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Tipos de dor (classificação temporal e neurofisiologica)

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Dor 
Definição
De acordo com a International Association for the Study of Pain (2019), dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial dos tecidos corporais, desse modo, um produto elaborado da variedade de sinais neurais processados pelo encéfalo.
É um sinal de alerta de que algo no organismo não está do jeito que deveria. E por ser um elemento de alerta, a dor capacita o indivíduo a detectar estímulos físicos, químicos e nocivos prestes a causar ou que já tenham causado lesões, isso possibilita o desencadeamento de reações de defesa ou de retirada, assim como a indução de atitudes ou de procedimentos. 
Pode ocorrer em diferentes graus de intensidade, do desconforto leve à agonia, podendo resultar da estimulação do nervo em decorrência de lesão, doença ou distúrbio emocional.
Classificação
Classificação temporal
Dor aguda – Tem uma duração previsível, sendo autolimitada e facilmente diagnosticada.
A dor aguda é relacionada temporalmente a lesão causadora, isto é, deve desaparecer durante o período esperado de recuperação do organismo ao evento que está causando a dor, sendo tratada com analgésicos e suporte terapêutico da causa desencadeante da dor.
Não há um limite preciso estabelecido para sua duração na literatura mundial, variando entre 3 a 6 meses, limite máximo em que a maioria dos autores passam a considerar sua presença como crônica. 
Contudo, a dor aguda pode ter duração extremamente curta, desde alguns minutos, até a algumas semanas, decorrentes das mais variáveis situações, incluindo causas inflamatórias, causas traumáticas, causas infecciosas, pós-operatórios e procedimentos médicos e terapêuticos em geral.
Exemplos – Dor muscular por exercício intenso, dor do infarto, dor da fratura óssea, dor de garganta, dor da apendicite, dor da anemia falciforme, dor pós-operatória e trauma.
Dor crônica 
É aquela com duração maior que 3 meses ou aquela dor que persiste, apesar da causa ter sido solucionada. 
A dor crônica é considerada por alguns autores aquela com duração maior que 3 meses, ou que ultrapassa o período usual de recuperação esperado para a causa desencadeante da dor (alguns consideram a esse limite 6 meses). 
Relaciona-se a uma cicatrização inadequada ou deficiente do organismo, não restaurando aquela lesão à sua integridade original. Uma pequena porcentagem de indivíduos desenvolve dor crônica.
A dor crônica não apresenta utilidade a qualquer processo biológico, ou seja, não apresenta propósito biológico, e não assume qualquer outra função senão a de causar sofrimento ao indivíduo, em seu aspecto mais amplo: físico, emocional e financeiro.
Muitas vezes, na dor crônica, o fator causal pode já não estar mais atuante ou não ser passível de remoção, sendo um exemplo importante a dor oncológica, que deve ser tratada como um processo patológico distinto, e não mais como apenas um sintoma.
Está associada à inflamação tecidual persistente (dor por osteoartrite), perda tecidual (dor por amputação e remoção cirúrgica) e lesão neuropática (neuralgia pós-herpética, lesão actínica pós-radioterapia e neuropatia diabética) que induzem a alterações persistentes no sistema nervoso periférico (SNP) e central (SNC).
Uma dor pode tornar-se crônica pelos mais variados motivos, mas ela certamente não tem mais uma função de alerta ou defesa. 
A dor crônica merece maior atenção por parte da medicina moderna, pois é a dor crônica que acaba com a qualidade de vida, é ela que limita a movimentação, a agilidade, a atividade e o bem-estar das pessoas.
Exemplos – Dores de cabeça e enxaqueca, dor nas costas crônica (lombalgia, lombociatalgia, hérnia de disco), dor no pescoço, dores musculares crônicas, dores nas articulações, dor crônica pós-operatória, polineuropatias, neuropatia do diabético, dor do câncer, dor pós herpes-zoster, neuralgia do trigêmeo.
Resumindo – DOR AGUDA pode e deve ser interpretada como um sinal de alerta, a DOR CRÔNICA já não tem mais essa função. 
Classificação Neurofisiológica 
A classificação neurofisiológica da dor baseia-se nos mecanismos dolorosos desencadeantes.
Dor nociceptiva 
Considera-se dor nociceptiva aquela que resulta da ativação de nociceptores (fibras A-delta e C) através de estímulos dolorosos, os quais podem ser mecânicos, térmicos ou químicos. 
Os nociceptores podem ser sensibilizados por estímulos químicos endógenos (substâncias algogênicas), como a serotonina, a substância P, a bradicinina, as prostaglandinas, e a histamina.
As vias nociceptivas se encontram preservadas, sendo ativadas pelos nociceptores de tecidos cutâneos (dor somática) ou profundos (dor visceral).
Geralmente, o paciente descreve essas dores da seguinte forma:
· Dor Somática – Sensação dolorosa rude, exacerbada ao movimento (dor "incidental"). 
É aliviada pelo repouso, é bem localizada e variável, conforme a lesão básica. 
Ex. – Dores ósseas, pós-operatórias, dores musculoesqueléticas, dores artríticas, etc.
· Dor Visceral – É provocada por distensão de víscera oca, mal localizada, profunda, opressiva, constritiva. 
Frequentemente associa-se a sensações de náuseas, vômitos e sudorese. Muitas vezes há dores locais referidas, como por exemplo, em ombro ou mandíbula relacionadas ao coração, em escápula referente a vesícula biliar, e em dorso, referente ao pâncreas. 
Ex. – Câncer de pâncreas, obstrução intestinal, metástase intraperitoneal, etc.
sensibilização dos nociceptores
A sensibilidade do nociceptor não é fixa, e sua ativação, seja por estimulação repetida ou pela presença de mediadores inflamatórios (prostaglandina, bradicinina), gera modificações na cinética dos canais iônicos com aumento da excitabilidade da membrana do nociceptor e diminuição do limiar de iniciação de um potencial de ação no neurônio sensorial primário. 
**Este fenômeno de sensibilização dos neurônios periféricos é denominado hiperalgesia primária e é acompanhado de alodínea termomecânica, ou seja, dor no local da lesão evocada por estímulos térmicos ou mecânicos que não são suficientes para desencadear a sensação dolorosa nos locais sadios.
Portanto, o nociceptor passa a um estado de sensibilização/facilitação para os estímulos ativadores subsequentes na área afetada. 
** Quando a estimulação é intensa e prolongada, ocorre sensibilização dos neurônios centrais, que a partir deste momento passam a reagir intensamente tanto à estimulação nociceptiva como não nociceptiva. 
Como resultado, os estímulos mecânicos não dolorosos, como o toque, por exemplo, passam a ser dolorosos (alodínia mecânica secundária) e os estímulos nociceptivos interpretados como mais intensos (hiperalgesia secundária). 
As anormalidades neuroplásticas adaptativas segmentares e suprassegmentares, as anormalidades comportamentais psíquicas primárias ou secundárias e a adoção de comportamentos anormais pelo reforço da condição de mal-estar contribuem para sua cronificação.
Dor não-nociceptiva – Subdivide-se em dor Neuropática e Psicogênica.
· Dor Neuropática – É fruto da lesão ou disfunção do Sistema Nervoso Central ou Sistema Nervoso Periférico. 
Em geral, persistem por longo tempo após o evento precipitante. A dor neuropática pode ser episódica, temporária ou crônica, persistente, podendo inclusive não estar associada a qualquer lesão detectável. 
Esta dor também pode ser consequência de algumas doenças degenerativas que levam a compressão ou a lesões das raízes nervosas, ao nível da coluna. 
Os pacientes descrevem a dor neuropática como "ardente ou penetrante", podendo haver a presença de alodínia.
Alodínia – Estímulos inócuos em situações normais, mas que nesta situação são percebidos pelo organismo como extremamente dolorosos, muitas vezes o simples "roçar" de um tecido sobre a pele desencadeia dor intensa imediata.
A dor neuropática manifesta-se de várias formas, como sensação de queimação, peso, agulhadas, ferroadas ou choques, podendo ou não ser acompanhada de "formigamento" ou "adormecimento" (sensações chamadas de "parestesias") de uma determinada parte do corpo. Os pacientes queixam-sede dores recorrentes.
Ex. – Neuralgia do nervo trigêmeo, a neuralgia pós-herpética e a neuropatia periférica, dentre outras.
As vias nociceptivas apresentam alterações na estrutura e ou função, resultante de lesão seletiva do trato neoespinotalâmico (dor central) ou resultante de lesões no sistema nervoso periférico (dor periférica).
Em alguns casos, a lesão original ocorre nos nervos periféricos (amputação), mas o mecanismo de dor (dor de membro fantasma) parece ser primariamente no SNC.
Dor por desaferentação – Trata-se de uma subdivisão da dor neuropática, que pode decorrer de algum tipo de dano ao sistema somatossensorial em qualquer ponto ao longo de seu percurso.
São exemplos as dores precipitadas por lesões periféricas (dor fantasma), e as dores precipitadas por lesões centrais (dor talâmica, AVC, secundárias a metástases ou a tumores cerebrais, etc.).
· Dor Psicogênica – Considera-se a existência da dor psicogênica quando nenhum mecanismo nociceptivo ou neuropático pode ser identificado e há sintomas psicológicos suficientes para o estabelecimento de critérios psiquiátricos estabelecidos na classificação DSM-IV.
Na prática, a dor psicogênica é diagnóstico de exclusão e de ocorrência muito rara. Muitos autores consideram-na virtual, uma vez que mesmo patologias puramente psiquiátricas são manifestações de alterações orgânicas e identificáveis, mesmo que somente bioquimicamente.
Dor mista – Alguns pacientes apresentam ambos tipos de dor, por exemplo, dor nociceptiva resultante do crescimento do tumor e das metástases e dor neuropática resultante da compressão do tumor em estruturas neurais. 
A dor oncológica é frequentemente considerada uma dor mista.

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