Social; Procuradoria Especial da Mulher; Chame - Centro Humanitário de 
Apoio à Mulher e o Observatório da Mulher. 
Assembleia Legislativa 
de Santa Catarina 
Bancada Feminina 
 
 
 
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ASSEMBLEIAS 
LEGISLATIVAS 
AÇÕES PARA COMBATER A DESIGUALDADE DE GÊNERO 
Assembleia Legislativa 
de São Paulo 
Comissão de Defesa e dos Direitos das Mulheres 
Frente Parlamentar em Defesa da Mulher 
Assembleia Legislativa 
de Sergipe 
Procuradoria Especial da Mulher 
Assembleia Legislativa 
do Tocantins 
Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Mulher 
Câmara Legislativa do 
Distrito Federal 
Procuradoria Especial da Mulher; Seminário mais mulheres na política 
 
De acordo com os pesquisadores Milena Alves Costa e Herberth Duarte dos Santos em 
“Participação Feminina no Legislativo Estadual após a Constituição Cidadã: análise quantitativa 
e comparativa das eleições para Deputado Estadual, em Goiás e no Brasil, de 1990 a 2018”, o 
melhor estado, e que está na liderança do IPFLE - Índice de Participação Feminina no Legislativo 
Estadual nas últimas três eleições consecutivas, é o Amapá, que tem conseguido ocupar, 
aproximadamente, um terço do seu parlamento com mulheres. O estado do Amapá, em 2018, 
preencheu 33,33% da sua Assembleia Legislativa com mulheres. Conforme a pesquisadora, o 
estado possui o melhor histórico de eleições de mulheres para o legislativo estadual depois do 
estabelecimento de cotas para as candidaturas femininas em 2009, com 29,17% em 2010, 33,33% 
em 2014 e, novamente 33,33% em 2018. 
Embora a Comissão de Direitos da Pessoa Humana, Questões de Gênero, Assuntos 
Indígenas, da Mulher, do Idoso, do Afro-brasileiro, da Cidadania e Defesa do Consumidor tenha 
sido instituída pela Portaria nº 1295/17 AL DOAL nº 406, em 21 de dezembro de 2017, e a 
Procuradoria da Mulher em 27 de fevereiro de 2018 pela Resolução nº 0197, a Assembleia 
Legislativa do Amapá ao longo de suas legislaturas tem feito diversas atividades e iniciativas de 
projetos de leis para atender as demandas das mulheres no referido estado, como a Lei nº 1233, de 
11 de 11 de junho de 2008, de autoria da Deputada Francisca Favacho, criando o Centro de 
Atendimento Integral e Multidisciplinar para Mulheres e Respectivos Descendentes em Situação 
de Violência Doméstica e Familiar. 
Destacamos, também, o estado de Roraima que obteve o segundo lugar no IPFLE com 25% 
de cadeiras femininas na Assembleia Legislativa de Roraima. Observamos que a Assembleia 
Legislativa de Roraima conta com a Comissão de Defesa dos Direitos da Família, da Mulher, da 
Criança, do Adolescente e de Ação Social, e com a Procuradoria Especial da Mulher. A 
Assembleia Legislativa de Roraima conta também com o CHAME - Centro Humanitário de Apoio 
 
 
 
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à Mulher, desde o ano de 2009, atendendo mais de 14 mil mulheres em Roraima, com serviço de 
atendimento psicossocial e ações de prevenção, audiências de conciliação bimestrais pela Vara da 
Justiça Itinerante e Defensoria Pública. Inclusive, o Chame foi premiado no ano de 2018 com o 
Prêmio Dr. Pinotti – Hospital Amigo da Mulher, promovido pela Câmara dos Deputados. 
O Chame desenvolve vários projetos como o Papo Reto, que trabalha o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (ECA) combinado, com a Lei Maria da Penha, para que crianças e adolescentes 
sejam educados para o respeito integral à mulher e preparados para a não-violência. 
Embora não possamos afirmar que há uma correlação entre as atividades desenvolvidas 
pela Comissão de Defesa dos Direitos da Família, da Mulher, da Criança, do Adolescente e de 
Ação Social e Procuradoria Especial da Mulher com o bom desempenho do estado de Roraima no 
IPFLE, certamente elas contribuem para o reconhecimento das questões que envolvem as 
mulheres. 
Outras iniciativas interessantes que destacamos são as da Assembleia Legislativa de Minas 
Gerais que, além de contar com a Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres, realizam 
atividades na Escola do Legislativo voltadas para servidores e a comunidade em geral como o 
Ciclo de Debates Reforma Política, Igualdade de Gênero e Participação: O que querem as mulheres 
de Minas (2015), o Ciclo de Debates Dia Internacional da Mulher – Mulheres contra a Violência: 
Autonomia, Reconhecimento e Participação (2016), o Ciclo de Debates Pela Vida das Mulheres: 
Educação, Enfrentamento do Machismo e Garantia de Direitos (2017) e o Programa de Formação 
Política para Mulheres - Ciclo de Palestras e Debates Mulheres na política: história, lutas, 
conquistas e perspectivas (2018). Embora Minas Gerais tenha preenchido 12,99% das cadeiras 
femininas, o seu desempenho foi melhor do que em 2014 que obteve apenas 6,49% dessas cadeiras. 
De acordo com Araújo e Alves (2007), 
 
[…] a interação entre diferentes ordens de fatores influencia o quadro 
atual da representação política das mulheres no país. Desse modo, as 
hipóteses que sustentam este estudo são as de que o aumento da 
participação parlamentar feminina no Brasil não está diretamente 
associado ao grau de desenvolvimento socioeconômico das regiões 
e unidades da federação–UFs; que variáveis institucionais ligadas ao 
 
 
 
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sistema eleitoral influenciam e interferem nas chances de acesso das 
mulheres aos cargos legislativos; e, finalmente, que o entendimento 
do resultado da política de cotas no Brasil passa pela compreensão 
das características da legislação e de sua interação com esses outros 
fatores multicausais, que possuem impactos indiretos sobre as cotas. 
(Araújo e Alves, 2007, p. 537). 
 
Desse modo, ao analisar o desempenho das mulheres nas eleições deve se considerar os 
diferentes fatores que influenciam as candidaturas femininas no processo eleitoral. Dentre esses 
fatores, citamos acima o sistema partidário que apesar de algumas mudanças, como a instituição 
das cotas para a candidatura feminina em 1997, só recentemente, em 2018, teve garantida a 
destinação de 30% do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para 
essas candidaturas. 
Além disso, destacamos a importância dos poderes legislativos para o desenvolvimento da 
democracia paritária, estabelecendo medidas tendentes a propiciá-la, tais como, a criação de uma 
Comissão para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, a representação paritária 
da assembleia legislativa, das presidências das comissões legislativas, e interior delas e a formação 
de uma “bancada de mulheres” interpartidária. 
 
 
2. Referências Bibliográficas 
 
ALVES, Branca Moreira, Pitanguy, Jacqueline. O que é feminismo. Abril/ Brasiliense, 1981. 
ARAÚJO, Clara, Alves, José Eustáquio Diniz. Impactos de Indicadores Sociais e do Sistema 
Eleitoral
sobre as Chances das Mulheres nas Eleições e suas Interações com as Cotas. DADOS–
Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol.50, n.3, 2007, pp.535 a 577. 
ARAÚJO, Clara. Partidos Políticos e Gênero: Mediações nas Rotas de Ingresso das Mulheres na 
Representação Política. Revista Sociologia Política, Curitiba, 24, p. 193-215, jun. 2005. 
BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades: os limites da democracia no Brasil. São Paulo: 
Boitempo, 2018. 
BIROLI, Flávia, Miguel, Luis Felipe. Feminismo e Política: uma introdução. São Paulo: 
Boitempo, 2014. 
 
 
 
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COSTA, Milena Alves, SANTOS, Herberth Duarte dos. Participação Feminina no Legislativo 
Estadual após a Constituição Cidadã: análise quantitativa e comparativa das eleições para 
Deputado Estadual, em Goiás e no Brasil, de 1990 a 2018. Disponível em 
https://portal.al.go.leg.br/arquivos/asstematico/75.pdf. 
LOVENDUSKI, Joni.,“The Dynamics of Genderand Party Politics”, in: P.Norrise J. Lovenduski 
(orgs.), Gender and Party Politics. London, Sage. 1993. 
NORRIS, Pippa e INGLEHART, R. Gender Equality and Cultural Change around the World. 
Cambridge, Cambridge University Press. 2003. 
ONU Mulheres lança iniciativa para reformar leis discriminatórias. ONU News, 2017. Disponível 
em <https://news.un.org/pt/story/2017/02/1577481-onu-mulheres-lanca-iniciativa-para-reformar-
leis-discriminatorias> Acesso em 1 de março de 2019. 
PARLATINO, Onu Mulheres. Marco Normativo para Consolidar a Democracia Paritária. 2018. 
SANCHEZ, Beatriz Rodrigues. Partidos encontram maneiras de burlar lei de cotas femininas. 
Jornal da USP, 2018. Disponível em < https://jornal.usp.br/atualidades/partidos-encontram-
maneiras-de-burlar-lei-de-cotas-femininas/>. Acesso em 21 de fevereiro de 2019.

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