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INTERVENÇÃO DE TERCEIRO Teoria Geral do Processo CONCEITO Ocorre o fenômeno processual chamado de intervenção de terceiro quando alguém ingressa, como parte ou coadjuvante da parte, em processo pendente entre outras partes. De um ponto de vista prático esse processo é sempre voluntário, ou seja, a lei não obriga o ingresso e atuação de um terceiro no processo. O que ocorre muitas vezes é a provocação de uma das partes pendentes para que o terceiro venha a integrar a relação processual. O juiz não pode inquisitorialmente obrigar por ato de oficio o terceiro a ingressar no processo, o que ele faz em caso como o do parágrafo único do artigo 115 é determinar que se uma das partes quiser a decisão do mérito ela sim cite os terceiros, pois do contrário o processo será tratado sem ela. CLASSIFICAÇÃO • Conforme o terceiro vise ampliar ou modificar sugestivamente a relação processual, a intervenção pode ser: Ad coadiuvand = quando o terceiro procura prestar cooperação com uma das partes primitivas, como a assistência. Ad excludendum = quando o terceiro procura excluir uma ou ambas as partes primitivas como na composição. • Conforme a iniciativa da medida, a intervenção pode ser: Espontânea = quando a iniciativa é do terceiro, como geralmente ocorre na oposição, na assistência, e as vezes na intervenção do amicus curiae. Provocada = quando embora voluntária, a medida adotada pelo terceiro foi ela procedida por citação de uma das partes. MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS O código de processo civil atual prevê diversas formas de intervenção de terceiros, entre elas apresenta: Assistência; Denunciação da Lide; Chamamento ao Processo; Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica e Amicus Curiae. • ASSISTÊNCIA (ART. 119 A 124) A Assistência pode ser entendida como a modalidade de Intervenção de Terceiros Espontânea, cuja finalidade é que um terceiro estranho a relação processual auxilie a parte em uma causa em que tenha interesse jurídico. Tal modalidade poderá ser admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição. Feito o pedido de assistência, as partes terão o prazo de 15 dias para impugna-lo, onde havendo a impugnação, o juiz decidirá o incidente sem suspender o processo. Não sendo realizada a impugnação neste prazo, ou não sendo o caso de rejeição liminar (quando faltar ao terceiro interesse jurídico) o pedido será deferido e o assistente ingressará no processo, recebendo-o no estado em que se encontre, ou seja, não haverá novamente a prática de atos já realizados quando do seu ingresso na demanda. Assistência pode se dar de duas formas: simples e litisconsorcial. Simples = ou adesiva, é aquela realizada por terceiro que pretende, apenas, auxiliar uma das partes da vitória do feito, estando disciplinada nos artigos 121 à 123 do NCPC. O assistente simples exercerá os mesmos poderes e estará sujeito aos mesmos ônus processuais que o assistido, ou seja, não poderá exercer os atos praticados pelo assistido, por exemplo, caso o assistido não recorra de determinada decisão, o assistente não poderá recorrer. Todavia, ressalta-se que, embora a atuação do assistente esteja adstrita aos atos praticados pelo assistido, poderá o assistente ser considerado o substituto processual do assistido caso este seja revel ou omisso. Além disso, ainda que haja a Assistência simples, a parte principal poderá reconhecer a procedência do pedido, desistir da ação ou renunciar ao direito que se funda a ação ou transigir sobre direitos incontroversos. Por fim, havendo o transito em julgado da sentença do processo em que o assistente interviu, este não poderá discutir a justiça da decisão em processo posterior salvo se alegar e provar que, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença em decorrência do estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido e no caso de provar que desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. Litisconsorcial = ou qualificada, está disposta no artigo 124 do NCPC, a Assistência Litisconsoricial restará configurada quando o terceiro intervir no processo com a intenção de formar um litisconsórcio ulterior, sempre que a sentença irá influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Isto ocorre, pois o assistente litisconsorcial tem relação direta com a parte adversa do assistido. Neste caso o assistente defende direito seu em juízo, em litisconsórcio com o assistido. É a clássica situação de uma ação de despejo entre locador e locatário, e que ainda há um contrato de sublocação. Neste caso, o sublocatário poderá intervir como assistente litisconsorcial do locatário, já que será influenciado pelo resultado da sentença a ser proferida na demanda. • DENUNCIAÇÃO DA LIDE (ART. 125 A 129) Serve para garantir o direito de regresso dentro de um mesmo processo. Quando uma pessoa sofre um determinado prejuízo, as vezes esta pessoa tem o que se chama de direito de regresso contra uma outra pessoa. Às vezes, quem sofre o prejuízo ingressa com uma ação de regresso ou uma ação regressiva contra a pssoa que deve indeniza-la. Acontece que através da denunciação a lide, consegue-se exercitar o direito de regresso dentro do mesmo processo, assim tem-se duas relações dentro do processo: uma que originariamente surgiu entre o autor e réu dessa ação e uma outra relação que vai ser entre o denunciante e o denunciado. A denunciação a lide é uma forma de intervenção que pode ser feita, pode ser utilizada tanto pelo auto quanto pelo réu em um processo. Ela pode ser feita em três situações: Casos envolvendo evicção = quando se tem evicção, pode-se fazer a denunciação. Evicção acontece quando perco a propriedade de um bem em virtude de uma sentença judicial. Exemplo: comprar um carro roubado. Existe por meio de uma previsão legal = algumas situações a própria lei me assegura o direito de regresso. Previsto em virtude de contrato = o direito de regresso me é assegurado por força de uma relação contratual, como exemplo o contrato de seguro. Procedimento da denunciação Depende de quem está fazendo a denunciação. Denunciação feita pelo autor = o autor vai ter que requerer a denunciação no momento em que ele apresenta a petição inicial, se não fizer isso, vai haver a preclusão. O art. 127 do CPC, diz que o autor na petição inicial ele vai requerer que o denunciado venha ao processo para assumir a posição de litisconsorte junto com o autor. Depois que a denunciação for processada, ai sim vai haver a citação do réu. Denunciação feita pelo réu = o momento processual adequado para o réu requerer a denunciação será na contestação. Se ele não fizer isso na contestação, preclusão. Primeiro se tem o processamento da ação, ou seja, o réu foi citado e apresentou a constatação e depois disso é que vai haver a citação do denunciado. O denunciado vai comparecer ao processo e poderá se opor ao pedido do autor e poderá inclusive se opor ao pedido do réu. Obs.: A denunciação a lide não pode ser utilizada no âmbito das relações do consumo. Denunciação sucessiva Eu denuncio a lide uma pessoa, e essa pessoa denuncia a lide a outra pessoa. O CPC prevê um limite, só pode haver uma denunciação sucessiva, não mais que isso. Exemplo: Tem-se A que entrou em uma ação contra o B, o B denuncia a lide ao C, não tem problema, é uma denunciação normal. Só que o C denuncia a lide o D, isso é uma denunciação sucessiva, até aqui o código admite porque só pode uma denunciação sucessiva, se o D quiser denunciar a lide ao E, essa denunciação já não pode acontecer. • CHAMAMENTO AO PROCESSO (ART. 130 A 132) Tratado nos artigos 130 ao 132 do NCPC, Trata-se de direito do réu de chamar, para ingressar no polo passivo da demanda,os corresponsáveis por determinada obrigação. Diferencia-se da denunciação da lide, uma vez que nesta se tem a ação de regresso e deve-se demonstrar que o denunciado é que deverá responder pela condenação, no chamamento ao processo a condenação é automática, estando, portanto, ligado a ideia de solidariedade. Não é uma modalidade de intervenção obrigatória, podendo ser feito apenas pelo Réu, tendo por fim a economia processual, visto que não seria necessário um novo processo de cognição exauriente para regular a corresponsabilidade. Tem cabimento nas seguintes hipóteses: • Do afiançado, na ação em que o fiador for réu; • Dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; • Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. O chamamento ao processo deve ser realizado pelo réu no ato da contestação, sob pena de preclusão. Se não realizar o pedido na contestação, em caso de sucumbência, terá que ajuizar nova ação contra os corresponsáveis. Além disso, a citação deverá ser promovida em 30 dias sob pena de ficar sem efeito o chamamento, sendo tal prazo é peremptório, portanto, e corre a partir do despacho do juiz que deferir a citação dos corresponsáveis. O prazo de 30 (trinta) dias, todavia, não é para a realização do ato em si, mas sim para que o réu implemente as condições necessárias a realização da citação, como pagamento de custas, cópias, endereços e etc. Por fim, a sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, na proporção da sua quota. • INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (ART. 133 A 137) Acontece que o novo código trouxe uma novidade muito aguardada que é a forma de intervenção chamada de incidente de desconsideração da personalidade jurídica. O novo código transformou esse instituto que já existia em uma forma de intervenção de terceiros, transformar em um incidente processual. É comum em processos que envolvem fraudes, grandes empresas, determinadas lesões a credores. O novo código de processo civil exige a presença de dois requisitos para que seja possível esse incidente: Requisito objetivo = é a insuficiência patrimonial do devedor. Significa dizer que o devedor não tem bens, não tem patrimônio suficiente para honrar com as suas dívidas. Requisito subjetivo = é o requisito da presença do abuso de direito, o desvio de finalidade ou existência de fraude. Exemplo: um empresário está devendo para um fornecer, so que ele tem essa dívida e não tem como paga-la, então ele pega os bens da empresa dele e transfere para seu próprio nome. Porque quando ele faz isso ele sabe que os bens da pessoa jurídica não se confundem com o patrimônio pessoal dele, via de regra. Se esse credor vier a mover uma ação de cobrança, vai mover contra a empresa, só que quando ele mover a ação, a empresa não vai ter bens porque o empresário vai ter passado todos esses bens no seu nome em uma tentativa de fraudar o seu credor. Com isso, nesse caso, tem-se presente os dois requisitos: objetivo, pois o credor não consegue patrimônio para salda a sua dívida e o subjetivo, pois houve nítida intenção de fraudar a obrigação. • AMICUS CURIAE (ART.138) Outra inovação trazida pelo CPC/2015, o Amicus Curiae é uma modalidade de intervenção, tanto espontânea quanto provocada, onde um terceiro, sem interesse jurídico, irá instruir o poder judiciário para que a decisão por este proferida seja mais qualificada, motivada. Amicus Curiae ou “Amigo da Corte” tem sua gênese na Inglaterra, com o Common Law e posteriormente difundido nos países anglo-saxônicos, como nos Estados Unidos, sendo uma das novas modalidades de intervenção de terceiro taxadas no Código de Processo Civil Brasileiro do ano de 2015, disciplinada em seu artigo 138. O Amicus Curiae irá qualificar o contraditório trazendo mais subsídios para a decisão do juiz, apresentando dados proveitosos à apreciação da demanda, defendendo, para tanto, uma posição institucional. A partir do Novo Código, tal intervenção poderá ser aplicada em todos os graus de jurisdição. Ressalta-se que o Amicus Curiae não pode ter interesse jurídico na causa, apenas institucional, pois se assim fosse, estaríamos diante de outra modalidade de intervenção, a Assistência. Será admitido pelo juiz ou relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, de ofício ou a requerimento das partes, mediante decisão irrecorrível, cabendo ao juiz ou relator definir os poderes do Amicus Curiae. Por fim, pontua-se que tal intervenção não implica em alteração de competência nem autoriza a interposição de recurso, salvo o caso de Embargos de Declaração ou no caso da decisão julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. Esta foi uma breve explicação de como o Novo Código de Processo Civil trata as formas de intervenção de terceiros dentro do processo civil, em especial após as alterações que foram promovidas com sua edição
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