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Processo Civil I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 1 ¨ Conceito: É a pluralidade de sujeitos (pessoa física ou jurídica) em um polo de uma relação processual: mais de um autor ou mais de um réu, por exemplo. ® Baseia-se na economia e na segurança jurídica das decisões judiciais. ® Trata-se de cumulação subjetiva de ações, ou então: Forma de ampliação subjetiva da demanda. Fala-se no interesse entre eles (autores ou réus) sobre o direito material, ou a conexão entre os pedidos. Não se restringe à demanda principal, pode ser utilizado em incidentes processuais. Justificativa para a formação do Litisconsórcio: ® Economia processual: resolver várias demandas em uma só. ® Segurança jurídica: evitar decisões conflitantes. ¨ Classificação: 1. Quanto ao polo: Litisconsórcio Ativo: Pluralidade de autores; Litisconsórcio Passivo: Pluralidade de réus; Litisconsórcio Misto: ambos os polos. 2. Quanto ao momento: LITISCONSÓRCIO INICIAL ou originário: Desde o início do processo já havia pluralidade de um polo. Isto é, mais de uma pessoa postulou. LITISCONSÓRCIO ULTERIOR: O litisconsórcio é formado depois (após) do início do processo. Pode surgir de 3 formas: a) Intervenção de terceiro (chamamento ao processo e denunciação da lide, por exemplo; b) Pela sucessão processual (ingresso dos herdeiros no lugar da parte falecida, art. 110 CPC); c) Conexão ou Continência (art.55 e 58, CPC). 3. Quanto aos efeitos do julgamento: Quanto a análise do objeto litigioso do procedimento. Litisconsórcio simples (comum): É aquele em que a decisão judicial sobre o mérito pode ser DIFERENTE para os litisconsortes. ® Cada litigante pode sair do processo com sentença diferente. ® “parcialmente procedente”. ® Possibilidade. Importante: pra poder distinguir o simples do unitário, deve se perguntar: é possível ao juiz decidir nesse caso de maneira distinta? Se sim, é litisconsórcio simples. Litisconsórcio Processo Civil I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 2 Litisconsórcio Unitário: A decisão DEVE ser a mesma para todos os litigantes, conforme a natureza da relação jurídica. ® Não se admite julgamento diverso. ® O juiz deve decidir de modo uniforme. ® Art. 116 do CPC. No litisconsórcio unitário várias pessoas são tratadas no processo como se fossem apenas UMA. Dois pressupostos para a caracterização do Litisconsórcio Unitário: a) Os litisconsortes discutem uma ÚNICA relação jurídica; b) A relação jurídica deve ser indivisível Importante: Pensar no futuro, lá na sentença do processo. A decisão vai afetar só um ou a todos que estão ali? Ou então, da pra rescindir o contrato em relação a um e não ao outro? Ao pensar nisso, ligar automaticamente ao litisconsórcio unitário. 4. Quanto à obrigatoriedade: Litisconsórcio Facultativo: é o litisconsórcio que pode ou não se formar. Há possibilidade de escolha (critério) dos litigantes. Exemplo bem simples, para melhor compreensão: “A” comprou uma geladeira em determinada loja, entretanto ao receber o produto, verificou que estava com alguns danificados. A partir disso, “A” pode ajuizar uma ação contra a fábrica da geladeira e a distribuidora, ou então, incluir também a loja que comprou. Disposto no Art. 113 do CPC: Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: 1. Houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide: vínculo forte; 2. Entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir: vínculo médio; 3. Ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito: vínculo tênue (frágil); OBS: mas nem todos esses incisos são sobre o litisconsórcio facultativo. A lei exige que essas pessoas estejam juntas? Não. Elas estão juntas porque querem. Litisconsórcio Necessário: É quando sua formação é obrigatória. Está ligado diretamente à indispensabilidade da integração do polo da relação processual por todos os sujeitos. O litisconsórcio se torna necessário em duas situações: 1. Quando a lei determina; Processo Civil I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 3 2. Pela natureza da relação jurídica controvertida – é indispensável a presença de ambas as pessoas. ® Em regra, o litisconsórcio necessário é unitário, mas pode haver situações em que pode ser necessário e simples. A exemplo de litisconsórcio que não seja unitário: Art. 73 do CPC, quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. Art. 114 do CPC, será necessário quando: 1. Por disposição da lei: Ex. Ação Real sobre imóvel propostas contra cônjuges, pessoas casadas em regime de comunhão de bens – art. 73, §1º, CPC. Ex. Na ação de usucapião, os vizinhos, confinantes, terão que ser citados pessoalmente – art. 246, §3º do CPC. 2. Pela natureza da relação jurídica, a eficácia da sentença depender da citação de todos. Ex. dissolução de sociedade e anulação de contrato plurilateral. ® Relação incindível. ® Todos que possuem interesse jurídico e podem ser atingidos pela coisa julgada, devem estar no processo. Pode haver Litisconsórcio ativo necessário? Quer dizer, o litisconsórcio pode ser ativo e passivo? Há duas correntes. A 1º diz que o litisconsórcio é somente passivo, não sendo possível o litisconsórcio ativo, pois alguém estaria sendo obrigado a litigar. ® Basta a citação de todos os interessados. A 2º corrente (minoritária) defende que pode existir tanto no polo ativo quanto no passivo. ® Aceita-se o litisconsórcio necessário ativo de forma excepcional, exemplo a Lei das S.A. Litisconsórcio necessário no polo passivo. Segundo o prof. Arruda Alvim, no litisconsórcio é indispensável que o litisconsorte necessário tenha sido citado. ® Não pode ser descumprido, o juiz ordena sua superação como medida de regularização do processo. Ou seja, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que sejam litisconsortes, sob pena de extinção do processo. ® Art. 115, parágrafo único do CPC. O que o juiz deve fazer ao perceber a existência de um litisconsórcio passivo necessário? Ele não determinará que Luiz seja citado, ele simplesmente dá um despacho e, nesse Processo Civil I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 4 despacho, nos termos do art. 115, parágrafo único do CPC, determinará a intimação do autor para requerer a citação de Luiz, sob pena de indeferimento e estabelecerá um prazo para emenda da Inicial, prazo esse fixado pelo juiz. ® Caso Carlos não requeira a citação de Luiz, o Juiz irá proferir uma sentença sem resolução de mérito, sem julgamento do mérito porque faltou um pressuposto processual, a demanda não está regularmente formada com a falta de um dos litisconsortes necessários. ® Polemica: alguns autores dizem que tal participação do juiz é denominada iussu iudicis. Se um ou alguns dos réus concordarem com o pedido do autor, pode manifestar sua anuência no feito e não continuar na lide, após a citação. Ex. dissolução parcial de sociedade. Ex. consignação de pagamento onde vários se afirmam credores. Pode acontecer do demandado citado compor o polo ativo da ação, quando não quis de início compor o polo ativo e foi citado na demanda. Caso em que a citação não seria um ato praticado somente contra o réu de um processo. Ele poderia migrar para o polo ativo da demanda, após citado. Ex. Em ACP pode o autor promover a citação de todas as pessoas jurídicas (públicas e privadas) para, após, essas pessoas atuarem no polo passivo ou ao lado do autor, conforme interesse público. Importante: O juiz não poderia mandar citar autor para compor o polo ativo da ação. Cabe ao autor promover a citação dos réus que entenda que devam integrar a lide. No caso de citar autores, este temo arbítrio de procurar ou não a tutela jurisdicional, não podem ser compelidos a agirem no polo ativo de uma ação, motivo pelo qual, os sujeitos serão citados para após ingressarem a lide no polo que lhe couber, se quiserem. Se o litisconsórcio não for observado na propositura da ação: ® Art. 115, CPC: o que acontece se houver proferimento de sentença de mérito sem a citação de um litisconsorte. A sentença de mérito, quando proferida SEM a integração do contraditório, ou seja, as partes necessárias no processo não foram citadas, será: 1º hipótese: a sentença será NULA quando a decisão deveria ser uniforme para todos. ® No inc. I se refere ao litisconsórcio necessário unitário. Tem gente fora do processo? Então é nulo. 2º hipótese: a sentença será INEFICAZ, nos outros casos (litisconsórcio simples), apenas para os que não foram citados, ou seja, os que estavam fora do processo. Processo Civil I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 5 ® No inc. II se refere ao litisconsórcio facultativo ou simples. ® A decisão é válida/ só produz efeitos contra quem participou do processo. Litisconsórcio Multitudinário: É aquele em que possui muitas pessoas compondo os polos, seja ativo ou passivo. ® Trata-se da limitação do litisconsórcio FACULTATIVO. ® O litisconsórcio facultativo autoriza que, por opção, as pessoas se agrupam e se dirijam juntas ao juízo, mas pode ser que a presença de muita gente acaba tumultuando o andamento do processo A lógica é da economia processual, processo mais eficiente ou então evitar decisões conflitantes. Além de propiciar o exercício pleno do direito defesa. Imagina 200 pessoas iguais, que ingressam pelos mesmos motivos, mas em processos diferentes? Iria causar uma insegurança jurídica. Ex. Acidente de avião, o qual havia várias pessoas. ® Vale dizer que a condenação pode ser de procedência, mas muitas vezes o valor da indenização não é o mesmo, por diversos fatores. Art. 113, §1º: o juiz pode LIMITAR o número de litigantes. ® Na fase de conhecimento, liquidação de sentença ou na execução. ® É uma faculdade do juiz. Não um dever Por quê? Ainda há a mesma lógica, a economia processual. As vezes há pessoas em excesso no processo (cada uma querendo produzir sua prova, levar testemunhas, por exemplo), causando uma certa lentidão no processo. ® Quando comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou cumprimento da sentença. Por isso, o juiz limita o número e determina a divisão em outras várias ações. O § 2º dispõe que o requerimento de limitação, INTERROMPE o prazo para a manifestação ou resposta. O prazo reabre (recomeça) a partir da decisão que decidiu sobre o requerimento e não é apenas devolvido o prazo remanescente, o prazo que estava faltando, mas os mesmos 15 dia porque o prazo não foi suspenso, foi interrompido. Juiz Autor (A) + A+ A+A+A+A+A Réu Processo Civil I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 6 Regime de Tratamento dos Litisconsortes: ® Art. 117 do CPC. Em regra, cada litigante é tratado de forma DISTINTA (autônoma), com relação a parte contrária. Ou seja, os atos de um não prejudicam e nem beneficiam os outros. ® Mas, quando se tratar de litisconsórcio unitário, o que requer resultado IGUAL para todos, há uma certa diferenciação no tratamento, todos devem ser tratados de forma uniforme. No litisconsórcio unitário, as condutas benéficas todos os litigantes aproveitam e os atos e omissões negativas, não prejudicaram os outros. Tipos de conduta: Condutas Determinantes: é ruim, leva a situação desfavorável. Ex. Revelia, reconhecimento da procedência do pedido, renúncia, confissão. Não prejudica os outros litisconsortes, seja simples ou unitário. Entretanto, no unitário só afeta se todos consentirem. Condutas Alternativas: São boas ações, visam a preservação. A parte busca melhora na sua situação processual. Ex. Recorrer, contestar, produzir provas, alegar. No litisconsórcio unitário há o aproveitamento (beneficiam todos), já no simples não. Importante: portanto, o ato praticado por um não prejudica o outro. Exemplo: Art. 391 do CPC que dispõe que a confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. Lembrar da exceção do litisconsórcio unitário. Ao se falar do litisconsórcio simples, a relação que os une é divisível e, sendo divisível, o ato praticado por um não necessariamente irá beneficiar o outro. DEPENDE!!! Em resumo: Na relação litisconsorcial, o ato praticado por um dos litisconsortes pode beneficiar e esse benefício será melhor percebido quando a relação for unitária, pois, sendo a relação unitária, como há indivisibilidade da relação jurídica, provavelmente, o ato praticado por um beneficiará o outro. No litisconsórcio simples, dependerá muito da análise do caso concreto. Processo Civil I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 7 ¨ Exceções no regime de tratamento: 1. Provas: Art. 371 do CPC As provas são do processo e não de quem as produziu. Atinge a TODOS. Ex. Testemunhas. 2. Contestação: Art. 345, I. Em regra, quem não contesta, sofre os efeitos da revelia. Lembrar!!!! A principal consequência da não contestação, é a confissão ficta ao réu revel. Art. 344 do CPC. Entretanto, no litisconsórcio, o réu que não contestou será beneficiado pela contestação do outro. Ou seja, não sofre os efeitos da revelia no litisconsórcio. ® este artigo é mal redigido porque dá a ideia de que esse benefício é automático para o outro. O pagamento de um litisconsorte não permite concluir que o outro também pagou. ® Por isso depende do caso concreto. Agora, no caso de prescrição do crédito, e um litisconsorte contesta alegando isso, o outro réu poderá aproveitar. Se o contrato foi assinado no mesmo momento, se está prescrito para um e não houve causa interruptiva para nenhum dos dois, provavelmente também está prescrito para o outro. ® Portanto, depende do caso concreto e do que é alegado na contestação. ® Se for litis. Unitário provavelmente beneficiará. 3. Recurso: Art. 1005, CPC: O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Acontece a mesma coisa que na contestação, mas desde que seja do MESMO assunto. ® O meu recurso pode ajudar os outros litisconsortes, desde que não seja diferente ou oposto os nossos interesses. Prazo em Dobro ® Art. 229 do CPC Prazo em dobro para todas as manifestações, em qualquer juízo ou tribunal. No litisconsórcio, somente tem prazo em dobro para pratica dos atos processuais se: ® O processo for físico (§2º não é possível nos autos eletrônicos); ® Litisconsortes possuir procuradores diferentes; e ® Escritório de advocacia distinto. Processo Civil I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 8 Qual a finalidade? Para que todos tenham a possibilidade de ver o processo. Vale dizer que ocorre automaticamente. E, se for o mesmo advogado para os litisconsortes, não há necessidade do prazo em dobro. ® Se os advogados forem do mesmo escritório, o prazo será simples. ® Se houverem 2 réus e 1 deles não oferecer defesa, cessa a contagem em dobro. ® Não vale se o processo for eletrônico. Além da exceção de que os autos não podem ser eletrônicos, há situações em que são preenchidos os 4 requisitos e, mesmo assim, não haverá dobra do prazo: No art. 915, §3º do CPC: embargos de execução. ® Prazo de 15 dias p/ embargos de execução, não há prazo em dobro mesmo se preenchidos os requisitos. Segunda exceção, nocaso de oposição: art. 683, p. único. ¨ Outras espécies de litisconsórcio: A jurisprudência admite outras 3 espécies de litisconsórcios no Brasil: ® Fala-se em Direito Alienígena. ® Está associada ao pedido Na verdade, essas são espécies de cumulação de pedidos, mas que podem gerar relações litisconsorciais. Litisconsórcio Eventual: O juiz não conhecerá pedido em relação a alguém, se não reconhecer a situação jurídica do anterior. Ex. denunciação da lide, ou então contrato de seguros. ® Ou subsidiário. ® É quando formulado o pedido principal e quando o juiz não reconhece esse principal, que seja analisado o subsidiário. Litisconsórcio Alternativo: Quando no pedido alternativo a obrigação possa ser cumprida por pessoas diferentes. Ex. consignação em pagamento quando não se sabe a quem pagar. ® Quando se pede este ou aquele Litisconsórcio Sucessivo: O segundo será acolhido caso o primeiro seja. Ex. mãe e filho em litisconsórcio ativo, pleiteando filiação e sendo acolhida, ressarcimento das despesas do parto. ® Aquele que é a acumulação própria, o que se pretende são todos os pedidos, mas, para alcançar o segundo, há a necessidade de reconhecimento do primeiro.
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