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Resenha e Análise Intersemiótica Orgulho e Preconceito

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@tomsantana22 @professortom22 e-mail: cremiltoncte@hotmail.com 
 
 
RESENHA CRÍTICA 
 
AUSTEN, Jane. Orgulho e Preconceito. São Paulo. Ed. Bilíngue: Landmark. 2011. p. 117. 
AUSTEN, Jane. Pride and Prejudice. São Paulo. Ed. Bilíngue: Landmark. 2011. p. 388-389. 
 
A questão da fidelidade / liberdade na tradução intersemiótica de Pride and Prejudice (1813) da 
escritora inglesa Jane Austen (1775-1817) 
 
 A sintonia entre literatura e cinema ao longo da história, tem sido de grande valia para ambas as 
partes, livros bem escritos e de grande aceitação, tanto pela crítica quanto popular, tornaram-se e ainda 
são grande riqueza para o campo cinematográfico. Isso porque as interpretações destes são muito 
relativas, dependendo da geração, épocas histórico-culturais e, consequentemente, das visões daqueles 
que os levam aos cinemas. 
Diante disso, busca-se fazer uma análise intersemiótica de duas cenas do livro e filme Orgulho e 
Preconceito (do original Pride and Prejudice, 1813), da escritora Jane Austen, com o intuito de observar 
as vertentes que aproximam livro e filme um do outro. Esta obra foi adaptada para o cinema quatro vezes 
em 1940, 2003, 2004 e 2005, porém tomaremos como objeto de estudo a adaptação fílmica de 2005, com 
direção de Joe Wright, com duração de 2 horas e 7 minutos. Recebeu quatro indicações ao Oscar, para 
as categorias de melhor atriz, figurino, direção de arte e trilha sonora. 
Jane Austen (1775 - 1817) foi uma romancista cuja obra literária deu ao romance inglês o primeiro 
impulso para a modernidade, ao tratar do cotidiano de pessoas comuns. Em 1813, é publicado pela 
primeira vez o romance “Pride and Prejudice” cuja tradução é “Orgulho e Preconceito”. Nessa obra, a 
autora aborda temas como casamento, riqueza, posições sociais e costumes vigentes da época, trazendo 
personagens e situações reais que desperta curiosidade sobre a sociedade da época. 
A linguagem convencional da crítica sobre as adaptações intersemióticas tem sido, com 
frequência, profundamente moralista, rica em termos que sugerem que o cinema, de alguma forma, fez 
um desserviço à literatura. Termos como “infidelidade”, “traição”, “deformação”, “abastardamento”, 
“vulgarização”, e “profanação” proliferam no discurso sobre adaptações, cada palavra carregando sua 
carga específica de ignomínia. “Infidelidade” carrega insinuações de pudor vitoriano; “traição” evoca 
perfídia ética; “abastardamento” conota ilegitimidade; “deformação” sugere versão estética e 
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@tomsantana22 @professortom22 e-mail: cremiltoncte@hotmail.com 
monstruosidade; “vulgarização” insinua degradação de classe; e “profanação” implica sacrilégio 
religioso e blasfêmia ( STAM, 2006, p.2 ). 
Embora, algumas obras literárias que se tornam filmes, nem sempre sua história de partida é 
contada fielmente neles, uma vez que a obra de partida é transferida de um suporte material a outro, ela 
acaba sofrendo interferências daquele meio e, dessa forma, torna-se ainda mais problemática a noção de 
fidelidade aplicada a este estudo, como a linguagem textual é transposta para a audiovisual, analisando 
o modo como o cinema explora os elementos classificados na teoria peirciana de icônicos, indiciais e 
simbólicos para suscitar no espectador determinados efeitos estéticos viabilizados pela transposição de 
um signo para uma nova linguagem. Não pensa aqui as traduções em seu sentido amplo, como uma perda 
do original, mas como uma transformação, já que levam-se em conta a interpretação de cada leitor, épocas 
histórico-culturais e, principalmente, da visão de mundo daqueles que reescrevem e as levam aos cinemas 
para serem encenadas. 
Júlio Plaza (2008, p.30) diz que as escolhas dentro de um sistema de signos totalmente diferentes 
do original torna a tradução intersemiótica “estruturamente avessa à ideologia da fidelidade”. Para o 
autor, a fidelidade é uma questão ideológica, porque o signo, como substituto, só pode apontar para o 
objeto, sendo assim incapaz de ser “fiel” ou “infiel” a ele. Afirma ainda que a tradução “criativa de 
linguagens”, não pode ser associada com fidelidade, pois ela cria sua própria verdade, e depende de 
diversos fatores como contexto histórico, cultural, social e político em que a tradução foi realizada. 
Enquanto Júlio Plaza pensa a adaptação a partir de uma abordagem situada no âmbito da tradução, Syd 
Field (1982, p. 11-13) pensa o mesmo fenômeno sob a perspectiva cinematográfica. Segundo ele, o filme 
é um meio visual que dramatiza um enredo básico; o roteiro é uma história contada em imagens, diálogos 
e descrições, localizada no contexto da estrutura dramática. “Adaptar significa transpor de um meio para 
outro”.1 
A adaptação é definida como a habilidade de “fazer corresponder ou 2adequar por mudança ou 
ajuste” ( SYD FIELD, 1982, p. 174). Assim, uma adaptação deve ser vista como um roteiro original que 
 
1 ROBERT, Stam. Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade. New York University. 
PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 2003. 
FIELD, Syd. Manual do roteiro: Os fundamentos do texto cinematográfico. Tradução de Álvaro Ramos. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 1982. 
Figura1: “Tenho lutado em vão. Não resistirei. Meus sentimentos não serão reprimidos. Você deve permitir que eu lhe diga o 
quão ardentemente a admiro e amo”. (AUSTEN ,1813, cap. 34, p. 117). 
 
2 Figura2: A surpresa de Elizabeth estendeu-se além das palavras. Ela o olhou fixamente, corou, duvidou e ficou em silêncio. 
Ele considerou isso encorajamento suficiente; e a garantia de tudo o que ele sentia, e há muito tempo, por ela, seguiu-se 
imediatamente. Ele falava bem; mas havia sentimentos além daqueles do coração, a ser detalhados; e ele não foi mais 
eloquente no assunto da ternura do que no orgulho. Seu conhecimento de que ela era inferior, que era uma degradação dos 
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começa no romance, livro, peça, artigo ou canção. Desse modo, são percebidas como fontes, como ponto 
de partida. A seguir faz-se a análise propriamente dita das duas cenas escolhidas: 
Figura1: cena do primeiro pedido de casamento feito pelo Sr. Darcy a Miss Elizabeth Bennet. 
Sr. Darcy: “In vain I have struggled. It will not do. My feelings will not be repressed. You must allow 
me to tell you how ardently I admire and love you”. (AUSTEN ,1813, chapter XXXIV, p. 311). 
 
Figura 1: no livro esse pedido foi oficializado na casa de Charlotte em uma sala próximo a uma lareira, 
no entanto, no filme, o diretor Joe Wright foi fiel à parte obra da partida usando parte do diálogo por 
completo, mas sentiu a necessidade de trazer maior romantismo a cena usando um cenário com romântica 
paisagem rural inglesa, em um dia de chuva. Esta cena, o diretor construiu no chamado 
campo/contracampo, fazendo com o que telespectador dialogasse diretamente com o personagem em 
foco. 
Figura 2: 
Miss Elizabeth´s astonishment was beyond expression. She stared, caloured, doubted, and was silent. 
This he considered sufficient encouragement; and the avowal of all that he felt, and had long felt for 
her, immediately followed. He spoke well; but there were feelings besides those of the heart to be 
detailed; and he was not mor eloquent on the subject of tenderness than of pride. His sense of her 
inferiority of its being a degradation of the family obstacles which had always opposed to inclination, 
were dwelt on with a warmth which seemed due to the consequence he was wounding, but was very 
unlikely to recommend his suit. 
Continuação da cena do primeiro pedido de casamento feito pelo Sr. Darcy a Miss. Elizabeth, na 
figura 2, percebe-se a expressão incrédula de Elizabeth Bennet ao ser cortejada pelo o homem por quem 
sentia aversão, a atriz keira Knightley, passou omáximo de veracidade na encenação, demonstrando uma 
expressão de surpresa e incredulidade no que estava ouvindo no momento. Mais uma vez, o diretor usou 
partes fundamentais da obra de partida. Ele usou o chamado campo/contracampo para capturar os atores 
 
obstáculos familiares que sempre opuseram à sua inclinação, foram temas nos quais ele se demorou com uma emoção que 
parecia a devida consequência de que ele estava ferido, mas que muito provavelmente não faria seu discurso ser bem recebido. 
(AUSTEN ,1813, cap. 34, p. 117). 
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em cenas. Wright aproveitou ao máximo os objetos extras literários como: chuva, a paisagem rural 
inglesa, etc. 
Figura 3: Elizabeth, feeling all the more than comon awkwardness and anxiety of his situation, now 
forced herself to speak; and immediately, though not very fluently, gave him to understand that her 
sentiments had undergone so material a change, since the period to which he alluded, as to make her 
receive with gratitude and pleasure his present assurances. The happiness which this reply produced, was 
such as he had probably never felt before; and he expressed himself on the occasion as sensibly and as 
warmly 3as a man violently in love can be supposed to do. Had Elizabeth been able to encounter his eye, 
she might have seen how well the expression of heartfelt delight, diffused over his face, became him; 
but, though she could not look, she could listen, and he told herof feelings, which, in proving of what 
importance she was to him, made his affection every moment more valuable. (AUSTEN ,1813, chapter 
LVII, p. 388-389). 
Nesta cena, o diretor se aproximou o máximo possível do texto de partida, uma vez que no livro 
e no filme a consolidação do amor entre Elizabeth e Sr. Darcy também aconteceu na paisagem rural de 
Londres. O diretor mostrou a gravação em um mesmo plano, fazendo um close-up, aproveitando o pôr 
do sol e a paisagem natural de Londres, com a interpretação dessa cena, Joe Wrigh evidencia que o viés 
da obra de Jane Austen era mostrar que só o amor verdadeiro entre (Elizabeth Bennet e o Sr. Darcy) era 
capaz de superar barreiras de ‘orgulho e preconceito’, a diferença social entre eles e o escasso poder de 
decisão concedido à mulher na sociedade daquela época. 
Assim sendo, Elizabeth Bennet, no livro aparece como uma moça à frente do seu tempo e da 
sociedade de sua época; no entanto, não deixa de ter seus aspectos culturais como seus valores familiares 
e morais. No filme, isso também acontece, porém, não como pensava ou imaginava a autora; neste a 
personagem tem aparência de maior modernidade. Ao fazer uma correlação entre livro e filme, observa-
se que a Miss. Bennet na narrativa fílmica é evoluída demais para sua época e passa uma imagem 
romântica, perdendo um pouco a ironia da obra de partida. Diante do exposto, os livros e as traduções 
intersemióticas trazem suas diferenças e aproximações, sendo as obras literárias o ponto de partida, e os 
 
 
3 Figura3: Elizabeth, sentindo muito mais do que o constrangimento e a ansiedade comum à situação dele, forçava-se agora a 
falar; e imediatamente, embora não com fluência, deu-lhe a entender que seus sentimentos tinham sofrido uma transformação 
substancial, desde o período a que ele aludia, quanto a fazê-la a receber com gratidão e prazer aquelas certezas. A felicidade 
que a resposta produziu foi tal, que ele provavelmente nunca a sentira antes; e ele se expressou pela a ocasião tão sensível e 
calorosamente quanto a um homem arrebatadoramente apaixonado pode se supor que o fizesse. Tivesse Elizabeth sido capaz 
de encontrar seus olhos e ela poderia ter visto quão bem a expressão de sincero prazer, difundida pelo o rosto dele, se lhe 
apoderou; mas, embora ela não pudesse observar, podia escutar e ele lhe falou de seus sentimentos, os quais, provando a 
importância que ela tinha para ele, fizeram sua afeição mais valiosa a cada momento. (AUSTEN ,1813, cap. 57, p. 216). 
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filmes o ponto de chegada para quem os interpretam, com essa perspectiva, percebe-se que um 
complementa o outro, já que a partir do momento que um livro é traduzido para o suporte fílmico, ele 
ganha um novo signo, ainda que, por mais que este signo ganhe uma nova interpretação, o roteirista 
deverá manter o respeito pelo texto de partida. 
 
Referências: 
AUSTEN, Jane. Orgulho e Preconceito. São Paulo. Ed. Bilíngue: Landmark. 2011. p. 117. 
AUSTEN, Jane. Pride and Prejudice. São Paulo. Ed. Bilíngue: Landmark. 2011. p. 388-389. 
FIELD, Syd. Manual do roteiro: Os fundamentos do texto cinematográfico. Tradução de Álvaro 
Ramos. Rio de Janeiro: Objetiva, 1982. 
Pride and Prejudice. Direção: Joe Wright. Roteiro: Deborah Moggach. Diretor de produção: Tim 
Bevan, Eric Fellner e Paul Webster. USA. Produtora: canal e Working title films, 2005. DVD. 2h e 7 
minutos. Colorido. 
PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 2003 
ROBERT, Stam. Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade. New York 
University. 
 
5 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eric_Fellner

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