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1 Unidade 2 Tema: Aspectos legais da saúde e segurança e segurança do trabalho. Objetivos da unidade: Discutir sobre a evolução das legislações que regem a saúde e segurança do trabalho no brasil. Identificar quais órgãos são competentes quanto a segurança e saúde do trabalho no brasil. Conhecer melhor cada nora regulamentadora e demais ferramentas legais vigentes. Tópicos de estudo A evolução das legislações de segurança e saúde no trabalho. // Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). // Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST). Legislação vigente e aplicação: tipos de legislações vigentes no brasil: // Normas Regulamentadoras. // Outras legislações pertinentes. 2 A evolução das legislações de segurança e saúde no trabalho (SST). Vídeo: Apesar do medo que uma nova forma trabalhista pode trazer é importante lembrar que essa atualização das leis pode ser positiva para te mostrar isso neste vídeo vamos te mostrar as principais vantagens propostas da nova reforma. A primeira delas é o fim da obrigatoriedade por parte do empregado de contribuir com o sindicato. Antes os funcionários eram obrigados a repassar o valor de um dia de trabalho ao sindicato que representa sua profissão, mas agora isso fica a critério do próprio empregado. Outra mudança positiva está nas férias que agora podem ser divididas em até três períodos desde que um deles seja de 14 dias e os outros dois tenham mais de cinco dias corridos cada, a única restrição é que o início das férias não pode acontecer até dois dias uteis antecedentes a um feriado ou a dias de descanso semanal. Em relação a jornada de trabalho podemos destacar a divisão e compensação da jornada de trabalho diária que deve acontecer no mesmo mês e respeitando o limite de dez horas diárias já previstos na CLT. Também ficou estabelecido que o intervalo intrajornada (horário de almoço) pode ser menor que uma hora permitindo que o trabalhador entre mais tarde ou saia mais cedo vale lembrar que essas mudanças podem ser negociadas entre o patrão e o empregado sempre de acordo com as leis. Por fim quanto ao regime de contratação foi permitida a terceirização de trabalhador da atividade FIM da empresa, antes da reforma trabalhista so era permitida a terceirização de funcionários que não desempenhassem a atividade FIM. É importante lembrar que é proibido demitir um funcionário em regime CLT para recontrata-lo como terceirizado logo em seguida a lei determina um prazo de 18 meses para esse tipo de recontratação. FIM DO VIDEO Assim como as tecnologias, que avançam e se modernizam com o passar dos anos, as legislações também sofrem alterações e adequações necessárias ao seu processo de assimilação e até mesmo de serventia. De nada adiantaria uma legislação criada no século passado diante das constantes mudanças das formas e modelos de trabalho da atualidade. Reconhecido como um dos primeiros dispositivos legais relativos à proteção do trabalho, o Decreto nº 1.313, de 1891, é considerado um marco no tocante à inspeção do trabalho no Brasil, pois foi a partir dele que se iniciaram as atividades de fiscalização permanente de fábricas onde houvesse menores trabalhando. O Decreto, como o próprio caput diz, estabeleceu providências para regularizar o trabalho de menores empregados nas fábricas da Capital Federal à época (BRASIL, 1891). O objetivo era regularizar o trabalho infantil de crianças do sexo feminino (de 12 a 15 anos de idade) e masculino (de 12 a 14 anos) em relação ao ambiente e à jornada de trabalho. As atividades por parte de crianças menores de 12 anos eram proibidas, exceto para casos de aprendizes em fábricas têxteis, a partir dos oito anos de idade. As jornadas de trabalho instituídas eram de sete a nove horas. Há alguns anos, ficou estabelecido, pela legislação atual, que o trabalho infantil é crime. No entanto, na época em que o Decreto nº 1.313 foi publicado, crianças de pelo menos oito anos de idade já eram permitidas em ambientes fabris, daí sua importância quanto ao processo de fiscalização das condições de trabalho desses menores. Inspetores eram obrigados a visitar todas as fábricas ao menos uma vez ao mês e apresentar anualmente, aos órgãos competentes, um relatório com as ocorrências mais relevantes em relação às condições de trabalho dos menores, seus dados pessoais, seu grau de alfabetização etc. (BRASIL, 1891). Para os dias atuais, é um absurdo imaginar crianças trabalhando, ainda mais em fábricas. No entanto, à época, regulamentar e fiscalizar as condições de trabalho desses menores era um avanço nas políticas de saúde e segurança do trabalhador no Brasil. Algumas medidas importantes eram tomadas com base nos relatórios apresentados pelos inspetores, como, por exemplo, a obrigação de disponibilizar pelo menos 20 m³ de ar respirável a cada operário, dada a percepção do alto grau de insalubridade do ar das fábricas. Além disso, surgiram padronizações referentes aos solos das fábricas, que deveriam ser secos e impermeáveis; e à ventilação, que deveria ser franca e completa, evitando que houvesse confinamento de ar, além de adequações e proibições quanto ao trabalho de menores em atividades em depósitos de carvão vegetal ou animal, manipulações diretas de fumo, petróleo, benzina, ácidos corrosivos, entre outros produtos (BRASIL, 1891). Outro item legal de bastante importância no cenário nacional foi o Decreto nº 3.724, de 1919, que apresentou evoluções em relação ao Decreto nº 1.313, apesar de ainda considerar legal o trabalho infantil e abranger praticamente apenas os trabalhadores da construção civil. Sua redação, porém, abordava diversos pontos que hoje são parte das legislações previdenciárias, como a Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social (BRASIL, 1919). Os principais beneficiados pelo Decreto nº 3.724 foram os operários da construção civil, de transportes de carga e descarga, indústrias e trabalhos agrícolas. Categorias da saúde, por exemplo, ficaram de fora do texto. No entanto, alguns pontos muito importantes foram dispostos, como a regularização de indenizações para casos de morte ou incapacidade total ou permanente e a obrigatoriedade da Declaração de Acidente (primeira versão da nossa atual Comunicação de Acidente do Trabalho). À época, a declaração cobria apenas casos em que o trabalhador fosse obrigado a ausentar-se do trabalho, e o julgamento era feito pela justiça comum (BRASIL, 1919), já que a Justiça do Trabalho seria instituída apenas com a promulgação da Constituição de 1934, alguns anos depois da criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 1930, pelo então presidente Getúlio Vargas. Mais à frente, em 1943, ocorria um dos marcos mais importantes quando o assunto é saúde e segurança do trabalhador. Por meio do Decreto-Lei nº 5.452, era promulgada a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT. Em um mesmo documento, foram compiladas as legislações sobre direito do trabalho e segurança e saúde no trabalho (SST). Desde sua publicação original a CLT já contava com o capítulo V - Da Higiene e Segurança do Trabalho, que, posteriormente, em 1977, seria alterado para Da Segurança e da Medicina do Trabalho (BRASIL, 1943; BRASIL, 1977). Até meados dos anos 1970, a legislação de segurança do trabalho no Brasil era basicamente corretiva, e não preventiva. A preocupação existia, mas apenas com as indenizações dos trabalhadores acidentados, sem qualquer interesse em investigar qual a origem dos acidentes ou o motivo pelo qual eles ocorriam, mesmo as empresas já sendo obrigadas a manter ativo o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Este, porém, servia apenas para doenças em geral, sem direcionamento ao caráter ocupacional. Em 1978, a Portaria nº 3.214, precedida da Lei nº6.514, de 1977, estabeleceu as Normas Regulamentadoras (NRs), utilizadas como parâmetros de saúde e segurança do trabalho até os dias de hoje. Apesar de já ter se passado mais de 40 anos, algumas dessas normas ainda carecem de revisões e adequações à realidade de hoje. Houve propostas de atualizações, recentemente, que podem trazer renovação e facilitação burocrática em relação aos textos antigos da década de 1970. A carência de legislações específicas da área de SST (segurança e saúde no trabalho) relacionava-se à falta de profissionais capacitados e qualificados, com conhecimentos atualizados. Apenas em 1985, por meio da Lei nº 7.410, foi instituída a especialização de engenheiro de segurança do trabalho e a profissão de técnico de segurança do trabalho. Esses profissionais foram, sem dúvida, essenciais aos avanços em SST que nos trouxeram até às legislações de hoje (BRASIL, 1985). Profissionais da área de SST (segurança e saúde no trabalho) devem ter conhecimento das mais variadas legislações, sendo as principais a trabalhista, a previdenciária e a ambiental. A trabalhista é, sem dúvida, a que o profissional de segurança deve ter maior domínio, sobretudo em relação às NRs e à CLT. A legislação previdenciária merece o posto de segunda mais relevante, pois se relaciona diretamente à trabalhista e define os acontecimentos provenientes dos acidentes, as prestações financeiras e os termos das aposentadorias especiais e laudos. Por último, mas não menos importante, a legislação ambiental estabelece vários pontos de interseção com as demais citadas anteriormente. Um exemplo clássico é o ruído, que, apesar de ser um problema local, da empresa, pode transpor os limites da mesma e trazer prejuízos à população do entorno, tornando-se um problema ambiental regido por legislações específicas. O ano de 1994 tem bastante relevância no cenário nacional da SST (segurança e saúde no trabalho), pois foi fundada, naquele ano, a Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) e instaurada a obrigatoriedade, por parte de empregadores, da apresentação de programas prevencionistas, como, por exemplo, o PPRA, PCMSO, PCMAT etc. Dez anos depois, em 2004, destaca-se o processo de reformulação da legislação previdenciária, introduzindo a obrigatoriedade das normas técnicas da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), criada em 1966, com operações iniciadas apenas em 1969. Talvez um dos avanços mais atuais das legislações do trabalho tenha sido a promulgação da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), por meio do Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, que traça alguns parâmetros e diretrizes para o bom gerenciamento do trabalho no País; e do Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PLANSAT), de 2012, que tem por objetivo instituir ações capazes de reduzir o número de acidentes de trabalho e mortes de trabalhadores e dar assistência aos acidentados (BRASIL, 2011). Além disso, as Normas Regulamentadoras vêm passando por atualizações desde o início de 2019, como medida de atualização, adequação à realidade e redução de processos burocráticos que se arrastam desde sua criação. Vale lembrar que as alterações são feitas com base no modelo tripartite paritário, do qual fazem parte o governo, empregados e empregadores. 2.1 Consolidação das leis de trabalho. A Consolidação das Leis do Trabalho, popularmente chamada de CLT, está em vigor há mais de 70 anos e é basicamente um guia do trabalho no Brasil. Por meio do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, a CLT foi aprovada no governo de Getúlio Vargas e trouxe inúmeras modernizações e regulamentações quanto ao trabalho (urbano, rural, de relações coletivas e individuais) no País. Talvez o maior valor da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) seja seu poder de impedir que relações de abuso sejam cometidas por parte de empregadores. Em termos claros, a CLT (consolidações das leis de trabalho) veio para aclarar os direitos dos trabalhadores e deixar bem delimitados todos os deveres dos empregadores, garantindo condições mínimas de trabalho. Um exemplo clássico é a introdução do direito processual nas discussões trabalhistas, bem como a exigência da celeridade processual, ou seja, a agilidade em julgar processos trabalhistas, que, à época da promulgação, costumavam demorar muito tempo até serem julgados. A CLT (consolidações de leis trabalhistas) trouxe muitas definições importantes, capazes de impedir que brechas sejam utilizadas como ferramenta de beneficiamento, principalmente por parte dos empregadores, como, por exemplo, os próprios conceitos de empregador e empregado: Art. 2º Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Art. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário (BRASIL, 1943). Mais do que definições, a CLT (consolidação das leis trabalhistas) regularizou a relação de serviço entre patrão e empregado e trouxe avanços até hoje muito elogiados por especialistas, como: A obrigatoriedade da carteira de trabalho e previdência social (CTPS) para qualquer pessoa empregada. Na CTPS, devem estar registradas todas as informações referentes à vida profissional do empregado, essenciais à garantia dos direitos previstos pela própria CLT, como, por exemplo, o seguro-desemprego e o FGTS; A limitação do mínimo valor de salário que um trabalhador deve receber enquanto contratado como empregado, ou seja, o famoso salário-mínimo. Seu cálculo deve levar em conta despesas de uma pessoa adulta com alimentação, vestuário, transporte, higiene e habitação. No ano de 2020, o salário-mínimo no Brasil recebeu um reajuste, posto em vigor, já em fevereiro, passando a ter valor de R$ 1.045,00; A CLT (consolidação das leis trabalhistas) estipulou uma jornada de trabalho diária de oito horas, o que equivale a 40 horas semanais, sendo permitidas até 44 horas semanais, a depender de acordos entre empregado e empregador. Antes dessa delimitação da CLT, os trabalhadores chegavam a trabalhar até 12 horas diárias; Ficou garantido a toda mulher gestante o direito à licença-maternidade, que, geralmente, deverá ser de 120 dias (quatro meses), podendo ser oferecidas, por opção do empregador, licenças de até 180 dias (seis meses). Além disso, é assegurada à empregada a estabilidade no emprego desde o momento em que a gravidez for descoberta até cinco meses após o parto; É garantido um adicional de 20% na remuneração ao trabalhador que desenvolver trabalho noturno, ou seja, entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. Caso o empregado trabalhe em regime de revezamento ou escalas semanais ou quinzenais, esse direito deixa de vigorar; O Decreto-Lei ainda garantiu aos trabalhadores o direito à greve. Fica a critério dos trabalhadores identificar a necessidade e a oportunidade para exercerem seus direitos de paralisação. O que é necessário como pré-requisito é que os empregadores sejam avisados com pelo menos 48 horas de antecedência. Cabe ao sindicato da categoria coletar as informações referentes ao motivo da greve, organizar documentos etc. A publicação da CLT foi um marco importantíssimo para as legislações trabalhista e previdenciária no Brasil no que diz respeito aos deveres e direitos dos empregados. Foram traçados, também, deveres importantes do empregador, como a obrigatoriedade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Deve ser recolhido 8% do salário bruto do empregado para o FGTS, que pode ser sacado em algumas situações específicas como: demissão (sem justa causa); aquisição de casa própria; diagnóstico de câncer, aids e outras doençasgraves; e aposentadoria (BRASIL, 1943; BRASIL 1988). Além disso, a CLT (consolidação das leis trabalhistas) estipulou o pagamento do 13º salário, que é feito com base na remuneração mensal do trabalhador e pode ser pago em até duas vezes, sendo a primeira até o dia 30 de novembro e a segunda até o dia 20 de dezembro do mesmo ano (BRASIL, 1943). As relações de trabalho vêm mudando constantemente, e espera-se que as legislações também sofram alterações com o passar dos anos. É papel de cada trabalhador estar ciente de seus direitos e exigi-los de seus empregadores ou à Justiça do Trabalho, quando necessário for. 2.2 Política Nacional de Segurança e saúde no trabalho (PNSST) A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), publicada em 7 de novembro de 2011, tem como centro de suas atenções a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador, bem como a prevenção de acidentes e de prejuízos à saúde. Os princípios norteadores da PNSST são: universalidade; prevenção; precedência das ações de promoção, proteção e prevenção sobre as de assistência, reabilitação e reparação; diálogo social; e integralidade (BRASIL, 2011). As ações previstas na PNSST devem constar também no Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PLANSAT) e basear-se nas seguintes diretrizes (BRASIL, 2011): Inclusão de todos os trabalhadores brasileiros no sistema nacional de promoção e proteção da saúde; Harmonização da legislação e a articulação das ações de promoção, proteção, prevenção; Assistência, reabilitação e reparação da saúde do trabalhador; Adoção de medidas especiais para atividades laborais de alto risco; Estruturação de rede integrada de informações em saúde do trabalhador; Promoção da implantação de sistemas e programas de gestão da segurança e saúde nos locais de trabalho; Reestruturação da formação em saúde do trabalhador e em segurança no trabalho e o estímulo à capacitação e à educação continuada de trabalhadores; Promoção de agenda integrada de estudos e pesquisas em segurança e saúde no trabalho. A implantação e a execução da PNSST (política nacional de segurança e saúde no trabalho) eram de responsabilidade do agora extinto Ministério do Trabalho e Emprego e da Previdência Social, sem prejuízos da participação de outros órgãos e instituições atuantes na área, e a ele competia (BRASIL, 2011): Formular e propor as diretrizes da inspeção do trabalho, bem como supervisionar e coordenar a execução das atividades relacionadas com a inspeção dos ambientes de trabalho e respectivas condições de trabalho; Elaborar e revisar, em modelo tripartite, as Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho; Participar da elaboração de programas especiais de proteção ao trabalho, assim como da formulação de novos procedimentos reguladores das relações capital- trabalho; Promover estudos da legislação trabalhista e correlata, no âmbito de sua competência, propondo seu aperfeiçoamento; Acompanhar o cumprimento, em âmbito nacional, dos acordos e convenções ratificados pelo governo brasileiro junto a organismos internacionais, em especial à Organização Internacional do Trabalho (OIT), nos assuntos de sua área de competência; Planejar, coordenar e orientar a execução do Programa de Alimentação do Trabalhador. Reestruturação da formação em saúde do trabalhador e em segurança no trabalho e o estímulo à capacitação e à educação continuada de trabalhadores; Promoção de agenda integrada de estudos e pesquisas em segurança e saúde no trabalho. Por meio da colaboração com a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), o Ministério do Trabalho e Emprego, ou o órgão que tenha ficado incumbido de suas atribuições (BRASIL, 2011), deve ainda: Elaborar estudos e pesquisas pertinentes aos problemas que afetam a segurança e saúde do trabalhador; Produzir análises, avaliações e testes de medidas e métodos que visem à eliminação ou redução de riscos no trabalho, incluindo equipamentos de proteção coletiva e individual; Desenvolver e executar ações educativas sobre temas relacionados à melhoria das condições de trabalho nos aspectos de saúde, segurança e meio ambiente do trabalho; Difundir informações que contribuam para a proteção e promoção da saúde do trabalhador; Contribuir com órgãos públicos e entidades civis para a proteção e promoção da saúde do trabalhador, incluindo a revisão e formulação de regulamentos, o planejamento e desenvolvimento de ações interinstitucionais e a realização de levantamentos para a identificação das causas de acidentes e doenças; Estabelecer parcerias e intercâmbios técnicos com organismos e instituições afins, nacionais e internacionais, para fortalecer a atuação institucional, capacitar os colaboradores e contribuir com a implementação de ações globais de organismos internacionais. Além do Ministério do Trabalho e Emprego, a PNSST ainda atribui responsabilidade aos Ministérios da Saúde (Quadro 1) e da Previdência Social (Quadro 2): Figura 1. Responsabilidades do ministerio da saude segundo a PNSST. Figura 2. responsabilidades do ministerio da previdência social segundo a PNSST. A gestão da PNSST é participativa e de responsabilidade da Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho (CTSST), formada por membros do governo e representantes dos trabalhadores e dos empregadores (BRASIL, 2011). Compete à CTSST: Acompanhar a implementação e propor a revisão periódica da PNSST, em processo de melhoria contínua; Estabelecer os mecanismos de validação e de controle social da PNSST; Elaborar, acompanhar e rever periodicamente o PLANSAT; Definir e implantar formas de divulgação da PNSST e do PLANSAT, dando publicidade aos avanços e resultados obtidos; Articular a rede de informações sobre SST. A gestão executiva da PNSST, por sua vez, é conduzida por um comitê executivo constituído por membros dos ministérios envolvidos, que tem as seguintes atribuições: Coordenar e supervisionar a execução da PNSST e do PLANSAT; Atuar junto ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para que as propostas orçamentárias de segurança e saúde no trabalho sejam concebidas de forma integrada e articulada a partir de cada programa e respectivas ações, de modo a garantir a implementação da Política; Elaborar relatório anual das atividades desenvolvidas no âmbito da PNSST, encaminhando-o à CTSST e à Presidência da República; Disponibilizar periodicamente informações sobre as ações de segurança e saúde no trabalho para conhecimento da sociedade; Propor campanhas sobre segurança e saúde no trabalho. 3 Legislação vigente e aplicação: Tipos de legislações vigentes no brasil. Atualmente, no Brasil, há diversos tipos de legislações capazes de traçar diretrizes e procedimentos quanto à segurança e saúde no trabalho, seja no Poder Executivo, seja no Judiciário. Quando ainda estava no ar, o site do extinto Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) disponibilizava um sistema de pesquisa de legislação com os diversos tipos de legislações existentes (Quadro 3), nos quais profissionais, empregados e empregadores devem se basear. São eles: Figura 3. tipos de legislações vigentes. Dentro de cada tópico, era possível encontrar, subdivididas por ano quando em grande quantidade, cada exemplo de legislação vigente equivalente a cada categoria. Por exemplo, no item Normas Regulamentadoras, era possível ser direcionado ao site do Ministério da Economia, atual responsável por tal assunto, e ter acesso a todas as NRs vigentes atualmente. Ainda no portal do MTE, era possível realizar uma busca de legislações de acordo com um determinado tema (Quadro 4): Figura 4. Exemplo de temas de legislações. Para encontrar esses conteúdos, a partir de2020, é preciso navegar pelos canais oficiais dos Ministérios da Economia, da Cidadania e da Justiça e Segurança Pública. Esses Ministérios ficaram responsáveis pelas atribuições do MTE, durante o governo do Presidente Jair Bolsonaro. A maioria das atribuições do Ministério do Trabalho e Emprego ficaram a cargo do Ministério da Economia, e é no site deles que a maior parte das informações pode ser encontrada. Conforme apresentado pelo Quadro 3, as Normas Regulamentadoras são um dos tipos de legislações seguidas e bastante consultadas no Brasil e servem como ferramentas norteadoras tanto para os empregados quanto para os empregadores. 3.1 Normas regulamentadoras. As Normas Regulamentadoras (NRs) são itens fundamentais da legislação do trabalho no País e, ao lado da Constituição Federal e das legislações trabalhistas previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), formam a legislação básica que rege a segurança do trabalho no Brasil. As NRs devem ser obrigatoriamente seguidas por empresas públicas e privadas que tenham empregados regidos pela CLT, bem como trabalhadores rurais e avulsos, que também se encontram sob a égide das Normas Regulamentadoras (CAMISASSA, 2019). O não cumprimento dessas normas por parte do empregador pode acarretar a aplicação de penalidades previstas na legislação. O objetivo central das NRs é, basicamente, traçar obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por empregadores e por trabalhadores, no intuito de garantir trabalho seguro e sadio e evitar a ocorrência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. A elaboração/revisão das NRs era, até o ano de 2019, realizada pelo Ministério do Trabalho. A partir de 2020, isso se tornou atribuição do Ministério da Economia. O sistema tripartite paritário ainda compõe a metodologia de gerenciamento das NRs: comissões e grupos compostos por representantes do governo, dos empregados e dos empregadores realizam as devidas alterações sempre que julgam necessárias. Será apresentada uma breve síntese das aplicações de cada uma das Normas Regulamentadoras, lembrando que a Portaria SEPRT nº 915, de 30 de julho de 2019, alterou o texto de algumas NRs. No entanto, sua vigência somente se inicia a partir de 12 meses da data de publicação. NR 1 - Disposições gerais De acordo com o texto vigente até 30 de julho de 2020, o objetivo da NR 1 consiste em estabelecer as disposições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras relativas à segurança e saúde no trabalho. Com a Portaria SEPRT nº 915, a NR 1 passou a tratar das disposições gerais e do gerenciamento de riscos ocupacionais. Além de considerações gerais, a NR1 traz também alguns conceitos essenciais ao entendimento das outras NRs, como, por exemplo, os de empregado, empregador, os direitos e deveres de cada um e os conceitos de risco ocupacional, perigo, trabalhador avulso e ato faltoso. O novo texto deixa a NR 1 mais harmônica e moderna, com medidas que reduzirão a burocracia e o custo para o País. Segundo os responsáveis pelas mudanças, microempresas e empresas de pequeno porte serão as mais beneficiadas. Uma das novidades é um capítulo específico para tratar de capacitação, e a permissão do aproveitamento de treinamentos quando um trabalhador troca de emprego dentro de uma mesma atividade. NR 2 - Inspeção prévia (revogada) Decidiu-se pela revogação da NR 2, que tratava da inspeção prévia, no contexto de modernização das NRs. A NR 2 tinha redação de 1983, da antiga Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho, e exigia uma inspeção do trabalho prévia para abertura de novos negócios. NR 3 - Embargo ou interdição Essa norma tem como objetivo traçar diretrizes para caracterização do grave e iminente risco, e apresentar quais devem ser os requisitos técnicos de embargos e interdições. Tanto o embargo quanto a interdição são procedimentos de cunho prevencionista para situações emergenciais, uma vez que têm como consequência a paralisação total ou parcial das atividades quando o auditor fiscal do trabalho (AFT) constata situação de risco grave ou iminente à segurança, saúde e integridade física dos trabalhadores (CAMISASSA, 2019). É importante que fique clara a diferença entre embargo e interdição, proposta pela redação dos itens 3.2 e 3.3 da NR 3: 3.2. A interdição implica a paralisação total ou parcial do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento. 3.3. O embargo implica a paralisação total ou parcial da obra (CAMISASSA, 2019). NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho A NR 4 regulamenta as regras de constituição dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), cujo objetivo é fomentar a saúde e garantir a integridade do trabalhador no local de trabalho. Por ser um serviço especializado, seus membros devem ser especialistas, ou seja, ter capacitação para atuar em atividades relacionadas à segurança e saúde do trabalho. Ao longo da NR 4, são estabelecidas as atribuições do SESMT, critérios de formação e escolha dos seus membros obrigatórios, tipos de SESMT existentes, metodologia de dimensionamento conforme atividade econômica da empresa, grau de risco, quantidade de funcionários etc. CURIOSIDADE: Além dos profissionais que obrigatoriamente integrarão o SESMT, conforme disposto na NR4, a empresa poderá a seu critério contratar outros profissionais com qualificações em diferentes áreas de concentração em saúde do trabalhador, como fisioterapeutas do trabalho ou psicólogos do trabalho. Tal entendimento tem como fundamento o fato de que as normas regulamentadoras estabelecem o grau de exigibilidade mínimo a ser cumprido pelas empresas. Vale ressaltar que o SESMT não tem caráter assistencialista, mas prevencionista, tem abrangência estadual e sua composição mínima é de um técnico de segurança do trabalho (CAMISASSA, 2019). NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) A CIPA é uma comissão que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Deve ser composta por membros representantes dos empregados e dos empregadores, em quantidade paritária. A NR 5 somente deverá ser posta em prática em alguns setores, como os trabalhos portuário, de construção civil, mineração e rural, em casos de omissão das suas normas setoriais. No caso de conflito entre ambas as normas, deverá prevalecer o que dita a norma setorial, ficando a NR 5 como uma ferramenta auxiliar e subsidiária. Devem constituir a CIPA e mantê-la em regular funcionamento: empresas privadas; empresas públicas; sociedades de economia mista; órgãos da administração direta e indireta; instituições beneficentes; associações recreativas; cooperativas; e outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. É preciso tomar cuidado para que não seja confundidos os critérios de constituição do SESMT (NR 4), que considera o grau de risco como critério de constituição, e da CIPA (NR 5), que considera o enquadramento da empresa de acordo com seu CNAE (CAMISASSA, 2019). NR 6 - Equipamento de proteção individual (EPI) Essa NR trata dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e determina condições sob as quais eles devem ser oferecidos pelas empresas, além de esclarecer quais são as responsabilidades dos empregados, do empregador, do fabricante nacional, do importador e do Ministério do Trabalho e Emprego, ainda que hoje suas atribuições estejam distribuídas em pastas de outros ministérios. A norma ainda dispõe acerca do Certificado de Aprovação (CA) que todos os EPIs devem ter como pré-requisito para serem comercializados ou utilizados. O fornecimento de EPI ao empregado deve ser a última opção do empregador. Anteriormente, deve ser seguida uma ordem hierárquica de medidas, que se inicia pelouso de equipamentos de proteção coletiva (EPC), passando por medidas de ordem geral e administrativas de organização do ambiente de trabalho. Por fim, quando nenhuma dessas medidas surtir o efeito desejado, sendo incapazes de elidir os riscos ali existentes, usa-se o fornecimento de EPI como opção, o que não impede a possibilidade de seu fornecimento durante o processo de implantação das medidas anteriores (CAMISASSA, 2019). NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO No texto vigente até 30 de julho de 2020, ela estabelece a obrigatoriedade de elaboração, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PCMSO, com o objetivo de promoção a preservação da saúde de seus trabalhadores. Essa NR foi uma das que passou por alterações em 2019, e, em seu novo texto, seu objetivo sofreu uma pequena alteração, passando a indicar a consideração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) como base da avaliação dos riscos ocupacionais a serem elencados no PCMSO. O PCMSO é parte integrante do conjunto mais completo de medidas da empresa no âmbito da saúde dos trabalhadores, e deve estar articulado e ser elaborado de acordo com o que estiver disposto nas demais NRs. Além disso, deve ter caráter prevencionista, de rastreamento e diagnóstico prévio dos riscos à saúde (CAMISASSA, 2019). Entre os exames elencados no PCMSO, os principais são: admissional; periódico; mudança de função; retorno ao trabalho; e demissional. A realização da avaliação clínica para cada um desses exames é obrigatória e inclui anamnese ocupacional, exame físico e mental. Exames complementares, como audiometria, hemogramas, espirometrias etc., devem ser feitos de acordo com as orientações do Quadros I e II dessa NR, e, a cada exame médico realizado, o médico do trabalho deve emitir um Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) que contenha as informações mínimas obrigatórias listadas na NR 7. CURIOSIDADE Audiometrias são exames que servem para medir a capacidade auditiva de um indivíduo. Engana-se quem pensa que as únicas causas de perdas auditivas sejam riscos relacionados aos ruídos. A presença de algumas substâncias químicas com propriedades ototóxicas também pode comprometer a capacidade auditiva do trabalhador. Essas propriedades são referentes à possibilidade de danos às estruturas do ouvido interno devido à exposição a esses produtos. Atualmente, são reconhecidas propriedade ototóxicas de vários agentes, como solventes orgânicos e suas variantes como xilenos e toluenos. NR 8 - Edificações De acordo com seu caput, a NR 8 dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham. As recomendações dessa norma servem para edificações que já estejam construídas e ocupadas por trabalhadores, e não para edificações em construção ou residenciais em construção. Entre alguns dos itens listados na NR 8, estão recomendações referentes ao pé-direito das edificações, aos pisos dos locais de trabalho e às formas de proteção contra intempéries. NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) A partir das atualizações realizadas de 2019, a NR 9 passa a tratar, a partir de sua vigência, da Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos (novo texto). O texto, ainda vigente até 30 de julho de 2020, estabelece a obrigatoriedade de elaboração e execução do PPRA por parte dos empregadores que admitam trabalhadores como empregados. Seu intuito é preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores, por meio de medidas de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de riscos. Um PPRA deve elencar todos os riscos levantados no ambiente de trabalho avaliado, físicos, químicos ou biológicos e, ainda, de forma adicional, mas não obrigatória, pode tratar de riscos de acidentes e riscos ergonômicos. Ao contrário do que se acredita, o PPRA não precisa ser renovado de ano em ano. O que precisa ser feito anualmente, ou sempre que necessário, é a análise global, que consiste em uma avaliação do desenvolvimento e do desempenho do PPRA proposto. NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade Essa NR estabelece as condições mínimas exigíveis para garantir a segurança dos trabalhadores que laborem em contato com instalações elétricas. Isso inclui as etapas de elaboração de projetos, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, assim como a segurança de usuários e de terceiros em quaisquer das fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. Para tal, devem ser observadas as normas vigentes e, na ausência delas, normas internacionais. NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais A NR 11 determina quais os requisitos mínimos de segurança a serem observados nos locais de trabalho no tocante ao transporte, à movimentação, à armazenagem e ao manuseio de materiais, seja de forma mecânica ou manual, no intuito de prevenir infortúnios laborais. NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos Essa NR determina medidas prevencionistas a serem tomadas por todos os empregadores no que diz respeito à instalação, operação e manutenção de quaisquer máquinas e equipamentos, no intuito de prevenir a ocorrência de acidentes. NR 13 - Caldeiras, vasos de pressão e tubulações e tanques metálicos de armazenamento Estabelece todos os requisitos técnicos referentes à instalação, operação e manutenção de caldeiras e vasos de pressão, a favor da prevenção de acidentes do trabalho. NR 14 - Fornos Estabelece as recomendações pertinentes à construção, operação e manutenção de fornos industriais. NR 15 - Atividades e operações insalubres Essa NR descreve as atividades, operações e agentes insalubres e seus limites de tolerância. Ela disponibiliza 14 anexos (Quadro 5), um para cada tipo de agente. A NR 15 determina o pagamento do adicional de insalubridade aos trabalhadores expostos às condições por ela listadas, sendo 40% para insalubridade de grau máximo, 20% para insalubridade de grau médio e 10% para o grau mínimo. A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer e obedecer à seguinte ordem de medidas: Com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; Com a utilização de equipamento de proteção individual. NR 16 - Atividades e operações perigosas A NR 16 regulamenta as atividades e as operações que serão consideradas perigosas, indicando as devidas recomendações de prevenção para cada uma delas. Além disso, delimita o adicional de periculosidade de 30% incidente sobre o salário para trabalhadores que desempenhem suas funções em condições de periculosidade. Segundo a NR 16, são exemplos de atividades perigosas as que demandam contato com explosivos e líquidos inflamáveis. NR 17 - Ergonomia Dispõe sobre parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de forma a proporcionar aos empregados o máximo de conforto e segurança para o desempenho de suas funções. NR 18 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção (Texto vigente até 30/07/2020) ou segurança e saúde no trabalho na indústria da construção (novo texto) - Traça diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e organização que simplifiquem o uso de medidas de controle e sistemas de segurança preventiva nas condições de trabalho da indústria da construção civil. NR 19 - Explosivos Estabelece as disposições legais acerca do depósito, manuseio e transporte de explosivos, a fim de promover a proteção da saúde e integridade física dos trabalhadores que lidam com esse tipo de material em seus ambientes de trabalho. NR 20- Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis Essa NR lista as orientações técnicas quanto ao armazenamento, manuseio e transporte de líquidos combustíveis e inflamáveis, com o objetivo de fomentar a proteção da saúde e a integridade física dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho. NR 21 - Trabalhos a céu aberto Tipifica as medidas prevencionistas relacionadas à prevenção de acidentes em atividades desenvolvidas a céu aberto, como, por exemplo, em pedreiras e minas. NR 22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração Essa NR tem por objetivo disciplinar os preceitos a serem observados na organização do ambiente de trabalho a que se refere, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a permanência da segurança e saúde dos trabalhadores. NR 23 - Proteção contra incêndios Estipula quais medidas de proteção contra incêndios devem ser tomadas nos diversos locais de trabalho, para que estejam garantidas a saúde e a integridade física dos trabalhadores daquele ambiente. NR 24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho Traça os preceitos de higiene e conforto que devem ser observados nos locais de trabalho, especialmente no que se refere a banheiros, alojamentos, refeitórios, cozinhas e ao tratamento da água potável, em prol da garantia da qualidade da higiene e da proteção da saúde dos trabalhadores. NR 25 - Resíduos industriais Determina as medidas preventivas a serem observadas pelas empresas no destino dado aos seus resíduos, de modo a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores e o meio ambiente. NR 26 - Sinalização de segurança Discrimina sobre a padronização de cores a serem utilizadas como sinalização de segurança nos ambientes de trabalho, sobretudo para rotulagem e sinalizações vertical e horizontal, de modo a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Treinamentos referentes a essa NR são de extrema importância para trabalhadores de ambientes de laboratórios, das indústrias de cosméticos, farmacêutica e de fertilizantes, por exemplo. NR 27 - Registro profissional do técnico de segurança do trabalho (revogada) Estabelecia os requisitos a serem satisfeitos pelo profissional técnico em segurança do trabalho, principalmente em relação ao seu registro profissional como tal. NR 28 - Fiscalização e penalidades Essa NR recebeu sua última atualização em abril de 2020, por meio da Portaria SEPRT nº 9.384, e traça os procedimentos a serem adotados pela fiscalização em SST, tanto no que diz respeito à concessão de prazos às empresas para a correção das irregularidades técnicas, quanto no que tange aos procedimentos de autuação por infração às NRs. NR 29 - Segurança e saúde no trabalho portuário Tem por objetivo regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais, facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar as melhores condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores portuários. Essa NR ainda tem como dispositivo auxiliar o Guia de Boas Práticas para Trabalho em Altura em Atividades Portuárias, vinculado à NR 35. NR30 - Segurança e saúde no trabalho aquaviário Essa NR tem como objetivo a proteção e a regulamentação das condições de segurança e saúde em trabalhos aquaviários. Regula ainda a proteção contra acidentes e doenças ocupacionais, objetivando melhores condições e segurança no desenvolvimento de trabalhos nesse setor. NR 31 - Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária silvicultura, exploração florestal e aquicultura Essa NR estabelece os preceitos a serem observados no ambiente das atividades de agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, de forma a manter a compatibilidade entre esses setores, suas atividades e a segurança e saúde de seus trabalhadores. NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde Tem como objetivo estabelecer as diretrizes básicas para a implantação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores em estabelecimentos da área da saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde de forma geral. NR 33 - Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados Tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nesses espaços. EXEMPLIFICANDO Como exemplos de atividades em espaços confinados, podemos citar as relacionadas à construção civil que envolvam, por exemplo, a construção de cisternas, galerias de esgoto, minas, túneis, elevadores, chaminés, metrôs, galerias para canalização de água, silos de armazenagem, caldeiras, fornos, misturadores, reatores, secadores etc. NR 34 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval - estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção, reparação e desmonte naval. Essa NR considera como atividades da indústria da construção e reparação naval todas aquelas desenvolvidas no âmbito das instalações empregadas para esse fim ou nas próprias embarcações e estruturas (navios, barcos, lanchas, plataformas fixas ou flutuantes). NR 35 - Trabalho em altura - estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com essa atividade. Além das recomendações, essa NR conta com um manual, a exemplo da NR 33, um Guia de Boas Práticas para Trabalho em Altura em Atividades Portuárias, uma Cartilha de Segurança em Serviços de Manutenção de Fachadas e uma Cartilha de Trabalho em Altura. Todos são disponibilizados pelo site da Escola Nacional da Inspeção do Trabalho (ENIT). NR 36 - Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados - Tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades da indústria de abate e processamento de carnes e derivados. Existe, ainda, o Manual de Interpretação e Aplicação da NR 36, disponibilizado pela ENIT, que apresenta de forma mais detalhada as orientações da NR. NR 37 - Segurança e saúde em plataformas de petróleo - estabelece os requisitos mínimos de segurança, saúde e condições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo no território marinho nacional. Sua publicação foi feita pela Portaria MTB nº 1.186, de 20 de dezembro de 2018, e sua última alteração ocorreu em 17 de dezembro de 2019, por meio da Portaria SEPRT nº 1.412. As NRs, assim como qualquer dispositivo legal, podem sofrer alterações ao longo dos anos e precisar de modificações de acordo com o surgimento de novas modalidades de trabalho, tecnologias e metodologias. Além delas, o Brasil conta com outras dezenas de ferramentas legislativas e recomendações internacionais no tocante à gestão da segurança e da higiene do trabalho. 3.2 Outras legislações Pertinentes. Além das Normas Regulamentadoras, que servem como balizadoras da higiene e da segurança do trabalho no Brasil, há diversos outros dispositivos, legais ou não, que, em conjunto com as NRs, enriquecem as metodologias prevencionistas já existentes. Entre eles, podemos citar: as Normas de Higiene Ocupacional (NHO), da Fundacentro; as Convenções da Organização do Trabalho (OIT); e alguns outros dispositivos legais, como as Leis nº 10.666, 8.213 e 7.410. As NHO foram elaboradas pela Fundacentro, publicadas em 1980, e consistemem uma série de normas técnicas destinadas, como o próprio nome já diz, à higiene ocupacional. Essas normas foram criadas no intuito de determinarem limites de tolerância, metodologias de avaliação e critérios técnicos, bem como servirem de orientação adicional em relação ao controle de agentes de riscos ambientais. Atualmente, a Fundacentro dispõe de dez NHOs (Quadro 6), disponíveis para consulta on-line. Figura 5. Normas de Higiene Ocupacional fornecidas pela Fundacentro. Essas normas são comumente utilizadas em concomitância com as NRs. Um exemplo disso é em relação à discussão acerca da aposentadoria especial. Os limites de tolerância utilizados são os da NR 15, no entanto, os critérios de avaliação ambiental geralmente utilizados são os da NHO da Fundacentro correspondente. As Convenções da Organização Internacional do Trabalho, por sua vez, podem ser divididas em três grupos: As convenções fundamentais, que devem ser ratificadas e aplicadas por todos os Estados-membros da OIT Nº 29 - Trabalho forçado (1930); Nº 87 - Liberdade sindical e proteção do direito de sindicalização (1948); Nº 98 - Direito de sindicalização e de negociação coletiva (1949); Nº 100 - Igualdade de remuneração (1951); Nº 105 - Abolição do trabalho forçado (1957); Nº 111 - Discriminação (emprego e ocupação) (1958); Nº 138 - Idade mínima (1973); Nº 182 - Piores formas de trabalho infantil (1999); As convenções prioritárias, que se referem a assuntos de especial importância Nº 81 - Inspeção do trabalho (1947); Nº 144 - Consulta tripartite (1976); Nº 129 - Inspeção do trabalho na agricultura (1969); Nº 122 - Política de emprego (1964); As demais convenções, classificadas em doze categorias agrupadas por temas São elas: Direitos humanos básicos; emprego; políticas sociais; administração do trabalho; relações industriais; condições de trabalho; segurança social; emprego de mulheres; emprego de crianças e jovens; trabalhadores migrantes; trabalhadores indígenas; e outras categorias especiais. O Brasil já ratificou um total de 82 Convenções da OIT, e, entre as fundamentais, a única não ratificada foi a Convenção 87, sobre liberdade sindical. Estados-membros da OIT podem ser denunciados perante o sistema de controle normativo, caso violem alguma convenção que já tenham ratificado. Além das legislações e normas mencionadas anteriormente, a SST no Brasil conta com inúmeros outros dispositivos legais capazes de balizar as relações de trabalho no País. São legislações pertinentes da área trabalhista, previdenciária e ambiental, todas operantes em consonância com recomendações nacionais e internacionais dos órgãos competentes. No Quadro 7 estão dispostas algumas dessas outras legislações, capazes de enriquecer o embasamento técnico e legal quando o assunto é SST: Figura 6. Legislações brasileiras relacionada à saúde e segurança do trabalho. O mais importante quando o assunto for legislação, é procurar ser o mais fidedigno às realidades tratadas, evitando comparações específicas com legislações internacionais, uma vez que estas terão suas características de input diferentes das brasileiras. Aos trabalhadores, é importante buscar conhecer as principais legislações em vigor, sobretudo as que tratem diretamente de seus ambientes de trabalho, e atentar-se às atualizações, além de manter uma boa relação com as equipes de SST, que são responsáveis por traçar melhorias nas metodologias de processos e fornecer subsídios ao aprimoramento das legislações. 4 SINTETIZANDO Ao longo dos anos, as legislações trabalhistas e previdenciárias se adaptaram e eliminaram precariedades, descasos e ilegalidades, como, por exemplo, o trabalho infantil. A promulgação das Consolidações das Leis do Trabalho (CLT) foi um importante marco na história do trabalhador brasileiro. Com ela, vieram os direitos às férias, ao salário-mínimo, à carteira de trabalho assinada e todos os direitos intrínsecos a ela. Existe atualmente uma infinidade de legislações acerca de assuntos que envolvem a segurança e a saúde do trabalhador no Brasil e no mundo. Cabe a cada trabalhador conhecer seus direitos, acompanhar a evolução das legislações que regem seu trabalho, buscar estar sempre atentos às necessidades da sua profissão e comunicá-las sempre aos profissionais técnicos responsáveis, para que as devidas providências sejam tomadas. Aos empregadores, competem também as mesmas necessidades de atenção às evoluções, para que os direitos de seus empregados sejam mantidos, assim como a mínima qualidade do ambiente de trabalho, a fim de garantir aos seus colaboradores condições de desempenharem suas funções com saúde e segurança preservadas. No Brasil, as legislações trabalhistas e previdenciárias sofreram importantes alterações, a exemplo das Normas Regulamentadoras, que datam de 1978. Esse tipo de atualização é necessária, uma vez que as tecnologias existentes à época de sua criação, bem como as formas de trabalho, funções e variedade de profissões, não são mais equivalentes às existentes nos dias de hoje. É preciso que o poder público acompanhe o desenvolvimento das formas de trabalho do País para que possa adequar suas legislações às condições reais. As normas internacionais e recomendações de órgãos globais também podem funcionar como importantes balizadores das legislações a serem aplicadas e publicadas aqui. No entanto, é prudente que sejam consideradas as características e particularidades do Brasil, principalmente quando se trata de limites de tolerância e características dos ambientes de trabalho. De modo geral, o trabalhador brasileiro está muito bem amparado em relação às leis trabalhistas. Resta observar o cumprimento de todas elas e a abertura dos legisladores a melhorias, sempre que necessário for.
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