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LITISCONSÓRCIO Teoria Geral do Processo CONCEITO É o fenômeno processual que se verifica quando se tem uma pluralidade de partes em um ou nos dois polos da ação, ou seja, mais de um autor ou mais de um réu. Está diretamente relacionado com a ideia de economia processual. Digamos que duas pessoas que tem casos muito semelhantes, praticamente idênticos, só que ao invés dessas duas pessoas ajuizaram duas ações, uma ação cada, e portanto inchar o poder judiciário com mais dois processos, eles resolvem em litisconsórcio os dois proporem a mesma ação. O mesmo se verifica se por exemplo, eu desejo ingressar com uma ação e cobrar uma dívida de duas pessoas, com a mesma ação eu posso ingressar contra duas pessoas e assim economizar tempo e dinheiro. Classificação Existe diversas possibilidades de litisconsórcio, e é importante conhecer essas classificações não apenas por uma questão doutrinária mas porque cada classificação produzirá efeitos relevantes para dentro do processo. • Quanto as partes: ativo, passivo e misto. Ativo = quando dentro da mesma ação, dois ou mais autores. É chamado de ativo porque a pluralidade de partes está localizada no polo ativo da ação. Passivo = a pluralidade de partes está localizada no povo passivo da ação, ou seja, um processo ou uma ação com dois ou mais réus. Misto = a pluralidade de partes está localizada nos dois polos, tanto no polo ativo como no polo passivo. Dois ou mais autores e réus. • Quanto a obrigatoriedade de formação do litisconsórcio: facultativo ou necessário. Facultativo = é aquele litisconsórcio opcional, ou seja, pode ou não existir no processo. As hipóteses para saber se aquele processo se tem a opção de ingressar com um litisconsórcio estão previstas no artigo 113 do CPC. Um exemplo dessas possibilidades são as chamadas obrigações solidárias: imagine que eu sou um credor de uma dívida, só que trata-se aqui de uma dívida solidária, onde eu tenho dois réus, ou seja, dois devedores solidários, assim eu posso ingressar com uma ação contra os dois devedores. Esse é um caso de litisconsórcio facultativo. Necessário = é aquele litisconsórcio obrigatório a sua formação, o processo precisa ter o litisconsórcio. O litisconsórcio será necessário quando a lei exigir; quando tiver uma indivisibilidade da relação jurídica de direito material, significa que ele é necessário porque a relação jurídica que existe entre as partes não pode ser quebrada, dividida. Um exemplo é o caso da ação movida pelo MP contra um casal para anular esse casamento. Nesse caso, o casamento é uma relação jurídica indivisível entre as partes. • Quanto ao momento de formação do litisconsórcio: inicial e ulterior O litisconsórcio no Brasil tem como regra o inicial. Inicial = é o litisconsórcio formado junto com o processo. Começa desde a formação do processo. Quando o autor protocola a petição inicial, ali na petição inicial já se tem o litisconsórcio formado. Quem incube a formação do litisconsórcio é o autor, então quando o autor ele já forma o litisconsórcio, é chamado de inicial. Regra no Brasil. Ulterior = litisconsórcio formado durante o processo, no curso do processo. A lei proíbe o litisconsórcio ulterior para preservar o princípio do juiz natural, é aquele que diz que as partes não podem escolher o juiz da causa, o juiz ele é escolhido com base em regras de competência, regras essas que já estão previstas na lei. Obs.: A regra portanto é que o processo comece já colhido o litisconsórcio formado, mas de maneira excepcional, pode-se ter no Brasil o chamado litisconsórcio ulterior, aquele que se forma no curso do processo. Este último é uma exceção ao nosso sistema, só pode acontecer quando se tem a autorização da lei. As três hipóteses admitidas no nosso sistema do litisconsórcio ulterior: Uma das hipóteses é a sucessão processual, prevista no artigo 110 do CPC. Exemplo: eu (autor) entro com uma ação contra Pedro(réu), no meio do processo o Pedro morreu. Como ele morreu, os dois filhos de Pedro vem para sucede-lo no processo. Acontece o fenômeno de sucessão processual. Assim, eu continuo sendo o autor e os dois filhos de Pedro passam a ser os réus, tem- se um litisconsórcio passivo. Como esse litisconsórcio passivo foi formado no decorrer do processo, ele é um litisconsórcio ulterior. Segunda hipótese são casos envolvendo a conexão de ações, prevista nos artigos 55 e 58 do CPC. O processo começa separado, mas como se tem a conexão das ações, significa que terá uma reunião das ações para julgamento conjunto. A última hipótese é a que se tem uma intervenção de terceiros no processo. Exemplo: João bateu no meu carro, e entro com uma ação contra ele para cobrar os prejuízos. Ao longo do processo João provoca uma intervenção de terceiro, ele denuncia a lide a seguradora do carro. Conclusão: o João e a seguradora formarão o litisconsórcio ulterior. • Quanto aos efeitos do litisconsórcio: simples ou unitário Simples = Pode-se classificar o litisconsórcio como simples se a decisão proferida no bojo do processo poder ser diferente para os litisconsortes. Exemplo: eu entro com uma ação pedindo indenização por danos morais contra duas empresas. Nesse processo visualiza a primeira possibilidade: o juiz condena a empresa X a me pagar a indenização a título de danos morais, só que o juiz isenta a empresa Y do pagamento. Nesse caso, foi uma decisão diferente para os litisconsórcios. A segunda possibilidade: o juiz condena as duas pessoas a me pagar a indenização, nesse caso a decisão foi igual, o litisconsórcio continua sendo simples pois por mais que a decisão tenha sido igual, ela poderia ter sido diferente e é isso que caracteriza um litisconsórcio simples. Unitário = No litisconsórcio unitário não tem como a decisão ser diferente para os litisconsortes, obrigatoriamente todos os litisconsortes terão a mesma decisão. Em resumo, ou todo mundo ganha ou todo mundo perde. Uma frase para definir o unitário: unidade na pluralidade. Vou tratar os litisconsortes como uma única pessoa. Exemplo: quando existir uma relação jurídica de direito material entre as partes indivisíveis, o da ação anulatória do casamento, MP entra com ação anulatória contra João e Maria que são casados mas eles se casaram violando o impedimento matrimonial. Outro exemplo: ou anulo o concurso público pra todo mundo, ou não anulo pra ninguém. Obs.: A decisão poderia ser diferente? Se sim, o litisconsórcio é simples. Se não, o litisconsórcio é unitário.
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