Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU CURSO DE GRADUAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO LÍLIAN ROSE DA SILVA ARQUITETURA HUMANIZADA NO AMBIENTE DE CAPS RECIFE 2020 LÍLIAN ROSE DA SILVA ARQUITETURA HUMANIZADA NO AMBIENTE DE CAPS Projeto apresentado ao Curso de Graduação de Arquitetura do Centro Universitário Maurício de Nassau do estado de Pernambuco, como pré-requisito para obtenção de nota da disciplina Tópicos Integradores II, sob orientação do Professor Fábio Correia. RECIFE 2020 Dedico esta monografia a todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente na construção do meu trabalho. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, por mais uma conquista. À minha mãe, Maria Helena, por me apoiar nos momentos mais difíceis de desânimo e cansaço. A todos os professores do curso que me acompanharam durante a graduação e me ensinaram que estudar vale a pena, em especial ao meu orientador pela dedicação, paciência e incentivo. Um agradecimento especial ao médico psiquiátrico Dr. João Ribeiro pela sugestão do tema abordado nessa monografia. Enfim, muito obrigada a todos que de alguma forma direta ou indiretamente colaborou para a realização desse projeto. “A arquitetura é coisa para ser vivida.” Lúcio Costa RESUMO O presente estudo tem como principal foco abordar como cada vez mais a humanização é necessária nos ambientes de saúde, precisamente aqui abordado o CAPS (centro de atenção psicossocial). O objetivo geral é demostrar como a arquitetura humanizada pode ajudar no tratamento e funcionamento de uma unidade de saúde que faz atendimentos psicológicos. Para tanto, definiram-se como objetivos específicos a descrição com base em bibliografias, amostras e obtenção de dados a importância da humanização em ambientes de CAPS, verificando o desempenho e as soluções arquitetônicas de humanização, utilizadas para promover o bem estar aos pacientes, analisando os ambientes por onde ocorre o atendimento aos usuários do ponto de vista da acessibilidade e humanização. Abordar esse tipo de tema tem a justificativa de olhar para os Hospitais Psiquiátricos de uma forma diferenciada, os mesmos vêm se desestruturando nos últimos anos, e depois da reforma psiquiátrica surgiu a necessidade de uma dedicação maior as pessoas com transtorno mentais, foi então que surgiu a criação dos CAPS que são casas que atendem pessoas com transtornos mentais e também pessoas que tem vícios de álcool e outras drogas, a intensão dessa criação seria substituir gradativamente os hospitais por CAPS, observando tudo isso, o presente estudo vem analisar com um olhar arquitetônico, a necessidade de um lugar humanizado para atender a população que tem esse tipo de problema. O presente estudo consiste em pesquisas aplicada em caráter exploratório e descritivo a parti de coletas de fontes de informações secundárias. Os resultados desse trabalho visam tratar com respeito e atenção através da arquitetura as pessoas com problemas psicológicos que necessitam de um local planejado adequadamente. Com o levantamento de informações ao longo da pesquisa, e de análises das informações, foi possível concluir que é possível melhorar o ambiente através da arquitetura humanizada e deixar os frequentadores do local radiantes apenas pelo aspecto estrutural do ambiente. Palavras Chave: Ambiente. Transtorno Mental. Humanização. Tratamento. ABSTRACT The present study has as its main focus to address how humanization is increasingly necessary in health environments, precisely here addressed the CAPS (psychosocial care center). The general objective is to demonstrate how humanized architecture can help in the treatment and functioning of a health unit that provides psychological assistance. For that, the description based on bibliographies, samples and data collection was defined as specific objectives, the importance of humanization in CAPS environments, verifying the performance and architectural humanization solutions, used to promote well-being to patients, analyzing the environments where service to users occurs from the point of view of accessibility and humanization. Addressing this type of theme has the justification of looking at Psychiatric Hospitals in a different way, they have been disintegrating in recent years, and after the psychiatric reform, there was a need for greater dedication to people with mental disorders, it was then that the creation of CAPS that are homes that serve people with mental disorders and also people who have addictions to alcohol and other drugs, the intention of this creation would be to gradually replace hospitals with CAPS, observing all of this, this study comes to analyze with an architectural look , the need for a humanized place to serve the population that has this type of problem. The present study consists of research applied in an exploratory and descriptive manner based on collections from secondary information sources. The results of this work aim to treat people with psychological problems who need a properly planned place with respect and attention through architecture. With the survey of information throughout the research, and analysis of the information, it was possible to conclude that it is possible to improve the environment through humanized architecture and leave the visitors of the place radiant only by the structural aspect of the environment. Key-words: Environment. Mental Disorder. Humanization. Treatment. LISTA DE FIGURAS Figura 01: Área interna do Hospital Psiquiátrico 19 Figura 02: Primeiro Hospital Psiquiátrico do Brasil 20 Figura 03: Emblema de Humanização 22 Figura 04: Sala de Espera Hospitalar 24 Figura 05: Primeiro CAPS do Brasil 26 Figura 06: Unidade de CAPS 27 Figura 07: Tabela de Cores Figura 08: Fachada do CAPS Itapeva Figura 09: Anexo do CAPS Itapeva Figura 10: Implantação do CAPS Itapeva Figura 11: Área Externa CAPS Itapeva Figura 12: Área Externa Arborizada Figura 13: Sala de Atividade Coletiva 01 Figura 14: Sala de Atividade Coletiva 02 Figura 15: Vias de Acesso Interno Figura 16: Jardim Vertical Figura 17: Detalhe do Casarão Figura 18: Fachada do Hospital Psiquiátrico Kronstad Figura 19: Implantação do Hospital Psiquiátrico Kronstad Figura 20: Área de Convivência Externa Figura 21: Acomodações na Área Externa Figura 22: Corte 01 29 31 31 32 33 33 34 34 35 35 36 37 38 39 39 40 Figura 23: Corte 02 Figura 24: Planta Baixa Figura 25: Planta Baixa Pavimento Térreo Figura 26: Fachada Clínica Hospitalar Novo Nascer Figura 27: Implantação da Clínica Novo Nascer Figura 28: Fachada Interna da Clínica Figura 29: Área de Atividade Coletiva Externa Figura 30: Sala de Atividade Interna Figura 31: Área de Passeio Coberta Figura 32: Área de Recreação Externa Figura 33: Fachada CAPS AD CPTRA Figura 34: Implantação CAPS AD CPTRA Figura 35: Área de Convivência Externa Figura 36: Área de Convivência Interna Figura 37: Sala de Reunião Figura 38: Refeitório Figura 39: Sala de Atendimento Individual Figura 40: Recepção Figura 41: Fluxograma CAPS AD CPTRA Figura 42: Proposta de Paisagismo – Área de Convivência Externa Figura 43: Proposta de Layout – Recepção Figura 44: Proposta de Layout – Sala de Atividade Coletiva 01 Figura 45: Proposta de Layout – Sala de Atividade Coletiva 02 Figura 46: Proposta de Layout – Sala de Atendimento Individual 01 Figura 47: Proposta de Layout– Sala de Atendimento Individual 02 40 41 41 42 43 44 44 45 45 46 47 48 49 49 50 50 51 51 53 57 58 59 60 61 61 Figura 48: Proposta de Layout – Refeitório Figura 49: Proposta de Layout e Cor – Sala coletiva Interna 01 Figura 50: Proposta de Layout e Cor – Sala coletiva Interna 02 62 63 64 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Análise do Estudo de Caso – CAPS Itapeva 36 Tabela 02: Análise do Estudo de Caso – Clínica Novo Nascer 46 Tabela 03: Análise do Estudo de Caso – CAPS AD CPTRA 52 Tabela 04: Tabela Comparativa dos Estudos de Caso 54 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: Humanização 65 Gráfico 02: Ambientes Humanizados 66 Gráfico 03: Ambientação 67 Gráfico 04: Modelo dos Mobiliários 67 Gráfico 05: Presença de Cor 68 Gráfico 06: Acústica 69 Gráfico 07: Primeiras Impressões do CAPS 70 Gráfico 08: Presença de Jardim 70 LISTA DE SIGLAS/ABREVIATURAS PNH – Política Nacional de Humanização ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CAPS – Centro de Atenção Psicossocial SUS – Sistema Único de Saúde MTSM – Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..............................................................................................14 2. OBJETIVOS.............................................................................................. ....16 2.1 OBJETIVOS GERAL...........................................................................16 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................16 3. METODOLOGIA............................................................................................17 4. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................18 4.1 HISTÓRICO PSIQUIÁTRICO.............................................................18 4.2 CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO.......................................................20 4.3 ARQUITETURA HOSPITALAR..........................................................23 4.4 DEFINIÇÃO DE CAPS.......................................................................25 4.5 SENTIDO DAS CORES.....................................................................27 5. ESTUDOS DE CASO....................................................................................30 5.1 CAPS ITAPEVA.................................................................................30 5.2 HOSPITAL PSIQUIÁTRICO KRONSTAD.........................................37 5.3 CLÍNICA HOSPITALAR NOVO NASCER.........................................42 5.4 CAPS AD CPTRA..............................................................................47 5.5 CONCLUSÃO DOS ESTUDOS DE CASO........................................55 6. DIRETRIZES E DISCUSSÃO........................................................................56 6.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS....................................................64 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................71 8. REFERÊNCIAS..............................................................................................72 14 1. INTRODUÇÃO A superação do modelo manicomial encontra uma reflexão nas políticas de saúde do Brasil, que tiveram um marco teórico e político nas Conferências Nacionais de saúde de 1986, 1987, 1992 e 2001. Observa-se na reforma psiquiátrica brasileira, nas últimas décadas, intercalação de períodos de intensificação das relações e de surgimento de novos serviços e programas. O primeiro CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) do Brasil foi criado em 1987, na cidade de São Paulo e em 1989 foram criados em Santos com atenção 24hs, posteriormente denominados de CAPS III. Nos anos que se seguiram, os CAPS foram implementados em vários municípios do país e consolidaram-se como dispositivos estratégicos para a superação do modelo de amparo no contexto da reforma psiquiátrica, e para a criação de um novo lugar social para as pessoas com a experiência de sofrimento, decorrentes de transtornos mentais, incluindo aqueles por dependência de álcool e outras drogas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). O tratamento no CAPS baseia-se em atividades grupais com diversos profissionais multidisciplinares (médico, psicólogos, terapeuta ocupacional, enfermeiro, farmacêutico, assistente social, técnico em enfermagem, técnico administrativo, copeira, assistente de serviços gerais, etc.). Esses profissionais realizam atendimento diariamente de segunda a sexta-feira, das 8:00 às 12:00 horas e de 13:00 às 17:00 horas ou dependendo da gravidade do estado do paciente, 24h por dia. Nessa unidade, a missão é de garantir o exercício da cidadania e da inclusão social dos usuários (termo usado para substituir a palavra paciente após a reforma psiquiátrica, porque estava associado a passividade, aquele que aguarda, diferente de usuário que é um ser ativo que participa do seu acompanhamento terapêutico) e familiares. Nesse contexto a casa está associada à ideia de acolhimento, de família, de proteção e de refúgio, exatamente o que a política do CAPS determina. Observando tudo isso com um olhar arquitetônico, compreende-se que é um processo sociocultural havendo a participação do projetista que vai levar em consideração as particularidades do serviço e da constituição da forma, dos usos e da função de uma casa para uso de um CAPS, prestando atenção nos preconceitos relacionados ao 15 modo de viver, na legislação do lugar, nas limitações econômicas e na humanização do ambiente. A proposta de fazer um trabalho que aborde a humanização de uma unidade de CAPS é a expectativa em ver uma unidade que funciona perfeitamente em harmonia com as necessidades diárias do serviço. E é nesse sentido que a arquitetura vem colaborar e agir com todos os benefícios da ambientação na área da saúde. A humanização no ambiente de CAPS é um ganho tanto para os próprios usuários como para a equipe multidisciplinar, familiares e toda a sociedade. Com o serviço bem elaborado, fica mais fácil para atende todas as necessidades da população em geral, fazendo com que os mesmos tenham um quadro de recuperação melhor e mais rápido. 16 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Demostrar como a arquitetura humanizada pode ajudar no tratamento e funcionamento de uma unidade de saúde que faz atendimentos psicológicos. 2.2. Objetivos Específicos ➢ Descrever com base em bibliografias, amostras e obtenção de dados a importância da humanização no ambiente de CAPS; ➢ Verificar o desempenho e as soluções arquitetônicas de humanização utilizadas para promover o bem estar aos pacientes, por meio de estudos de casos; ➢ Analisaros ambientes onde ocorre o atendimento aos usuários do ponto de vista da acessibilidade e humanização. 17 3. METODOLOGIA A metodologia foi baseada em revisão de literatura sendo utilizados livros e artigos de relevância na área de conhecimento, pesquisados em bancos de dados indexados no Scielo, Google acadêmico e órgãos públicos. Foram incluídas referências bibliográficas que enfatizassem todo o desenvolvimento da história manicomial e a parte arquitetônica na área da saúde. A pesquisa foi realizada com intuito de mostrar o quanto a arquitetura tem influência nos ambientes de convívio da saúde e obter uma aproximação com o tema que está sendo estudado, ressaltando a importância da arquitetura humanizada nos ambientes de CAPS com relação aos métodos e as técnicas de metodologia, na qual leva em consideração o ponto de vista e a satisfação dos usuários do espaço, assim como os estudos de ergonomia do ambiente construído, buscou- se identificar o conforto ambiental (luz e som), percepção (cores e texturas) e a acessibilidade (layout e dimensionamento), além de obter informações através das pesquisas bibliográficas somadas aos estudos de casos apresentados. Foram realizados questionários com os usuários e funcionários do CAPS que fazem tratamento e trabalham na área de estudo, ambos para colher informações sobre os pontos positivos e negativos do dia a dia do ambiente de trabalho e as melhorias que eles desejam para ter um ambiente humanizado e para saber a visão de humanização dos dois lados. Realizado levantamento fotográfico e levantamento de dados do local estudado para melhor desempenho da pesquisa. 18 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 Histórico psiquiátrico Segundo Belmonte (2006), os asilos psiquiátricos desde o modelo clássico nascido na França em fins do século XVIII até hoje perduram no mesmo modelo hospitalar, porém a vida dos internos vem sofrendo mudanças desde a criação do primeiro hospital psiquiátrico brasileiro, o Hospital D. Pedro II, na Praia Vermelha, em 1852. Mas hoje em dia, são raras as imagens de loucos vagando nus por pavilhões de hospícios, como era visto no final da década de 1970. A mudança veio através de um Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), que deu início ao processo da Reforma Psiquiátrica. Desde o final da década de 1970, quando foi constituído o MTSM, várias iniciativas foram realizadas para acabar com a tradição manicomial. A reforma psiquiátrica brasileira é um grande conflito com ambientes e situações distintas, um processo que trás marcas no seu tempo. Não há possibilidades de compressão sem mencionar os movimentos sociais, a articulação da sociedade civil que apresentaram suas demandas e necessidades, assumindo o lugar de interlocutor, exigindo do estado a realização dos seus direitos, verbalizando seus interesses, suas disputas, negociações e propostas de novas pactuações sociais. Assim eles acreditam em novas ações de uma construção de uma nova sociedade, com um mundo mais justo e mais livre (YASUI, 2010). No início da década de 1980 foram propostas as reformulações psiquiátricas, ocupando um lugar sólido das políticas de saúde. Foi então que surgiram as Conferências Nacionais de Saúde Mental (CNSM), a primeira em 1987, a segunda em 1992 e a última em 2003, nessa conferência os assuntos sobre doenças mentais não foram discutidos apenas pelos funcionários e sim pelos usuários e familiares. Nessas manifestações os envolvidos nessa conferência assumiram o lema ‘Por uma sociedade sem manicômios’ (BELMONTE, 2006). O movimento da luta antimanicomial apareceu para propor novas práticas terapêuticas aos indivíduos com transtorno mentais e ao mesmo tempo defender seus direitos humanos lutando por uma por uma atenção digna dos serviços de saúde e buscando mudar a visão social que a loucura possuía. Essa luta pela descaracterização dessas instituições teve um papel importante e um encorajamento 19 de algumas pessoas ao trazer a tonar relatos, histórias e imagens das barbaridades que aconteciam nos antigos manicômios, como exemplo teve a história que gerou um livro escrito pelo próprio paciente Austregésilo Carrano Bueno, O Canto dos Malditos, depois tornou-se filme, O Bicho de Sete Cabeças ( CARDOSO, 2013). Foi realizada uma intervenção na Casa de Saúde Anchieta, em São Paulo, em 03 de maio de 1989, dentro das políticas das normas no campo da Reforma Sanitária, sendo assim um novo campo é aberto para as políticas de saúde mental. Um primeiro manicômio é progressivamente desmontado para dá lugar as instituições, serviços e práticas que substitui o modelo psiquiátrico asilar. Foi assim que em 1987 inaugurou em São Paulo o primeiro centro de atenção psicossocial batizado de CASP Prof. Luís da Rocha Cerqueira (BELMONTE, 2006). A figura 01 a seguir, mostra como os hospitais psiquiátricos abrigavam seus pacientes, esse era o pavilhão na área interna, observa-se uma superlotação de usuários, as cores das paredes e das grades apáticas e neutras, ausência de um mínimo de conforto, mobiliários insuficiente, tanto para deitar como para sentar, as grades dando a sensação de encarceramento, dando a impressão de que os que se encontravam naquele espaço eram pessoas perigosas. A falta de humanização é nítida, não só nos mobiliários como na estrutura também, os hospitais eram vistos como prisões e depósito de pessoas. Figura 01: Área interna do Hospital Psiquiátrico Fonte: capsicopucsp.wordpress.com, modificada pela autora,2020 20 A figura 02, logo abaixo, se refere a um Hospital Psiquiátrico, o primeiro no Brasil, onde se tem uma grande semelhança com penitenciária. Apresentando grades e colunas altas, janelas fechadas, paredes com cores frias, sem vibração, sem vida. Figura 02: Primeiro hospital psiquiátrico do Brasil Fonte: ccms.saude.gov.br 4.2 Conceito de humanização O termo humanização estar cada vez mais presente em discursões que envolve os setores da rede de saúde. Quando se entende esse fator, observa quanto a humanização é importante na saúde pública e na arquitetura hospitalar. O termo em questão é de difícil definição, a humanização exerce influência sobre o ser humano, seja em sua residência, no trabalho, no tratamento de saúde, no laser, etc. Os espaços se tornam humanizados quando se tem uma forte ligação com os usuários. Nos ambientes de saúde essa ligação se torna mais forte porque eles buscam bem estar e tranquilidade para ter uma melhor recuperação. O termo humanização jamais deve se confundir com luxo, pois tem a ver com qualidade, essa qualidade se dá 21 com a junção de vários fatores como a iluminação, ventilação, utilização correta das cores, mobiliário, decoração e tantos outros (TOLEDO, 2007). Segundo a Política Nacional de Humanização (PNH), acessado em 2020 e encontra-se disponível no site do Ministério da Saúde, a humanização deve estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. A humanização é a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no processo de produção da saúde. Valorizar o sujeito é oportunizar uma maior autonomia e ampliação da sua capacidade em transformar a realidade em que vivem. Uma das diretrizes do HumanizaSUS é a ambiência que é responsável por criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, onde propiciam encontro entre pessoas. Essa ambiência se faz através de uma discursão compartilhada do projeto arquitetônico, das reformas e do uso dos espaços de acordo com as necessidades de usuários e trabalhadores de cada serviço, orientação que pode melhorar o trabalho de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). A permanência em um CAPS é por si só causa de stresspara muitos usuários, principalmente pela abstinência do uso da droga e o distanciamento dos familiares e amigos, a doença e o processo de tratamento, a redução da autonomia e da privacidade, a dúvida da reintegração na sociedade e trabalho, são algumas das razões que acentuam o estado psicológico fragilizado do paciente. Nesse caso, a busca pela semelhança com o lar através da humanização é muito importante, pois visa proporcionar em caráter de acolhimento expressando através da utilização de aberturas mais adornadas, cortinas, objetos decorativos, mobiliário e acabamentos com aparência tipicamente residencial (CAVALCANTI, 2007). Para se ter uma humanização uniforme, a colaboração entre os profissionais que trabalham na área da saúde é de estrema importância, pois de nada adianta a implantação dos conceitos de humanização nos ambientes se os colaboradores não estiverem alinhados com a causa. Para implantar essa política no local, um dos desafios é enfrentar as condições de trabalho a que estão submetidos os trabalhadores, desvalorização e baixo investimento em educação permanente (BARBOSA, 2013). Sendo assim, a humanização do ambiente, tem benefícios tantos para os pacientes que precisam de tratamento, quanto para os trabalhadores. 22 A figura 03 que vem a seguir trata de uma representação de união que a humanização deve ter na trajetória de todos os serviços, seja na arquitetura, na saúde, na educação, na segurança, na religião, enfim, todos os setores precisam humanizar os serviços para um melhor atendimento para população e essa humanização se dá na ambientação, união e ação das pessoas envolvidas. Figura 03: Emblema de humanização Fonte: trabalhadoresdaebserh.blogspot 4.3 Arquitetura Hospitalar Apesar desse trabalho não se tratar de um hospital, ele fala sobre tratamento de saúde mental e os usuários são tratados em clínicas que são chamadas de CAPS, e esses ambientes são tratados como hospitalar por recuperarem pessoas que precisam de tratamento de saúde. Portanto, se faz necessário abrir um espaço para essa discussão. Inevitavelmente, as pessoas iram frequentar um ambiente hospitalar, seja como paciente ou acompanhante, essa ida é sempre em momentos de fragilidade, física ou mental. Assim, um ambiente agradável fará bem aos olhos de quem precisa do 23 local e será muito importante no tratamento desse indivíduo que irá passar um tempo nesse local, seja curto ou longo (NASCIMENTO, 2018) Segundo Ciaco (2010), foram muitas as evoluções da arquitetura hospitalar dos tempos antigos para os atuais, antes os pacientes ficaram em grandes vãos super lotados para não contaminarem os mais saudáveis, com o decorrer do tempo, novos projetos foram surgindo cada vez mais complexos com o objetivo da melhoria do cuidado e bem estar dos pacientes. Segundo Nascimento (2018), existem 4 tipos de conforto que contribuem para o ambiente ser mais agradável, são eles: ➢ Conforto térmico: A ventilação nos locais de internamento é muito importante, porque faz a troca de ar entre o ambiente e o paciente, por esse motivo, a importância do posicionamento correto de janelas e portas. ➢ Aspecto interno: Se trata do fluxograma do ambiente, cada abertura de porta tem que ser bem pensada para não dificultar a circulação. ➢ Conforto acústico: O local onde será instalado o edifício é muito importante, pois os internos precisam de sossego no período de internação. ➢ Conforto luminoso: Se refere ao reflexo de luz projetada em móveis e espelhos que podem incomodar o paciente o deixando estressado e com isso atrapalhando o tratamento dele. Segundo Toledo (2007), a humanização de um edifício hospitalar é resultante de um processo projetual que não se limita à beleza do traço, ao respeito à funcionalidade ou ao domínio dos aspectos construtivos, mas alia esses aspectos a criação de espaços que além de favorecer a recuperação da saúde e garantir o bem-estar físico e psicológico aos usuários do edifício hospitalar, sejam eles pacientes, acompanhantes ou funcionários, estimulam a incorporação de novos procedimentos às práticas médicas. Ao pensar a arquitetura nos espaços assistenciais de saúde deve-se ter a consciência de que “é uma arquitetura pensada e feita para o ser humano em sua condição de maior sensibilidade”. (CIACO, 2010, p. 27). Pensando em um ambiente hospitalar, o projeto, mas que qualquer outro, requer uma série de preocupação com a satisfação e bem estar da equipe de trabalho, dos pacientes, dos funcionários em geral e dos que administram o local. O ambiente 24 precisa ter conforto, eficiência e qualidade, porque os espaços precisam ser flexíveis para acomodar equipamentos médicos sofisticados e constantemente redesenhados e modernizados, ter a satisfação dos médicos e enfermeiros na atuação profissional com iluminação adequada, poucos ruídos e funcionalidade dos espaços, satisfação dos pacientes e acompanhantes, permitindo uma boa recuperação, tranquilidade e segurança (SAMPAIO, 2005). A figura 04 é de uma sala de um hospital infantil na Inglaterra, os arquitetos que trabalharam nesse projeto, pensaram em utilizar cores com tons quentes e alegres, fazendo uma ligação com a realidade das crianças que iram frequentar o local, tirando a ideia de se está em um hospital, tornando-o mais familiar e assim amenizar o sofrimento e a ansiedade que um tratamento e internação hospitalar trás na vida dos pacientes, transformando em um ambiente que traga bem estar. Esse projeto, fugiu do padrão branco que tem nos ambientes de saúde, onde esse modelo representa higiene e neutralidade, mas a cada dia a humanização hospitalar vem tomando conta desses moldes e trazendo mais cores para o ambiente. Figura 04: Sala de espera hospitalar Fonte: rsdesingn.com.br/espaço 25 4.4 Definição de CAPS Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços de saúde aberto e comunitário do SUS (Sistema Único de Saúde) local de tratamento e referência para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses e neuroses graves, pessoas dependentes de álcool e outras drogas, existido também tratamento para o público infanto-juvenil. Em alguns casos, casas residenciais são transformadas em unidade de saúde para receber esse público específico. Diante desses quadros, a permanência nessa instituição de cuidado intensivo, diário e contínuo é essencial para o paciente. Com esse serviço, evita-se a internação psiquiátrica do paciente integrando-o a família e a sociedade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). O CAPS tem várias modalidades e são pontos de atenção estratégicos e de caráter aberto e comunitário, constituídos por equipes multiprofissionais que atuam no atendimento interdisciplinar, as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, incluindo as pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, e sua área territorial, podendo ser em situações de crise, reabilitação psicossocial ou na substituição do modelo asilar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). Os CAPS são divididos em várias modalidades: CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, casos mentais graves e persistentes. Atende regiões com pelo menos 15 mil habitantes. CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, casos mentais graves e persistentes. Atende regiões com pelo menos 70 mil habitantes. CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação, todas as faixas etárias, transtorno mentais graves e persistentes. Atende regiões com pelo menos 150 mil habitantes. CAPS AD III Álcool e Drogas: Atendimento de 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação, funcionamento 24h, todas as faixas etárias. Atende regiões com pelo menos 150 mil habitantes. CAPSi: Atendimento as criançase adolescentes com transtorno mentais graves e persistente. Atende regiões com pelo menos 70 mil habitantes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 26 Segundo o Ministério da saúde (2017), os CAPS têm vários tipos de acolhimento, segue os 3 principais: ➢ Acolhimento inicial: Primeiro atendimento por vontade própria, encaminhada ou em situação de crise no território. ➢ Atendimento individual: Atenção focalizada no usuário, para direcionar a melhor forma de tratamento que se encaixe no estado em que ele se encontra. ➢ Atendimento em grupo: São ações desenvolvida coletivamente, onde todos interagem uns com os outros, no intuito de desenvolver sociabilidade, troca de afetos, confiança, entre outros. A figura 05 abaixo, representa o CAPS pioneiro no Brasil, sua estrutura antiga e diferenciada, faz com que ele se torne interessante para o estudo, pois ele se relaciona melhor com o conceito de humanização, esse modelo de instituição fica com aspecto familiar e dá ideia de lar, com isso os usuários que são tratados no local, se sentem mais acolhidos e abrigados pelo calor humano que uma casa transmite. Figura 05: Primeiro CAPS do Brasil Fonte: spdm.gov.br 2020 27 A figura 06, corresponde a um CAPS mais atual, foi construído com uma estrutura mais comercial, que leva os usuários que irão fazer tratamento nele, a ter uma visão e sensação de estar realmente em uma clínica fazendo tratamento de saúde. Observa-se que a instituição não ficou muito distanciada do conceito de humanização, pois traz vegetação para recepcionar as pessoas que chegam ao local e as cores das paredes e colunas estão fazendo uma ligação com o primeiro CAPS do Brasil. Figura 06: Unidade de CAPS Fonte: diariodegoias.com.br 4.5 Sentido das Cores As cores que são apresentadas no espaço de tratamento hospitalar têm uma grande influencia não só na primeira impressão de quem chega ao local, mas também em quem permanece nesse ambiente, tanto no âmbito positivo como no negativo. Na prevenção e no tratamento de doenças, o uso das cores está baseado no fato de que os sensores tem grande domínio na mente, sendo absorvido ao ser humano de acordo com as informações que recebem ( BOCCANERA, 2007). Segundo Cunha (2004), a cor deve ser vista como um elemento de mudança no paciente em sua estadia no hospital, pois proporciona tranquilidade e bem estar, porque algumas cores atraem e outras repelem, isso quando a cor utilizada não for 28 apropriada naquele ambiente, podendo também transmitir sensação de calor ou de frio, agitar ou inibir as pessoas, causar ilusões, influenciar diretamente o espaço e criar efeitos diversos, como monotonia ou movimento, com isso, diminuir ou aumentar a capacidade de percepção. Ainda segundo Boccanera (2007), a harmonia das cores nos mobiliários, roupas, pisos, tetos, paredes e decoração é importante quando se considera o tempo de estadia dos pacientes e do trabalho dos profissionais, pois o contato com cores monótonas ou que lembram doenças e morte, pode interferir na avaliação física e nos aspectos emocionais e psicológicos de forma consciente ou inconsciente. Segundo Lacy (2000), cada pessoa tem sua cor favorita, cada um reage de uma forma quando se depara com sua cor predileta, assim acontece nos ambientes, as reações são diversas e cada cor tem sua influencia no ser humano, segue abaixo a influencia das cores mais utilizadas: ➢ Vermelho: Essa cor é forte e faz a pessoa se sentir corajosa, poderosa e ousada, uma cor que chama atenção, estimula a pessoa a agir antes de pensar, ela se encontra na tabela de cores quentes. ➢ Amarelo: É associada com a luz do sol, quente e expansiva, é uma cor que ativa a mente que se abre para novas ideias, o amarelo alimenta o ego e pode estimular e iluminar os recessos mais profundos da mente. ➢ Verde: É a cor do equilíbrio e da harmonia, nem quente, nem frio, ele combina com todas as outras cores e ajuda a reduzir a tensão e o estresse. O verde é uma cor que está relacionada com a autoestima, conhecida como baixar a pressão arterial, ele faz com que as pessoas sintam uma sensação de liberdade e fluidez. ➢ Azul: Essa cor é conhecida como uma cor terapêutica que acalma, relaxa e esfria, dependendo da tonalidade do azul, ele é associado a lealdade, integridade, respeito, responsabilidade e autoridade. Tudo isso, pela semelhança que essa cor tem com a imensidão do céu que é belo e sagrado e faz conexão com o amor a vida. ➢ Marrom: Essa cor remete a sensação de que tudo é permanente, sólido e seguro, transmite estabilidade, por esse motivo é tão utilizada em assoalhos e móveis, passa energia boa para os ambientes. 29 ➢ Cinza: Essa cor é associada ao medo, porém nos tons mais claros e misturado com outras cores, tem efeito positivo e equilibrado. ➢ Branco: Essa cor transmite a sensação de inocência, pureza, simplicidade, limpeza e paz, porém ela só tem vida quando realçada com outras cores, não é à toa que se encontra na tabela de cores neutras. ➢ Preto: Essa cor pode causar nas pessoas indiferença, inacessibilidade e prepotência, mas também dá um ar sofisticado, formal e moderno no ambiente, é usada também em casos de luto e para transmitir sensação de mistério e raiva. A figura 07, mostra uma tabela de cores onde se encontra as cores frias, as quentes e as neutras, todas elas têm relação com a sensação da temperatura que as cores transmitem através do ambiente no ser humano. Figura 07: Tabela de cores Fonte: estudiopar.com.br 30 5. ESTUDOS DE CASO Os estudos de casos que serão apresentados a seguir, auxiliou as análise para observar as necessidades e aspectos positivos de cada caso desenvolvido, levando em questão a humanização dos espaços. 5.1 CAPS ITAPEVA – SP O Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, mais conhecido como CAPS Itapeva, foi o primeiro CAPS do Brasil e continua funcionando normalmente até os dias atuais, onde já se passaram mais de 15 mil usuários no local. Tem esse nome em homenagem ao médico psiquiatra nascido em Alagoas, com uma longa história em instituições manicomial, criou reformas psiquiátricas e coordenou a saúde mental no estado de São Paulo durante a década de 1970. O CAPS foi fundado em 12 de março de 1987, no início foi adaptado numa residência que antes era denominada “Casarão”, funcionava como divisão de ambulatórios de saúde mental, ele facilitava a possibilidade em lidar com a loucura, foi extinto em 1985. Com o passar dos anos e com a necessidade do serviço da saúde mental, foram criadas áreas de expansão no local. A unidade conta com vários espaços para atividades recreativas e artesanais. Dados do site da associação paulista de medicina, acessado em 19/10/20, disponível em spdm.org.br. A figura 08 logo abaixo, mostra a fachada principal do CAPS Itapeva, uma construção com dois pavimentos, aspecto antigo e domiciliar, sem grades e com cores agradáveis, bem diferente dos tipos de lugares que eram oferecidos no passado, nos hospitais psiquiátricos, a vegetação se faz presente, dando maior frescor ao ambiente. 31 Figura 08: Fachada do CAPS Itapeva Fonte: portalweb.mpse.mp.br A figura 09 logo abaixo, se trata do prédio anexo do CAPS Itapeva, o mesmo serve para atender aos funcionários, como uso de estacionamento, num portão no canto esquerdo da figura, serve para atendimentos médicos rápidos. Observa-se que foi mantido uma ligação com o casarão através da cor, nada mais, pois todo o restante pertence a uma construção pendendo para o contemporâneo. Figura 09: Anexo do CAPS Itapeva Fonte: Google Maps, 2020 32 IMPLANTAÇÃO O CAPS Itapeva, fica localizado em São Paulo, no bairro da Bela Vista, na Avenida Paulista, uma das mais movimentadasdo estado. O acesso se dá pela rua Carlos Comenale, existe outros acessos, porém, são bloqueados por conta dos usuários, para evitar fugas. Figura 10: Implantação - CAPS Itapeva CAPS Itapeva Avenida Paulista Norte Fonte: Google Maps, modificada pela autora, 2020 A área interna, como mostra na figura 11 logo abaixo, tem um recuo tipo terraço para ser usado quando estiver chovendo para não perder o contato com a natureza e com o ar livre, serve também para os usuários que querem fazer atividades em grupo como jogar dominó entre outros. A área interna se une com a externa e assim se torna um espaço proveitoso e agradável. 33 Figura 11: Área externa CAPS Itapeva Fonte: jornalitanews.com.br A área externa, como mostra na figura 12, é bastante arborizada e com espaço proveitoso para atividades tanto em grupos, como individual. Com essa área arborizadas os pacientes sentem-se próximo a natureza e com isso tira aquela imagem de prisão de um ambiente psiquiátrico que existe na mente da sociedade. Essa área tem um espaço muito bom, porém a ausência de assentos de concreto para os usuários e acompanhantes sentarem é notório. Figura 12: Área externa arborizada Fonte: jornalitanews.com.br 34 Na figura 13, sala de atividade coletiva, a figura mostra uma sala que tem dupla função, uma delas é a de informática, com computadores que tem acesso a internet que pode ser usado tanto para cursos online, como para pesquisas e também para entretenimento dos usuários, a e outra opção é a de pintura, com uma mesa redonda repleta de lápis de cera e papeis em branco para ativar a criatividade e imaginação. Figura 13: Sala de atividade coletiva Fonte: g1.globo.br A figura 14 abaixo, se trata também uma sala de atividades coletivas, a diferença é o tipo de abordagem, o intuito desta atividade se baseia em colagem e artesanato que serve para desenvolver a coordenação motora, ter uma maior noção de espaço, e trabalha a atenção e criatividade, além de desenvolver seu lado artístico. Figura 14: Sala de atividade coletiva Fonte: silvioalvarez.com.br 35 Na figura 15 e 16, mostra como o gerenciamento do CAPS tem a preocupação de que os usuários que frequentam o local tenham contato com a natureza também na área interna do edifício, o jardim vertical com plantas e flores bem cuidadas, ficam posicionadas em lugares específicos por onde os pacientes e funcionários circulam tornando o ambiente mais agradável e humanizado e contando com iluminação natural. Figura 15: Vias de acesso interno Fonte: jornalitanews.com.br Figura 16: Jardim vertical Fonte: silvioalvarez.com.br 36 Na figura 17, as janelas são de um modelo diferenciado, um tipo de arquitetura rústica, pode-se observar que as janelas são duplas, uma é guilhotina e a outra é de abrir para o lado de fora. Apesar de terem dois tipos em uma só, elas ficam abertas, bem diferente dos hospitais psiquiátrico que eram sempre fechadas. Elas remetem as características domiciliar e não perdeu a referência com o passado. Figura 17: Detalhe do casarão Fonte: jornalitanews.com.br TABELA 01: Análise do Estudo de Caso – CAPS Itapeva PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS SER PIONEIRO NO BRASIL E SERVI DE REFERÊNCIA PARA OUTRAS UNIDADES QUANTIDADE DE BANCOS PARA OS USÚARIOS SENTAREM NA ÁREA EXTERNA INSUFICIENTE TER PRESERVADO A ESTRUTURA ARQUITETÔNICA ANTIGA E FAZER USO DOS ESPAÇOS ATÉ OS DIAS ATUAIS CORES REPETITIVAS, SEM VIDA E SEM ÂNIMO DISPOR DE UMA ÁREA ARBORIZADA, TANTO NA ÁREA EXTERNA COMO INTERNA USAR UMA SALA DE ATIVIDADE COLETIVA PARA DOIS USOS BOA LOCALIZAÇÃO NO TERRITÓRIO Fonte: Elaborada pela autora, 2020 37 5.2 HOPITAL PSIQUIÁTRICO KRONSTAD – NORUEGA O hospital foi inaugurado em agosto de 2013 e o seu edifício tem departamentos de pacientes internados nos andares superiores, policlínicas nos andares inferiores para adultos, enfermarias para estadias curtas e estacionamento subterrâneo. O projeto do hospital dá destaque na sua abertura e transparência em relação ao público e ao mesmo tempo protege os pacientes. Um dos pontos fortes dessa obra é a relação dos usuários do espaço com a natureza e a ideia de maior abertura quanto aos problemas de saúde mental na sociedade atual. Informações adquiridas no site de arquitetura, acessado em 20/10/20, disponível em archdaily.com.br. Na figura 18, a fachada verde é cercada por painéis brancos, a parte branca expressa estabilidade e segurança, e é uma memória do sentimento de casa, a série de jardim já começa pela fachada, mostrando a introdução do seu interior. Essa fachada se abre em direção a leste e a área posterior tem vista para a montanha Ulriken, trazendo luz natural e permite quem está dentro do prédio observe a natureza. A fachada conta vidros espelhados onde reflete a cidade a sua frente e ao mesmo tempo dá privacidade e segurança aos pacientes para desfrutar da paisagem do mundo que eles estão afastados pelo internamento, essa fachada está ligada diretamente à estação de trem que fica em frente ao hospital. Figura 18: Fachada do Hospital Psiquiátrico Krondstad Fonte: Google Maps, 2020 38 IMPLANTAÇÃO O hospital se localiza em uma área de muito tráfego na Noruega, no bairro de Bergen. O edifício tem uma área de 12.500m² O acesso se dá pela principal avenida Fjøsangerveien. Figura 19: Implantação – Hospital Psiquiátrico Krondstad Hospital Psiquiátrico Krondstad 20m |_______| Estação de trem Norte Fonte: Google Maps, modificada pela autora, 2020 Na figura 20 logo abaixo, mostra uma das partes mais bonita e interessante do hospital, tem uma vasta área verde no teto com acesso livre aos pacientes que pode tomar sol, ler um livro ou conversar com suas visitas, inclusive fazer alimentação ou atendimento médico, tudo isso livremente e protegido. A ideia dos arquitetos que fizeram o projeto, foi de fazer uma extensão da praça pública que tem na rua, na frente do edifício. Assim os pacientes não abdicavam da praça no período de internamento. 39 Figura 20: Área de convivência externa Fonte: Archdaily.com.br Na figura 21 abaixo, mostra como o prédio dispõe de muita área verde, oferecendo aos cidadãos um lugar diferenciado e agradável, ajudando no tratamento das doenças e a convivência ao ar livre, tanto é favorável aos pacientes quanto aos funcionários, todos são favorecidos. Observa-se que em cada cantinho tem um lugar para as pessoas sentar e apreciar o espaço. Figura 21: Acomodações na área externa Fonte: Archdaily.com.br 40 Na figura 22 abaixo, mostra através do corte como cada departamento do hospital está conectado a um jardim de cobertura específico, cada jardim tem suas próprias características e se diferencia por sua função e localização. As zonas verdes tem a intensão de socializar e oferecer ambientes de contemplação da natureza e a mistura de materiais e plantas naturais. Figura 22: Corte 01 Fonte: Archdaily.com.br A figura 23, mostra como é claro de se ver através de um corte a fundamentação estrutural do edifício, a valorização de se ter um espaço com plantas naturais, e ao mesmo tempo deixar os seus pacientes protegidos por uma estrutura armada e segura, diminuindo a sensação de estarem sendo observados. O intuito desse projeto é fortalecer a sensação entre realidade e espaço privado. Figura 23: Corte 02 Fonte: Archdaily.com.br 41 Na figura 24, apresenta a planta baixa do hospital psiquiátrico,pode-se observar a conexão com jardim na área central para favorecer os dois lados do pavimento, no canto esquerdo da planta estão dormitórios, refeitórios e banheiros dos pacientes, no meio ficam as salas de reunião e consultórios, o lado direito da planta tem mais dormitórios, refeitórios, banheiros, sala de reunião e consultórios. Figura 24: Planta baixa Fonte: Archdaily.com.br Na figura 25 logo abaixo, trata-se da planta baixa do pavimento térreo onde ficam acomodados apenas consultórios e área de convivência coletiva e com a natureza, observa-se que bem na frente tem a estação de trem que faz ligação com o edifício. Figura 25: Planta baixa pavimento térreo Fonte: Archdaily.com.br 42 Itens relevantes a serem considerados no Hospital Psiquiátrico Krondstad: ➢ A preocupação do projeto em interagir pessoas e vegetação; ➢ O bom aproveitamento da iluminação natural; ➢ Dispor de uma importante área externa que mantém os pacientes em contato com a natureza; ➢ Boa localização da edificação no território; ➢ Ter área de recreação ao ar livre para fazer atividades em grupo; ➢ Dá aos pacientes liberdade mesmo eles presos no internamento. 5.3 CLÍNICA HOSPITALAR NOVO NASCER – PE A Clínica é especializada em tratamentos de saúde mental, assim como dependência química e alcoolismo, foi inaugurada em 08 de dezembro de 2013, ela surgiu pela necessidade de encontrar um lugar apropriado para tratamento de alguém da família querida. Hoje a propriedade encontra-se com uma grande equipe multiprofissional e uma estrutura humanizada e acolhedora. Dados coletados no site da clínica, acessado em 06/11/20, disponível em novonascer.com.br. A figura 26, logo abaixo, mostra a fachada que é vista assim que as pessoas chegam ao local, muro alto, guarita fechada, possivelmente é assim para evitar fugas dos usuários e deixá-los mais protegidos, não ter exposição das suas atividades. Figura 26: Fachada Clínica Novo Nascer Fonte: novonascer.com.br 43 IMPLANTAÇÃO A clínica fica localizado em Camaragibe, no bairro de Aldeia, o acesso se dá pela rodovia PE 16, na Rua Cristine Albert. Figura 27: Implantação – Clínica Novo Nascer Clínica Hospitalar Novo Nascer Rodovia PE 16 Norte Fonte: Google Maps, modificada pela autora, 202 Na figura 28 logo abaixo, mostra a fachada interna de um de vários cômodos que existe na clínica, esse é o principal, o projeto foi para que a semelhança com uma residência fosse o principal foco, uma construção simples e ao mesmo tempo sofisticada, rodeada de área verde natural e arborização, um ambiente muito acolhedor para quem vai precisar passar uma temporada para fazer tratamento da saúde psicológica e química. 44 Figura 28: Fachada interna da clínica Fonte: novonascer.com.br A figura 29 abaixo, apresenta como a clínica dispõe de vários tipos diferenciados de atendimentos, para todos os tipos de casos e de doenças diferentes, o espaço ao ar livre para atender os pacientes e seus familiares é muito importante na questão humanização, mostra que a instituição se preocupa com o bem estar dos seus usuários oferecendo um ambiente aberto para aqueles que sentem medo da conversa com um profissional ou outros tipos de angustia. Figura 29: Área de atividade coletiva externa Fonte: novonascer.com.br 45 A figura 30, apresenta uma sala de atividade coletiva, acomodações para sentar muito confortáveis e com várias opções, sofá, puff fofão e tem também tapete para as pessoas que preferem sentar no chão. Janelas que permitem a entrada da iluminação natural, uma alternativa para quem não quiser fazer atividade ao ar livre ou para dias chuvosos. Figura 30: Sala de atividade interna Fonte: novonascer.com.br A figura 31 abaixo, mostra como alinhar passeio protegido e beleza ao mesmo tempo, pois quem quiser dá um passeio quando estiver em tempos de chuva ou não quer receber o sol diretamente na pele, conta com uma área de passeio coberta por um material que transparente onde as pessoas que passarem irá aproveitar o benefício de visualizar a natureza e ainda terem uma proteção. Figura 31: Área de passeio coberta Fonte: novonascer.com.br 46 Na figura 32, mostra que o espaço da instituição é tão grande que teve condições para instalação de um campo para a prática do futebol e outros tipos de recreação para os usuários internos passarem melhor o tempo ocioso, uma boa oportunidade de avaliar como foi bem aproveitado todos os espaços do local. Figura 32: Área para recreação externa Fonte: novonascer.com.br TABELA 02: Análise do Estudo de Caso – Clínica Novo Nascer PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS SER UMA CLÍNICA DE BOA REFENRÊNCIA PARA O PÚBLICO PRIVATIVO E PARTICULAR. A ENTRADA É MUITO FECHADA EM RELAÇÃO A VISUALIZAÇÃO DO ESPAÇO, PROVOCA UMA SENSAÇÃO DE PRISÃO. DIVERSIFICAÇÃO DE ESPAÇOS PARA ATIVIDADES EM GRUPO E INDIVIDUAL. DISPÕE DE ARBORIZAÇÃO BEM DISTRIBUIDA EM TODO O ESPAÇO, NÃO DEIXANDO NENHUM ESPAÇO SEM O CONTATO COM A NATUREZA. MÁ LOCALIZAÇÃO NO TERRITÓRIO Fonte: Elaborada pela autora, 2020 47 5.4 CAPS AD CPTRA – PE O Centro de Prevenção Tratamento e Reabilitação de Alcoolismo (CPTRA) é um CAPS que faz atendimento para tratar pessoas que faz uso de álcool e outras drogas. O CAPS foi fundado em 1990, antes funcionava como divisão de ambulatórios e emergência de saúde mental do hospital Ulisses Pernambucano. Com o passar dos anos e com a necessidade do serviço da saúde mental, foi criado o CPTRA, primeiro CAPS de AD de Pernambuco. A unidade conta com vários espaços para atividades recreativas e artesanais. Essa instituição conta com multiprofissionais, atendimento vinte quatro horas por dia, com divisões que segue em grupos, uns passam a manhã, outros à tarde, alguns o dia inteiro e outros ficam em regime de internamento passando 14 dias ou mais, dependendo do caso de cada indivíduo, outros tem atendimento a noite, para participarem de grupo de tabagismo. Dados coletados do canal do YouTube da própria instituição, acessado em 05/08/20, disponível no canal do CAPS AD CPTRA em youtube.com. A figura 33 mostra a fachada do CAPS AD CPTRA, com uma forte tendência para a arquitetura barroca, um espaço grande e bem aproveitado, com uma arborização presente ao seu redor, janelas grandes que permitem a entrada de ventilação e iluminação natural, assim como a porta da entrada. A floração da árvore frutífera que fica na frente da instituição, dá um ar agradável e se assemelha com aquela casa que tinha uma plantação de jambo, dando um aspecto familiar ao ambiente. Figura 33: Fachada CAPS AD CPTRA Fonte: Autora, 2020 48 IMPLANTAÇÃO O CAPS fica localizado em Recife, no bairro da Tamarineira, fica próximo ao Parque da Jaqueira e o acesso se dá pela Avenida Rosa e Silva, uma avenida muito movimentada que dá acesso a vários bairros da região é a Avenida Norte que fica bem próximo ao local também, segue na figura 34 logo abaixo. Figura 34: Implantação – CAPS AD CPTRA CAPS AD CPTRA Norte Fonte: Google Maps, modificada pela autora, 2020 Na figura 35 logo abaixo, mostra a área de convivência externa, um espaço que se encontra logo na chegada daqueles que frequentam a instituição, seja pacientes, familiares e funcionários. Observa-se que esse ambiente é rodeado por árvores, tornando um lugar prazeroso e agradável, esse lugar é usado para as pessoas esperar atendimento, para reunião, realização de grupos coletivos, atendimento com a família dos pacientes, para os usuários receberem visitas, entre outros. O formato 49 do banco deconcreto contribui para que os frequentadores tenham o contato visual entre si. Figura 35: Área de convivência externa Fonte: Autora, 2020 A figura 36 abaixo, se trata da área de convivência interna, contém um sofá, cadeiras de plástico, móvel para guarda de objetos e outro para apoiar o suporte de água, uma televisão para distração dos usuários, o espaço serve para reuniões em grupo, interação entre os pacientes e leitura. Observa-se que o espaço é pequeno, mas se assemelha com um domicilio. Figura 36: Área de convivência interna Fonte: Autora, 2020 50 A figura 37 abaixo, apresenta a sala de reunião que serve também para grupos de atividade coletivas, festas, apresentação de trabalhos acadêmicos e reunião de família, observa-se que as janelas tem um material que transmite luz natural para dentro da sala e que a mesma não tem proteção para controlar a luminosidade, é provável que isso atrapalhe algumas das atividades realizadas, como por exemplo apresentação com retroprojetor e grupos de relaxamento. Figura 37: Sala de reunião Fonte: Autora, 2020 A figura 38, mostra o refeitório do CPTRA, apesar da presença da janela, o espaço não tem outro tipo de ventilação, pois o ambiente tem uma temperatura elevada por conta do balcão térmico para manter a temperatura dos alimentos, seria necessário a utilização de uma ventilação mecânica. O espaço serve não só para as refeições, mas também para fazer atividades em grupo. Figura 38: Refeitório Fonte: Autora, 2020 51 A figura 39 apresenta a sala de atendimento individual que serve tanto como para atendimento médico como para acolhimento individual do usuário, observa-se que o ambiente tem uma janela que transmite luz natural, tem a opção de dois tipos de ventilação, a natural e a mecânica, na parede quadros ficam de frente para os pacientes podendo tirar a atenção deles no momento em que o médico ou psicólogo estiverem passando alguma informação. Figura 39: Sala de atendimento individual Fonte: Autora, 2020 A figura 40 abaixo, mostra a recepção, lugar onde as pessoas chegam e tem a primeira impressão da instituição, nas paredes encontra-se vários cartazes informativos, mural com avisos para os usuários, água é sempre necessário em qualquer tipo de recepção, principalmente em um lugar com lida com pessoas com transtorno mental. Figura 40: Recepção Fonte: Autora, 2020 52 TABELA 03: Análise do Estudo de Caso – CAPS AD CPTRA PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS SER O PIONEIRO EM CAPS 24H AD NO RECIFE. NÃO DISPOR DE DUAS OU NENHUMA OPÇÃO DE VENTILAÇÃO, TEM AMBIENTES QUE TEM SÓ A NATURAL E OUTROS QUE NÃO TEM NEM NATURAL, NEM MECÂNICA. A OPÇÃO DE TER ESPAÇO PARA REALIZAR ATIVIDADES EM GRUPO TANTO NA ÁREA INTERNA QUANTO NA EXTERNA. NÃO DISPONIBILIZAR NENHUMA DISTRAÇÃO NA RECEPÇÃO. DISPÕE DE ARBORIZAÇÃO BEM DISTRIBUIDA EM TODO O ESPAÇO. BOA LOCALIZAÇÃO NO TERRITÓRIO. Fonte: Elaborada pela autora, 2020 53 FLUXOGRAMA Devido não ter acesso às informações arquitetônica como as plantas e cortes, se fez necessário a realização de um fluxograma através de observações do local. Neste fluxograma observa-se que existe um vazio no meio, se aproximando para o final da edificação, se trata de um espaço ao ar livre, é provável que o projeto tenha fundamentos de uma casa pátio, porém esse espaço não é utilizado para nenhuma atividade, por esse motivo não seria interessante fazer um fluxo para ele, mesmo porque não existe. Figura 41: Fluxograma CAPS AD CPTRA Fonte: Elaborado pela autora, 2020 54 TABELA 04: TABELA COMPARATIVA DOS ESTUDOS DE CASO Análises dos Estudos de Caso CAPS Itapeva Hospital Psiquiátrico Kronstad Clínica Hospitalar Novo Nascer CAPS AD CPTRA Aplicação de Humanização Acesso a área externa com proteção e a semelhança com o domicilio. Acesso a área externa com proteção, contato com a áreas verdes. Contato com a natureza, organização e semelhança com o domicílio. Acesso a área externa com segurança, contato com a natureza. Presença de Cores Cores harmonizadas e quente. Mistura da cor fria com as neutras. Mistura cores, unindo as frias, quentes e neutras. Usou apenas cores neutras. Aplicação da Iluminação Ambiente com muitas janelas que leva luz para o interior do edifício. Muito vidro e aberturas que leva iluminação para o interior do edifício. Muitas janelas no ambiente, onde entra a iluminação sem problemas. Muitas janelas e aberturas que entra a iluminação sem problemas. Isolação e Ventilação Ventilação natural, aberturas adequadas em relação a orientação solar. Ventilação mecânica, adequação das aberturas são mistas em relação a orientação solar. Ventilação natural, adequação das aberturas são mistas em relação a orientação solar. Ventilação natural e mecânica, aberturas adequadas em relação a orientação solar. Maior Qualidade do Ambiente Ambiente com muitas janelas e com uso aberto. A preocupação de dá aos pacientes o contato com jardins. Diferentes lugares para realizações de grupos. Muitas janelas para entrada de ar puro. Temperatura A temperatura é ambiente, com uso da ventilação natural através das esquadrias. A temperatura é controlada por meio de ar condicionado. A abertura das esquadrias controla a temperatura do ambiente. A temperatura é controlada tanto por meio da abertura das esquadrias como por ar condicionado. Localização no Território Boa localização, acesso centralizado para todos. Boa localização, acesso centralizado para todos. A localização é muito distante do centro e tem acesso dificultoso. Boa localização, acesso centralizado para todos. Presença de Arborização Muitas arvores e flores espalhadas na área interna e externa. Muita área verde na área externa do edifício. Muitas arvores e flores espalhadas na área externa. Muitas árvores espalhadas na área externa. Fonte: Elaborado pela autora, 2020 55 5.5 CONCLUSÃO DOS ESTUDOS DE CASO Para os estudos de casos foram analisados dois CAPS sendo um em São Paulo, o CPAS Itapeva e o outro em Recife, o CAPS AD CPTRA, uma Clínica hospitalar particular em Camaragibe, a Clínica Novo Nascer e um hospital psiquiátrico na Noruega, o Hospital Kronstad. Foi possível analisar as diferenças e semelhanças entre eles mesmo sendo diferentes entre si e que nem todos apresentaram os requisitos de humanização, o que eles tinham de semelhante foi a presença de arborização, que é um ponto muito positivo no quesito humanização, é possível visualizar melhor no quadro comparativo que foi elaborado no final dos estudos. Cada um deles contribuiu para o aprimoramento das propostas das diretrizes apresentadas nesse trabalho. 56 6. DIRETRIZES E DISCUSSÃO Neste trabalho vamos nos ater apenas nos espaços de convivência dos usuários, área aberta e de circulação de pessoas, com espaço para ações culturais e comunitárias, utilizado também para ações individuais tipo atendimento e acolhimento dos usuários, leitura e descanso. Esta pesquisa e estudo é com base em tudo que foi levantado, os problemas que pode ser melhorado, tomando como referência os estudos de casos, voltada para compreender como um olhar arquitetônico humanizado pode interferir positivamente no tratamento do indivíduo que estar nos espaços de saúde, como nesse caso o CAPS, são as minhas próprias reflexões. Os ambientes que iremos abordar são: ➢ Recepção; ➢ Sala de atendimento individualizado;➢ Salas de atividades coletivas; ➢ Espaço de convivência interna; ➢ Espaço de convivência externa; ➢ Refeitório. A partir das revisões bibliográficas, estudos de casos apresentados e análise dos questionários realizado com usuários e funcionários, foi possível definir algumas diretrizes referentes à concepção de projetos arquitetônicos no ambiente de CAPS, independente do layout, instituição pública ou privada, já que cada instituição tem sua modulação e singularidade. Sabemos que a humanização não pode acontecer de forma generalizada e sim de acordo com o perfil do usuário e suas necessidades, mas existem alternativas que podem ser utilizadas desde a concepção projetual não se limitando a um público ou perfil de usuário e sim a todos. As diretrizes indicadas a seguir são fruto das pesquisas que foram feitas através de perguntas e respostas, que fala sobre a percepção das pessoas sobre humanização nos ambientes de CAPS, as sugestões e opiniões sobre o que deveria fazer parte da instituição para que ela seja chamada de humanizada, sobre a relação entre o ambiente e o tratamento dos pacientes, a aproximação dos 57 mobiliários com os de uma residência para dá um aspecto de lar e assim eles se sentirem mais acolhido pelo espaço. As cores também fazem parte dessa conjuntura assim como elementos para a melhora visual das salas para uso coletivo e individual. 1) A proposta a seguir é sobre a área de convivência externa, que também serve de recepção e atividade coletiva ao ar livre. Essa área é a primeira impressão que os visitantes, usuários, familiares e funcionários tem ao chegar na instituição. Por esse motivo é desejável que tenha um jardim com flores de cores vibrantes e coloridas e diversificadas, dando sensação de vigor aos que chegam ao local. É muito importante a presença de paisagismo nessas áreas, flores e grama fazem toda diferença no ambiente, a ideia é promover um lugar acolhedor. O piso construído se faz necessário apenas para acessar o banco de concreto para não pisar na grama, é desejável que o formato do banco continue o mesmo, pois faz ligação com os mobiliários da nova proposta do interior do edifício. Segue a inspiração na figura 42. Figura 42: Proposta de paisagismo – Área de convivência externa Fonte: montagem da autora, 2020 58 2) A recepção tem como proposta usar cores harmonizadas para evitar o cansaço na retina e trazer tranquilidade para o ambiente, pois a recepção tem uma atmosfera muito pesada, pois é nela que as pessoas chegam aflitas para que seus problemas sejam resolvidos ou que tenham solução nos casos dos seus familiares. Foi pensando nisso que se fez necessário usar cores com tom sobre tom, a presença de um som ambiente também é importante para acalmar. Os mobiliários recebem uma cor amadeirada e branca, cadeiras confortáveis, porque muitas vezes o atendimento é demorado, bancada com design diferenciado com espaço para acomodar revistas e livros, ajuda a distrair quem estar esperando. Nas paredes seria interessante permanecer os cartazes informativos e um mural com avisos relacionado ao funcionamento do local. Tudo isso é pensado para diminuir a ansiedade dos que precisam frequentar o local, nem todos ficam internados, muitos se limitam apenas nessa área de recepção. Segue na figura 43 a proposta descrita. Figura 43: Proposta de layout - Recepção Fonte: Montagem da autora, 2020 59 3) A proposta é deixar as cadeiras em formato de U e a mesa também sendo um de frente para o outro formando assim com a junção dos dois o formato de O, O de otimismo em conseguir se reinserir ne sociedade e O de objetivo de alcançar o que tanto os usuários almejam, esse formato também foi pensado pelo fato do contato visual, todos conseguem olharem entre si e com isso facilita a comunicação. Será uma única mesa na sala e no meio do círculo que irá se formar, terá almofadas para serem usadas nos grupos e também para quem quiser sentar mais à vontade na reunião ou palestra. A proposta também foi colocar vida na sala, não só através dos mobiliários, como também com a presença de plantas e foi separado também um cantinho do café, para ser usado nos intervalos das atividades. Os mobiliários ficaram com cores mais vibrantes, as cadeiras adquiriram cores diversas, cada uma com sua cor, tanto as cadeiras dos palestrantes e organizadores quanto as dos espectadores e usuários, a mesa ficou com tom de amadeirado claro. O piso e o teto também receberam um novo tratamento, tanto na cor quanto nos materiais. Com esse aspecto a sala ficou com um clima acolhedor e humanizado, deixando os frequentadores do local mais a vontade e satisfeito em estar no ambiente, toda essa proposta citada é mostrada na figura 44. Figura 44: Proposta de layout - Sala de atividade coletiva Fonte: Autora, 2020 60 Na figura 45, é mostrado um outro ângulo da sala, onde mostra o quadro que pode ser usado para várias opções, tanto para recados e avisos, como para dá aula ou apresentar trabalhos, As janelas ganharam persianas para controlar a claridade quando for haver algum grupo terapêutico que precise diminuir a luz ou precisar apresentar um trabalho que use retroprojetor ou até mesmo para os usuários assistirem filmes com o ambiente mais apropriado. As paredes ficaram com cores diferentes para deixar o ambiente mais bonito e sofisticado. Figura 45: Proposta de layout - Sala de atividade coletiva Fonte: Autora, 2020 4) O consultório e sala de atendimento individual é um dos ambientes mais importantes do CAPS, pois é nele que os usuários relatam seus problemas, e para que ele se sinta à vontade para falar suas angustias, a minha proposta foi criar um ambiente confortável e agradável, onde ele e seus familiares sentisse segurança, foi colocado uma cortina para controlar a luminosidade e dá um ar sofisticado e que remete recordações de um lar. As cores também são aceitáveis nessa mudança, pois a harmonia das cores traz tranquilidade e sendo assim os usuários tem mais desenvoltura no momento do atendimento e nas consultas médicas. Os mobiliários mudam para um aspecto mais confortável e agradável. A maca recebe uma cor vibrante e alegre, na cor verde que traz equilíbrio, assim como o colchonete que fica com o mesmo 61 tom só que mais claro. As cadeiras ficam mais confortáveis, tanto as dos usuários e familiares como a do atendente ou médico, a mesa na cor branca que remete paz e limpeza. As paredes também ficam em tom claro para acalmar o espaço. Foi tirado os quadros das paredes para não desviar a atenção do usuário no momento do atendimento. Toda a proposta se encontra na figura 46 e 47. Figura 46: Proposta de layout– sala de atendimento individual Fonte: Autora, 2020 Figura 47: Proposta de layout– sala de atendimento individual Fonte: Autora, 2020 62 5) O refeitório é o ambiente frequentado por todos os frequentadores do CAPS, de usuários a funcionários diariamente por tempo integral, nesse caso a energia que esse local transmite é muito importante, nesse lugar as pessoas ficam felizes e tem prazeres diferentes, principalmente os usuários que passam por momentos de confusão mental e ver na comida uma fuga e também, existe a questão medicamentosa, onde alguns remédios aumentam o apetite, pensando em todo esse processo, foi estudado uma proposta que agradasse a todos. É desejável que a janela tenha uma cor vibrante, as paredes e piso ganham uma nova textura, porém o tom permanece o mesmo, pois o branco traz limpeza e paz. Os mobiliários mudam para forma arredondada para se assemelhar com a mesa domiciliar e assim os usuários ficarem mais a vontade nesse espaço e esse formato ajuda na circulação das pessoas. A proposta descrita é mostrada na figura 48. Figura 48: Proposta de layout -Refeitório Fonte: Montagem da autora, 2020 63 6) A proposta a seguir é sobre a área de convivência interna, nesse local ficam pessoas que querem assistir televisão, ler um livro ou revista, jogar jogos de tabuleiro, conversar e serve também para fazer alguns tipos de grupos terapêuticos, com tudo isso, foi pensado numa forma de fazer com que a humanização se fizesse ainda mais presente nesse ambiente. As cores ganham presença em tudo, nas paredes e piso, nos mobiliários e nas portas. Um mural no fundo da televisão ganham destaque na área, pois nesse local, ela é o principal entretenimento, tanto para distração quanto para informação, o garrafão de água foi mantido para que os usuários não precise se retirar do espaço para se hidratar, uma mesinha com cadeiras para jogos, um mobiliário que servirá para guardar jogos e utensílios. Um sofá confortável com cores discretas em formato de L, mas conhecido como sofá de canto, esse foi a proposta mais desejável pôr a sala ter um espaço pequeno, acomodaria mais pessoas e não atrapalharia a circulação dos demais. Um banco baú foi colocado para ser usado quando tivesse mais pessoas no local para sentar ou participar de grupos. A estante para apoiar livros e revistas, um mural com fotos dos usuários e funcionários para relembrar momentos marcantes. Toda essa proposta tem o intuito de deixar o ambiente com aspecto mais residencial possível, para amenizar o tempo que os pacientes ficam fora de suas casas. Segue logo abaixo nas figuras 49 e 50. Figura 49: Proposta de layout e cor – sala coletiva interna Fonte: Autora, 2020 64 Figura 50: Proposta de layout e cor – sala coletiva interna Fonte: Autora, 2020 6.1. ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO: Os questionários foram respondidos por pacientes e funcionários de três tipos de CAPS, mesclando entre o de transtorno mental e o de álcool e outras drogas, disponibilizaram suas opiniões e experiências que será mostrada a seguir. 62,9% das respostas disseram que consideram os ambientes de CAPS humanizado e 37,1% não consideram os ambientes de CAPS humanizados, como mostra no gráfico 01. 65 Gráfico 01: Humanização Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Foi perguntado nos questionários o motivo das suas respectivas respostas , aos que responderam não, foi pedido para dizerem na opinião deles o que o CAPS precisaria para ser humanizado, não foram colocadas todas as respostas por motivo de repetição do raciocínio, seguem algumas respostas: ➢ Ter mais iluminação, espaços com melhor circulação de ar e acessos para locomoção; ➢ As estruturas dos CAPS são ambientes antigos é necessária uma reformulação nos espaços dando um ambiente mais acolhedor e de proteção para todos que estão nestes ambientes; ➢ Amor; ➢ Um tratamento menos mecânico, com atividades transformadoras como por exemplo o esporte, a arte e o lazer; ➢ Poderia melhorar se existisse vontade política; ➢ Poderiam ser melhor adaptados as demandas do serviço; ➢ Melhor estrutura física para o acolhimento; ➢ Estruturação dos ambientes, espaço de apoio para pacientes em crise, condições e melhoria dos trabalhadores; ➢ As cores das paredes; ➢ Acessibilidade e rota de fuga; 66 ➢ Ambientes claros, área de convivência mais equipada e utilização da área externa; Aos que responderam sim, foi pedido para que eles dissessem qual os ambientes que eles consideram mais humanizado, as respostas mostram no gráfico 02. Gráfico 02: Ambientes humanizados Fonte: Elaborado pela autora, 2020 97,1% das respostas disseram acreditar que um ambiente humanizado interfere positivamente no tratamento dos usuários e 2,9% disseram talvez, nenhum respondeu não, como mostra no gráfico 03. 67 Gráfico 03: Ambientação Fonte: Elaborado pela autora, 2020 71,4% das respostas afirmaram que os mobiliários dos CAPS deveriam ter um aspecto mais domiciliar e 28,6% disseram que não, como mostra no gráfico 04. Gráfico 04: Modelo dos mobiliários Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Em relação as cores, 68,6% das respostas acham interessante ter cores vibrantes nos ambientes e 31,4% não acham, como mostra no gráfico 05. 68 Gráfico 05: Presença de cor Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Da mesma forma que foi perguntado sobre a justificativa das respostas de sim e não do questionário anterior, foi pedido para que os participantes dissessem o que eles acham que uma área de convivência coletiva tanto interna como externa do CAPS deveria ter na opinião deles para ser mais humanizada, não foram colocadas todas as respostas por motivo de repetição do raciocínio, seguem algumas respostas: ➢ Jogos, televisão e religião; ➢ Vegetação, sombra e animais cuidados; ➢ Iluminação, ser arejada, ter música ambiente, espaço para jogos e conversação; ➢ Uma estrutura acolhedora; ➢ Almofadas e tapetes; ➢ Cores alegres; ➢ No mínimo uma sala de vídeo, sala de jogos e uma sala de leitura, todos com uma boa ventilação. Além de profissionais humanizados que ajudem; ➢ Poucos móveis apenas os essenciais, espaço amplo; ➢ Mesas e cadeiras confortáveis; ➢ Precisa de área adequada limpa e organizada, jardins ,respeito, não gritar, pedir por favor, obrigada, tratar bem as pessoas que estão em volta como devemos ser tratados; ➢ Mesa redonda, sofá; 69 ➢ Ventiladores; ➢ Fotografias das pessoas que frequentam o serviço (as memórias do serviço); ➢ Ser um ambiente mais alegre que passe satisfação, conforto e seja agradável. Como mostra no gráfico 06, 88,6% das pessoas responderam que consideram importante a acústica na sala de acolhimento dos usuários e 11,4% acham talvez, nenhum respondeu não. Gráfico 06: Acústica Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Foi perguntado sobre a sensação de cada um a primeira vez que visitou um CAPS, porque muitas vezes as pessoas tem medo e preconceito em relação ao ambiente, mas as respostas foram positivas, pois 60% responderam que tiveram uma impressão positiva e 40% negativa, como mostra no gráfico 07. 70 Gráfico 07: Primeiras impressões do CAPS Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Em relação a chegada ao CAPS, foi perguntado sobre a importância em ter a presença de plantas, flores e jardim na área externa da recepção, 91,4% responderam que é importante e 8,6% responderam talvez, ninguém respondeu não, como mostra o gráfico 08. Gráfico 08: Presença de jardim Fonte: Elaborado pela autora, 2020 71 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme foi apresentado ao longo desse trabalho, é possível reforçar a importância do assunto abordado, pois o mesmo foi desenvolvido com a intensão de mostrar como a arquitetura é capaz de influenciar positivamente na questão da humanização nos ambientes de tratamento de saúde e otimizar a relação entre o ambiente arquitetônico e o ser humano. As informações e dados que foi visto aqui contribuiu para a valorização e significado dos espaços de saúde, principalmente quando se tem um olhar humanizado, precisamente para os ambientes destinados as pessoas com problemas psicológico como é o caso dos CAPS. O arquiteto tem o potencial de criar esse tipo de ambiente, de mudar a percepção de quem precisa usar esses lugares, dando mais conforto e segurança. Cada etapa desse trabalho foi importante e muito desafiante, contribuindo diretamente para ampliação do conhecimento na área de humanização e arquitetura, assim como uma abertura para uma nova visão do ambiente hospitalar. Como principais resultados dessa pesquisa, é possível demonstrar a capacidade que o arquiteto tem em transformar um ambiente apático em um lugar agradável e prazeroso usando apenas um olhar humanizado, trazendo calor humano
Compartilhar