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Material complementar_Interesses ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
CENTRO DE ENGENHARIAS 
ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 
Disciplina: Direito Ambiental 
Profª.: Tirzah Moreira Siqueira 
 
LEITURA COMPLEMENTAR: AULA 1 
 
 
Um importante conceito apresentado na Aula 1 refere-se aos tipos de interesses ou direitos 
(interesses e direitos são sinônimos) que podem ser, resumidamente, como apresentados no quadro 
abaixo, que discorre sobre as diferenças entre os tipos de interesses e direitos, lembrando que o 
direito ambiental trata do que chamamos de interesses difusos. 
 
Abaixo, segue na íntegra um artigo jurídico muito bom que trata desta diferenciação entre os tipos de 
interesses do direito. Cabe salientar que os três tipos de interesses apresentados no quadro acima são 
na verdade o que o artigo abaixo se refere a direitos (ou interesses) coletivos no sentido amplo. Da 
mesma forma, o termo “direitos coletivos” do quadro é o mesmo que “direitos coletivos em sentido 
estrito” do artigo abaixo. 
 
********************************************************************************* 
Direitos difusos, coletivos em sentido 
estrito e individuais homogêneos: conceito 
e diferenciação 
01/01/2014 
Resumo: Os direitos coletivos em sentido lato se classificam em direitos difusos, direitos coletivos 
em sentido estrito e direitos individuais homogêneos. A diferenciação entre esses direitos se dá 
dentre outros aspectos pela transindividualidade que pode ser real ou artificial, ampla ou restrita; 
pelos sujeitos titulares, determinados ou indeterminados; pela indivisibilidade ou divisibilidade do 
seu objeto; pela disponibilidade ou indisponibilidade do bem jurídico tutelado; e pelo vínculo a 
ensejar a demanda coletiva, jurídico ou de fato. 
Sumário: I considerações iniciais; II. Direitos coletivos em sentido amplo; II.1. Direitos difusos; 
II.2. Os direitos coletivos em sentido estrito; II.3. Os direitos individuais homogêneos; II.4. 
Diferenciação; III. Conclusões finais. IV. Referências bibliográficas. 
I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Os direitos coletivos em sentido lato se classificam em direitos difusos, direitos coletivos em sentido 
estrito e direitos individuais homogêneos. A diferenciação entre esses direitos se dá, dentre outros 
aspectos, pela transindividualidade, que pode ser real ou artificial, ampla ou restrita; pelos sujeitos 
titulares, determinados ou indeterminados; pela indivisibilidade ou divisibilidade do seu objeto; pela 
disponibilidade ou indisponibilidade do bem jurídico tutelado; e pelo vínculo a ensejar a demanda 
coletiva, jurídico ou de fato. 
II – DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO AMPLO 
II.1 – DIREITOS DIFUSOS 
A classificação e a diferenciação literal legal dos direitos coletivos em sentido amplo é dada pelo 
parágrafo único do artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe: 
A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
“I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, 
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias 
de fato; 
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, 
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou 
com a parte contrária por uma relação jurídica base; 
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem 
comum”. (grifou-se) 
Das três categorias de direitos transindividuais supramencionados, os direitos difusos são aqueles 
que possuem a mais ampla transindividualidade real. Além disso, têm como características a 
indeterminação dos sujeitos titulares – unidos por um vínculo meramente de fato -, a indivisibilidade 
ampla, a indisponibilidade, a intensa conflituosidade, a ressarcibilidade indireta – o quantum 
debeatur vai para um fundo[1]. 
São exemplos de direitos difusos a proteção da comunidade indígena, da criança e do adolescente, 
das pessoas portadoras de deficiência e: 
“a) o direito de todos não serem expostos à propaganda enganosa e abusiva veiculada pela televisão, 
rádio, jornais, revistas, painéis publicitários; b) a pretensão a um meio ambiente hígido, sadio e 
preservado para as presentes e futuras gerações; (…) e) o dano difuso gerado pela falsificação de 
produtos farmacêuticos por laboratórios químicos inescrupulosos; f) a destruição, pela famigerada 
indústria edilícia, do patrimônio artístico, estético, histórico turístico e paisagístico; g) a defesa do 
erário público; (…) j) o dano nefasto e incalculável de cláusulas abusivas inseridas em contratos 
padrões de massa; k) produtos com vícios de qualidade ou quantidade ou defeitos colocados no 
mercado de consumo;” (…)[2] 
Para Ada Pellegrini Grinover, a categoria dos direitos difusos: 
“(…) compreende interesses que não encontram apoio em uma relação base bem definida, 
reduzindo-se o vínculo entre as pessoas a fatores conjunturais ou extremamente genéricos, a dados 
de fato freqüentemente acidentais ou mutáveis: habitar a mesma região, consumir o mesmo produto, 
viver sob determinadas condições sócio-econômicas, sujeitar-se a determinados empreendimentos, 
etc.”[3] 
II.2 – OS DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO 
Os direitos coletivos em sentido estrito, por sua vez, têm como características a 
transindividualidade real restrita; a determinabilidade dos sujeitos titulares – grupo, categoria ou 
classe de pessoas – , unidos por uma relação jurídica-base; a divisibilidade externa e a divisibilidade 
interna; a disponibilidade coletiva e a indisponibilidade individual; a irrelevância de unanimidade 
social e a reparabilidade indireta[4]. 
São hipóteses que versam sobre direitos coletivos em sentido estrito: 
“a) aumento ilegal das prestações de um consórcio: o aumento não será mais ou menos ilegal para 
um ou outro consorciado. (…) Uma vez quantificada a ilegalidade (comum a todos), cada qual 
poderá individualizar o seu prejuízo, passando a ter, então, disponibilidade do seu direito. Eventual 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftn1
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftn2
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restituição caracterizaria proteção a interesses individuais homogêneos; b) os direitos dos alunos de 
certa escola de terem a mesma qualidade de ensino em determinado curso; c) o interesse que aglutina 
os proprietários de veículos automotores ou os contribuintes de certo imposto; d) a ilegalidade do 
aumento abusivo das mensalidades escolares, relativamente aos alunos já matriculados; e) o aumento 
abusivo das mensalidades de planos de saúde, relativamente aos contratantes que já firmaram 
contratos; (…) g) o dano causado a acionistas de uma mesma sociedade ou a membros de uma 
associação de classe (…); h) contribuintes de um mesmo tributo; prestamistas de um sistema 
habitacional; (…) i) moradores de um mesmo condomínio”.[5] 
II.3 – OS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS 
Os direitos individuais homogêneos, também chamados “direitos acidentalmente coletivos” por 
José Carlos Barbosa Moreira[6], são aqueles que decorrem de uma origem comum, possuem 
transindividualidade instrumental ou artificial, os seus titulares são pessoas determinadas e o seu 
objeto é divisível e admite reparabilidade direta, ou seja, fruição e recomposição individual[7]. 
O tratamento especial conferido aos direitos individuaishomogêneos tem razões pragmáticas, 
objetivando-se unir várias demandas individuais em uma única coletiva, por razões de facilitação do 
acesso à justiça e priorização da eficiência e da economia processuais. 
São exemplos de situações que envolvem direitos individuais homogêneos: 
“a) os compradores de carros de um lote com o mesmo defeito de fabricação (a ligação entre eles, 
pessoas determinadas, não decorre de uma relação jurídica, mas, em última análise, do fato de terem 
adquirido o mesmo produto com defeito de série); b) o caso de uma explosão do Shopping de 
Osasco, em que inúmeras vítimas sofreram danos; c) danos sofridos em razão do descumprimento de 
obrigação contratual relativamente a muitas pessoas; d) um alimento que venha gerar a intoxicação 
de muitos consumidores; e) danos sofridos por inúmeros consumidores em razão de uma prática 
comercial abusiva (…); f) sendo determinados, os moradores de sítios que tiveram suas criações 
dizimadas por conta da poluição de um curso d’água causada por uma indústria; (…) k) prejuízos 
causados a um número elevado de pessoas em razão de fraude financeira; l) pessoas determinadas 
contaminadas com o vírus da AIDS, em razão de transfusão de sangue em determinado hospital 
público”.[8] 
Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery conceituaram os direitos individuais homogêneos 
como: 
“(…) direitos individuais cujo titular é perfeitamente identificável e cujo objeto é divisível e cindível. 
O que caracteriza um direito individual comum como homogêneo é a sua origem comum. A grande 
novidade trazida pelo CDC no particular foi permitir que esses direitos individuais pudessem ser 
defendidos coletivamente em juízo. Não se trata de pluralidade subjetiva de demanda (litisconsórcio), 
mas de uma única demanda, coletiva, objetivando a tutela dos titulares dos direitos individuais 
homogêneos. A ação coletiva para a defesa de direitos individuais homogêneos é, grosso modo, 
a class actin brasileira.”[9] (grifou-se) 
II.4 – DIFERENCIAÇÃO 
Hugo Nigro Mazzilli exemplificou e distinguiu as categorias de direitos transindividuais segundo as 
suas origens: 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftn5
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftn6
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“a) se o que une interessados determináveis é a mesma situação de fato (p. ex., os consumidores que 
adquiriram produtos fabricados em série com defeito), temos interesses individuais homogêneos; b) 
se o que une interessados determináveis é a circunstância de compartilharem a mesma relação 
jurídica (como os consorciados que sofrem o mesmo aumento ilegal das prestações), 
temos interesses coletivos em sentido estrito; c) se o que une interessados indetermináveis é a 
mesma situação de fato ( p. ex., os que assistem pela televisão à mesma propaganda enganosa), 
temos interesses difusos.”[10] (grifou-se) 
De acordo com Nelson Nery Júnior[11], parte da doutrina tem se equivocado ao classificar o direito 
transindividual segundo a matéria genérica, afirmando, por exemplo, que questões ligadas ao meio 
ambiente dizem respeito a direitos difusos. 
Para o processualista supracitado, o que determina seja classificado um direito como difuso, coletivo 
em sentido estrito, individual puro ou individual homogêneo é o tipo de tutela jurisdicional que se 
pretende quando da propositura da ação, sendo que um mesmo fato pode dar ensejo à pretensão 
difusa, coletiva stricto sensu e individual. Exemplifica o citado autor: 
“O acidente com o Bateau Mouche IV, que teve lugar no Rio de Janeiro no final de 1988, poderia 
abrir oportunidades para a propositura de ação individual por uma das vítimas do evento pelos 
prejuízos que sofreu (direito individual), ação de indenização em favor de todas as vítimas ajuizada 
por entidade associativa (direito individual homogêneo), ação de obrigação de fazer movida por 
associação das empresas de turismo que têm interesse na manutenção da boa imagem desse setor da 
economia (direito coletivo), bem como ação ajuizada pelo Ministério Público, em favor da vida e 
segurança das pessoas, para que seja interditada a embarcação a fim de se evitarem novos acidentes 
(direito difuso). Em suma, o tipo de pretensão é que classifica um direito ou interesse como difuso, 
coletivo ou individual.”[12] (grifou-se) 
III – CONCLUSÕES FINAIS 
Em conclusão, os direitos transindividuais ou coletivos em sentido lato se classificam em direitos 
difusos, coletivos e individuais homogêneos. 
Os direitos difusos são aqueles que possuem o mais elevado grau de transindividualidade e, em face 
disso, não há como determinar todos os sujeitos titulares, o que, por outro lado, dá sustentação à 
indivisibilidade do objeto e a sua reparabilidade indireta. 
Os direitos coletivos em sentido estrito caracterizam-se pela transindividualidade restrita ao número 
de sujeitos que compõem uma determinada classe, grupo ou categoria de pessoas, unidas por uma 
relação-jurídica base, permitindo-se apenas a disponibilidade coletiva do objeto. 
Os direitos individuais homogêneos, ou acidentalmente coletivos, decorrem de uma origem comum e 
são dotados de transindividualidade artificial ou instrumental, para fins de economia processual e 
facilitação ao direito de acesso à justiça, os sujeitos titulares são determinados e podem fruir 
individualmente do objeto da reparação. 
 
Referências 
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Tutela jurisdicional dos interesses coletivos ou difusos. 
In: Temas de direito processual. 3ª série. São Paulo: Editora Saraiva, p. 195-6, 1984. 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftn10
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftn11
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftn12
BENJAMIN, Antônio Herman V. A insurreição da aldeia global contra o processo civil clássico: 
apontamentos sobre a opressão e a libertação judiciais do meio ambiente e do consumidor. In: 
MILARÉ, Édis (coord.). Ação civil pública – Lei 7.347/85: reminiscências e reflexões após dez 
anos de aplicação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995. 
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Direitos difusos e coletivos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
1989, p. 15-16; e MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e legitimação 
para agir. 5ª ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000. 
GRINOVER, Ada Pellegrini. A tutela dos interesses difusos. São Paulo: Editora Max Limonad, 
1984. 
LENZA, Pedro. Teoria geral da ação civil pública. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. 
MAZZILLI, Hugro Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo: meio ambiente, consumidor 
e outros interesses difusos e coletivos. 12ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora Saraiva, 2000. 
NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na Constituição Federal. 2ª ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 1995. 
NERY JÚNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Mariade. Código de processo civil comentado 
e legislação extravagante. 7ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. 
 
Notas: 
[1] Cf. BENJAMIN, Antônio Herman V. A insurreição da aldeia global contra o processo civil 
clássico: apontamentos sobre a opressão e a libertação judiciais do meio ambiente e do consumidor. 
In: MILARÉ, Édis (coord.). Ação civil pública – Lei 7.347/85: reminiscências e reflexões após 
dez anos de aplicação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995, p. 92-3; FIGUEIREDO, 
Lúcia Valle. Direitos difusos e coletivos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1989, p. 15-16; 
e MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e legitimação para agir. 5ª ed. 
rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 84. 
[2] LENZA, Pedro. Teoria geral da ação civil pública. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2003, p. 94-5. 
[3] GRINOVER, Ada Pellegrini. A tutela dos interesses difusos. São Paulo: Editora Max Limonad, 
1984, p. 30-1. 
[4] Cf. BENJAMIN, Antônio Herman V. A insurreição da aldeia global contra o processo civil 
clássico: apontamentos sobre a opressão e a libertação judiciais do meio ambiente e do consumidor. 
In: MILARÉ, Édis (coord.). Ação civil pública – Lei 7.347/85: reminiscências e reflexões após 
dez anos de aplicação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995, p. 92-3. 
[5] LENZA, Pedro. Teoria geral da ação civil pública. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2003, p. 100-1. 
[6] BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Tutela jurisdicional dos interesses coletivos ou difusos. 
In: Temas de direito processual. 3ª série. São Paulo: Editora Saraiva, p. 195-6, 1984. 
[7] Cf. BENJAMIN, Antônio Herman V. A insurreição da aldeia global contra o processo civil 
clássico: apontamentos sobre a opressão e a libertação judiciais do meio ambiente e do consumidor. 
In: MILARÉ, Édis (coord.). Ação civil pública – Lei 7.347/85: reminiscências e reflexões após 
dez anos de aplicação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995, p. 96-7. 
[8] LENZA, Pedro. Teoria geral da ação civil pública. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2003, p. 101. 
[9] NERY JÚNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria de. Código de processo civil 
comentado e legislação extravagante. 7ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2003, p. 813. 
[10] MAZZILLI, Hugro Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo: meio ambiente, 
consumidor e outros interesses difusos e coletivos. 12ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2000, p. 41. 
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[11] Cf. NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na Constituição Federal. 2ª ed. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995, p. 112. 
[12] Idem. 
 
Informações Sobre o Autor 
Suzana Gastaldi 
Procuradora Federal. Especialista em direito do trabalho e direito processual do trabalho. Graduada 
em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. 
 
********************************************************************************* 
 
Para facilitar a compreensão do artigo acima, também é importante compreender o que são estas 
relações de fato (comum) ou jurídica-base, já que isso é importante para compreender os tipos de 
interesses. Abaixo é apresentado um extrato de outro artigo que descreve mais detalhadamente as 
características principais dos interesses difuso e coletivo estrito. 
 
********************************************************************************* 
 
Dimensão atual dos direitos difusos na Constituição 
Federal 
Filipe Ewerton Ribeiro Teles 
Publicado em 07/2017. Elaborado em 07/2017. 
 
1) INTERESSES DIFUSOS 
INDIVISIBILIDADE DO OBJETO 
A primeira característica dos direitos difusos é a indivisibilidade de seu objeto. Isso 
significa que a ameaça ou lesão ao direito de um de seus titulares configura igual ofensa 
ao direito de todos os demais titulares, e o afastamento da ameaça ou a reparação do 
dano causado a um dos titulares beneficia igualmente e a um só tempo todos os demais 
titulares. 
Imagine-se, por exemplo, a hipótese da publicidade enganosa propalada numa 
rede de televisão: sua veiculação poderia lesar, de uma só vez, a uma miríade de 
consumidores em potencial que estivessem no raio de alcance dessa rede, e que, nos 
termos do art. 37 do CDC, tinham direito de não serem submetidos a tal espécie de 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftnref11
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-homogeneos-conceito-e-diferenciacao/#_ftnref12
https://jus.com.br/1483838-filipe-ewerton-ribeiro-teles/publicacoes
https://jus.com.br/1483838-filipe-ewerton-ribeiro-teles/publicacoes
publicidade. E, uma vez cessada a publicidade irregular, todos os consumidores em 
potencial nesse mesmo raio de alcance estariam sendo beneficiados ao mesmo tempo e 
igualmente. 
SITUAÇÃO DE FATO EM COMUM 
A segunda nota característica desses direitos é que seus titulares estão agregados 
em função de uma situação de fato em comum. Portanto, o que caracteriza, sob esse 
aspecto, um direito difuso, é que todos os seus titulares são titulares exatamente por 
estarem numa determinada situação fática homogênea. Ao contrário do que ocorre nos 
direitos coletivos, para cuja defesa coletiva se exige que os titulares do direito atacado 
estejam ligados por um vínculo jurídico entre si ou com a parte contrária, na defesa dos 
direitos difusos, o liame é fático, não jurídico. Basta que as pessoas se encontrem na 
situação fática amoldável à norma de direito material que lhes confere o direito. 
Assim, por exemplo, a emissão de poluentes industriais na atmosfera é um fato 
que lesa o direito ao meio ambiente hígido. Como visto, a Constituição Federal assegura a 
todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dada a natureza difusa dos 
bens ambientais, como é o ar atmosférico, é impossível determinar quem são as pessoas 
atingidas pela poluição. A circunstância fática em questão é extremamente fluida: varia 
conforme o grau de poluição, as chuvas, a direção e força do vento. O que importa para a 
análise deste aspecto dos interessesdifusos – o fator de agregação dos seus titulares – é 
que o que une tais pessoas a um mesmo direito é uma circunstância de fato: é o fato de 
estarem sujeitas ao desequilíbrio ambiental. 
Do mesmo modo, o ponto em comum que une os potenciais consumidores de um 
veículo com um defeito de fábrica que possa causar risco à segurança dos adquirentes ou 
de terceiros, é o fato de estarem expostos à oferta desse produto. Independentemente de 
pertencerem ou não tais consumidores a uma entidade em comum (existência de relação 
jurídica entre si, como, por exemplo, se fizessem parte de uma associação de defesa dos 
consumidores), ou de haverem efetivamente comprado o veículo (existência de relação 
jurídica entre eles e a parte contrária, nos contratos de compra e venda), todos eles têm o 
direito metaindividual de que essa ameaça seja afastada. 
INDETERMINABILIDADE DOS TITULARES 
Enfim, outro atributo dessa categoria jurídica é que seus titulares são 
indeterminados e indetermináveis. 
No caso do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, imagine-se quem 
seriam os titulares desse direito no que diz respeito aos efeitos deletérios dos gases da 
queimada da cana-de açúcar produzidos num canavial do interior do Estado de São Paulo. 
As localidades atingidas dependeriam da direção e velocidade do vento, da quantidade de 
poluentes liberados na atmosfera, das demais condições climáticas, entre outras variáveis. 
Ademais, nunca seria possível determinar todos os que, mesmo sem residirem nos 
municípios afetados, seriam obrigados a respirar o ar conspurcado por estarem de 
passagem por aqueles locais. Por outro lado, considerando o que proclama o caput do art. 
225 da Constituição Federal, quando reza que todos têm direito ao meio ambiente 
https://jus.com.br/tudo/compra-e-venda
ecologicamente equilibrado, seria também sustentável afirmar que todos os brasileiros, 
bem como os estrangeiros que estejam Brasil, estariam sendo lesados por essa conduta 
ilícita, já que o direito envolvido é fundamental, cuja titularidade, no âmbito do direito 
interno, é ditada pelo art. 5.º, caput, da CF. Em sendo assim, pouco importa onde houve o 
desequilíbrio ambiental: todos têm direito ao restabelecimento da higidez ecológica. 
Voltando ao exemplo da publicidade enganosa ou abusiva, teríamos a mesma 
indeterminabilidade subjetiva verificada no direito ambiental, embora num cenário menos 
amplo: os titulares do direito lesado seriam todos os consumidores situados no raio de 
alcance da publicidade, e, portanto, passíveis de terem lesado o seu direito à publicidade 
idônea. Seria, evidentemente, uma multidão indeterminada, e indeterminável de 
consumidores. 
Mas atenção. Em nenhuma das hipóteses acima aventadas se podem confundir o 
direito difuso de todos ao restabelecimento da higidez ambiental, e o direito difuso de todos 
os consumidores ao afastamento da publicidade abusiva, com o direito à reparação pelos 
danos efetivamente sofridos por alguns – danos, estes, individualizáveis – em razão da 
poluição ambiental, ou pelo prejuízo efetivamente suportado por aqueles, que, iludidos pela 
publicidade enganosa, adquiriram os produtos nelas divulgados. Nestes casos, em relação 
a esses titulares individualmente lesados, estaríamos diante de interesses individuais 
homogêneos, pois, a despeito de uma origem em comum, os objetos são divisíveis, e os 
titulares identificáveis. 
_______________________ 
2) INTERESSES COLETIVOS STRICTO SENSU 
Segundo o art. 81, parágrafo único, II, do CDC, trata-se dos “transindividuais, de 
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre 
si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base”. Vejamos seus atributos. 
INDIVISIBILIDADE DO OBJETO 
Tal como nos direitos difusos, os coletivos se notabilizam pela indivisibilidade de 
seu objeto. Neles, a lesão ou ameaça ao direito de um dos seus titulares significará a lesão 
ou ameaça ao direito de todos, ao passo que a cessação da lesão ou ameaça beneficiará 
concomitantemente a todos. Imaginemos, por exemplo, que o estatuto social de uma 
sociedade anônima estabelecesse que, mensalmente, deveriam ser publicados, na página 
eletrônica da empresa na internet, em área de acesso exclusivo aos acionistas, os 
balancetes contábeis do mês anterior. Caso a sociedade deixasse de fazer tal publicação, 
estaria lesando, de uma só vez, o direito que todos os acionistas tinham de ter acesso a 
tais dados no endereço eletrônico da empresa. Uma sentença judicial que obrigasse a 
sociedade a voltar a publicá-los no site estaria, também a um só tempo, beneficiando a 
todos os acionistas. A natureza do objeto desse direito, portanto, é indivisível. 
Da mesma forma se daria se uma instituição de ensino superior almejasse fechar o 
hospital universitário, e a associação de alunos intentasse uma ação buscando impedir tal 
fechamento. Eventual sentença de procedência beneficiaria, de uma vez só, todos os 
https://jus.com.br/tudo/direito-ambiental
alunos de medicina. Não haveria como deferir a preservação do hospital apenas em prol 
do aluno A, B ou C, mas sim em favor de toda a comunidade de alunos. Logo, tal objeto é 
indivisível. É exatamente a indivisibilidade do seu objeto que faz com que a coisa julgada 
em relação aos direitos coletivos seja ultra partes, o que quer dizer que uma sentença de 
procedência beneficiará não apenas, por exemplo, aos membros de uma associação ou 
sindicato que porventura tenha ajuizado a ação, mas a todas as pessoas que estejam na 
mesma situação jurídica base que fundamentou a sentença. 
RELAÇÃO JURÍDICA EM COMUM (RELAÇÃO JURÍDICA BASE) 
Os titulares dos direitos coletivos têm em comum uma relação jurídica que os une 
entre si, ou que une cada um deles com a parte contrária. 
Hipóteses do primeiro tipo de relação-base são os liames que unem os membros 
de um sindicato, de uma associação ou de um partido político. Observe-se o seguinte 
exemplo: todos os advogados têm interesse que o instituto do quinto constitucional (CF, 
art. 94), no que diz respeito à nomeação de um integrante de sua classe, seja respeitado 
pelos tribunais. Os titulares desse interesse possuem um vínculo que os une, qual seja, 
eles são membros da Ordem dos Advogados do Brasil: essa é a relação jurídica base, que 
une os titulares entre si. Esses titulares, exatamente por estarem filiados à OAB são 
determináveis, e o objeto do seu interesse é indivisível (desrespeitando-se o direito ao 
quinto constitucional, está-se lesando o interesse de todos esses advogados). Logo, não 
há dúvida de que estamos diante de um interesse coletivo. 
Como modalidades do segundo tipo de vínculo jurídico poderíamos citar os 
mesmos exemplos do item anterior, nas lides entre os acionistas e a sociedade anônima, 
bem como entre os alunos e a Universidade. 
A relação jurídica básica é pré-existente ou surge com a lesão ou ameaça ao 
interesse? 
Voltemos ao exemplo do quinto constitucional. Seu desrespeito, por parte de um 
Tribunal de Justiça, configuraria lesão ou ameaça ao interesse dos advogados. Essa lesão 
ou ameaça daria origem a uma nova relação jurídica, consistente no direito dos advogados 
de verem cessada a ameaça ou reparada a lesão. 
Nos casos em que, como no exemplo citado, a relação-base se dá entre os 
titulares do interesse ou direito, essa relação-base é preexistente àquela relação jurídica 
que surge após a lesão ou ameaça de lesão, consistente no direito de ver cessada a 
ameaça ou corrigida a lesão. 
Já nos casos em que a relação-base se dá entre os titulares e a parte contrária, 
segundo Watanabe, essa relação também é preexistente à relação jurídica originada da 
lesão ou da ameaça de lesão, não podendo ser confundida com ela: 
Os interesses ou direitos dos contribuintes, por exemplo, do imposto de renda 
constituem um bom exemplo. Entre o fisco e os contribuintes já existe uma relação jurídica 
base, de modo que, à adoção de alguma medida ilegal ou abusiva, será perfeitamente 
factívela determinação das pessoas atingidas pela medida. Não se pode confundir essa 
https://jus.com.br/tudo/ordem-dos-advogados-do-brasil
relação jurídica base pré-existente com a relação jurídica originária da lesão ou ameaça de 
lesão. 
Alguma das espécies de relação-base prevalece sobre a outra? 
Outro ponto relacionado à “relação-base” gera controvérsias. A despeito de o CDC, 
ao definir os direitos coletivos, valer-se da disjuntiva “ou” para ligar os dois tipos de 
vínculos jurídicos que os caracterizam (“de que seja titular grupo, categoria ou classe de 
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base”), debate a 
doutrina sobre eventual prevalência de um desses tipos de vínculo em relação ao outro, a 
ponto de poder indicar apenas um deles como traço distintivo ou decisivo dos direitos 
coletivos. Em outras palavras, significa questionar se, a despeito da alternatividade 
sugerida pela leitura da disjuntiva “ou”, na verdade, algum desses dois tipos de relação 
jurídica base (entre si ou com a parte contrária) seria requisito indispensável em toda e 
qualquer espécie de direito coletivo, ao passo que o outro seria dispensável. Segundo 
Mancuso, “o traço distintivo básico do direito coletivo é a organização”. Para ele, é 
necessário um mínimo de organização entre seus titulares, para que se configure o direito 
coletivo. 
Logo, conforme o autor em questão, a existência do prévio vínculo entre os 
titulares, e não deles com a parte contrária, é ponto imprescindível para a caracterização 
de um direito coletivo. 
Watanabe diverge. Em sua opinião, o CDC não considera um traço decisivo ou 
distintivo dos interesses coletivos stricto sensu a existência de uma organização ligando 
seus titulares, pois se satisfaz com a simples existência de um vínculo jurídico entre eles e 
a parte contrária. Observa ele: 
Tampouco foi considerado traço decisivo dos interesses ou direitos “coletivos” o 
fato de sua organização, que certamente existirá apenas na primeira modalidade 
mencionada no texto legal, qual seja, os interesses e direitos pertinentes a grupo, categoria 
ou classe de pessoas ligadas entre si por uma relação jurídica base, e não na segunda 
modalidade, que diz com os interesses ou direitos respeitantes a grupo, categoria ou 
classe de pessoas ligadas com a parte contrária por uma relação jurídica base. 
Mesmo sem organização, os interesses ou direitos “coletivos”, pelo fato de serem 
de natureza indivisível, apresentam identidade tal que, independentemente de sua 
harmonização formal ou amalgamação pela reunião de seus titulares em torno de uma 
entidade representativa, passam a formar uma só unidade, tornando-se perfeitamente 
viável, e mesmo desejável, a sua proteção jurisdicional em forma molecular. 
Mesquita é ainda mais enfático que Watanabe ao apontar o vínculo dos titulares 
com a parte contrária, e não o vínculo entre os titulares, como requisito de todo direito 
coletivo: 
É bem verdade que o Código do Consumidor, ao definir os interesses ou direitos 
coletivos, aludiu à hipótese de estarem os seus titulares ligados “entre si ou com a parte 
contrária por uma relação jurídica base”. É de se notar, porém, que a alternativa proposta 
não existe. A alternativa para o caso de não haver uma relação única ligando o devedor a 
todos os credores é de haver várias relações, cada qual com o seu objeto, o que exclui a 
indivisibilidade entre os credores. Cair-se-ia no primeiro tipo, ao qual pertencem os direitos 
chamados individuais homogêneos. 
Ante a divergência doutrinária, em resposta a uma questão objetiva recomenda-se 
ao candidato em concurso público ou Exame de Ordem apontar como suficiente para 
caracterizar o interesse coletivo – além dos demais requisitos da determinabilidade dos 
titulares e indivisibilidade do objeto – a presença ou de relação jurídica base entre os 
titulares, ou dos titulares com a parte contrária, sem prevalência de uma espécie de 
relação jurídica sobre a outra. 
O doutrinador Mazzili sobre o assunto escreve que: “Interesses difusos, coletivos e 
individuais homogêneos sempre existiram; não são novidades de algumas poucas 
décadas. Nos últimos anos, apenas se acentuou a preocupação doutrinária e legislativa 
em identificá-los e protegê-los jurisdicionalmente, agora sob o processo coletivo. A razão 
consiste em que a defesa judicial de interesses transindividuais de origem comum tem 
peculiaridades: não só esses interesses são intrinsecamente transindividuais, como 
também sua defesa judicial deve ser coletiva, seja em benefício dos lesados, seja ainda 
em proveito da ordem jurídica. Dessa forma, o legislador estipulou regras próprias sobre a 
matéria, especialmente para solucionar problemas atinentes à economia processual, à 
legitimação ativa, à destinação do produto da indenização e aos efeitos de imutabilidade 
da coisa julgada”.

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