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1 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 Tutoria 1 – CONSCIÊNCIA E COMA 1. FORMAÇÃO RETICULAR: - Uma agregação difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes. - A formação reticular é uma rede de neurônios de longo alcance que se estende da medula espinhal ao tálamo. - Ocupa uma área muito grande do tronco encefálico, preenchendo todo o espaço que não é preenchido pelos tratos, fascículos e núcleos. - A formação reticular apresenta sensação aferente das vias espinotalâmica (sensação de temperatura, toque e dor finos) e lemnisco medular da coluna dorsal (propriocepção, sensação de vibração e posição e toque bruto). Modifica as informações do trato vestibular, auxiliando na regulação do tônus muscular antigravidade em pé. - A formação reticular é o principal regulador da excitação e da consciência. As fibras eferentes da formação reticular podem transmitir informações sensoriais ao córtex de um indivíduo adormecido, o que despertaria essa pessoa. - No entanto, lesões em áreas da formação reticular também podem resultar em períodos de inconsciência. No estado patológico, diz-se que o paciente está em coma. a) Núcleos da formação reticular: - Núcleos da rafe: trata-se de um conjunto de oito núcleos. Se dispõem em toda a extensão do tronco encefálico. Os núcleos da rafe contêm neurônios ricos em serotonina. - Locus ceruleus: situado abaixo da área de mesmo nome. Apresenta células rica em noradrenalina. - Substância cinzenta periaquedutal: é a substância cinzenta que circunda o arqueduto cerebral. Importante na regulação da dor. - Área tegmentar ventral: está na parte ventral do tegmento do mesencéfalo. Contém neurônios ricos em dopamina. b) Conexões da formação reticular: - Conexões com o cérebro – via talâmica ou extra talâmica. - Conexões com o diencéfalo - Conexões com o cerebelo – nos dois sentidos (envia e recebe informações). - Conexões com a medula. - Conexões com os núcleos dos nervos cranianos. c) Funções da formação reticular: CONTROLE DA ATIVIDADE ELÉTRICA CORTICAL: >> Reconhece-se na formação reticular um sistema de células atuando em sentido ascendente, através do diencéfalo, sobre a córtex cerebral, ao passo que as vias descendentes influenciam os sistemas sensitivivo- motores da medula espinhal. >> As distintas vias sensoriais dirigem, portanto, seus impulsos desde os órgãos sensoriais a córtex, também através da formação reticular. >> O sistema ativador reticular ascendente (SARA) intervém na regulação do estado de vigilância. Isso significa que as percepções apenas se tornam conscientes quando a córtex é estimulada por impulsos contínuos procedentes da formação reticular. >> A atividade elétrica do córtex cerebral é regulada basicamente pelo sistema reticular, por isso, a origem do termo SARA (sistema ativador reticular ascendente). >> Os traçados elétricos que se obtém de um indivíduo dormindo (traçados de sono) são muito diferentes dos obtidos de um indivíduo acordado (traçados de vigília). >> A formação reticular, quando submetida a estímulos sensoriais faz com que os indivíduos acordem. Um exemplo, é o estimulo auditivo. Entretanto isso não se deve a tradução do um impulso auditivo na área auditiva do córtex e sim, da ativação do córtex pelo SARA, que também, é estimulado por fibras sensitivas. 2 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 Obs. Quando se tem uma lesão na via reticular, os estimulado auditivos chegam ao córtex, porém não por meio do SARA, logo, essa pessoa não acorda com o barulho. Entretanto, uma lesão da via auditiva faz com que o paciente acorde com o ruído, mesmo que esse não consiga ouvi-lo. >> O SARA provoca o acordar, mas não se tem explicações suficiente de como ele provoca o adormecimento. CONTROLE EFERENTE DA SENSIBILIDADE E DOR: >> Atenção seletiva – (adaptação), como um cheiro de um perfume, o barulho do ventilador e etc. >> De grande importância clínica: algumas fibras reticulares, chamadas de via de analgesia, inibem a penetração de impulsos dolorosos no SNC. >> Estudos mostraram que a estimulação da substância cinzenta periaquedutal e do núcleo magno da rafe gerava uma analgesia tão acentuada que permitiria a realização de cirurgias invasivas sem a necessidade de anestesia. (Esta analgesia depende de uma via que liga a substância cinzenta periaquedutal ao núcleo magno da rafe, de onde partem fibras serotoninérgicas). CONTROLE DA MOTRICIDADE SOMÁTICA E POSTURA: >> Tratos reticuloespinhais, pontinho e bulbar – manutenção da postura, motricidade axial e proximal. CONTROLE DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: >> O sistema reticular age como elo entre as conexões do sistema límbico e hipotálamo. CONTROLE NEUROENDÓCRINO: >> Liberação de ACTH (hormônio adenocorticórticotrofico) de hormônio antidiurético. INTEGRAÇÃO DE REFLEXOS: • Controle da respiração: >> Na formação reticular do bulbo encontra-se os centros respiratórios – que apresentam uma parte dorsal (inspiração) e uma parte ventral (expiração). >> Desse centro respiratório saem fibra reticulo-espinhais que fazem sinapse na medula (cervical e torácica). >> Os neurônios da medula cervical, dá origem as fibras que controlam o diafragma e a parte torácica da origem as fibras que irrigam os músculos intercostais de acordo com os movimentos respiratórios. • Controle vasomotor: >> Na formação reticular do bulbo, o centro vasomotor coordena os mecanismos que regulam o calibre vascular (PA) e ritmo cardíaco. >> Desse centro saem fibras para o núcleo dorsal do vago, resultando impulsos parassimpáticos. Saem também fibras retículo-espinhais para os neurônios da coluna lateral, resultando impulsos simpáticos. 2. SISTEMA MODULATÓRIO DE PROJEÇÃO DIFUSA: - As monoaminas desempenham funções regulatórias e de excitabilidade de sistemas neuronais no encéfalo. - Os neurônios monoaminérgicos se distribuem por quase todo o sistema nervoso central e por isso são denominados de neurônios de projeção difusa. a) Via Serotoninérgica: • Localiza-se na formação reticular do bulbo ao mesencéfalo (núcleos da rafe). • Participa da regulação do ciclo sono e vigília, de comportamentos motivacionais e emocionais. Também, do controle afetivo, digestão, termorregulação, comportamento sexual. b) Via Noradrenérgica: • Localizada na formação reticular do bulbo e ponte (no núcleo locus ceruleus – situado no IV ventrículo). • Regulação do alerta, atenção seletiva e vígilia. Também envolvido, no aprendizado, memória, regulação do humor e da ansiedade. 3 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 • Encontra-se menos ativo nas atividades calmas, como durante o repouso e as refeições. c) Via Adrenérgica: • Encontra-se misturado aos noradrenérgicos do bulbo. • Modula a atividade vasomotora por meio do sistema simpático. Junto com o hipotálamo, participa do controle cardiovascular. d) Via Dopaminérgica: • Localiza-se no mesencéfalo. • Envolvida em atividades de controle da atividade motora, integrante do sistema de recompensa e prazer do cérebro. • Hipótese dopaminérgica da esquizofrenia: os sintomas psíquicos observados nessa doença resultariam de alterações na transmissão de dopamina para o sistema límbico e o córtex pré-frontal. e) Via Histaminérgica: • Localiza-se no núcleo tuberomamilar do hipotálamo. • SARA – parte responsável pela vigília: histamina + serotonina + noradrenalina. • Medicamentos anti-histamínicos causam sono como efeito colateral. f) Via Colinérgica: • Duas localizações: Núcleo pedúnculo-pontino (formação reticular da junção ponte mesencéfalo) → responsável pelo sono REM e pela atonia muscular durante este sono. Núcleo basal de Meynert (prosencéfalo basal) → componentedo sistema ativador ascendente. g) Psicofarmacologia: • Fluoxetina: inibidor da captação de serotonina – usado como antidepressivo. • Alucinógenos (LSD): atuam sobre o sistema serotoninérgico – aumento da percepção sensorial e alucinações múltiplas. • Estimulantes (cocaína e anfetaminas): atuam sobre os sistemas noradrenérgicos e dopaminérgico. 3. COMA E CONSCIÊNCIA: a) Consciência: CONCEITO: define-se consciência como um perfeito conhecimento de si próprio e do ambiente. • Estados alterados de consciência são comuns na prática clínica, têm uma grande quantidade de etiologias (causas), sendo, portanto, um diagnóstico sindrômico (identifica uma síndrome), e não etiológico. • No entanto, independentemente da etiologia, a presença de alteração de consciência é sempre indicativa de gravidade, pois traduz uma falência dos mecanismos de manutenção da consciência. ESTRUTURAS: • A consciência depende de projeções do SARA para todo o córtex. Logo, a consciência relaciona-se basicamente à função do córtex cerebral, das chamadas funções nervosas superiores, sendo afetado por lesões restritas a essas estruturas. FISIOPATOLOGIA: a tenda do cerebelo é utilizada como divisor parar encontrar as alterações de consciência: • Encefalopatias focais supratemporais: lesões no córtex cerebral, diencéfalo e telencéfalo. Exemplo a hemorragia cerebral, hemorragia intraventricular, infarto cerebral, infecções, hidrocefalia, tumores. • Encefalopatias focais infratentorial: lesões no tronco encefálico e cerebelo. hematoma subdural e extradural, oclusão da basilar, aneurisma da artéria basilar, malformações arteriovenosas. 4 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 ETIOLOGIA: • Trauma cranioencefálico • Causas vasculares → AVC isquêmico ou hemorrágico, hidrocefalia, trombose. • Infecções → sepse grave, meningites, encefalites. • Causa epiléptica • Causas metabólicas, endócrinas ou sistêmicas → hipo/hiperglicemia, hipercalcemia, insuficiência adrenal • Intoxicação aguda → álcoois, anticonvulsivantes, antidepressivos, LSD, opioides (morfina), cocaína. CLASSIFICAÇÃO/ TIPOS DE CONSCIÊNCIA: • Vigil = estado de consciência normal. • Rebaixamento (três níveis): ✓ Confusão mental (obnubilação): grau leve ou moderado. O paciente apresenta uma fala monótona, esta desorientado no tempo e espaço, tem dificuldade de compreensão e raciocínio e pode apresenta- se levemente sonolento. ✓ Estupor: nesse caso a sonolência é marcante e o paciente perde a fala. Podendo ser despertado por estímulos forte ou dolorosos. ✓ Coma: é o grau mais profundo do rebaixamento da consciência, onde não é possível qualquer atividade consciente e voluntária e nenhum estímulo é capaz de evocar uma resposta. ✓ Delirium: rebaixamento de consciência + alucinações e delírios. b) Coma: CONCEITO: estado de inconsciência, com incapacidade de abrir os olhos mesmo diante de estímulo, a ausência de resposta motora e a falta de uma resposta verbal. FISIOPATOLOGIA: doenças que provocam o coma atingem o sistema reticular ascendente (SARA) e o córtex cerebral (a maior parte dos hemisférios cerebrais necessita ser lesado para haver coma, pois lesões restritivas podem causar distúrbios cognitivos ou diminuição do nível de consciência). CLASSIFICAÇÕES DO COMA: • Coma estrutural: causada por traumatismo ou AVC que provoca alteração física no tecido do cérebro. • Coma não estrutural: originado por falhas metabólicas, geradas pelo excesso ou falta de uma substância. • Coma induzido: procedimento médico reversível, realizado com uso de medicamentos para cirurgias de grande complexidade, pacientes com hipertensão intracraniana e epilepsia. ESTADO VEGETATIVO (SÍNDROME DE VIGÍLIA ARRESPONSIVA): o indivíduo volta ao estado de alerta, mas não interage com o ambiente. O cérebro mantém suas funções automáticas, porém sem nenhuma atividade voluntária. MORTE ENCEFÁLICA: situação irreversível do coma com ausência de funções encefálicas. ABORDAGEM DO PACIENTE COM COMA: • ANAMNESE: Primeira anamnese com as testemunhas, pessoas que estavam no local ou que acompanhavam o paciente. Com isso, vamos observar: ✓ Início abrupto: AVE, convulsão, evento cardíaco, envenenamento. ✓ Processo gradual: infecção, distúrbio metabólico, massa em expansão. • AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA: ✓ Sinais vitais e glicemia capilar. ✓ Temperatura – (elevada: infecções e intoxicações por fármaco); (baixa: exposição ambiental e hipertireoidismo). ✓ Pressão arterial – (hipotensão: choque hipovolêmico); (hipertensão: intoxicação ou HIC). • AVALIAÇÃO DO PADRÃO RESPIRATÓRIO: ✓ Ritmo De Kussmaul – acidose metabólica grave. ✓ Ritmo de Cheyne-Stokes (incursões respiratórias seguidas de diminuição do ritmo e até apneia) – intoxicações e ins. cardíaca ou lesão do diencéfalo. 5 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 • EXAME FÍSICO COMPLETO: ✓ Despir paciente. ✓ Avaliar marca de agulhas e sinais de trauma. ✓ Inspecionar a cabeça – equimose periorbital, hematoma, otorreia. ✓ Laceração de língua – convulsão. ✓ Meningismo – infecção do SNC ✓ Aranha vascular, ascite, icterícia, hepatomegalia – causas hepáticas (encefalopatias hepáticas). • AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA: Avaliado pela “Escala de Coma de Glasgow – formulação 2018” ✓ A escala avalia três parâmetros: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. (+ reatividade pupilar com o novo modelo). ✓ Determina uma pontuação pela soma dos 3 critérios e a subtração da reatividade pupilar. A escala original foi atualizada com a inclusão da avaliação da reatividade pupilar, podendo agora variar de 01 a 15, diferentemente da original, que variava de 03 a 15. → Abertura Ocular: (4) Abertura Espontânea: abre os olhos sem a necessidade de estímulo externo. (3) Abertura ao som: abre os olhos a partir de estímulos verbais. (2) Abertura à pressão: paciente abre os olhos após estímulos/ as vezes dolorosos. (1) Abertura Ausente: não responde aos estímulos anteriores e os olhos permanecem fechados. → Resposta Verbal: (5) Resposta Verbal Orientada: orientado em tempo, espaço e pessoa. (4) Resposta Verbal Confusa: indivíduo consegue conversar, responde às perguntas de forma incorreta ou desorientada. (3) Palavras Inapropriadas: não consegue falar em frases, interage através de sons ou por vezes, com blasfêmias. (2) Sons ininteligíveis: resposta ausente, somente gemidos. (1) Ausente: não produz sons, após vários estímulos, inclusive dolorosos. → Resposta Motora: (6) Resposta Motora à Ordem: cumpre ordens de atividade motora (duas ações) como apertar a mão do profissional e colocar a língua para fora. (5) Resposta Motora Localizadora: Localiza e procura interromper fonte de estímulo doloroso. (4) Flexão normal: a mão não alcança a fonte do estímulo, mas há uma flexão rápida do braço ao nível do cotovelo e na direção externa ao corpo. (3) Flexão anormal: a mão não alcança a fonte do estímulo, mas há uma flexão lenta do braço na direção interna do corpo. (decorticação) (2) Extensão: há uma extensão do braço ao nível do cotovelo. (descerebração) (1) Resposta Motora Ausente: não há resposta motora mesmo perante a estímulos dolorosos. → Resposta Pupilar (Atualização 2018): (-2) Inexistente: nenhuma pupila reage ao estímulo de luz (-1) Parcial: apenas uma pupila reage ao estímulo de luz. (0) Completa: as duas pupilas reagem ao estímulo de luz. Significado dos termos: 6 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 ▪ Decortificação: os braços estão dobrado para dentro em direção ao corpo e os punhos mantidos sobre o peito. Danos no trajeto entre o cérebro e a medula espinhal (tronco encefálico). ▪ Descerebração:braços e pernas esticadas e braços e dedos para fora. Indica lesão grave no cérebro. Após a soma dos pontos, o médico avaliará como a pupila reage a estímulos luminosos. Se ambas as pupilas reagirem à luz, a soma da escala se mantém. Se apenas uma pupila reagir, subtrai-se um ponto da escala. Caso nenhuma das pupilas reaja, dois pontos são subtraídos da somatória RESULTADO: • Lesão leve: entre 13 e 15. • Lesão moderada: entre 9 e 12. • Lesão grave: entre 3 e 8 (precisa de intubação orotraqueal). • AVALIAÇÃO DAS PUPILAS E FUNDO DE OLHO: Exame de Fundo de Olho (oftalmoscópio): ✓ Papiledema (sugere PIC elevada) ✓ Hemorragias sub-hialoides (sugestivas de hemorragia subaracnóidea). Avaliação das Pupilas: 1° - Reflexos do tronco encefálico: ✓ Reflexo fotomotor/ pupilar: é uma reação de adaptação à luz. Quando um olho é exposto à luz, ocorre constrição das pupilas dos dois olhos (miose). A constrição da pupila do próprio olho estimulado é chamada resposta direta. A constrição da pupila do outro olho é chamada resposta consensual. ✓ Reflexo óculo-cefálico: movimentar a cabeça para o lado direito e esquerdo, assim como, flexão e extensão da cabeça. Normalmente, os olhos realizam movimento no sentido contrário ao do movimento da cabeça, já em caso de lesões os olhos se movimento no sentido do movimento feito, sinalizando uma lesão no tronco cerebral. ✓ Reflexo óculo-vestibular (prova calórica): água gelada injetada no conduto auditivo externo, no indivíduo em coma ocorre desvio dos olhos para o lado estimulado (normalmente água gelada provoca o desvio dos olhos para baixo). ✓ Reflexo corneano-palpebral: o leve toque da córnea com uma mecha de algodão provoca um piscar bilateral. 7 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 2° - Avaliação da forma da pupila: • RESPOSTAS MOTORAS: ✓ Hemiparesia contralateral – lesão supratentorial. ✓ Hemiparesia ipsilateral – lesão do tronco cerebral. ✓ Rotação externa de membro inferior – hemiparesia. ✓ Descerebração – lesão bilateral mesencefálica ou pontinha. ✓ Decorticação – lesões acima de tronco encefálico. 4. EFEITOS DO ÁLCOOL NO SISTEMA NERVOSO: • O fígado leva, em média, uma hora para processar uma dose de bebida, mas esse tempo pode variar de acordo com o peso, a altura, o físico e o gênero, a velocidade com que a pessoa consumiu a bebida. Por exemplo, se comer antes de beber reduz em até três vezes a velocidade de absorção. Com isso, alguns órgãos, como o cérebro, o coração, o estômago e os rins, são afetados. • Logo que chega ao cérebro, poucos minutos depois de ser ingerido, em qualquer quantidade, o álcool começa a agir sobre os neurotransmissores, especialmente sobre dois, bastante importantes para o comportamento humano: o ácido gama- aminobutírico (Gaba) e a serotonina. • O etanol aumenta os efeitos do Gaba, um neurotransmissor inibitório, o que causa os movimentos lentos e a fala enrolada que frequentemente se observam em pessoas alcoolizadas. • Ao mesmo tempo, inibe o neurotransmissor excitatório glutamato, suprimindo seus efeitos estimulantes e levando a um tipo de controle da ansiedade. Ou seja, a inibição da produção de glutamato, deixa as pessoas mais relaxadas e com capacidade de interagir melhor com grupos. • Quase ao mesmo tempo o álcool também aumenta a liberação de serotonina, neurotransmissor que serve para regular o prazer e o humor. Com mais serotonina, que é considerado o hormônio a felicidade, mais euforia – e, em alguns casos, atitudes que podem resultar em atos violentos. Pupila Estímulo Luminoso Local da lesão Mióticas (pupilas pequenas) fotorreagentes Diencéfalo Anisocoria (constrição pupilar ipsilateral) fotorreagentes Hipotálamo (Síndrome de Horner) Diâmetro médio e fixas Mesencéfalo Puntiformes (ponto) fotorreagentes Ponte Anisocoria paralítica (uma pupila midriática) Lesão do III nervo bilateralmente Midríase com hippus (flutuação do tamanho pupilar) Não reativa Teto do mesencéfalo Midríase paralítica (dois olhos) Morte encefálica ou medicamentos 8 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 Problema 1 – Falta de consciência: T.V.R., 25 anos, morador da zona rural, sofreu queda do cavalo voltando alcoolizado de uma vaquejada. Foi atendido pelo SAMU, que realizou os procedimentos iniciais e o transferiu, imediatamente, para o Hospital Geral de Guanambi. Deu entrada no hospital, inconsciente, foi avaliado pelo neurologista e encaminhado ao serviço de imagem. AO EXAME: Abertura ocular à dor. Ausência de resposta verbal, resposta motora com descorticação à direita e descebração à esquerda (escala de Glasgow de 6). Ritmo respiratório alternando hiperventilação com períodos de apneia. Pupilas anisocóricas 6mm( - ) 2mm(+), Reflexo Oculocefálico -ROC- lento (débil) (ROC = + -). Provas calóricas evidenciando apenas desvio tônico dos olhos à direita. ESCALA DE COMA GLASGOW: Resposta ocular: (2) abertura ocular a dor/ pressão Resposta verbal: (1) ausência de resposta verbal Resposta motora: (3) descorticação (considerando a melhor). RITMO RESPIRATÓRIO: Ritmo de Cheyne-Stokes: ritmo respiratório alternado com hiperventilação e períodos de apneia. PUPILAS: Anisocóricas (midríase de 6mm e miose de 2mm). Reflexo óculo-cefálico: movimentar a cabeça para o lado direito e esquerdo, assim como, flexão e extensão da cabeça. (nesse caso o ROC está debilitado apenas de um lado). Reflexo óculo-vestibular/ prova calórica: água gelada injetada no conduto auditivo externo, no indivíduo em coma ocorre desvio dos olhos para o lado estimulado (normalmente água gelada provoca o desvio dos olhos para baixo) – no caso desvio dos olhos para à direita.
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