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Estudo de caso: Regulação da respiração Alunos: Gabriela Santiago, Juliana Alcântara, Lars Duarte e Rebeca Medrado Apesar da hipóxia associada à grande altitude, cerca de 140 milhões de pessoas residem em altitudes superiores a 2.500 m, e residentes permanentes vivem em altitudes superiores a 4.900 m nos Andes. Um atleta morador da cidade de São Vicente, São Paulo (nível do mar) deveria participar de um evento esportivo em La Paz, Bolívia (3.650m de altitude). Foi sugerido que ele viajasse semanas antes para esta cidade. Contudo, ele não atendeu a solicitação. Ao chegar a La Paz, o atleta se queixou de cefaleia, fadiga, tonturas, palpitações, insônia, perda de apetite, náuseas e dispneia. Perguntas: 1) Explique, em termos fisiológicos, a razão da sugestão dada. (Fale sobre ação dos quimiorreceptores, efeito na frequência respiratória, nº de hemácias, enzimas oxidativas, número de capilares por unidade de volume nos tecidos periféricos). Resposta: Em grandes altitudes onde a pressão atmosférica é menor, a difusão de oxigênio do ar para o sangue fica mais lenta. O organismo humano apresenta reações compensatórias, como o aumento no número de hemácias, o que aumenta o poder de captação e distribuição de oxigênio do sangue. Entretanto, essa reação não é imediata, demandando entre 3 e 4 semanas para um aumento significativo no número de hemácias, justificando assim, a sugestão dada ao atleta. O principal fator que estimula a produção de hemácia é o hormônio circulante eritropoietina. Em um indivíduo normal, cerca de 90% da eritropoietina é formada nos rins, e o remanescente é formado principalmente no fígado. Alguns estudos sugerem que a eritropoietina é secretada pelas células intersticiais tipo fibroblasto, vizinhas aos túbulos, no córtex e fora da medula, onde ocorre o maior consumo de oxigênio renal, outras células, incluindo as células epiteliais renais, também secretam eritropoietina em resposta à hipóxia. As altas altitudes causam a hiperventilação, provocando no indivíduo dificuldade de normalizar a ventilação em virtude dos baixos níveis de oxigênio na atmosfera. Conforme a pressão parcial de oxigênio diminui, os quimiorreceptores periféricos intensificam os estímulos nervosos para o centro respiratório, que responde prontamente aumentando a ventilação e os níveis de oxigênio. Além disso, há um aumento do volume de sangue que chega aos pulmões pelos capilares pulmonares, o qual expande os vasos sanguíneos e aumenta a área da superfície na qual o oxigênio difunde-se para o sangue, garantindo um maior suprimento de gás oxigênio ao pulmão nessa situação em que se tem uma redução da capacidade respiratória e de captação de oxigênio. O débito cardíaco frequentemente aumenta até 30% quando o indivíduo encontra-se a altas altitudes, mas, em seguida, volta ao normal com o aumento do hematócrito sanguíneo, de modo que a quantidade de oxigênio transportada para os tecidos permanece aproximadamente normal. Outra adaptação circulatória é o aumento da capilaridade (aumento do número de capilares nos tecidos) para o melhor abastecimento de sangue com O2. A altitude também desencadeia diminuição das mitocôndrias e a redução de algumas enzimas oxidativas (citrato sintase, sucinato desidrogenase e citocromo oxidase). 2) A intensidade da ventilação é ajustada em resposta a três fatores químicos: PO2, PCO2 e H + . Explique o efeito de cada um desses fatores químicos sobre os quimiorreceptores periféricos e sobre os quimiorreceptores centrais. Resposta: A hiperventilação, causada por altas altitudes, provoca no indivíduo dificuldade de normalizar a ventilação em virtude dos baixos níveis de oxigênio na atmosfera. O controle da respiração é feito pelos centros superiores ou pela variação da CO2, O2 e pH do sangue. A variação dos níveis de CO2 é percebida nos quimiorreceptores periféricos e nos centrais localizados no bulbo, enquanto as variações de pH e O2 através de quimiorreceptores periféricos localizados nas carótidas e na aorta. Conforme a pressão parcial de oxigênio diminui, os quimiorreceptores periféricos intensificam os estímulos nervosos para o centro respiratório, que responde prontamente aumentando a ventilação e os níveis de oxigênio. Os quimiorreceptores sensíveis ao oxigênio e ao dióxido de carbono estão estrategicamente associados à circulação arterial. Se houver pouco oxigênio presente no sangue arterial destinado ao encéfalo e a outros tecidos, a frequência e a amplitude da respiração aumentam. Se a produção de CO2 pelas células exceder a sua taxa de remoção de CO2 pelos pulmões, a PCO2 arterial aumenta, e a ventilação é intensificada com o objetivo de eliminar o CO2. Esses reflexos homeostáticos operam constantemente, mantendo a PO2 e a PCO2 arterial dentro de uma faixa estreita de normalidade. Quando as células especializadas ou células glomais nos corpos carotídeos são ativadas por uma diminuição na PO2 ou no pH ou por um aumento da PCO2, elas desencadeiam um aumento reflexo da ventilação. O controlador químico mais importante da ventilação é o dióxido de carbono, percebido tanto pelos quimiorreceptores periféricos quanto pelos quimiorreceptores centrais, localizados no bulbo. Esses receptores ajustam o ritmo respiratório, fornecendo um sinal de entrada contínuo para a rede de controle. Quando a PCO2 arterial aumenta, o CO2 atravessa a barreira hematoencefálica e ativa os quimiorreceptores centrais. Esses receptores sinalizam para a rede neural de controle da respiração, provocando um aumento na frequência e na profundidade da ventilação, melhorando, assim, a ventilação alveolar e a remoção de CO2 do sangue. Apesar de dizermos que os quimiorreceptores centrais monitoram o CO2, eles respondem diretamente às mudanças de pH no líquido cerebrospinal (LCS). O dióxido de carbono que se difunde através da barreira hematoencefálica é convertido em ácido carbônico, que se dissocia em bicarbonato e em H +. Estudos indicam que o H + produzido por essa reação inicia o reflexo quimiorreceptor.
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