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QF II • AINEs • Inflamação é uma resposta desencadeada após lesão tecidual para restabelecer as funções normais do tecido. Isso leva a liberação de mediadores químicos, que levam a uma resposta inflamatória. • Os mediadores podem ser celulares ou plasmáticos. • Eicosanoides: formados por um anel ciclopentano ramificado por 2 cadeias alquilicas (alfa – ácido carboxílico; beta – trans em relação ao anel). É um tipo de ácido graxo 20;13. • Prostaglandinas: tipo de eicosanoide produzido a partir de um estímulo que desencadeia a clivagem dos fosfolipídeos da membrana por ação da fosfolipase A2 >> ác. Araquidônico clivado pela COX-1/COX-2 (que possuem dupla função de conversão em PGG2 por oxidação e em PGH2). • A isoforma COX-1 ou COX-2 depende do tipo de célula que a expressa e a COX-2 é maior expressada por estímulos inflamatórios. • A PGH2 é muito instável, por isso é convertida por isomerases sintetases terminais em prostaglandinas específicas. • A que tem maior contribuição em repostas inflamatórias é a PGE2, presente principalmente em macrófagos. • Os AINEs funcionam bloqueando as COXs, e consequentemente bloqueiam também as cascatas de protaglandinas. Os seletivos inibem apenas a COX-2 e os não seletivos inibem ambas. • As prostaglandinas são produzidas por estímulos diferentes: • A febre é uma elevação controlada da temperatura corporal por desregulação no ponto de ajuste no hipotálamo. Uma das razões para o desequilíbrio ocorre devido a alta concentração de PGE2 nesse local durante uma inflamação, portanto alguns AINEs atuam reduzindo essas concentrações para reduzir a temperatura corporal e bloquear a produção dessas prostaglandinas induzidas pelo pirogênios. • Paracetamol (acetaminofeno): produzido a partir da acetanilina, que era composto por um anel aromático substituído por uma anilina com grupo acetil, que pós metabolização produzia anilina tóxica (metemoglobinemia). Portanto, surgiu a fenacetina substituída na sua posição -para por um éter dietílico, que apresentou efeitos nefro e hepatotóxicos. • Ambos geravam o acetaminofeno pós metabolização, permitindo a sua atividade sem toxicidade. • Percebeu-se que substituintes no N que reduziam a basicidade e atividade e a adição de éteres diminuíam a atividade e aumentavam os efeitos colaterais. • Seu metabolismo pode ocorrer de duas formas: • Conjugação (sulfatação e glicuronidação) – forma os glicuronídeos que inativam a molécula e permitir sua eliminação por via renal. • Oxidação – feita pela CYP450 2E1 que forma a iminoquinona (metabólito ativo), que por sua vez é inativado por uma conjugação com a glutationa. Porém, temos uma quantidade de glutationa finita no fígado, portando seu excesso, uso prolongado ou concomitante com álcool, isoniazida ou fenobarbital pode induzir a CYP450 e produzir uma quantidade muito maior de iminoquinona (ativa) do que temos de glutationa >>> hepatotoxicidade por necrose hepática. Em casos de intoxicação pode-se usar a N-acetilcisteína que irá conjugar a molécula e excretá-la. • Dipirona (metamizol): potente analgésico antipirético com possível efeito adverso de agranulocitose. Possui um anel central (pirazolona) substituído por um metil, anel aromático e um grupo pró-fármaco. • Ativação ocorre por hidrólise >> demetilação >> metabólitos inativados por oxidação >> eliminação • 4-MAA e 4-AA são ativos, porém não se conhece seus mecanismos de ação. Sabe-se que tanto a dipirona quanto o paracetamol causam a redução da PGE2, mas não se sabe como e onde. • Salicilatos • Ác. Salicílico possui o ácido carboxílico (ác. orgânico) que tem dupla injúria: primária por ter caráter ácido, e secundária por inibir a síntese das prostaglandinas citoprotetoras (mecanismo de ação). • Para consertar isso, foi produzido o ácido acetilsalicílico (AAS), onde foi adicionado um acetil com o objetivo de reduzir os danos. É o que se destaca pois tem uma interação covalente com a COX – a hidroxila do resíduo Ser530 ataca a carbonila do grupo acetil, ligando-se de forma irreversível e acetilando o resíduo, dessa forma, ele libera o ácido salicílico e impede que o ác. araquidônico tenha acesso a esse sítio ativo (impedindo a formação de prostanoides importantes como a TXA2 na agregação plaquetária, que afeta a cascata de coagulação). Portanto, a aspirina previne a formação de trombos. • Foram desenvolvidos derivados dos salicilatos para reduzir os efeitos colaterais por redução da acidez da molécula. A salicilamida teve uma troca do grupo ácido por uma amida, aumentando muito seu pKa reduzindo sua acidez, mas perdendo potência. A mesma coisa acontece com os sais (salsalato, salicilato de magnésio), aumentam a solubilidade mas perdem potência. Já o diflusinal, é mais potente e é competitivo reversível com a COX, além de ser menos lesivo. • REA: quanto mais ácido, mais potente e mais efeitos adversos (grupo ácido é ESSENCIAL pois faz interações no sítio ativo da COX com a Tyr355 por interação de hidrogênio e iônica com a Arg120). • Quando a hidroxila é movimentada há perda de atividade, portando sua presença na posição 2 é ESSENCIAL. • A adição de aneis aromáticos na posição 5 há um aumento da potência. • Halogênio no anel aumenta a potência e toxicidade. • Sais de ác. salicílico diminuem distúrbios TGI • Derivados do ácido arilalcanóico • Maior classe química dos AINEs, possuem sempre um grupo ácido (podendo ser enol, tetrazol, sulfonamidas...), um grupo espaçador (metil. Alquil ou H) e um anel aromático. Aumentar a distância do grupo farmacofórico diminui a atividade. • Mimetiza-se as interações do substrato com o sítio ativo da COX por semelhança de estruturas. Portanto, mimetizando o ácido araquidônico (insaturações 5 e 8), o anel aromático tem essa função. Um segundo anel aromático adicional mimetiza a insaturação 11. Isso tudo torna o fármaco mais potente devido as interações hidrofóbicas. • Primeiro representante: indometacina • Anel indol não é essencial, mas essa região é flexível e gera 2 potenciais conformações (cis e trans), sendo instável pois não garante-se uma mimetização completa. A conformação bioativa é a trans. • Foi feita uma troca bioisostérica para consertar isso, trocando o anel indol por um anel indendo (com insaturação) que gera uma restrição conformacional >> SULINDACO. Além disso, trocou-se o cloro por um sulfóxido, aumentando a solubilidade e diminuindo os efeitos colatrais e a troca do OCH3 pelo F, que aumentou a potência. • O sulindaco é um pró-fármaco por redução (metabólito ativo) ou oxidação (inativo). • Diclofenaco • Mais consumido no Brasil e no mundo. É mais potente do que a aspirina e indometacina. • Tem o segundo anel aromático substituído por 2 cloros em posição não coplanares, permitindo que isso aumente a complementariedade do fármaco no sítio ativo da COX. • Sódio e potássico: quimicamente suas diferenças estão nos sais, não alterando o mecanismo de ação mas apresentando diferenças farmacocinéticas. • Para dores mais intensas indica-se o voltarem. • Derivados do ácido arilpropiônico (profenos) Tem a adição do grupo metil, gerando um C quiral e aumentando a ação anti-inflamatória e redução dos efeitos colaterais. • Normalmente comercializados como uma mistura racêmica que ocorra bioconversão, pois apenas o isômero (S) é ativo. • Derivados do ácido antranílico (ác. mefenâmico é o principal) • Bioisosterismo: troca da hidroxila por uma amina • Também há a substituição por 2 metilas no local onde havia 2 cloros no diclofenaco. • Utilizado principalmente como analgésicos. • Derivados do ácido enólico – oxicans • O mais recentes, equipotentes a indometacina, mais potentes que os profenos e não possuem o ácido em suas estruturas. Apresentam inibição das prostaglandinas. • Piroxicame meloxicam (mais seletivo para COX-2). • Importante se ter substituintes heteroaril (pirimidina, tiazol) no R1 e não simplesmente aromáticos pois diminuem o pKa do grupo ácido (liberação do hidrogênio), aumentando a meia-vida e atividade. A carboxiamida é mais ácida e na presença do heteroaril têm-se a estabilização desse enolato, permitindo a saída do H mais facilmente. • Em R2 têm-se atividade máxima pela substituição com metila. • Mecanismo de ação diferente com a COX e inibem a mPGES (sintetase específica da PGE2). • Seletividade: quanto menor a barra, mais seletividade para COX-2. • AINEs seletivos para COX-2 (sulidas e coxibes) • Planejados baseados no alvo receptor: COX-2. • A alteração da isoleucina pela valina é capaz de bloquear a interação na COX-1 no bolsão hidrofóbico. Não existe complementariedade do fármaco com o sítio ativo. • Grandes efeitos colaterais cardiovasculares, pois ao inibir apenas a COX-2, diminui-se a produção de PGI2 e estimula-se a agregação plaquetária pois a concentração de TXA2 aumenta. • AEs sistêmicos • São utilizados principalmente no tratamento de doenças autoimunes e inflamatórias (lúpus, psoríase, asma alégica...) • Seu uso prolongado leva a muitos efeitos colaterais de forma sistêmica e sua dose deve ser equilibrada com seus benefícios. • Esteroides endógenos são produzidos no córtex das glândulas adrenais: • O precursor endógeno é o colesterol, portanto possuem um alto logP que permite uma difusão pela membrana celular. • Mecanismo de ação é intracelular/nuclear por interação com o receptor, ativando-o por mudança conformacional que entra núcleo da célula por sinalização celular, interagindo com o ácido nucleico por alteração de seu estado oligomérico para que impeça a transcrição e tradução de proteínas que desencadeiam os efeitos relacionados à ação glicocorticóide de produção de citocinas pró- inflamatórias. • Todos os esteroides possuem um núcleo básico de 4 anéis fundidos, variando seus substituintes – que irão definir se vai ser mais glico ou mineralocorticoide. • Possuem centros assimétricos que apresentam estereoquímica, porém é rígido devido a composição dos anéis conjugados. • Trans é a forma ativa e cis é a forma pós metabolização, inativa. • Há pontos de metabolização: 5a >> 5b, C6 e C17. • O bloqueio desses pontos de metabolização permitem efeitos mais prolongados. • A quantidade de carbonos irá diferenciar também os esteroides. • Ao glicocorticoides possuem 21C. • Por terem um alto logP, esses fármacos possuem uma alta absorção oral, baixo efeito de primeira passagem, alta biodisponibilidade e muita ligação a proteína plasmática. • Cortisona/hidrocortisona • Meia vida baixa, indicação para pessoas com deficiência na adrenocortical e tem como efeitos colaterais a retenção de sódio, edemas (ambos devidos à alta atividade mineralocorticóide) e aumento da acidez estomacal. • Para diminuir esses efeitos, a estratégia adotada foi adicionar novos substituintes que proporcionariam maior afinidade com o receptor glicocorticoide e reduzir com o receptor mineralocorticoide, já que os que já tinham era todos essenciais para suas atividades. • Surgiu então a Fludrocortisona • Adicionou-se um F na posição 9, aumentando sua potência 11x em relação a cortisona, mas aumentou-se em 300x a ação mineralocorticoide devido a presença do halogênio. • Indicação é para reposição mineralocorticoide. • Prednisona/Prednisolona (diferença metabólica) • Descobriu-se que a insaturação em C1 aumentava a potência do efeito glicocorticoide, pois provoca uma alteração conformacional que potencializa a afinidade do fármaco pelo receptor glicocorticoide. • Indicação: artrite reumatóide. • Efeitos colaterais: síndrome de Cushing, ansiedade e acne. • A prednisona é um pró-fármaco. • Metil prednisona • Manteve-se a insaturação em C1. • Houve a adição de uma metila em C6 (um dos pontos de metabolização), portanto bloqueia-se esse local e têm-se um efeito mais prolongado. Além disso, aumenta seu logP, aumentando também a meia vida do fármaco. • Dexametasona/Betametasona • A diferença é a adição de um metil na posição 16, isso causa um aumento da estabilidade metabólica pois a posição 17 do lado também é um dos pontos de metabolização, portanto isso retarda o processo de metabolização, aumenta a lipofilicidade e provoca maior afinidade pelo receptor glicocorticoide >>> maior atividade anti-inflamatória e menor retenção de sódio. • Dexa (alfa) para fora do plano. • Beta para dentro do plano. • Efeitos colaterais: aumento do apetite, ganho de peso e síndrome de Cushing. AEs tópicos • Aumento da lipofilicidade e potência de forma com que o fármaco consiga passar a derme, porém com menos efeitos sistêmicos. • O halobetasol usado sistemicamente causa supressão da adrenal pela sua potência. A modificação feita foi a substituição por um cloro no C21 e por um metileno dioxi no C16 e/ou C17. Isso levou a uma maior afinidade ao receptor glicocorticoide com baixa atividade sistêmica. • Na sua estrutura manteve-se o flúor e a insaturação no C1. • Indicação: psoríase, dermatites e dermatoses. AEs inaláveis/intranasais • Pulmão tem uma alta área de absorção e alta concentração plasmática, portanto todos esses fármacos devem ter uma baixa biodisponibilidade oral para não causarem efeitos colaterais sistêmicos. • Porém, o uso prolongado pode causar candidíase da orofaringe, aftas e disfonia. • A estratégia foi reduzir a biodisponibilidade oral e aumentar o clerance para que sejam eliminados mais rapidamente e aumentar a afinidade pelos receptores por alteração do logP. • Budenosida: apresenta um efeito prolongado, não há a substituição pelo F, mas têm-se a insaturação em C1 e substituintes nos anéis C16 e C17 extremamente lipofílicos. • O aumento da lipofilicidade nos glicocorticoides tópicos e inalatórios facilita a difusão simples e reduz os efeitos colaterais (mineralocorticoides). ANTI HISTAMÍNICOS Antialérgicos • Histamina: mediador da resposta alérgica imediata armazenada em mastócitos e basófilos que possuem na membrana receptores para IgE (desencadeamento da resposta alérgica) que quando são dimerizados, liberam a histamina e outros agentes químicos. • Tem estrutura composta por uma amina primária (pKa básico), um grupo etilênico e um anel imidazólico (também básico). • O anel pode existir em 2 formas tautoméricas: tele e pros que têm relação com a localização do H (N1 ou N3 respectivamente). A mais frequente é a forma tele. • Grupamentos básicos podem ser ionizados, portanto fisiologicamente a histidina está na forma de monocátion, com a amina protonada e o anel neutro, pois está em pH sanguíneo, que é maior que seu pKa. • Já em meio ácido, ambos estarão em um pH mais baixo que seus pKas, portanto a histidina estará na forma de dicátions. • Em meio alcalino, ambos estão neutros, pois o pH é maior que seus pKas. • A histamina é biossintetizada a partir de um aminoácido, a histidina, por descarboxilação. • Existem 4 diferentes receptores histaminérgicos, que serão determinados de acordo com a localização celular. • A 4-metil histamina tem maior seletividade para os receptores H2 e H1, pois tem conformação trans. • A 2-metil histamina tem maior seletividade para o receptor H3, com conformação gauche. • Anti-histamínicos de 1 geração • São considerados agonistas inversos, ou seja, maior ligação ao receptores inativos. • Compartilham uma estrutura geral composta por 2 anéis aromáticos (fenil e pirimidil, com exceção do tiofeno devido a toxicidade) ligados à um átomo X (vai denominar as classes, podendo ser um N, CHO ou CH), separados por um espaçador, seguido por uma amina terciária substituída por grupos alquil ou aromáticos (aminaalifática ou aromática). • Primeiro fármaco foi o piperoxan, pois causa inibição do broncoespasmo. Porém, por ter ação em muitos receptores, havia muitos efeitos colaterais. • Composto por um anel de piperazina e por 2 anéis conjugados chamados de benzodialoxânico. • Etilenodiaminas • Grande efeito de sedação no SNC por ação de diversos receptores. • Éteres etanolamina • Dramin, usado como antiemético (Parkinson) devido a sua grande ação central anti-colinérgica. • Mesmo com a troca da amina pelo éter, não se atingiu o objetivo de conseguir um fármaco potente anti-alérgico. • Além disso, foi observado que dependendo da posição orto ou para dos substituintes no anel aromático ligado ao C central, poderia-se potencializar a ação anticolinérgica (aquílicos em R2) ou anti-histamínica (aquílicos em R4). • Alquilaminas • Polaramine, gera-se um centro assimétrico com um enantiômero mais ativo (S). • Teve uma redução do efeito sedativo e aumento da potência anti-histamínica devido a uma maior seletividade dos receptores H1. • Para melhorar ainda mais a seletividade, foi adicionada uma insaturação no grupo etilênico para enrijecer a estrutura. Gerou- se então uma isomeria geométrica (Z e E – mais potente). • Piperazina • Tem 2 anéis aromáticos, mas não se tem mais a cadeia alquílica distanciando do N do núcleo piperazina. • Isso garantiu um início de ação mais lento, mas um tempo de ação mais prolongado. • São utilizados como antieméticos, pois não possuem seletividade pelos receptores histamínicos. • Tricíclicos • Os mais potentes são as fenotiazinas. São usados na terapêutica, mas ainda não garantem seletividade e potência aos receptores H1. • Anti-histamínicos de 2 geração • O sucesso desses fármacos foi dado por estruturas mais hidrofílicas e maior seletividade H1. • Terfenadina causava arritmia. • A oxidação do grupo terbutil permitiu a redução do logP, perdendo a toxicidade a receptores (ERG?) e aumentando a sua potência anti-histamínica. • Possuem atividade anti-H1 periférica, reduzida atividade anticolinérgica e baixa penetração na BHE. • Loratadina • Seu metabólito por perda da região polar gera a desloratadina como fármaco ativo – mais seletivos. Antiúlceros • A liberação do ácido gástrico é regulada por 3 mecanismos: 1. Gastrina: hormônio que ao se ligar ao receptor CcK2 estimula as bombas de próton. 2. Acetilcolina: se liga aos receptores muscarínicos. 3. Histamina: se liga aos receptores H2. • Para os receptores H1, a histidina interage de forma com que a amina protonada fazia uma interação iônica com o receptor e o N pros interage com o resíduo presente no receptor. Dessa forma, conclui-se que para ter atividade em H1, precisava-se de qualquer heterocíclico substituído por um nitrogênio, espaçado por um grupo etilênico flexível da amina protonada. • Para os receptores H2, a única diferença é que ambos os nitrogênios do heterociclo são essenciais para interagir. • Buscava-se um fármaco antagonista, e não um agonista inverso. Portanto, queria impedir a ativação dos receptores quando a histamina se ligasse a eles. • Portanto, houve a adição um grupo fosfanal extra para que o fármaco se ligasse ao receptor inativo sem causar uma mudança conformacional para sua forma ativa. Impedindo assim a mudança conformacional e a ligação do ligante endógeno. • A adição de grupos hidrofóbicos conjugados ao anel imidazol e substituintes na amina terminal foram estratégias criadas para fazer isso. A adição de grupamentos hidrofóbicos não antagonizava a produção de histamina, potencializava (agonistas). • Porém, o único que apresentou atividade foi a molécula com um grupo metil em C5. Se esse grupo Me estiver na mesma orientação do grupo amino, ocorre um impedimento estérico e se liga ao receptor H1. Na outra conformação, esse grupo está afastado do grupo amino e se liga ao receptor H2. • Então, tentou-se adicionar grupos polares: adicionou-se o grupo guanidil, que possui formas tautoméricas onde a carga pode estar entre os diferentes N. • Percebeu-se que fármacos com o N guanil substituído eram antagonistas fracos ou agonistas parciais. • Como a ligação do grupo N guanil ao receptor se dá pela interação com um aminoácido com íon carboxilato, foram feitas substituições: a. Pela tiouréia é possível ter 2 interações de hidrogênio e íons pareados. (FORTE) b. Pelo grupo metílico, o padrão de interação é alterado possuindo apenas uma interação de hidrogênio (FRACO). • Ambos ainda possuíam atividade agonista parcial, mas o “a” possuía atividade antagonista maior. • Então foi feita a estratégia de estender a cadeia lateral. • Se substituirmos a guanidina por um grupo neutro (tiouréia) capaz de manter as interações de hidrogênio com o receptor, conseguimos nenhuma atividade agonista e uma fraca atividade antagonista. A burinamida é o primeiro antagonista H2. • Apresentou baixa administração oral. • Essas alterações causaram um aumento do valor de pKa da molécula que conseguia proporcionar a ionização da histidina devido as 2 formas tautoméricas da histidina. • Quando se tem substituintes eletrosacadores na cadeia do grupo espaçador, é possível influenciar o pKa da molécula e na estabilidade do tautômero. Então foi adicionado um enxofre eletrosacador e uma metila como eletrodoador no anel para estabilizarem e ter a forma neutra da molécula. (ESSENCIAIS) • Isso possibilitou a administração por via oral, mas apresentou alta toxicidade. (Metiamida) • Buscou-se, então, substituintes menos tóxicos como a guanidina, pois é um grupo presente nos nossos aminoácidos para que não seja tóxico já que é uma molécula biológica. • O que garantiu um aumento da complementariedade dos antagonistas no sítio ativo se deu pelo aumento da cadeia espaçadora. • A segunda estratégia adotada foi feita pela substituição por grupos eletrosacadores, pois diminuíam o pKa e estabilizavam a carga para garantir atividade apenas antagonista - CIMETIDINA • Foi feito o estudo de metabolismo, e conclui-se que é um fármaco estável excretado majoritariamente inalterado devido a inibição da CYP450. • Seus pontos de metabolismo são no enxofre ou na oxidação da metila, isso é importante pois pode haver alteração dos parâmetros farmacocinéticos se for utilizado concomitantemente a outros fármacos. • Então, foram produzidos fármacos “mee too”, que possuem o mesmo mecanismo de ação mas com diferenças estruturais. – RANITIDINA – apresentou maior meia-vida, mais atividade e redução dos efeitos colaterais. • Na guanidina, ao invés do grupo ciano tem-se o grupo nitro. • Anel furano substituído por uma amina terciária. • Análogos a cimetidina: • Famotidina/nizatidina – as alterações foram centradas no grupo básico e no anel imidazólico (pelo furano e tiazol. REVISÃO ANTAGONISTAS H1 X H2: Anestésicos • O efeito da anestesia é garantido por 4 estágios, sendo que os fármacos variam entre eles. • O 4 estágio é o indesejado. • O estágio 3 é o desejado, de preferência sem ter que passar pelo estágio 2. • Atualmente, conjuga-se diferentes fármacos com diferentes mecanismos de ação para alcançar o estágio 3, já que um fármaco isolado não consegue todos os efeitos do estágio 3. • Anestésicos inalatórios • Estruturalmente inespecíficos, dependem apenas de suas propriedades físico-químicas para promover o efeito. • Nesse caso, a principal propriedade é a lipofilicidade, quanto maior, mais efeito e mais potente. • Observa-se o início da ação e a sua manutenção, que são determinados pelos coeficientes de partição sangue:gás e óleo:gás – relaciona a afinidade do gás. • Quando o fármaco atravessa a BHE atingindo o SNC, a interação com os receptores GABA que vão determinar a sua potência.• O GABA ao se ligar com o receptor promove a abertura dos íons de cloro que hiperpolarizam a célula >>> inativando o SNC. • Na presença de um anestésico inalatório, a ligação do GABA ao receptor é potencializada e a concentração de cloro aumenta no interior da célula, mantendo a célula hiperpolarizada e reduzindo a excitabilidade neuronal. • CAM (Concentração Alveolar Mínima): necessária para cessar os movimentos em 50%. Depende da lipofilicidade – coeficiente de partição óleo:gás. • É a passagem do gás do sangue para o SNC que determinará o tempo de indução e recuperaçã do paciente. • Anestésicos intravenosos - propofol • Possuem rápida metabolização e recuperação. • Anel fenol substituído por 2 grupos isopropílicos, possui baixa solubilidade em água, portanto é administrado na forma de emulsão. • Foi feito um pró-fármaco, fosfopropol, com o objetivo de melhorar as propriedades físico-químicas por proteção, alterando apenas a farmacocinética. • Tiopental: barbitúrico, possui alta lipofilicidade, rápida ação e recuperação e é lentamente metabolizado (se acumula no tecido adiposo) – por isso é pouco utilizado já que pode trazer muitos efeitos adversos. • Etomidato: similar ao tiopental, porém é metabolizado mais rápido. Comercializado como mistura racêmica embora o isômero D tenha atividade farmacológica. Pouco hidrossolúvel e é comercializado em solução com PEG. Possível risco de supressão das suprarrenais. Perde atividade rapidamente pois o grupo éster é suscetível a metabolização. • Cetamina: não se liga apenas aos receptores GABA, se liga também ao receptor NMDA – esses canais são responsáveis pelo transporte de Na e Ca por ação do glutamato, e quando abertos ocorre a despolarização celular inibindo a transmissão nervosa. O fármaco mantém esse canal aberto (antagonista). • Tem ação analgésica também e é solúvel em água. • Quando ocorre uma desmetilação na metabolização, o metabólito é capaz de se ligar a outros receptores, portanto é um potente anestésico. • Anestésicos locais • Bloqueiam reversívelmente a condução de impulsos nervosos através da fibra nervosa, restringe-se o local. • As modificações estruturais basearam-se na estrutura química da cocaína – anel aromático ligado a um éster substituído por uma porção de amina terciária com um éster. • Todos compartilham de uma estrutural geral: • Os derivados dos ésteres, como a procaína, e os derivados da amida, como a lidocaína, podem estar protonados dependendo do pKa básico que possuem e do pH em que se encontram. • Os grupos espaçadores interferem na complementariedade das moléculas com o sítio ativo dos canais. • Qual o mais estável? É a amida, pois no organismo temos mais esterases do que amidases. • Mecanismo de ação se dá pela interação com os canais de sódio e isso só se dá quando o fármaco se encontra protonado. • Na presença do anestésico, há diferentes afinidades pelas conformações do receptor, quando o canal está em repouso o anestésico tem baixa afinidade, quando está fechado, inativo ou aberto tem alta afinidade. • REA do grupo aromático: fármacos com lipofilicdade moderada são melhores do que aqueles com alta lipofilicidade, pois não haverá equilíbrio com a forma ionizada e não conseguirá interagir com o recptor após a passagem pela membrana. • REA do grupo hidrofílico: é essencial para a atividade. • Por que anestésicos locais não possuem muita atividade em tecidos inflamados? Porque tecidos inflamados apresentam grande quantidade de citocinas e quimiocinas que reduzem o pH local, consequentemente a molécula estará mais ionizada, o que dificulta a passagem pela membrana e o acesso ao canal de sódio. Hipnóticos sedativos • Utilizados para distúrbios de sono, ajudando o paciente a dormir, mas podem ser utilizados na anestesia também – barbitúricos, que não possuem grande uso devido a elevada incidência de efeitos colaterais. • Barbitúricos • Atuam nos receptores de GABA (neurotransmissor inibitório) potencializando-o. • O receptor GABA é formado por 5 subunidades (heteropentâmero), 2 subunidades alfa, 2 betas com variações e 1 gama. • Mecanismo de ação: depende da passagem dos íons de cloreto, que permitem a hiperpolarização da célula para que o canal se abra e a passagem do GABA na fenda pós sináptica, desencadeando o efeito sedativo. • Esses fármacos se ligam ao receptor GABA de forma alostérica, pois se ligam em um local diferente de onde o ligante endógeno se liga no canal, alterando a conformação do receptor permitindo que o canal se mantenha aberto por mais tempo e consequentemente que a concentração de cloreto seja maior no SNC. • Isso diminui o tempo de adormecimento, aumenta o tempo total de sono e diminui a ocorrência de despertares noturnos. • Quimicamente o grupo ácido barbitúrico é formado por um anel substituído com 2 aminas (anel pirimidina) e 3 carbonilas (=O). Porém, sem a adição de substituintes ele não possui ação farmacológica. • Pode apresentar 2 formas tautoméricas, variando pela presença do hidrogênio no nitrogênio (grupo enolato, sal) ou na hidroxila (grupo enolíco) – mais estável. Mas o enolato é mais solúvel, sendo melhor para preparações farmacêuticas. • REA – Barbitúricos • Quando dissubstituído em 5,5 possui a atividade farmacofórica. • Grupos polares na posição 5: perda total da atividade sedativa-hipnótica. Ou seja, isso altera também propriedades físico-químicas (lipofilicidade). • Adição de substituintes em N: redução da atividade sedativa-hipnótica. • Precisa-se de um logP adequado para que consiga atravessar a BH. • Com exceção do secobarbital (possui um alilíco), todos têm a presença de um grupo etílico em R1, e o que vai variar é o R2. • Dessa forma, tem-se um carbono assimétrico em C5, interferindo diretamente na estereoquímica e consequentemente na interação e ligação com os receptores GABA. Apesar de normalmente serem comercializados como misturas racêmicas, sabe-se que o estereoisômero L é o mais potente. • A substituição/troca bioisostérica do O por S (tiobarbitúrico): há um aumento da lipofilicidade e a passagem pela BH é maior – início de ação mais rápido, porém duração menor. Por isso são utilizados mais como anestésicos do que como sedativos. • As estratégias foram manter um logP equilibrado para conseguir controlar sua duração. • Agonistas dos receptores de melatonina • Melatonina é um neurotransmissor produzida pela glândula pineal no SNC, com função de regulação do sono – maior concentração no momento contrário ao cortisol. Interage com 2 receptores. • Possui baixa biodisponibilidade oral • Primeiro fármaco dessa classe: ramelteona • REA: anel aromático é essencial, pois no receptor há resíduos de aminoácido (triptofano) que permite interação do tipo hidrofóbica. • Grupos essenciais: amida pois ocorre interação com resíduos polares; metoxi. • Quando substituímos o grupo metoxi por idano, há um aumento da lipofilicidade e alterando a potência (afinidade 12x maior). Opioides/hipnoanalgésicos e antagonistas dos hipnoanalgésicos • Utilizados para o tratamento de dores moderadas a intensas • Têm ação central, analgésico, mas com efeitos colaterais importantes – depressão respiratória, efeito narcótico... • A físico-química é muito importante para sua ação, precisa-se de uma alta lipofilicidade (BH) • Todos os estudos feitos têm como objetivo identificar os grupos farmacofóricos para fazer mudanças estruturais que possibilitem a redução dos efeitos adversos apresentados • Protótipo: morfina, composta por 5 anéis – 1 anel aromático (fenólico) ligado à uma hidroxila fenólica (A), um ciclohexano, um anel alquílico com insaturação e ligado a uma hidroxila alílica (C) e os anéis B, D e E. Além disso, tem-se uma amina substituídacom uma metila • A conjugação dos 4 anéis determinam uma conformação em formato de T, atribuída pela presença de diversos (5) centros assimétricos que vão determinar a esteroquímica essencial da molécula para interagir com os receptores opioides. Sabe se que a conformação racemato tem 50% de atividade já que o “espelho” da molécula não consegue interagir com receptores opioides, assim a conformação afeta diretamente a complementariedade. • Foram feitas então mudanças nos centros assimétricos. • Derivados da morfina: houve mudanças de potência, mas não de dependência • Codeína: houve a substituição da hidroxila fenólica (ESSENCIAL) por um grupo metoxi, ocasionando a redução da potência (0,2x) • Heterocodeína: houve a substituição da hidroxila alílica por um grupo metoxi, aumentando a potência (5x) • Mudanças estruturais 1) Variação dos substituintes: -OH aromática é essencial para atividade e deve ser espaçada da amina quaternária, acetilação ou metilação no C6 (pois retarda a metabolização, aumentando a meia- vida) e hidrogenação C7=C8 podem resultar em um aumento da potência (isso acontece pois há uma rigidez conformacional ??????). A adição de uma cetona pode manter ou aumentar a atividade. Além disso, a molécula possui muitos grupos polares e uma amina carregada, o que resulta em uma baixa biodisponibilidade oral, sendo assim deve-se ter uma dose parenteral. A heroína (diamorfina) possui a adição de 2 grupos acetis, aumentando a potência em relação a morfina, talvez por causa do aumento de logP. A nomorfina (ausência da amina) causa redução a atividade analgésica. E se temos um N-oxido ou uma amina quaternária tem-se uma perda de atividade completa. 2) Extensão dos fármacos: a extensão possibilita interações com regiões extras no receptor, então adicionou-se uma hidroxila em C14 (dioximorfina, 2.5x) que fez com que houvesse um aumento nas interações de hidrogênio. Depois, foram feitas substituições no nitrogênio da amina: etilfenil aumentou a atividade analgésica 14x e permitiu mais interações de Van der Waals. Então observou se que a adição de grupos alquílicos saturados, insaturados e anéis com grupos espaçadores menores potencializavam ação antagonista, enquanto grupos espaçadores maiores potencializam a ação agonista da morfina. Ação antagonista – importante devido a crise dos opioides, a overdose e ao vício. 3) Simplificação molecular: a redução dos centros assimétricos e o aumento da flexibilidade conformacional implica em uma perda entrópica, pois diminui a interação e afinidade pelos receptores opioides, dependentes de fatores termodinâmicos. Por isso, foi feita uma dissecação molecular, retira-se o máximo de substituintes possíveis. Retirada dos anéis: • A retirada do anel E (piperidina) leva a perda total da atividade, pois a amina é essencial. • Morfinanos (sem o anel D) - perda da hidroxila do fenol faz com que não haja atividade e a adição de uma hidroxila aumentou a potência em 8x. São mais potentes, mas não reduzem os efeitos de dependência. • Remoção dos anéis C e D (benzomorfanos) mostra que é essencial a manutenção das 2 metilas, relacionado com a complementariedade ao receptor, já que a metila mantém o centro assimétrico. A pentazocina mantém o N com grupo espaçador com insaturação e 2 metilas, aumentando a potência, diminuindo a dependência e a duração do efeito e apresentou potencial alucinógeno. • O anel ligado ao N aumentou a ação antagonista e a hidroxila aumentou a afinidade pelos receptores kapa (objetivo) e reduziu a depressão respiratória. • Remoção dos anéis B, C e D (4-fenil piperidinas) – são muito mais flexíveis e conseguem manter a analgesia, porém perdem potência, têm início de ação rápido e meia vida curta. Para tentar contornar isso, adicionou-se na amina um anel aromático responsável por adicionar interações apolares aumentando a complementariedade ao receptor. Não se obteve redução dos efeitos colaterais. • O derivado de morfina tem 0 atividade, mas o derivado de 4-fenil piperidina tem 30x mais atividade quando substituídos com um grupo retirador de elétrons (=O), portanto eles não seguem o mesmo padrão de REA das morfinas. • Além disso, a substituição do anel piperidina pelo pirrolidina causa um aumento na potência e na dependência. Portanto percebeu-se que o aumento do anel é responsável pela incidência de efeitos colaterais. PS: SUBSTITUINTES NO ANEL NÃO AUMENTARAM A POTÊNCIA, MAS SIM A ADIÇÃO DE UM ANEL 4) Rigidificação: adição de 1 anel com insaturação no anel C (etorfina) causou um aumento no logP, afinidade e potências maiores. Apenas são usados na veterinária devido a potência. A brupendorfina recupera a atividade analgésica e reduz a dependência, agonista parcial do M e antagonista do delta e kapa. • Os receptores opioides possuem subtipos e diferem na sua localização, estão distribuídos de forma diferente no SNC e na medula espinhal. • Os ligantes endógenos são as encéfalinas (endorfinas), compartilham uma similaridade estrutural com os pentapeptídeos – tirosina, glicina, glicina, fenilalanina e em R pode-se ter leucina ou metionina. • Percebeu-se que a morfina compartilha quimicamente uma porção do ligante endógeno, justificando o padrão de interação com os receptores.
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