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Citoesqueleto e Movimento Celular 1 → Introdução • As células eucarióticas, diferentes das procarióticas, são capazes de desempenhar diferentes movimentos que são imprescindíveis para sua organização interna, para manter o posicionamento e o movimento de suas organelas, ou mesmo para o seu crescimento, divisão celular e adaptação às mudanças do meio ambiente. • Exemplos mais específicos das funções do citoesqueleto: atuação na separação dos cromossomos na divisão celular, na movimentação das organelas, no suporte as membranas e na resistência da célula, no movimento dos espermatozoides, no deslizamento dos fibroblastos e leucócitos sobre superfícies ou ainda na contração muscular. → Citoesqueleto • O citoesqueleto é uma rede de cabos (filamentos e microtúbulos) presentes no citosol e organizado de diferentes maneiras. Contêm 3 tipos de elementos responsáveis pela sustentação e movimento dentro da célula: filamentos de actina, microtúbulos de tubulina e filamentos intermediários. • Filamentos de actina: ◦ Dão forma a superfície celular e formam projeções da superfície (ex. lamelipódios e filipódios); ◦ Formam um anel contrátil no final da divisão celular ◦ Formam estruturas como estéreo- cílios (pelo auditivo) ou microvilosidades (células epiteliais); ◦ Filamentos mais finos, parecendo dois colares de contas enrolados; ◦ Os filamentos de actina (também conhecidos por microfilamentos) são os menores em diâmetro (5-9nm, média 7); ◦ São polímeros helicoidais de fita dupla formados por um único tipo de proteína, a actina; ◦ São estruturas bem flexíveis e abundam logo abaixo da MP, região denominada de córtex da célula (embora estejam dispersos por toda a célula); ◦ Podem se organizar de inúmeras formas: linear, bidimensional e tridimensionalmente. • Microtúbulos de tubulina: ◦ Auxiliam no posicionamento de organelas no citosol e no transporte vesicular; ◦ Formam o fuso mitótico na divisão celular; ◦ Formam cílios e flagelos que movimentam as células ou fluidos ao redor; ◦ Filamentos mais espessos e são ocos; ◦ São os maiores em diâmetro alcançando 25nm de espessura; ◦ São longos cilindros ocos e retilíneos formados por um único tipo de proteína, a tubulina; ◦ São estruturas rígidas e uma das extremidades está conectada ao centro organizador, também denominado de centrossomo. • Filamentos intermediários: ◦ Dão resistência mecânica (ex. dão forma a lâmina nuclear, que protege o envelope nuclear); ◦ Dão resistência a epiderme (epitélio); ◦ Formam os pelos e unhas; ◦ Filamentos mais resistentes e compactos (como um cabo de aço); ◦ São intermediários em seu diâmetro quando comparado aos outros dois, com aproximadamente 10 nm.; ◦ São formados por uma grande e heterógena família de proteínas; ◦ São estruturas compactas e muito resistentes, semelhantes a cabos de aço retorcidos. → Filamentos intermediários • São estruturas permanentes, ou seja, uma vez formado, não se desfazem. Formado por diversos tipos de proteínas com diferentes localizações celulares, por exemplo: no epitélio tem-se proteínas do tipo queratina; nos neurônios, proteínas de neurofilamento; na lâmina nuclear (revestimento interno do envelope nuclear), lâminas A B e C. • Estrutura: cada tipo de filamento intermediário é formado por um tipo de proteína. ◦ Primeiro (A), tem-se uma molécula única (também chamada de monômero proteico; região alfa- hélice no monômero). As duas extremidades são formadas por uma região n-terminal (grupo amino) e outra c-terminal (grupo carboxila). Para formar um cabo, essa molécula terá que unir-se a outras. ◦ Segundo (B), tem-se a união de dois monômeros, formando um dímero, que se dá com as extremidades iguais de ambos os monômeros, que se torcem para dar mais resistência a molécula. ◦ Terceiro (C), a união de dois monômeros supertorcidos formando um tetrâmero. Nesse caso, a união se dá de forma antiparalela: os dímeros estão invertidos com relação as suas extremidades. ◦ Há também um desalinhamento, deixando um espaço no início (região c-terminal) de um dímero para o início do outro (região n-terminal). ◦ O tetrâmero é uma unidade solúvel e também pode ser denominada de protofilamento. ◦ O tetrâmero, por sua vez, não forma um cabo por ser muito curto, sendo preciso a união com outros iguais a ele. ◦ Essa união ocorre de duas maneiras: se unem lateralmente e se unem por suas extremidades até alcançar o comprimento desejado. ◦ O arranjo paralelo de 8 tetrâmeros (ou seja, unidos lateralmente) é mantido por interações hidrofóbicas laterais fortes. Vários grupos de 8 tetrâmeros se unem pelas extremidades formando um longo cabo. O espaço que se tinha anteriormente é importante para permitir o encaixe dos tetrâmeros. ◦ Por fim, o cabo se retorce formando uma estrutura bastante resistente (8 tetrâmeros se organizam paralelamente formando um protofilamento – 16 dímeros ou 32 monômeros). • Características: ◦ Polímeros proteicos (diferentes tipos de proteínas) estáveis de 10nm de diâmetro, em forma de cabo, que sustentam a célula e o envelope nuclear. ◦ São estruturas relacionadas basicamente à sustentação da célula, e não ao movimento, que conferem alta resistência a tensões e trações. • Funções: evitam que as células epiteliais se rompam em resposta a tração mecânica; se o epitélio sofre um estiramento a célula permanece unida e íntegra. • Queratina (tipo de filamento intermediário): ◦ Mais diversificada família de proteínas (+30 tipos): células epitelias, pele, pelo, penas e unhas; ◦ Presente em todo o citoplasma e nas junções célula-célula (desmossomos – abertura entre duas células justapostas) de células epiteliais; ◦ Conectando duas células adjacentes, os filamentos intermediários de queratina protegem ainda mais as células epiteliais de rupturas. • Experimento com queratina mutante: ◦ O gene da queratina foi mutado para gerar uma queratina truncada/defeituosa. ◦ Nessas proteínas os domínios N e C terminais estão ausentes, impedindo a formação de logos cabos. ◦ No epitélio com a queratina defeituosa, tem-se uma elevação na epiderme (como se fosse uma bolha) ◦ Quando a epiderme sofre um estiramento, as células acabam rompendo-se a partir da sua base pela falta de resistência dos filamentos de queratina mutante, que são muito frágeis. • Epidermólise bulosa simples (doença genética dominante): ◦ Gene da queratina é defeituoso e gera problemas de resistência na pele ◦ Mutação nos genes da queratina interfere na formação dos filamentos intermediários deixando a pele vulnerável a lesões mecânicas. ◦ Essa doença causa a formação de bolhas na pele mesmo em resposta a estresse mecânicos muito leves, pois esses conseguem romper as células basais. ◦ Essa e outras doenças causadas por mutações em outras queratinas tem como característica a ruptura das células em consequência de trauma mecânico, que gera a desorganização ou o acumulo do citoesqueleto de filamentos de queratina • Neurofilamentos (filamentos intermediários encontrados no sistema nervoso em axônios e células gliais): ◦ A – Neurofilamentos do axônio de uma célula neuronal (reforço interno para as extensões extremamente finas dos axônios) interligados por pontes proteicas que fornece grande resistência a tensão. ◦ B – Filamentos lisos da glia, possuindo poucas interligações; ◦ C – Corte de um axônio mostrando o espaçamento lateral regular dos neurofilamentos os quais superam amplamente em número os microtubulos. ◦ Doença neurodegenerativa esclerose lateral aneutrófica (ELA): acúmulo e montagem anormal de neurofilamentos no corpo celular e nos axônios dos neurônios motores, osquais podem interferir com transporte normal do axônio. Isso resulta na degeneração do axônio, fraqueza muscular e atrofia, sendo uma doença frequentemente fatal.
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