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Resumo Introdução ao Estudo de Geomorfologia

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Resumo 
Introdução ao estudo de Geomorfologia 
Em relação a natureza da geomorfologia, o objetivo dessa ciência é analisar as formas do 
relevo de tal maneira, que seja possível compreender os processos do passado e do 
presente do relevo. Esses processos são influenciados tanto por fatores endógenos 
(atividades tectogenéticas), quanto por fatores exógenos (mecanismos morfoclimáticos) 
que são agentes modeladores do relevo. Entretanto, somente a análise desses agentes não 
permite o estudo integral do relevo. Segundo Ab’Saber, existem três níveis de abordagem 
que devem constituir qualquer pesquisa em geomorfologia, são eles: a compartimentação 
morfológica, o levantamento da estrutura superficial e o estudo da fisiologia da paisagem. 
Quando se observa a geomorfologia no contexto da Geografia, considerando-se sua 
contribuição, ela influi no processo de ordenamento territorial. A geomorfologia foi 
tratada diversas vezes por geógrafos como Hartshorne e Russel. As definições 
incorporavam a geomorfologia ao contexto da crítica teórico-conceitual da geografia. 
Definições essas que se tornaram significantes na década de 70. É a época em que aparece 
a designação geomorfológica ambiental, que tinha o objetivo de incluir o social ao 
contexto de ampliações geomorfológicas. Isso resultou em propostas de uma nova 
conceitualização da relação sociedade-natureza, questões de natureza ambiental deveriam 
ser geradas pela geomorfologia, o método utilizado seria vinculado à elaboração de cartas 
de diagnóstico ambiental e a discussão das relações sociedade-natureza enquanto 
categorias filosóficas. 
De origem anterior às noções descritas acima, estão os postulados geomorfológicos, que 
são os primeiros consensos a respeito do estudo do relevo. São dois os postulados, uma 
anglo-americana, onde ocorrem a aproximação da Inglaterra e França com os Estados 
unidos e outra de origem alemã, que mais tarde incorporou a produção de russos e 
poloneses. 
A linha epistemológcia anglo-americana encontra-se fundamentada até a Segunda Guerra 
Mundial nos modelos propostos por William Davis. Ele afirma que o relevo poderia ser 
definido em função da estrutura geológica, dos processos operantes e do tempo. A sua 
teoria sofria críticas pelo meio intelectual alemão, visto que não incorporava componentes 
como a climatologia e a biogeografia, que estavam contidas na geomorfologia alemã. Ou 
seja, para Davis o tempo era o fator determinante da evolução do modelado terrestre, 
enquanto que para os alemães, as relações processuais deveriam ser melhor valorizadas 
pelo autor. 
Nesse estudo das relações processuais, Walther Penk é o principal opositor de Davis. Sua 
representatividade contrária foi expressiva a ponto de interessar a alguns autores norte-
americanos os seus estudos de vertentes e processos. Além das posições contrárias a 
Davis, há um determinado momento na história que acaba por causar uma ruptura 
epistemológica na linha de pensamento anglo-americana. Isso acontece após a Segunda 
Guerra Mundial, com o surgimento da cartografia geomorfológica, da qual a comunidade 
alemã se beneficiou, contando com avanços de mapeamento geomorfológico. 
Dentro desse quadro de análises diferenciadas do relevo, por autores de opiniões 
divergentes, convém apresentar as suas propostas de sistemas geomorfológicos, 
possibilitando o melhor entendimento do pensamento desses autores. 
O sistema de Davis propõe que um processo de denudação se inicia a partir de uma rápida 
subida de massa continental. Em função do alto gradiente produzido pelo soerguimento 
em relação ao nível de base geral, o sistema fluvial produz forte entalhamento dos 
talvegues, dando origem aos Canyons, que caracterizam o estado antropomórfico 
denominado de juventude. 
Em contraposição, Penck apresenta uma proposta diferenciada do sistema de Davis. 
Enquanto Davis afirmava que a denudação só se inicia após o término do soerguimento, 
para Penck, as duas coisas aconteciam ao mesmo tempo, com intensidade diferenciada 
pela ação da tectônica. 
A partir dessa pequena amostra de dois autores representantes de correntes 
geomorfológicas diferentes, é possível identificar a importância da pesquisa no processo 
de formulações iniciais de uma ciência. Davis apresentava teorias com características 
dedutivistas, baseadas em hipóteses. Era o método de uma época de poucos recursos 
tecnológicos. O que se deve extrair da discussão entre o sistema geomorfológico colocado 
por um autor e contrariado pelo outro, não é o mérito de qual teoria está mais correta, mas 
em quais circunstâncias aquela teoria se tornou válida e representou o início dos estudos 
da ciência geomorfológica.

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