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Etnocentrismo: Visão distorcida do outro

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Etnocentrismo
O que é Etnocentrismo? (p.7-22)
1. Pensamento em Partir
 Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. 
 O Etnocentrismo mistura elementos intelectuais/racionais e emocionais/afetivos.
 Fenômeno fortemente arraigado e fácil de ser encontrado.
 PREMISSA: Quais são os mecanismos pelos quais tantas distorções se perpetuam da imagem daqueles que são diferentes de nós?
 O choque de cultura talvez da constatação das diferenças, que ferem nossa própria identidade cultural. Grupo do "eu": melhor, mais correto; grupo do "outro": absurdo, engraçado, ininteligível.
 O Etnocentrismo NÃO é propriedade de uma única sociedade.
 'Estória' acerca da catequização de índios. Conclusão: tanto o índio quanto o pastor fizeram o mesmo julgamento quanto ao uso inusitado de seus objetos (relógio do pastor virou enfeite e o arco e flecha do índio também), ou seja, praticaram, cada um sem sua cultura, o etnocentrismo. "ETNOCENTRISMO CORDIAL": não houve grandes consequências originárias do ato do pastor e índio.
 ETNOCENTRISMO PRIMITIVO: gera violência. Ex.: extermínio dos índios = desenvolvimento da região que ocupavam. 
 A visão que temos do "outro" é manipulada, uma vez que negamos a ele a autonomia de falar de si, pensando nós o que bem entendermos.
O índio é um personagem alugado na história do Brasil, na visão dos livros didáticos, possuindo três papéis:
1º: o 'selvagem' encontrado no descobrimento, reforçando a imagem dos colonizadores como superiores, civilizados.
2º: o índio como catequizando, passando a imagem de que eram inocentes e deveriam ser protegidos pela religião.
3º: Para não incluir na nossa etnia os índios como inocentes/selvagens, criaram para ele um novo papel, o de corajoso, altivo.
 A Indústria cultural cria "um enorme exemplo de 'outros' que servem para reafirmar, por oposição, uma série de valores de um grupo dominante que se auto promove a modelo de humanidade.”
IDéias Que se Contrapõem ao EtnocentrismO
 Relativização - compreender o "outro" por seus próprios valores de não pelos nossos. Sem transformar as diferenças em formas hierárquicas, mas vendo-as como ricas por justamente por sua condição.
 Antropologia Social entende que as diferenças são soluções a limites existenciais comuns, e não ameaças. 
 Os séculos XV, XVI e XVII: fundamentais para a constituição de um "sentimento" da Antropologia.
2. Primeiros Movimentos
 Inicia-se uma remontagem do período em que se iniciariam as grandes navegações para novas terras, mostrando como pensavam os daquele período sobre os novos "outros" que poderiam encontrar.
 O primeiro pensamento surgido na Antropologia foi o Evolucionismo: "o outro é diferente porque possui outro grau de evolução." Juntou-se ao evolucionismo biológico.
Pesquisadores de evolucionismo
- George Frazer
- Burnett Tylor
- Lewis Morgan
 Transformavam sociedades contemporâneas em retratos do passado.
Critério Para deFinir a Evolução:
“Cultura ou civilização, no seu sentido etnográfico estrito, é este todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, leis, moral, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade”. 
Burnett Tylor, A Origem das Culturas.
-Edward Burnett Tylor, A Origem das Culturas.
Estes critérios talvez nem existissem em certas sociedades, mas para os evolucionistas, eram claras, assumindo estas idéias, que são de sua própria sociedade, como universais.
 Para evolucionistas, as sociedades partem do primitivo para o civilizado
o Passaporte
 No século XX a Antropologia começa a muda suas idéias etnocêntricas, mas isso pouco afeta o cotidiano da sociedade ocidental.
fRanz Boas
(difusionismo ou escola americana):
 Iniciou uma discussão que veio a relativizar o conceito de cultura. "Cada grupo produzia, a partir de suas condições históricas, climáticas, lingüísticas, etc., uma determinada cultura que se caracterizava, então, por ser única, específica." No entanto, Boas não organizou suas idéias e as deixou para serem estudadas por outros futuramente.
"Preocupado com o estudo da história concreta, particular de cada cultura ao invés de, como o evolucionismo, ter uma história única, geral, onde teriam de caber todas as culturas, voltou-se, definitivamente, para o mundo do “outro”."
Gilberto Freyre
 Explica a nacionalidade brasileira levando em conta inúmeros fatores. Foi aluno de Boas. 
"Um grupo de alunos parte para investigar a relação ente a cultura e o Ambiente. Um segundo, parte para relacionar a mentalidade, a psicologia dos indivíduos com a cultura por eles vivida. É a famosa escola personalidade e cultura. Um terceiro grupo investiga as relações entre linguagem e cultura.”
Ruth Benedict e Margareth Mead
 A escola de Personalidade e Cultura tinham como principais marcas instalar um profundo diálogo entre Antropologia e Psicologia, discutindo as formas de interação entre indivíduo e sociedade;
"A cultura, então, vai ser definida pelo padrão de características sistematicamente impressas nas personalidades individuais."
 Foi uma escola que relativizou e muito. Comparou a sociedade americana com as sociedades tribais fazendo um trabalho de ida ao “outro” e volta ao “eu”.
 Um dos maiores problemas desta corrente de pensamento, como de resto dos demais grupos que desenvolveram as idéias de Boas, é o chamado “reducionismo”, ou seja, a dificuldade de explicar alguma coisa que contém várias outras a partir de uma única das coisas contidas. 
 Traduzindo: A dificuldade de explicar o todo – a cultura – por uma de suas partes, no caso, a personalidade.
>>> Outros grupos de alunos de Boas:
 Cultura e linguagem: Edward Sapir. Diálogo entre Antropologia e Linguística.
 Cultura e ambiente: Julien Steward. 
Contribuições de Boas
- Concepção de história pluralizada; 
- Concepção e cultura que não colocava o "eu" no centro;
- Desenvolvimento de uma Antropologia inquieta, humilde, atenta, que propõe diálogos, se criando e se transformando pelo enfrentamento do risco que significa estudar a diferença.

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