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Tatiane Lira – MED UFPE CESARIANA · História: · Revolução Industrial (1760-1840): ○ Tudo começou a mudar (c/ relação aos procedimentos realizados no parto, evitava-se ao máximo abrir a mulher). ○ Homem deixa de se alimentar bem, isso associado às condições de trabalho s/ contato c/ sol levou à deficiência de vitamina D. · Semmelweis: ○ Percebeu que mulheres morriam c/ febre puerperal. ○ Desenvolveu técnica de lavagem das mãos c/ cloreto de sódio (mas só em 1862 houveram estudos sobre existência de bactérias). · Joseph Lister: ○ Estudou a possibilidade de esterilizar a sala de operação. ○ Concluiu que ácido fênico seria a melhor escolha. ○ Usava um pulverizador que fazia c/ que o spray de fenol se difundisse por todo o campo operatório melhorando o prognóstico dos atos cirúrgicos. · James Young Simpson: ○ Herói da obstetrícia, desenvolveu um fórceps. ○ Descoberta do clorofórmio na analgesia de parto (antes usava o éter, vasodilatador que fazia a pcte sangrar d+ e ter dificuldade em contrair o útero). · John Snow: ○ Pai da epidemiologia. ○ Estudou a dosagem do clorofórmio p/ uso no parto. ○ Rainha Vitória utilizou e aprovou o método e ele se tornou popular (antes a igreja proibia). · Edoardo Porro: ○ Grande herói da técnica que fez c/ que mãe e filho sobrevivessem. ○ Fez a 1a cesariana em 1876 (pcte 1,24m c/ raquitismo que distorcia sua bacia) c/ constrictor de Cintrat. · Jean Marion Sims: ○ Pai da ginecologia moderna. ○ Uso de fio de prata p/ sutura c/ êxito na correção de fístula vésico-vaginal em 1851. · Ferdinand Kehrer & Max Sänger: ○ Introduzem técnica de abertura do útero: ▪ Kehrer: incisão transversa do segmento inferior do útero. ▪ Sänger: incisão longitudinal do útero. ○ Introduzem c/ êxito a sutura c/ fio de prata p/ fechamento do útero na operação cesariana em 1882. ○ Miométrio era suturado c/ fio de prata e peritônio c/ fio de seda. · Hermann Pfannenstiel: ○ Desenvolveu a sutura de pele p/ cirurgias urológicas em 1900, depois se difundiu. · John Kerr: ○ Dono da histerotomia + usada até hoje. ○ Introduziu incisão semilunar do segmento inferior do útero em 1926 (que substituiu a longitudinal). · Joseph DeLee: ○ Estabeleceu que todas as mulheres em TP e parto deveriam ficar internadas em uma maternidade pois no parto existem instâncias que põem em risco mãe e feto. · Conceito: · Ato cirúrgico que consiste na abertura da parede abd (laparotomia) e da parede uterina (histerotomia) p/ extração do concepto desenvolvido na cavidade uterina. · Medida profilática do tocotraumatismo. · Pode ser de urgência absoluta/relativa ou eletiva. · Melhora no prognóstico da cesárea: 1. Transfusão sanguínea (1914-1918). 2. Histerotomia segmentar transversa de Kerr (1926). 3. Enriquecimento do leite c/ vitamina D (1930). 4. Sulfa e penicilina (1940). · Questões pré-operatórias: · Maturidade pulmonar fetal: se preceder 39s. · Anestesia: deve ser estratificada quanto ao risco operatório. · Dosagem de hemoglobina. · Profilaxia antibiótica: cefalosporina de 1ª geração 30-60min antes da incisão da pele (normalmente Cefazolina 1-2g VO ou Clindamicina 600-900mg IV). · Cateterização vesical: p/ evitar distensão da bexiga e dificuldade na exposição do segmento inferior. · Tricotomia não é indicada, apenas aparar c/ tesoura os pelos pubianos caso seja necessário. · Questões operatórias: · Anestesia, pode ser realizada por: ○ Bloqueio: ▪ Epidural (peridural). ▪ Subaracnoide (raquianestesia). ○ Anestesia geral: associada a risco de regurgitação e aspiração do conteúdo gástrico. · Consenso na técnica da cesariana: 1. Exteriorização ou não do útero. 2. Histerotomia segmentar. 3. Abertura da cavidade pela técnica de Pfannenstiel ou métodos baseados na técnica de Joel Cohen. · Não consensual na técnica cesariana: 1. Celiorrafia (fechamento) ou não do peritônio parietal e visceral. 2. Histerorrafia (fechamento da incisão uterina) em 1 ou 2 camadas. 3. Fios utilizados no fechamento da parede abd p/ aproximação do tecido celular subcutâneo. · Existem várias técnicas de abertura da parede abdominal: ○ Incisão longitudinal mediana: ▪ Infraumbilical, raramente usada hoje. ○ Incisão de Pfannenstiel: ▪ Transversa levemente curvilínea 3cm acima da sínfise púbica, na prega abd inferior. ▪ Vai além das bordas dos mm. retos do abd. ▪ Todos os planos abertos c/ bisturi ou tesoura e suturados posteriormente. ▪ ↓ risco de herniação pós-op e melhor resultado estético. ▪ Não é indicada p/ emergências obstétricas. ○ Incisão de Maylard. ○ Incisão de Joel-Cohen: ▪ Transversa retilínea 3cm abaixo das cristas ilíacas anteroposteriores. ▪ Bisturi só é usado na pele. ▪ Apenas a linha média do subcutâneo é seccionada até a aponeurose. ▪ Aponeurose é aberta por tesoura junto a rafe mediana dos retos abd. ▪ Outros planos: abertos por divulsão digital. ▪Peritônios visceral e parietal não são suturados. ○ Algoritmo de Joel Cohen (vantagens): ▪ Anatomia da incisão diminui muito as lesões dos nervos cutâneos e seromas do sítio cirurgico (técnica de divulsão a dedo diminui o trauma tissular). ▪ Diminui tempos cirúrgico e anestésico. ▪ ↓ dor no pós-op e quantidade de analgésicos tomada. ▪ Deambulação precoce e ↓ tempo de permanência no hospital. ▪ Previne isquemia (não levando a formação de aderências) e diminui a perda sanguínea. ○ Michael Stark desenvolveu a técnica de Misgav Ladach: ▪ Incisão superficial transversal c/ bisturi s/ abrir o tecido celular subcutâneo. ▪ Procura-se usar + tesoura do que bisturi. ▪ Abertura divulsionada c/ dedos na rafe mediana dos retos abd, que permite a entrada na cavidade peritoneal. ▪ Camadas peritoneal e subcutâneas não são suturadas. ▪Ótimo campo e sangramento muito diminuído. ▪ Muito vantajoso p/ pctes obesas. · Conclusões: · A técnica de Joel Cohen é padrão ouro p/ cirurgia de pctes obesas, c/ coagulopatia, pré-eclâmpsia grave, HIV +. · Em casos de pctes ex-cesareadas há dificuldades técnicas p/ sua execução. · Deve-se observar a proporcionalidade da incisão p/ retirada do concepto. · Deve se realizar o fechamento do peritônio visceral e parietal. · Em caso de obesas mórbidas sempre aproximar o tecido celular subcutâneo. · Questões pós-operatórias: · Observada p/ evidência de atonia uterina, sangramento vaginal excessivo, hemorragia incisional ou oligúria. · Hidratação e analgesia. · Deambulação e dieta precoces: 6-8h após pois garantem o retorno da peristalse pelo reflexo gastrocólico. · Dosagem de hemoglobina: não é necessária em assintomáticas + cesarianas eletivas. · Complicações e prognóstico: · Mortalidade materna: ○ Problemas relacionados à anestesia. ○ Infecção puerperal. ○ Episódios tromboembólicos. · Complicações peroperatórias: ○ Hemorragias. ○ Aderências. ○ Extração fetal difícil. · Complicações pós-op imediato: ○ Controle de equilíbrio hidroeletrolítico, dor e náuseas. ○ Deambulação precoce. · Complicações pós-op: ○ Infecção. ○ Deiscência (abertura espontânea) da ferida operatória e infecção da cicatriz cirúrgica. ○ Hematomas. ○ Outras complicações cardiovasculares (edema pulmonar agudo), pulmonares (pneumonias, atelectasia e embolia), gastrointestinais (íleo paralítico) e vasculares (TVP). · As indicações + comuns são: falha na progressão durante TP, histerotomia prévia, apresentação anômala fetal e sofrimento fetal. · Indicações absolutas p/ cesariana: 1. Desproporção cefalopélvica. 2. Cicatriz uterina corporal prévia (principalmente pctes c/ miomectomia ou ruptura uterina). 3. Placenta prévia oclusiva total (pensar na parcial se chega ao começo do colo uterino). 4. DPPNI c/ feto viável antes ou no decorrer do TP (devido grande hipertonia). 5. Situação transversa. 6. Herpes genital ativo. 7. Condilomatose vulvar extensa c/ obstrução do canal de parto. 8. Procidência/prolapso de cordão umbilical ou de membro fetal (p/ feto vivo fora do período expulsivo). 9. Morte materna c/ feto vivo (tem em torno de 7 min p/ tirar feto s/ prejuízo). · Indicações relativas p/ cesariana: 1. Condição fetal não tranquilizadora: · Feto não reativo. · Bradicardias detectadas na ausculta fetal: 120bpm é limiteda normalidade. · Depende do estágio do TP. 2. Gestante HIV +: · Depende da carga viral. 3. Apresentação pélvica. 4. DPPNI c/ feto morto ou inviável ou feto viável pouco antes ou durante o período expulsivo. 5. Gestação múltipla: · Depende das relações entre as apresentações dos fetos. 6. Cesárea prévia c/ histerotomia segmentar: · + de 1. 7. Macrossomia fetal em diabética. 8. Colo desfavorável à indução em ex-cesariada (não é indicado fazer misoprostol e ocitocina; amadurece o colo usando uma sonda). 9. Psicopatia materna. 10. Discinesia uterina. 11. Pré-eclâmpsia. 12. Pós-maturidade. 13. Oligodramnia. 14. Doença hemolítica perinatal. 15. Prematuridade extrema. 16. Primiparidade em idosa. · Na cesariana há os tempos: · Cirúrgico (abertura até chegar no útero). · Obstétrico (retirada do concepto).
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