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Teologia AEADEPAR - Associação Educacional das Assembléias de Deus no Estado do Paraná 1BADEP IBADEP - Ins ti tuto Bíblico das Assembléias de Deus no Estado do Paraná Av. Brasil , S/N° - Eletrosul - Cx. Postal 248 85980-000 - Guaíra - PR Fone/Fax: (44) 3642- 2581 / 3642-6961 / 3642-5431 E-mail: ibadep@ibadep.com Site: www.ibadep.com mailto:ibadep@ibadep.com http://www.ibadep.com Eclesiologia/Missiologia Pesquisado e adaptado pela Equipe Redator ia l para Curso exclusivo do IBADEP - Instituto Bíblico das Igrejas Evangélicas Assemblé ias de Deus do Es tado do Paraná. Com auxílio de adaptação e esboço de vários ensinadores. 5a Edição - Abril /2005 Todos os direitos reservados ao IBADEP Diretorias C I E A D E P Pr. José Pimentel de Carvalho - Presidente de Honra Pr. José Alves da Silva - Presidente Pr. Israel Sodré - I o Vice-Presidente Pr. Moisés Lacour - 2o Vice-Presidente Pr. Ival Theodoro da Silva - Io Secretário Pr. Carlos Soares - 2o Secretário Pr. Simão Bilek - Io Tesoureiro Pr. Mirislan Douglas Scheffel - 2o Tesoureiro A E A D E P A R - C o n se lh o D e l ib e r a t i v o Pr. José Alves da Silva - Presidente Pr. Ival Teodoro da Silva - Relator Pr. Israel Sodré - Membro Pr. Moisés Lacour - Membro Pr. Carlos Soares - Membro Pr. Simão Bilek - Membro Pr. Mirislan Douglas Scheffel - Membro Pr. Daniel Sales Acioli - Membro Pr. Jamerson Xavier de Souza - Membro A E A D E P A R - C o n se lh o cie A d m i n i s t r a ç ã o Pr. Perci Fontoura - Presidente Pr. Robson José Brito - Vice-Presidente Ev. Gilmar Antonio de Andrade - I o Secretário Ev. Gessé da Silva dos Santos - 2o Secretário Pr. José Polini - Io Tesoureiro Ev. Darlan Nylton Scheffel - 2° Tesoureiro I B A D E P Pr. Hércules Carvalho Denobi - Coord. Administrativo Pr. José Carlos Teodoro Delfino - Coord. Financeiro Cremos 1) Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: O Pai, Filho e o Espír i to Santo. (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). 2) Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). 3) Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9). 4) Na pecaminos idade do homem que o desti tuiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurá-lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19). 5) Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espíri to Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8). 6) No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna jus ti f icação da alma recebidos gra tuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9). 7) No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espíri to Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2 . 12). 8) Na necessidade e na possibil idade que temos de viver vida santa mediante a obra expia tória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, insp irador e sant if icador do Espíri to Santo, que nos capaci ta a viver como fiéis tes temunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e lP d 1.15). 9) No batismo bíblico no Espíri to Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras l ínguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7). 10) Na atual idade dos dons espiri tuais dist r ibuídos pelo Espíri to Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade ( IC o 12.1-12). 11) Na Segunda Vinda premilenia l de Cristo, em duas fases dist intas. Pr imeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja . f ie l da terra, antes da Grande Tr ibulação; segunda - visível e corporal , com sua Igreja glorificada, para re inar sobre o mundo durante mil anos ( lT s 4.16. 17; IC o 15.51- 54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). 12) Que todos os cr is tãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10). 13) No ju ízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15). 14) E na vida eterna de gozo e felic idade para os fiéis e de tr is teza e tormento para os infiéis (Mt 25.46). M etodolog ia de Estudo Para obter um bom aproveitamento , o aluno deve estar consciente do porquê da sua dedicação de tempo e esforço no afã de galgar um degrau a mais em sua formação. Lembre-se que você é o autor de sua história e que é necessár io atualizar-se. Desenvolva sua capacidade de raciocínio e de solução de problemas, bem como se integre na problemática atual , para que possa vir a ser um elemento útil a si mesmo e à Igreja em que está inserido. Consciente desta realidade, não apenas acumule conteúdos visando preparar-se para provas ou trabalhos por fazer. Tente seguir o roteiro sugerido abaixo e comprove os resultados: 1. Devocional: a) Faça uma oração de agradecimento a Deus pela sua salvação e por proporcionar- lhe a oportunidade de estudar a sua Palavra , para assim ganhar almas para o Reino de Deus; b) Com a sua humildade e oração, Deus irá i luminar e d irecionar suas faculdades mentais através do Espír i to Santo, desvendando mistérios contidos em sua Palavra; c) Para melhor aproveitamento do estudo, temos que ser organizados, ler com precisão as lições, meditar com atenção os conteúdos. 2. Local de estudo: Você precisa dispor de um lugar próprio para estudar em casa. Ele deve ser: a) Bem arejado e com boa i luminação (de preferência, que a luz venha da esquerda); b) Isolado da ci rculação de pessoas; c) Longe de sons de rádio, te levisão e conversas. 3. Disposição: Tudo o que fazemos por opção alcança bons resultados. Por isso adquira o hábito de estudar voluntariamente , sem imposições . Conscientize-se da importância dos itens abaixo: a) Estabelecer um horário de estudo extraclasse, dividindo-se entre as disciplinas do currículo (dispense mais tempo às matérias em que tiver maior dificuldade); b) Reservar, d iariamente , algum tempo para descanso e lazer. Assim, quando estudar, estará desligado de outras atividades; c) Concentrar-se no que está fazendo; d) Adotar uma corre ta postura (sentar-se à mesa, tronco ereto), para evita r o cansaço físico; e) Não passar para outra l ição antes de dominar bem o que estiver estudando; f) Não abusar das capacidades físicas e mentais. Quando perceber que está cansado e o estudo não alcança mais um bom rendimento, faça uma pausa para descansar. 4. Aproveitamento das aulas: Cada disciplina apresenta característ icas próprias, envolvendo diferentes comportamentos : raciocínio, analogia, interpretação, aplicação ou s implesmente habil idades motoras. Todas, no entanto, exigem sua participação ativa. Para alcançar melhor aprovei tamento, procure: a) Colaborar para a manutenção da discipl ina na sala-de-aula; b) Part icipar ativamente das aulas, dando colaborações espontâneas e perguntando quando algo não lhe ficar bem claro; c) Anotar as observações complementa res do moni tor em caderno apropriado. d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos. Estudo e x t radasse : Observando as dicas dos itens 1 e 2, você deve: a) Fazer dia riamente as tarefas propostas; b) Rever os conteúdos do dia; c) Preparar as aulas da semana seguinte. Se cons ta ta i alguma dúvida, anote-a, e apresenta ao monitor na aula seguinte. Procure não deixar suas dúvidas se acumulem. d) Materiais que poderão ajudá-lo: ■ Mais que uma versão ou tradução da Bíblia Sagrada; ■ Atlas Bíblico; ■Dic ionár io Bíblico; ■ Encic lopédia Bíblica; ■ Livros de Histórias Gerais e Bíblicas; ■ Um bom dicionário de Português; ■ Livros e aposti las que tratem do mesmo assunto. e) Se o estudo for em grupo, tenha sempre em mente: ■ A necessidade de dar a sua colaboração pessoal; ■ O direito de todos os integrantes opinarem. Como obter melhor aproveitamento em avaliações: a) Revise toda a matéria antes da avaliação; b) Permaneça calmo e seguro (você estudou!); c) Concentre-se no que está fazendo; d) Não tenha pressa; e) Leia atentamente todas as questões ; f) Resolva primeiro as questões mais acessíveis; g) Havendo tempo, revise tudo antes de entregar a prova. Bom Desempenho! Currículo de Matérias > Educação Geral B3 His tória da Igreja £Q Educação Cristã ( 3 Geografia Bíblica > Ministério da Igreja CU Ét ica Cristã / Teologia do Obreiro EQ Homilé tica / Hermenêutica CQ Família Cristã EB Adminis tração Eclesiás tica > Teologia CQ Biblio logia £Ql A Trindade ÍB Anjos, Homem, Pecado e Salvação 03 Heresiologia f.v Q3 Eclesiologia / Miss iologia > Bíblia ^ C l Penta teuco / QJ Livros His tóricos 0 C3 Livros Poéticos 0 C3 Profetas Maiores Profetas Menores CQ Os Evangelhos / Atos tQ Epístolas Paul inas / Gerais Q Hl Apocal ipse / Escatologia Abreviaturas a.C. - antes de Cristo. ARA - Almeida Revis ta e Atualizada ARC - Alm eida Revista e Corrida AT - Antigo Tes tamento BV - Bíblia Viva BLH - Bíblia na Linguagem de Hoje c. - Cerca de, aproximadamente , cap. - capítulo; caps. - capítulos, cf. - confere, compare. d.C. - depois de Cristo. e.g. - por exemplo. Fig. - Figurado. fig. - f igurado; f iguradamente, gr. - grego hb. - hebraico i.e. - isto é. IBB - Imprensa Bíblica Brasileira Km - S ím bolo de quilometro lit. - literal, l iteralmente. LXX - Septuagin ta (versão grega do Antigo Testamento) m - S ímbolo de metro. MSS - manuscri tos NT - Novo Testamento NVI - Nova Versão Internacional p. - página. ref. - referência; refs. - referências ss. - e os seguintes (isto é, os vers ículos consecutivos de um capí tu lo até o seu final. Por exemplo: IPe 2.1ss, significa IPe 2.1-25). séc. - século (s). v. - versículo; vv. - versículos. ver - veja ✓ índice Lição 1 - Eclesiologia - A Doutr ina da I g r e ja ....... 15 Lição 2 - Eclesiologia - A Doutr ina da I g r e ja ........ 41 Lição 3 - A Igreja e o E v a n g e l i sm o ...............................67 Lição 4 - A Igreja e M issões ............................................ 93 Lição 5 - A Igreja e M issõ e s ....................................... 117 Referências B ib l io g rá f ica s ............................................ 141 Lição 1 Eclesiologia - A Doutrina da Igreja fiC■— ^Ecles io logia é o estudo da Igreja em sua natureza, o rdenanças , ministério, missão e governo. Qual é a identidade da verdadeira Igreja apresentada por Jesus? Quais suas principais carac terís t icas? Quem é seu fundador? A verdadeira Igreja do Senhor não conhece outro legislador além de Cristo e descobre que seu gozo mais e levado na terra consiste em saber sua vontade e fazê-la. Sua maior glória no futuro será tornar-se semelhante a seu Senhor ( l J o 3.1-3). Vest ida da jus t iça de Cris to, cheia de seu amor, revestida de seu Espíri to e cumprindo sua vontade, a Igreja e leva os seus olhos ao céu, esperando a volta de Jesus Cristo a quem a ama ( IT s 1.9,10). Foi com referência a esta solene assemblé ia que Jesus disse: “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não preva lecerão contra ela” . * A Igreja de Cristo tem três significados nas Escrituras: ■ Insti tuição; J .— ■ Organização; J / / . ' ^ J ■ Comunhão espiri tual . >/ A Igreja de Cristo como in s t i tu iç ã o explica a sua natureza. Como o rg a n iz a ç ã o é a convocação visível num local, de crentes regenerados, salvos, pela graça de Deus, mediante a fé no Cristo crucificado e ressurreto, na comunhão do Espíri to Santo. E, como uma c o m u n h ã o e sp i r i tu a l , chamada Igreja em glória 15 ou Igreja dos pr imogênitos , não é uma organização, mas um corpo místico, uma comunhão no Espíri to. E a Igreja gloriosa, sem mácula e nem ruga; é a Igreja que existe através dos séculos, na terra e no céu, onde não existe barre ira de raças e nações, e que se congregará ao redor do Trono de Deus. A Igreja - Seus Significados K uriakon . O termo inglês church é derivado da palavra kuriakon, s ignificando “pertencente ao Senhor” , que jam ais é aplicada à Igreja no período do Novo Tes tamento , embora seja encontrada duas vezes no Novo Testamento como um adjetivo re lacionado à ceia do Senhor e ao dia do Senhor ( IC o 11.20; Ap 1.10). Nos tempos pós-apostól icos , os gregos uti l izaram o termo kuriakon para designar o prédio da Igreja. A evolução de kuriakon em grego para church em inglês pode ser vista na palavra escocesa kirk (Igreja Nacional da Escócia). Os únicos termos aplicados no Novo Testamento para designar um prédio como local de adoração são: “ tem plo” e “s inagoga” (At 5.42; Tg 2.2). Ekk les ia . No Novo Testamento inglês, a palavra church é invariavelmente usada para traduzir o termo grego ekklesia (Mt 16.18; 18.17; At 2.47; 9.31; 13.1; 14.23; 15.22; 16.5; 20.17,28; Rm 16.4,5; ICo 12.28; Ef 5.23-29; Cl 1.18; Ap 1.4,11). 1 A e x p l ic a ç ão sobre a or igem do te rmo inglês church não se ap l ica ao vocábul o por tuguês “ ig r e j a” , que vem do grego ekk les ia , pe lo lat im ecclesia. 16 Ekkles ia s ignifica “uma reunião de pessoas” . O termo é derivado de duas palavras gregas, ek, s ignificando “fora de” , e ka le o , s ignificando “cham ar” . Originalmente, (“os chamados para fora” '/ consti tu íam o grupo de legis ladores da repúbl ica grega, convocados de suas comunidades para servirem o país. Quando nos referimos a uma sessão da Assembléia Estadual, estamos usando a palavra “assemblé ia” exatamente como os gregos empregavam ekklesia Nos tempos do Novo Testamento, quando Jesus aplicou a pa lavra ekklesia para designar o corpo que Ele iria formar, ela tomou de emprést imo seu sentido pelo menos em duas fontes: ■ O uso judeu da pa lavra no Antigo Testamento Grego (a Septuaginta), onde se referia à congregação de Israel; ■ O emprego da palavra grega para referir-se a qualquer reunião de pessoas, quer fosse um corpo consti tuído quer uma multidão desorganizada. Um exemplo do uso judaico é encontrado em Atos 7.38: “E este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o Anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmit i r” . O uso juda ico de ekklesia t raduz geralmente o termo hebraico quahal, que era a palavra do Antigo Testamento para a congregação de Israel no deserto. Um exemplo do uso grego de ekklesia é encontrado em Atos 19.32,39: “Uns, pois, gri tavam de uma forma, outros, de outra; porque a assembléia (iekklesia) caíra em confusão. E na sua maior parte nem sabiam por que motivos es tavam reunidos (mul t idão)” ; “Mas se algumas outras cousas pleite iam, será decidida em assembléia regular (corpo legislativo of ic ia l)” . 17 Não há dúvida de que Jesus escolheu a palavra t raduzida “Igreja” porque fora usada para designar o povo de Deus, mas o termo significava apenas “assembléia” . Em vista de a palavra hebraica traduzida ekklesia ser algumas vezes in te rpre tada como “s inagoga” , pode ter havido um propósito na escolha da primeira, a f im de evita r confusão entre a Igreja e a sinagoga de Israel. Quando Jesus disse: “ ... sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16.18), Ele não deu ênfase à palavra “Igre ja” , mas à pa lavra “m inha” . A Igreja é única, não por ser chamada Igreja, mas sim por ser a assembléia dos crentes que pertencema Jesus, que consti tuem o seu corpo. Usos do Termo “Igreja” no Novo Testamento > O corpo universal de Cristo. A Igreja universal é composta de todos os cristãos autênt icos de todas as eras, tanto na terra como no paraíso, o corpo de Cristo inteiro. E ela quem irá reunir-se no banquete das bodas do Corde iro (Ap 19.6- 9), que se seguirá ao arrebatamento da Igreja. As seguintes passagens aplicam-se à Igreja universal: Mateus 16.18; Efésios 3.10,21; 5.23-32; Colossenses 1.18,24; Hebreus 12.22,23: “ ... e à universal assembléia e Igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos .espíritos dos jus tos aperfe içoados” . > A Igreja local. A Igreja local é composta de cristãos ident ificados com um corpo consti tuído, adorando em uma local idade (Rm 16.1; Cl 4.16; G1 1.2,22; At 14.23). 18 Os membros de uma Igreja local formam a Igreja mesmo quando não estão reunidos, fato que pode ser verif icado em Atos 14.27: “Ali chegados , reunida a Igreja, rela taram quantas cousas fizera Deus com eles . . .” . Todos os crentes autênt icos são membros do corpo universal de Cristo; todavia, todos os crentes fiéis devem estar identificados com uma Igreja local onde se reúnam para adoração, confra tern ização e serviço com alguma regularidade (Hb 10.24,25). São também discípulos, irmãos e membros de um corpo. > As igrejas domésticas. Nos tempos do Novo Testamento não havia prédios de Igreja; os crentes reuniam-se para adorar onde houvesse facil idades para eles. Muitas vezes reuniam-se nas casas dos cristãos: “No Senhor muito vos saúdam Aquila e Priscila e, bem assim, a Igreja que está na casa de les” ( IC o 16.19b).. Quando a Igreja em uma determinada comunidade era muito grande, havia inúmeras igrejas domést icas (veja ICo 14.23). Todavia , a Igreja dessa comunidade era considerada como uma só, e todos eles se reuniam com a maior freqüência possível. Nas comunidades pequenas , uma Igreja domést ica podia acomodar o corpo inteiro (veja Cl 4.15). Uma das razões para as igrejas terem em geral vár ios anciãos, era talvez o fato de exist irem diversas igrejas domést icas no corpo total dessa comunidade. Em Atos 20, o apóstolo Paulo reuniu os presbíteros da Igreja em Éfeso: “De Mileto mandou a Efeso chamar os presbíteros da Igreja” (At 20.17). Essa Igreja era uma só, mas o grande número de anciãos sugere que ela se reunia gera lmente nas casas por causa da falta de prédios grandes para a Igreja. 19 Todas essas igrejas domésticas, porém, formavam uma só Igreja em Éfeso: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espíri to Santo vos const i tuiu bispos, para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28). Cada Igreja local era considerada como sendo a manifestação física da Igreja universal nessa comunidade (cf. Rm 16.5,23; ICo 16.19; Fm 2). > A Igreja coletiva. Exis tem várias passagens do Novo Testamento que fazem referência à Igreja visível como única ( IC o 10.32; 15.9; G1 1.13; Fp 3.6. At 9.31), onde é mencionada a paz que a Igreja exper imentou depois da conversão de Saulo, diz “ igre jas” ; mas no texto grego, assim como em outras versões, a palavra está no singular: “A Igreja, na verdade, t inha paz por toda a Judéia, Gali léia e Samaria , edif icando-se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Espíri to Santo, crescia em núm ero” (At 9.31). Em várias passagens, a palavra Igreja é usada genericamente , isto é, referindo-se à Igreja em termos gerais (veja Mt 18.17; lT m 3.15; ICo 12.28). > As igrejas agindo em conjunto. Alguns af irmam que as igrejas locais eram autônomas, sujeitas apenas à l iderança local, escolh ida pelo voto da congregação. Não há dúvida de que as igrejas locais t inham bastante l iberdade, não eram cer tamente regidas severamente por uma hierarquia central , um fato demonstrado pelo concíl io sobre doutrina e prática regist rado em Atos 15. Todavia , é notório que as igrejas agiam em conjunto e seguiam a l iderança apostólica, conforme inúmeras passagens das Escrituras (At 14.23; Rm 16.4; ICo 16.19; 2Co 11.28). 20 Paulo deu instruções às igrejas locais sobre doutrina, prá tica e governo; ele enviou saudações por parte de grupos de igrejas de uma região; nomeou anciãos sobre as igrejas ou ordenou a seus colaboradores que nomeassem dirigentes. Escreveu a Tito ordenando: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusessem em ordem as cousas restantes, bem como, em cada cidade, consti tuísses presbíteros, conforme te prescrevi” (Tt 1.5). O Que não é Igreja no Novo Testamento > Não é usado para prédio. A palavra grega ekklesia, t r aduzida “ igreja” , sempre se refere às pessoas, jamais a um prédio. Hoje em dia, alguém poderia dizer: “Há uma Igreja branca na esquina das ruas tal e ta l” . Quando a Bíblia fala da Igreja de Éfeso, refere-se à congregação de cristãos em Efeso. Nenhum prédio de “Igre ja” foi constru ído até o terceiro século, não havia um termo específico para designá-lo. Quando foram construídos prédios de Igreja, uma palavra diferente (kuriake ), significando “a casa do Senhor” , foi usada para referir-se a eles. Por outro lado, o emprego de uma palavra para descrever tanto o prédio como a congregação foi uma evolução natural. Chamar o prédio de Igreja é uma figura de l inguagem denominada “meton ímia” - transnominação. O mesmo é encontrado em ICorín t ios 11.26: “Porque todas as vezes que... beberdes o cál ice . . . ” (Não bebemos o cálice, mas o seu conteúdo) . Não existe nenhum mal em chamar o santuário de “Igre ja” , desde que se tenha em mente a verdadeira natureza da Igreja. 21 > Não é usado para uma denominação. Durante os dias do Novo Testamento, não surgiram grupos de cr is tãos com identidades separadas pelo nome, à semelhança das denominações modernas. Ass im sendo, a palavra “ig re ja” não deveria ser l igada aos nomes dos l íderes ou dogmas doutrinár ios, como acontece hoje, a f im de identif icar organizações ecles iás ticas dist intas. A condição ideal para a Igreja na terra seria, sem dúvida , a de uma unidade universal em doutrina e organização. Todavia, quando o principal corpo eclesiást ico afastou-se da Escritura na doutrina e na prática, foi inevitável o surgimento de reformas re je itadas pelo sistema original , obrigando os fiéis a formarem grupos dis t intos. Desde que todo reavivamento abrangente provocou uma reação da l iderança da Igreja es tabelecida, a formação de novas organizações para preservar a integridade doutrinária e a vida espiri tual tornou-se v irtua lmente impossível de evitar. O movimento ecumênico tentou jun ta r as denominações numa só corporação, mas isso só veio a concret izar-se à custa da pleni tude doutr inária e espiri tual . Uma fé e prá tica aceitável para todos têm sido um “mínimo denominador com um ” . As denominações podem ter sido o método de Deus para preservar o reavivamento e o fervor missionário. Os membros das igrejas denominacionais , porém, devem ter em mente que a Igreja, que é o corpo de Cristo, compõe-se de todos os verdadeiros crentes, e que estes devem estar unidos em espíri to para fazer avançar o Evangelho de Cristo no mundo, pois todos serão arrebatados em conjunto na vinda do Senhor. O fato de as igrejas locais deverem reunir-se para confratern ização e missões é cer tamente uma verdade bíb lica (2Co 8.1-19, 23,24; Tt 1.5). 22 A Igreja Como o Corpo de Cristo A organização cr i teriosa, d ir ig ida pelo Espíri to, ajuda a Igreja concretizar sua missão , porém, a Igreja não é por natureza uma organização, mas sim um organismo. É um ser vivo cuja vida divina é provida pela habitação do Espíri to de Cristo (Rm 8.9). > A relação vital com a cabeça. Depois de sua missão terrena, o Senhor Jesus subiu àdestra do Pai. Ele continua no mundo, num sentido real, manifestado através do seu corpo, a Igreja. Paulo expressa esta relação como segue: “E pôs todas as cousas debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as cousas, oj d e u T Ig re ja . ) a qual é o seu corpo, a fpTéniTiuIê>) daquele que a tudo enche em todos as cousas” (Ef 1.22,23). A Igreja é o corpo de Cristo, mediante o qual Ele cumpre sua missão terrena (Sua plenitude). Os dois últ imos versículos do Evangelho de Marcos expressam dramaticamente a re lação entre Cristo e a Igreja (Mc 16.19,20). Jesus voltou ao Pai, mas pouco antes de partir prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias” . Ele está conosco, como a cabeça fica com o corpo. Cont inua traba lhando na- terra mais poderosamente do que antes (Jo 14.12). A Igreja é a extensão do Senhor Jesus Cristo. Jesus expressou esta relação com uma m e tá fo ra1 diferente em João 15: “Eu sou a videira, vós os ramos. 1 T ropo que cons is te na t ransfe rênc i a de uma pa la v ra para um âmbi to s em ân t ic o que não é o do obje to que e la de s i gna , e que se fundam en ta num a r e l ação de sem e lh anç a su b en te n d id a en t re o sent ido p ró p r io e o f igu rado; t rans lação. 23 Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Os ramos são para a vide o que o corpo é para a cabeça; de fato, os ramos são os corpos da videira. Da mesma fo rma que os ramos da videira p roduzem fruto, a obra de Cristo no mundo deve ser executada pelo corpo (a Igreja); mas, assim como os ramos são inúteis quando separados da videira, o corpo também nada pode realizar sem a vida e orientação da cabeça (o Senhor Jesus). > A unidade do corpo. Uma das maiores ênfases da metáfora do “co rpo” é a da unidade dos mui tos membros da Igreja. A Igreja (corpo) de Cris to não é s implesmente uma coleção de indivíduos que concordam com uma fi losof ia ; é um organismo, do qual os membros são partes inter-relacionadas . Paulo descreve a unidade da Igreja em ICorín tios 12.18,20,21,26. Existem muitos min is té rios na Igreja, mas todos são coordenados pelo Espír i to para alcançar um só objetivo: “ ... o aperfe içoamento dos santos para o desempenho do seu serv iço” (Ef 4.12). Os dons do Espí ri to são muitos, mas sua atuação é harmônica, a f im de cumprir uma finalidade: a edi ficação do corpo de Cristo ( I C o 12.4-7; 14.5,12 26); a Igreja emprega inúmeras metodologias, mas elas têm um único alvo: que o Evangelho do Reino seja pregado em todo o mundo, em tes temunho (Mt 24.14; 28.19,20; Mc 16.15). > A importância de cada membro no corpo. Nenhum membro do corpo é insignificante ou desnecessário ( IC o 12.21,22,25). 24 > Submissão no corpo. Os membros do corpo de Cristo são muitos, mas só existe uma cabeça, o Senhor Jesus Cristo. Os membros não podem funcionar adequadamente sem se sujeitarem in te iramente à cabeça que comanda o corpo inteiro ( IC o 12.4-7): “E pôs todas as cousas debaixo de seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas , o deu à Igreja” (Ef 1.22). O cr istão deve praticar a ^ submissão em quatro aspectos: ) í ■ Submissão a Deus e a seu Filho Jesus (Ef 5.24; Hb ' 2.8; 12.9; Tg 4.7); ' £ ■ Submissão aos l íderes da Igreja nomeados por Deus (Hb 13.17; ICo 16.16; Fp 2.-12; lTs 5.12,13); ^ ■ Submissão uns aos outros em Cristo (Ef 5.21-6.9; IPe 5.5); Cj." Submissão às autoridades civis, quando tal sujeição não exija desobediência aos ensinos claros das Escri turas (At 4.19,20; 5.29; Rm 13.1- 7; IPe 2.13-17). > O corpo de Cristo e a Igreja local. O corpo universal de Cristo consis te no número total de cristãos autênticos de todas as eras, no céu e na terra. É necessário , porém, ressalta r que as Escrituras do Novo Testamento dir igem-se a todos os crentes na terra como membros ativos de a lguma Igreja local. Infelizmente, existem muitos cristãos professos que ju lgam pertencer ao corpo “mís tico” de Cristo, acreditando que a part ic ipação na Igreja local seja optativa ou desnecessár ia . Os fatos seguintes demonst ram a necessidade da relação com a Igreja local: 25 (1) Jesus tomou como certo que seu povo part ic iparia de uma Igreja local. Em vista de a fundação da Igreja ser ainda futura, Jesus refere-se a ela pelo nome apenas duas vezes. A segunda referência foi feita em casos de discórdia entre os irmãos, quando Jesus ensinou: “E, se ele não os a tender ( testemunhas), dize-o à Igreja; e, se recusar ouvir também a Igreja, considera-o como gentio e pub l icano” (Mt 18.17). É evidente que uma Igreja que pode arbitrar divergências entre os crentes é uma Igreja local , sendo os membros submissos a ela no Senhor. (2) Todas as epístolas do Novo Testamento são dirigidas às igrejas locais ou a l íderes de igrejas locais. (3) Todos os minis térios, que são dons de Deus, são concedidos aos corpos locais para aperfeiçoar os santos para o minis té rio mútuo. Apóstolos , profetas, evangelis tas, pastores e mestres só podem min is trar aos santos que se reúnem em comunhão (Ef 4.11-16). (4) Jesus ordenou aos crentes que part ic ipassem juntos da santa comunhão até a sua volta ( IC o 11.23-26). (5) A operação dos dons do Espíri to só pode atuar num corpo local. Ao falar da operação dos dons, Paulo disse: “ ... procurai progredir , para a edificação da Ig re ja” ( I C o 14.12). (6) Como membros do corpo de Cristo, os crentes não estão relacionados apenas com Cristo, o “cabeça” , mas uns com os outros no corpo (Rm 12.5). (7) Aprendemos que Deus coloca os membros no corpo conforme lhe agrada ( I C o 12.18). 26 (8) Afim de os cristãos cumpri rem a comissão de Cristo, é preciso haver comunhão, c resc imento da Igreja visível e a obra mútua de evangeli smo e missões mundiais (At 2.41-47; 11.26-30; 13.1-3). > Minis tér io do corpo. O concei to de Igreja como o corpo de Cristo tem recebido nova ênfase nos últ imos anos, que levou a impor tante percepção sobre adoração e ministério. O ministério tem sido demasiadamente visto como transmitido de uma pla ta forma ou púlpito e só pelo clero designado. Quando a idéia de ministério é essa, os membros da congregação tornam-se simples espectadores , cuja única a tividade é ocupar os bancos. A descrição bíblica da vida do corpo não apóia essa visão l imitada do ministério. Deus, na verdade, colocou a l iderança espiri tual na Igreja para pregar .e ensinar; mas o objeto de sua pregação, ensino, e cuidado pastoral é o aper fe içoamento dos santos, a f im de minis tra rem uns aos outros e ao mundo (Ef 4.11-15) . A partir deste concei to do ministério do corpo, como expresso pelo apóstolo Paulo, vários fatos ficam claros: (1) É intenção do Senhor que cada membro ^ do corpo de Cristo tenha um ministério. Cada membro do corpo humano contribui para preservação, crescimento, saúde e at iv idade desse corpo; se alguns membros não funcionam, surge a doença. Mui tos males da ( Igreja resultam de uma congregação que não funciona. ) A fim de a lcançar part ic ipação total no trabalho e adoração da Igreja, Deus proveu l iderança espiri tual para aperfeiçoar e amadurecer os santos, e os dons do Espíri to para capacitá-los e orientá-los. 27 (2) O principal propósito do minis tério do corpo é a edificação da Igreja inteira (Ef 4.12). O teste do valor e validade do ministér io do corpo e da prática dos dons está em edif icarem ou não o corpo de Cristo. Pedro escreveu: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da mult iforme graça de D eu s” ( IP e 4.10). Minis tér io e dons const i tuem mordomia. O dom do crente não é concedido pr imariamente para a sua edificação; tra ta-se de uma mordomia para outros, para a família da Igreja.(3) Quando o corpo inteiro minis tra em unidade e amor, o resultado é o cresc imento espiri tual e numérico (Ef 4.16). Muita coisa é dita hoje sobre o crescimento da Igreja. O cresc imento “ó t imo” da Igreja não pode ser alcançado apenas mediante os esforços dos líderes, pastores, evangel is tas e missionár ios; o cresc imento ideal só resulta quando a Igreja inteira ministra. (4) Quando toda a Igreja ministra, é preciso que a força agregadora do amor esteja presente. A não ser que a part ic ipação de toda a Igreja seja motivada e realizada em um espír i to de amor e submissão à l iderança, o cresc imento obtido pode ser transi tório e o ministério, menos que edificante ( IP e 1.22). (Veja também ICo 13; G1 5.13; Ef 4.2,3, 15,16; 3.17-19; Fp 2.1-5; Cl 3.12-15; lTs 5.12,13). 28 Questionário ■ Ass inale com “X ” as al ternativas corretas 1. É o estudo da Igreja em sua natureza, ordenanças, minis tério , missão e governo a)| I Ec le ti smo b)l I Igreja logia c)fx] Eclesio logia d)l I Eclesias tia 2. Os únicos termos aplicados no Novo Testamento para designar um prédio como local de adoração são a)l I “Ig re ja” e “santuário” b)| I “Casa de oração” e “congregação” c)| I “Tabernácu lo” e “Igreja” d ) @ “T em plo” e “s inagoga” 3. E incoerente dizer que o cris tão deve prat icar a submissão a ) 0 A todas as demais igrejas b ) 0 Aos l íderes da Igreja nomeados por Deus c)l I A Deus e a seu Filho Jesus d)l I As autoridades civis ■ Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado 4. |£ A Igreja de Cristo possui apenas um significado nas Escri turas , a saber: comunhão espiri tual 5.kA A Igreja não é por natureza um organismo, mas sim uma organização. É um ser vivo cuja vida divina é provida pela habitação do Espíri to Santo 29 A Missão da Igreja Pregação e ens ino . A missão principal da Igreja é declarada na Grande Comissão dada por Jesus aos apóstolos antes de sua ascensão. Uma forma da comissão é encontrada nos quatro Evangelhos e no livro de Atos; cada escri tor descrevendo apenas uma parte selecionada da comissão total. Assim sendo, será necessár io examinar as cinco ocorrências do encargo de Jesus à Igreja, a fim de entender o escopo total da comissão. Marcos enfa tiza a missão da Igreja na “pregação do evange lho” : “ ... Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda cria tu ra” (Mc 16.15). A importância da pregação pode ser indicada pelo fato de que as palavras usadas para “pregação” foram incluídas mais de 115 vezes no Novo Testamento. Existem dois termos gregos principais traduzidos como “pregar” : * Kerusso, que signif ica “anuncia r” (como uma proclamação real); ■ Euange l i zo , que significa “pregar as boas novas” ; cada um deles ocorre mais de cinqüenta vezes. Além da pregação como uma missão da Igreja, Marcos também ressa lta o poder sobrenatural do Espír i to Santo que acompanharia a pregação do evangelho (Mc 16.17-20). A parte da Grande Comissão descrita no Evangelho de Lucas também enfatiza a pregação: “e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados, a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas cousas. Eis que 30 envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.47-49). O Evangelho de Lucas revela parte do conteúdo da pregação: “e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados . . .” . Este conteúdo pode ser resumido como segue: ■ Os incrédulos são chamados para se arrependerem dos pecados; ■ A dádiva do Evangelho é o perdão de pecados; ■ A pregação da Igreja é em nome de Jesus (a salvação do pecado é através da virtude da obra redentora de Jesus). Lucas registra, tanto em seu Evangelho como em Atos, a ordem do Senhor sobre os preparat ivos necessários para a pregação (At 1.8, cf. Lc 24.49). (Veja também Jo 20.21-23). Segundo Lucas e Atos, Jesus encarrega os pregadores da Igreja de serem suas testemunhas; eles não deverão pregar por ouvir dizer, mas anunciar o que já exper imentaram ( l J o 1.3; cf. Lc 24.48; At 1.8; 10.40-43; ICo 1.17-24; 9.16). O relato de Mateus sobre a Grande Comissão enfat iza a missão de ensino da Igreja (Mt 28.18-20) . O ministério duplo da Igreja, pregação e ensino, ficam evidentes através de todo o livro de Atos (At 5.42; At 2.42; At 11.25,26). Veja também Atos 15.35; 18.11; 20.20 e 28.31. A pregação é o minis tério de recrutamento e motivação da Igreja; o ensino é o minis tério de amadurec imento . Através da pregação, novos filhos nascem na famíl ia de Deus; através do ensino, essas cr ianças são nutridas a partir do leite até o alimento sólido. Poderia ser dito que o trabalho da Igreja é duplo: “ at ra ir” e “desmamar” ( IC o 3.1,2; Hb 5.12-14). 31 Disc ip u lad o . A Grande Comissão, no Evangelho de Mateus, deu uma tarefa à Igreja: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). “Ens inar” em grego é matheteuo, de matlietes, que signif ica “disc ípulo” . A missão da Igreja é “discipular todas as nações” . Discipular é mais que ensinar. Podemos ens inar comunicando um sistema de preceitos. Mas discipulamos outrem demonstrando a verdade através do exemplo. É possível contar a outros como obter a vitória; no entanto, aquele que discipula outros lhes mostra pelo exemplo a vida vitoriosa. Os que simplesmente ensinam têm alunos; os que discipulam fazem seguidores - primeiro de Jesus, depois do professor. Ao escrever aos Tessa lonicenses, Paulo afirmou: “Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas, sobretudo em poder, no Espíri to Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós, e por amor de vós. Com efeito, vos tornastes imitadores (seguidores) nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tr ibulação, com alegria do Espíri to Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia” ( lT s 1.5-7). A grande força da Igreja local é sua vida comunitária cristã. Comunhão (confratern ização) . A missão da Igreja é manter uma comunhão entre os crentes. A Pr imeira Igreja era rica em fraternidade: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na com unhão” (At 2.42). 32 O termo grego para “comunhão” é koinonia, que significa “aquilo que é possuído em comum ou compar t i lhado” , “com unhão” . A passagem em Atos continua definindo a “com unhão” : “E todos os que creram estavam juntos , e t inham tudo em com um ” (At 2.44). A palavra bíblica “com unhão” é com freqüência mal interpre tada e mal aplicada. Os usos de koinonia nas Escrituras são os seguintes: “ ... a graça de participarem da assistência aos santos” (2Co 8.4b - caridade); “ ... me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão. . .” (G1 2.9 - aceitação no Corpo); “e manifestar qual seja a dispensação (comunhão) do mis té rio . . .” (Ef 3.9a - part ic ipação no Corpo); “pela vossa cooperação no evangelho .. .” (Fp 1.5 - par tic ipação na salvação); “Se há... alguma comunhão no Espír i to . . .” (Fp 2.1b - unidade efetuada pelo Espíri to). Talvez o apóstolo João, em sua primeira carta, é quem resuma as aplicações mais claras da comunhão bíblica: “O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. . . Se dissermos que mantemos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantém comunhão uns com os outros . . .” ( l J o 1.3,6,7). Comunhão é ter uma relação comum com o Pai e o Filho no corpo de Cristo, onde somos unidos pelo Espíri to em laços de amor, unidade e singeleza de propósito. Esta comunhão dos crentes estende-sea todas as atividades mútuas que dão honra a Deus, inclusive jan ta r juntos no “ salão de confra te rn ização” . 33 A doração . Jesus disse que o Pai busca a adoração daqueles que qu iserem adorá-lo em espíri to e em verdade (Jo 4.23). Uma missão importante da Igreja é promover e manter uma atmosfera que leve a adoração, oração e louvor: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propr iedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravi lhosa luz” ( IPe 2.9). No Antigo Testamento, a adoração ao Deus Soberano era em geral acompanhada do oferecimento sacrificial de animais. A Igreja do Novo Testamento oferece a Deus sacrifício de louvor (Rm 12.1; Hb 13.15). Uma das obras do Espíri to Santo é ass ist ir ao crente na oração, intercessão, adoração e louvor (Rm 8.26). Um auxílio importante na adoração, para o crente cheio do Espíri to, é sua l inguagem de oração, pela qual ele pode adorar a Deus mais perfeitamente do que o faria somente através do intelecto humano: “Pois quem fala em outra l íngua, não fala a homens, senão a Deus. . . e em espíri to fala mistérios. . . O que fala em outra língua a si mesmo se edif ica . . .” ( IC o 14.2,4). Em espíri to de adoração, oração e louvor o resultado é reavi vamento, renovação e crescimento na Igreja, quase sem exceção. Missões e evangel ism o. A Grande Comissão incluía a evangelização mundial . Jesus pretendia que o Evangelho (as “boas novas” para todas as nações, até “aos confins da te rra” - Atos 1.8) fosse levado para além das fronteiras de Jerusalém, Judéia e Samaria. 34 Todavia, foi necessária uma perseguição devas tadora para espalhar o Evangelho e os evangelis tas até Ant ioquia (At 8.1; 11.19,20). A Igreja tem f reqüentemente necessi tado de um impulso especial para continuar a tarefa recebida. Wil l iam Carey, chamado de “o pai das missões m odernas” , teve de vencer forte res istência antes de conseguir autorização para levar o Evangelho à índia. A Igreja não pode ignorar o fato que nem todas as nações foram ainda discipuladas, e os confins da terra não foram ainda alcançados. Paulo, o grande missionário, desafiou a Igreja com o seu testemunho: “Por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espír i to Santo; de maneira que, desde Jerusalém e c ircunvizinhanças, até ao l lír ico, tenho divulgado (plenamente , tradução l iteral) o evangelho de Cristo, esforçando-me deste modo por pregar o evangelho, não onde Cris to j á fora anunciado, para não edificar sobre . fundamento alheio; antes, como está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não t iveram notíc ia dele, e compreendê-lo os que nada t inham ouvido a seu respei to” (Rm 15.19-21; Is 52.10). Maturidade do crente . A Igreja não comple tou sua missão de anunciar o Evangelho e fazer discípulos de todas as nações, tribos, povos e l ínguas. Uma grande parte do Novo Testamento refere-se ao ensino, edificação e amadurecimento do crente. Paulo explica perfe itamente o propósi to do Senhor para o seu corpo, a Igreja: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelis tas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfe içoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos 35 à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonil idade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos. . . Mas. .. c resçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cr is to” (Ef 4.11-15). A Bíblia fala de cresc imento e matur idade através destes aspectos: ■ Oração (Cl 4.12); ■ Palavra de Deus ( IP e 2.2; Cl 1.28); ■ Exercíc io da fé ( lT s 3.10); ■ Paciênc ia na provação (Tg 1.2-4; IPe 1.7); ■ Amor ( lT s 1.3; Cl 3.14; l Jo 2.5; 4.12); ■ Graça (2Pe 3.18); ■ Obras cristãs (Hb 13.21); ■ Dons espiri tuais (Rm 1.11, cf. Hb 6.1; ICo 3.1,2; 2Tm 2.15). Ministério no lar . A missão da Igreja estende-se ao lar e inclui a vida da família, fato que fica claro pelo seguinte: ■ Jesus t inha grande in teresse e amor pelas crianças (Mc 10.13-16); ■ Paulo dá ins truções especiais a todos os membros da família cristã (Ef 5.33-6.4; Cl 3.18-21); ■ A promessa do Espíri to Santo foi para os crentes e seus filhos (At 2.39); ■ Quando Paulo fez conver tido, ele deu testemunho ou procedeu ao batismo de toda a família (At 16.15,34; 18.8); ■ Foi ordenado aos presbí teros e diáconos que t ivessem famílias bem disciplinadas ( lT m 3.4,5, 12; Tt 1.6); 36 ■ As primeiras igrejas eram nas casas, onde o Evangelho influenciava toda a vida famil ia r (Cl 4.15; Rm 16.5; ICo 16.19; At 21.4,5, 8,9). Ministério às necess idades mater ia is . A Igreja Pr imit iva t inha um interesse sincero nas necessidades materia is das pessoas, especia lm ente da famíl ia cristã. Este interesse social surgiu sem dúvida dos ensinamentos de Jesus (cf. Mt 25.34-46; Lc 10.25-37). Não foi ordenado que a Igreja pregasse um “evangelho socia l” , mas ela não pode fugir às implicações sociais do Evangelho bíblico. Vejamos algumas constatações bíblicas a seguir: (1) A Igreja de Jerusa lém mantinha um serviço de alimentação para as viúvas e em uma época de crise escolheu uma liderança dentre os homens mais espir i tuais, a f im de resolver o problema •(At 6.1-7); (2) Quando Dorcas morreu, e o minis tério dela era costurar para os pobres e as viúvas, Pedro a ressusci tou, devolvendo-a às suas obras de car idade (At 9.36-42); (3) Num período de fome na Judéia, todos os cristãos de Antioquia enviaram ajuda financeira (At 11.27-30); (4) Durante uma crise posterior, Paulo e seus colaboradores fizeram coletas em todas as igrejas gentias a favor dos santos pobres de Jerusalém. Grande parte do l ivro de 2Corín tios relaciona-se com essas coletas. A passagem: “ ... porque Deus ama a quem dá com alegr ia . . .” (2Co 9.7) às cont ribuições para as necessidades materia is (cf. 2Co 9.8,9); 37 (5) Ins truções especiais para o cu idado das viúvas são dadas na carta de Paulo a Timóteo ( lT m 5.3- 10); (6) A obra redentora de Cristo é para o homem completo: espírito, alma e corpo. A Igreja é o ins trumento do Senhor para pôr em prática sua bênção providencial . Ela deve refletir a compaixão de Jesus, que é geralmente melhor expressa no auxíl io aos menos afortunados (Tg 2.15-17). 38 Questionário ■ Assinale com “X ” as alternativas corretas 6. É o termo grego que significa “pregar as boas novas” a)[ I Kerusso b)| I Kuriakon c)l I Evangelizo d)| | Ekklesia 7. A palavra correta em definir: é ter uma relação comum com o Pai e o Filho no corpo de Cristo; é a)l I Relac ionamento b)l I Convívio c)l I Comunhão d)| I Vinculação 8. Teve de vencer forte .resistência antes de conseguir autorização para levar o Evangelho à índia a)| I Will iam Wrede b)| | Will iam Paley c ) D Will iam de Ockram d)| I Will iam Carey ■ Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado 9.[Ç| Os que simplesmente ensinam têm alunos; os que discipulam fazem seguidores - primeiro de Jesus, depois do professor ! ( ) . □ A Igreja Pr imitiva t inha um interesse sincero nas necessidades materiais das pessoas, especialmente da família cristã 39 Lição 2 Eclesiologia - A Doutrina da Igreja Continuação As Ordenanças da Igreja i «?As ordenanças da Igreja local são os ritos externos ou observâncias simbólicas ordenadas por Jesus, que estabelecem verdades cristãs essenciais . O termo “ordenança” vem do latim o rd o , que significa “fi la” ou “o rdem ” , ou, por extensão, “algo imposto e tornado obrigatór io pela autoridade apropr iada” . As ordenanças são às vezes chamadas de sacramentos. A palavra “ sacramento” significava orig inalmente “o sinal externo de umaobra in te rna” ou “o sinal visível de uma obra invisível da graça” . As ordenanças observadas pelas igrejas protestantes são duas, a saber: o ba tismo em águas e a ceia do Senhor . Em bora apenas duas ordenanças sejam clara e indiscutivelmente ordenadas por Jesus, é interessante notar que, durante a história da Igreja, cerca de doze observâncias externas foram referidas como sacramentos. A Igreja Católica Romana observa sete sacramentos , ou seja: (1) Batismo; (2) Crisma; 41 (3) Eucaris t ia (missa); (4) Penitência; (5) Extrema-unção (unção dos doentes com óleo); (6) Casamento; (7) Ordens (ordenação de padres e consagração de freiras). Todavia, os primeiros Pais da Igreja gera lmente reconheciam o batismo e a ceia do Senhor como os principais sacramentos. Não foi senão no século XII que Peter Lombard (1100-1164), em seu Book o f Sentences (Livro de Sentenças), definiu como sete o número de sacramentos; e não foi senão depois do Concí l io de Florença, no ano de 1439, que os sete sacramentos foram formalmente decretados pela igreja romana. É importante observar que, durante mais de mil anos depois de Cristo, nenhum autor cristão reconhecido afirma que eram sete as ordenanças. O Cris t ianismo bíblico não é ri tualista nem sacramental; o sacramento crê que uma graça divina especial é concedida aos pacientes de certos rituais prescri tos. Usualmente é pelas igrejas sacramentalistas que a graça é recebida, quer tenham ou não os part ic ipantes uma fé ativa, tudo quanto à pessoa precisa fazer é passar pela forma externa. Embora a obediência às duas ordenações esteja prescr i ta no Novo Testamento , nenhum método especial é vinculado a tal obediência . Conforme o tempo foi passando, a Igreja Romana foi adicionando outros sacramentos. O batismo em águas e a ceia do Senhor foram inst i tu ídos ou ordenados pelo Senhor, e devem ser compreendidas como ocasiões memoria is. Não há poder salvífico na real ização mecânica desses atos, o recebimento da bênção depende do estado do coração. 42 > jO batismo em á g u a s ^ ü tato de Jesus ter estabelecido o batismo em águas como uma ordenança, fica claro na Grande Comissão, como regis trado por Mateus e Marcos (Mt 28.19; Mc 16.16). O próprio Jesus deixou um exemplo para a sua Igreja, sujeitando-se a ser batizado pelo seu precursor, João Bat is ta (Mt 3.13-17). Pedro repetiu este mandamento do ba tismo em seu sermão no Dia de Pentecostes (At 2.38,41). Através de todo o livro de Atos, os apóstolos observaram a ordenança, ba tizando seus convert idos (At 8.12; 8.36-38; 9.18; 10.47,48; 16.15; 16.33; 18.8; 19.5,6; 22.16). O sentido espiri tual do batismo em águas é também ensinado nas epís to las (Rm 6.3; ICo 10.2; G1 3.27). ■ O método do batismo .em águas é por imersão. Isto pode ser visto no significado da pa lavra grega baptizo, que indica c laramente imergir e pela descrição bíblica da maneira como Jesus foi bat izado no rio Jordão. ■ .A fórmula para o batismo em águas é c laramente estabelecida na Grande Comissão como r e m nome do Pai, do Fi lho e do Espíri to San to” .7 As declarações sobre ser bat izado “em nome de Jesus” omitem a fórmula mais longa e enfa t izam o batismo cr istão como sendo dist into do bati smo de João. O batismo por imersão é ordenado nas Escrituras, todos quantos se arrependem e crêem em Cristo, como Salvador e Senhor, devem ser batizados. Assim fazendo, estarão declarando ao mundo que morreram com Cris to e foram ressuscitados com Ele 43 para andar em novidade de vida (Mt 28.19; Mc 16.16; At 10. 47,48; Rm 6.4). O batismo foi ordenado por Jesus Cristo, Foi Ele que mandou os seus discípulos batizarem (Mt 28.19; Mc 16.16). Os discípulos saiam e pregavam por toda a parte, e ba tizavam em cumprimento da ordem recebida (Mc 16.20; At 2.41; 8 .12). Ordem a ser cumprida. Uma ordem dada pelo Senhor é realmente para ser cumprida (SI 119.4), pois a falta de obediência significa re jeição do conselho de Deus (Lc 7.29,30), todo aquele que ama ao Senhor prova o seu amor obedecendo à sua Palavra (Jo 14.21,23). A salvação nos l iberta até das tradições recebidas dos pais ( IPe 1.18). O ba tismo deve ser praticado como foi nos dias dos apóstolos. Os que eram aceitos para serem batizados nos dias dos apostólicos: / y j V Eram Bat izados Referências Pessoas que havia se arrependido At 2.38 Pessoas que de bom grado recebiam a Palavra At 2.41; 8.12 Os que criam em Jesus Mc 16.16; At 8.12,37 Crentes j á batizados com o Espíri to Santo At 9.17,18; 10.47 Pessoas que já eram discípulos At 19.1-6 44 \C Observamos assim, que não existe na Bíblia nenhum exemplo de batismo de crianças recém- nascidas. Quando se fala de “bati smo de famíl ias” , não se altera aquilo que acima foi mencionado, pois as famílias sobre cujo batismo a Bíblia fala, eram compostas de pessoas j á conscientizadas sobre o que faziam. Vejam: ■ A famíl ia do carcereiro. A Bíblia diz que o carcerei ro, “na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua famíl ia” (At 16.34); * A respeito da famíl ia de Crispo. Diz que Crispo “creu no Senhor, com toda a sua casa” (At 18.8); ^ N a família de Cornél io foram todos ba tizados com r o Espíri to Santo antes do batismo em águas (At 10.46,47); ■ Sobre a famíl ia de Es téfano ( I C o 1.16), a Bíblia não esc la rece1 qual era a si tuação de cada membro, mas Paulo escreveu a respeito, dizendo que se dedicavam ao serviço dos santos ( I C o 16.15). Sobre o batismo pelos mortos ( IC o 15.29). Trata-se de uma heresia que havia no tempo de Paulo. Quando Paulo defendia a verdade da ressurreição de Cristo contra os que a contes tavam, ele mostrou como um exemplo, que até aqueles que em outros pontos doutrinais estavam errados, acreditava na ressurreição. Literalmente a palavra bat izar quer dizer: mergulhar ou imergir 45 A Fórmula “ ... em nome do Pai, e do Filho e do Espíri to San to” . Mt 28.19 0 Recipiente Todas os que s inceramente se a r rependiam de seus pecados e exerciam uma fé viva no Senhor Jesus At 8.37; 22.16; IPe 3.21 A Eficácia Essencial para integrar a obediência a Cristo IPe 2.21; Jo 13.15; Mt 3.16 0 Significado Nossa identificação com a morte, com o sepultamento e com a ressurreição de Jesus. Rm 6.3,4; G1 2.20; O batismo é o caminho da benção. v / É um ato em que Jesus opera na vida daquele que se submete a Ele, abençoando e confi rmando a sua fé na Palavra. Não é como alguns afirmam um ato mágico que, só por ser minis trado traz ofertas para a vida espiri tual . A salvação é um dom de Deus (Rm 6.23), mas, pelo batismo, Deus proporciona ricas bênçãos que aperfeiçoam a salvação recebida. Vejamos algumas das bênçãos que o acompanham: m"' O batismo agrada a Deus (Mt 3.16,17); é sempre maravilhoso quando é possível fazer algo que agrada a Deus (Rm 14.18; 2Co 5.9); ■ J Por identif icar o batizando com Cristo, aprofunda a vida espiri tual (G1 3.27); 46 ■ / P o r meio do batismo, nos to rnamos membros do corpo de Cris to, que é a sua Igreja (At 2.41,42, 47), pois somos batizados em Cristo (Rm 6.3), que é o cabeça da Igreja (Ef 1.22). A Bíblia diz: “nós fomos batizados num Espíri to formando um corpo” ( IC o 12.13); ■ Deus prometeu aos que forem batizados “o Dom do Espír i to San to” (At 2.38), mas acontece que muitas vezes os batizandos são ba tizados com o Espíri to Santo antes de serem batizados em águas, no entanto , quem ainda não o é, pode receber essa promessa . > /A ceia do Senhor. Na sua úl t ima Páscoa, Jesus ins ti tuiu a ordenança de comer o pão e tomar o suco da videira em memória de sua morte expiatória: “ ... isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de m im ” (Lc 22.19). No livro de Atos, a observância da ceia do Senhor é referida pelo termo “partir do pão” . Embora os discípulos freqüentemente part is sem o pão como uma fes ta de confra ternização e amor, a festa era concluída com a ceia do Senhor (At 2.42,46; 20.7,11; 27.35). A evidência mais clara que a Igreja observava a ceia do Senhor como uma ordenança encontra-se no ensino do apóstolo Paulo ( I C o 11.23-26 ver 10.16-21; 11.20-22,27-34). Observe os seguintes pontos rela tivos à natureza da ceia do Senhor: ■ É um ato de obediênc ia ao mandamento do Senhor. Quaisquer que sejam as bênçãos derivadas da observânc ia da ordenança, ela é mantida em obediência ao cabeça da Igreja ( I C o 11.23,24); 47 \ ■ E um memoria l à morte expiatória e ao sangue derramado de Jesus ( I C o 11.24; Lc 22.19); V - ■ É uma proclamação, um ato de confissão, pela Igreja, da fé na eficácia da obra expiatória de Cristo: “anunciais a morte do Senhor” ( ICo 11.26); ■ É uma afirmação da expecta tiva da volta de Cristo para concluir sua obra redentora: “anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” ( IC o 11.26); ■ É uma exper iência de comunhão com o Senhor, onde cada part ic ipante recebe pela fé o poder e a bênção de sua l igação com o Salvador: “O pão que partimos, não é a comunhão (ko inonia ) do corpo de C r is to?” ( IC o 10.16); ■ É uma comunhão (ko inon ia ) de crentes à mesa do Senhor e uma declaração da unidade do corpo de Cristo ( ICo 10.17). A ceia do Senhor foi ins ti tuída por Jesus Cris to por ocasião de sua úl t ima refeição, na Páscoa, na companhia dos discípulos (com freqüência chamada de “úl t ima ceia”), horas antes de ser crucificado (Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22. 15-20; ICo 11.23-26). Para nós, a ceia do Senhor tomou o lugar da Páscoa do Antigo Testamento, “ ... porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” ( I C o 5.7). Ordenou Jesus que a ceia do Senhor fosse repetida a intervalos freqüentes, até sua segunda vinda. Algumas igrejas observam a ceia do Senhor a cada culto, outras, uma vez por semana, mas a maioria das “Assembléias de D eus” observa-a uma vez por mês. Tudo que Jesus disse foi: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” ( IC o 11.26). A ceia do Senhor tem diversos valores em relação ao passado, presente e futuro. Ela é 48 comemorativa , inst ru tiva e inspiradora, promove ação de graças e comunhão, proclama o novo pacto, e envolve responsabil idade. C om em orat iva: “Fazei isso em memória de m im ” (Lc 22.19). Trata-se de uma ocas ião solene para ponderarmos profundamente o s ignificado da morte expia tória de Cristo, a ponto crí t ico de toda a História. Nela nos defrontamos de novo com o Cristo da redenção do pecado e sua penalidade. Instrut iva: Representada por meio de uma lição objetiva e sagrada à encarnação de Cristo e à expiação (a consumação dos e lementos físicos). Sobre os e lementos físicos (o pão e o vinho), há boas evidências de que o vinho, o suco de uva, usado na ceia não era fermentado. Quando Jesus disse: “Isto é o meu corpo” e: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue” , deu a entender que o pão e o vinho representavam seu corpo, oferecido na morte, e o seu sangue derramado em sacrifício sobre a cruz. Insp iradora: ^ Porque nos lembra que, por meio da fé, podemos alcançar os benefícios de sua morte e ressurreição, part ic ipando dela de forma regular, estaremos nos identif icando repetidamente com Jesus em sua morte, lembrando que Ele morreu e ressusci tou para que pudéssemos ter vitória sobre o pecado e evitar toda espécie de mal ( lT s 5.22). Ação de G ra ça s : v / Que é o aspecto de euxaristici, no grego ( ICo 10.16). Es ta é a origem do termo “Eucar is t ia” , usado por algumas igrejas; trata-se de uma oportunidade de 49 agradecer a Deus por todas as bênçãos , que são nossas, visto que Jesus morreu na cruz (Mt 26.27,28; Mc 14.23,24; Lc 22.19,20; ICo 11.24-26). C o m u n h ã o : Primeiro com o Pai e seu Filho ( l J o 1.3) e, em segundo lugar, com outros crentes que conosco comparti lham fé (Jd 3), a graça de Deus (Fp 1.7; Cl 1.6) e a presença do Espíri to Santo (Rm 8.9,11). Jesus era um convidado, na ocasião da últ ima ceia. Na qualidade do nosso Senhor ressurreto, Ele está presente, porquanto prometeu: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, estarei ali no meio de les” (Mt 18.20). Por tanto, Ele é o convidado invis ível de cada celebração da ceia do Senhor. Novo P a c to : J Nova Aliança, no grego lie Kaine diatheke. Ao par tic iparmos da ceia do Senhor, declaramos nosso propósito-de fazer de Jesus o nosso Senhor, de fazer a sua vontade, de tomar a nossa cruz diariamente e cumprir a Grande Comissão. A ceia do Senhor também olha para o futuro Reino de Deus, onde Jesus prometeu beber de novo do fruto da videira (Mc 14.25). E muito provável que este versículo se refira às “Bodas do Corde i ro” (Mt 8.11, 22. 1-14; Lc 13.29). Respon sab i l id ade: sj Há necessidade de uma explicação sobre a “ adver tênc ia contra comer. . . ou beber.. . indignamente” ( I C o 11.27-29). Muitos crentes, por não entenderem tais adver tências, abstiveram-se desnecessariamente da ceia do Senhor. Deve ser notado que “indignamente” é um advérbio que modif ica os verbos “comer” e “beber” , e está l igado à maneira de participar, e não à indignidade das pessoas. A adver tência referia-se à 50 atitude áv id a 1 e descontrolada dos corín tios, descrita em ICor ínt ios 11.20-22. Ninguém é digno, por si mesmo, de ter comunhão com Jesus, mas possuímos esse privi légio em virtude da obra expiatória que os e lementos simbolizam. Todavia , os par tic ipantes precisam examinar a si mesmos com relação ao modo como tomam a ceia e à sua ati tude para com os outros crentes; além disso, devem verificar se estão discernindo o corpo do Senhor, sem demonstra r • .a. 2irreverência ou fr ivolidade em suas maneiras. A part ic ipação com fé pode resultar em grandes bênçãos e até na cura espiri tual e f ísica ( IC o 11.29,30). Visto que a ceia do Senhor é uma ocasião solene, em que lembramos o ponto máximo da obra de Cristo em nosso favor, ela pode tornar-se num momento de grande benção espiri tual , contanto que os par ticipantes cheguem com a atitude mental apropriada. Três pos ições entre os evangélicos , no que tange à participação da ceia. Livre Advogam algumas denominações que a ceia deve ser dada a membros de qua lquer denominação Restri ta Ela só deve ser dada aos membros da mesma denominação Ultra-restri ta Só participam da ceia os membros da Igreja local 1 Ansiosa , amb ic iosa . 2 Qua l idad e da q u e le ou daqui lo que é fr ívolo. Lev iano , volúve l . 51 Com respeito à natureza dos elementos da ceia do Senhor, existem quatro opiniões: ■ Transubstanciação, o ponto de vista da Igreja Católica Romana. Segundo este conceito, os e lementos, quando abençoados pelo padre, transformam-se realmente no corpo e sangue de Jesus. Esta idéia é desmentida pela experiência, pois nenhum teste j á demonst rou que os elementos seja outra coisa além de pão e fruto da videira. Ela é também contes tada pela lógica, pois Jesus achava- se ainda em seu corpo físico quando ins ti tuiu a ordenança e disse a respeito do pão: “Isto é o meu co rpo” . ■ Consubstanciação, o ponto de vista de Martinho Lutero. Segundo o reformador, os elementos não se modif icam, mas o corpo e o sangue reais de Jesus estão “presentes com ” os elementos. Esses conceitos não são apoiados pelas Escrituras em ponto algum. Além-disso, encorajam a superstição e dão excessiva ênfase à parte material , ao invés de às bênçãos es ' ituais da ceia do Senhor. ■ Memorial. observância da ceia é simplesmente um ato memoria l que não propic ia qualquer bênção. Este é o extremo oposto às opiniõescatólica e luterana. ■ f Presença mística>£)s elementos , quando recebidos pela fé, propiciam ao crente os benefícios espir i tuais da morte de Cristo, concei to defendido elementos em si não passam de símbolos, mas, quando recebidos pela fé, é exper imentada uma verdadeira comunhão com o Senhor e os benefícios dessa comunhão podem ser recebidos . Esta parece ser a visão mais bíblica entre todas (veja ICo 10.16; 11.27,28,29). por Calvino e pela maioria dos reformadores. Os 52 Questionário ■ Assinale com “X ” as al ternativas corretas 1. São os ritos externos ou observâncias s imbólicas ordenadas por Jesus, que estabelecem verdades cristãs essenciais a)l | Os mandamentos da Igreja local b ) @ As ordenanças da Igreja local c)l I Os ri tuais da Igreja local d)| I As doutrinas da Igreja local 2. Famíl ia em que todos foram batizados com o Espíri to Santo antes do batismo em águas a)l I Famíl ia do carcereiro b)l I Família de Crispo c)E3 Família de Corné lio d)f I Famíl ia de Estéfano 3. Quanto à natureza dos e lementos da ceia do Senhor, ass inale o conceito defendido por Calvino e pela maioria dos reformadores a)| | Transubstanciação b)| I Consubstanciação c)l I Memorial d)P*1 Presença mística ■ Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado 4 .k l O bat ismo por aspersão é ordenado nas Escr ituras , todos quantos se arrependem e crêem em Cristo, como Salvador e Senhor , devem ser batizados 5.[ç] A ceia do Senhor é um memoria l à morte expiatória e ao sangue derramado de Jesus 53 Funcionários, Ministros e Líderes na Igreja A quantidade de material b íb lico relativo à organização e l iderança da Igreja apostólica não é grande. Os t ítulos dos líderes da Igreja do Novo Tes tamento descreviam mais seus minis térios do que seu cargo e posição. Já que os pr imeiros membros e l íderes da Pr imeira Igreja eram judeus, familiarizados com a sinagoga, eles estabeleceram a organização da Igreja de uma forma mais ou menos semelhante ao da sinagoga. Os seguintes fatos mostram claramente que havia uma organização na Igreja do Novo Testamento: ■ Quando surgiram problemas em certas atividades minis teria is , foram nomeados l íderes para admin is trar essas atividades (At 6.1-7); ■ Os discípulos reuniam-se regularmente para adorar; a princípio, todos os dias; mais tarde, no primeiro dia da semana (At 2.46,47; 5.42; 20.7; IC o 16.2); ■ Foi dada atenção à nomeação de uma liderança adequada (At 1.23-26; 14.23; Tt 1.5); ■ As qual if icações dos presbíteros (bispos) e d iáconos são estabelecidas com detalhes ( lT m 3.11-13 Tt 1.5-9; lT m 5.1,17-22; IPe 5.1-4; At 6.1-7; 20.28-35); ■ Cada Igreja t inha autoridade para disciplinar ou exclu i r certos membros (Mt 18.17; IC o 5.1-5; 2Ts 3.6-16; lT m 1.18-20); sJ ■ Os membros são advertidos a respei ta r e obedecer aos l íderes da Igreja ( lT s 5.12,13; Hb 13.7,17,24); ■ Missionários são enviados pela Igreja com aprovação oficial (At 13.1-3); ■ Um conselho reuniu-se em Jerusalém para resolver uma divergência sobre doutrina e prática em toda a Igreja cristã (At 15.1-35). Não é fácil c lass ificar os vários minis tros e oficiais mencionados no Novo Testamento; vários termos, tais como “pastor, presbítero e b ispo” , que consideramos t ítulos, são provavelmente maneiras diferentes de descrever a mesma função. Alguns termos, como “min is t ro” e “diácono” , são traduções diferentes da mesma palavra grega diakonos. Certos cargos, como os de “apóstolo e profeta” , foram exercidos est ri tamente por indicação divina através da prática de um dom espiri tual , enquanto outros foram desempenhados mediante eleição ou nomeação humana baseada em qualif icações específicas. “Pastores e mest res” podem ser dois t ipos de minis tros , ou talvez os termos representem simplesmente duas funções de um único cargo. Apesar das dificuldades envolvidas, deve ser feito um esforço para analisar cada cargo do Novo Testamento. Apósto los . Os pr imeiros expositores do Evangelho cristão foram os apóstolos, que representam também o primeiro dom de minis tério concedido por Deus à Igreja (Lc 6.13; At 16.4; Ef 4.11,12; Ef 2.20). A palavra “apósto lo” é uma transl i teração do grego apostolos, que significa “um mensage iro” ou “alguém enviado numa m issão” . Os apóstolos originais foram àqueles escolhidos por Jesus para o acompanharem, a quem Ele pessoalmente deu inst ruções e enviou (Mt 10.2; Lc 22.14). Eram doze ao todo. Quando Judas Iscariotes 55 traiu o Senhor, deixando apenas onze, outro apóstolo foi escolhido para tomar o seu lugar (At 1.15-26). Os nomes dos doze apóstolos foram escritos nos doze fundamentos da nova Jerusalém (Ap 21.14). Os requisitos para o apostolado eram: v/ ■ Ter estado com o Senhor (At 1.21,22); J ■ Ter sido uma testemunha da ressurreição (At 1.22); y ■ Ter visto o Senhor ( IC o 9.1); ^ ■ Ter operado sinais, prodígios e milagres (2Co 12 . 12). Os apóstolos fundamentais fo ram fixados em número de doze. Existem outros, porém, também chamados de “apósto los” , tais como: ■ Paulo, que teve uma visão do Senhor e foi chamado pessoalmente por Jesus para ser apóstolo para os gentios (Rm 11.13; ICo 9.1), que declarou doze vezes ser um apóstolo; ■ '-Tiago, irmão de Jesus ( IC o 15.7); ■ Barnabé (At 14.14); ■ Parentes de Paulo (Rm 16.7); ■ Certos apóstolos não nomeados ( IC o 15.7). O termo “apósto lo” veio aparentemente a ser usado num sentido mais amplo para aqueles que haviam estado com Jesus, tais como os setenta, os cento e vinte, etc, e especia lmente para os que pareciam ter uma comissão especial para fundar novas igrejas. Os termos “apóstolo” e “miss ionár io” têm o mesmo significado. Fica evidente que “apósto lo” teve um uso mais amplo, pelo fato de que havia alguns que a legavam fa lsamente ser apóstolos (2Co 11.13; Ap 2 .2 ). É impor tante manter clara a dis t inção entre os apóstolos originais e os chamados “apósto los” no 56 sentido mais amplo da palavra. Identificados de perto com os doze, estariam homens como Paulo, Marcos , Lucas, Tiago, Judas e o escri to r de Hebreus, todos eles usados pelo Espíri to para escrever o Novo Testamento. Surgem sempre debates sobre a possibi l idade de haver apóstolos modernos. Isso dependeria do sentido dado à palavra “após to lo” . A Igreja só pode ter evidentemente um alicerce. Depois de encerrado o cânon do Novo Testamento, nenhum outro escri tor apostól ico recebeu comissão para fazer acréscimos à Escritura. Todavia , se o termo “apósto lo” for usado no sentido mais amplo de alguém comissionado pelo Senhor para abrir novos campos missionários, cujo minis tério seja acompanhado por sinais e prodígios, esse não seria um uso inadequado da Palavra. Não obstante, deve ficar bem claro que os apóstolos são uns dons de Deus, comissionados por Ele. A Igreja jamais teve autorização de criar apóstolos. Nenhuma sucessão apostólica foi sequer estabelecida. Quando Jesus, o Supremo Pastor, voltar, Ele virá para coroar os pastores (presbíteros), e não os apóstolos ( IPe 5.1-4). Pedro, que era cer tamente um apóstolo, identificou-se alegremente com os presbíteros ( IP e 5.1). Será o fim dos tempos um período em que grandes pastores evangelizarão toda a sua área? P rofe tas . E dito que a Igreja está constru ída sobre o fundamento de apóstolos e profetas (Ef 2.20): “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para p rofe tas” (Ef 4.11). Embora os profetas viessem logo depois dos apóstolos na escala, eram sujeitos aos apóstolos ( IC o 14.37). 57 Paulo parecia dar ao dom da profecia a suprema prioridade entre os dons espir i tuais ( IC o 14.1- 3). A profecia é defin ida por Paulo como segue: “Mas o que profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolando. . . mas o que profetiza edif ica a igre ja” ( IC o 14.3,4). Esta definição é demonstrada em Atos 15: “Judas e Silas, que eram também profetas, consolaram os irmãos com muitos conse lhos e os for ta leceram” (At 15.32). Uma função menos freqüente do profeta era a de predição do futuro. Em duas ocasiões, um profeta de nome Agabo previu eventos futuros (At 11.27-29). Sua previsão de uma fome futura capacitou a Igreja a preparar-se para ajudar aos pobres da Judéia. Mais tarde, Ágabo previu a prisão de Paulo pelos judeus em Jerusalém, o que se cumpriu, embora Paulo não fizesse qualquer tentativa para evitar o problema (At 21.10- 15). ' A profecia . teve uma função vital na capaci tação de Timóteo para o ministér io ( l T m 4.14). Em seu sermão no dia de Pentecostes, Pedro identificou a profecia de Joel (2.28) com o derramamento do Espíri to sobre a Igreja: “E acontecerá nos úl t imos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espíri to sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas p rofe t izarão” (At 2.17). O dom da profecia permanece hoje na Igreja, onde quer que os dons espiri tuais sejam reconhecidos . Em grande parte da pregação pentecostal , o espíri to da profecia se manifesta. Evangel is tas . O evangelis ta é mais difícil de identi ficar no Novo Testamento, porque quase todo mundo fazia o trabalho de evangelização. Fil ipe é o único realmente 58 chamado de “evangeli s ta” (At 21.8). A ju lgar pelo minis tério de Fil ipe em Samaria, o evangelis ta é alguém cujo minis tério é dirigido principalmente à salvação dos perdidos: “Fil ipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava- lhes a Cris to” (At 8.5). Vale a pena notar que seu ministér io de salvação de almas foi acompanhado de milagres e sinais. Depois disso, Fil ipe foi chamado a pregar para um homem no deserto, o tesoureiro etíope, a quem levou a Cristo. É interessante que tenha sido tomado tanto espaço para contar a história da conversão de um homem como para narrar a his tória do reavivamento samaritano. Timóteo não é chamado de evangelista, mas Paulo o aconselha a fazer o traba lho de evangel is ta (2Tm 4.5). “Evangel is ta” , em grego, é derivado do verbo traduzido como “pregar o evangelho” . O evangeli s ta é então alguém cujo principal obje tivo é pregar o evangelho com a finali,dade de ganhar almas. Os minis térios de apóstolo , de profeta e de evangeli s ta que descrevemos eram minis térios da Igreja em geral; os que descreveremos a seguir eram minis térios da Igreja local. Pastores . Embora o termo “pas to r” , como líder espiri tual da Igreja local, seja encontrado apenas uma vez no Novo Testamento (Ef 4.11), ele será tratado em detalhes aqui por duas razões: (1) é o termo mais c o m u m e n te 1 empregado na Igreja hoje; e (2) a metáfora pastoral é uti l izada em várias passagens ( IP e 5.2-4; At 20.28,29; Jo 10.1-16; 21.15-17; Hb 13.20; IPe 2.25; Mc 6.34; ICo 9.6,7). 1 E m gera l , o rd ina r i amen te . 59 N ) A te rminologia favorita de Jesus para expressar sua re lação com o povo era a de “pastor e ove lhas” . É, portanto, natural que os encarregados de cuidar do rebanho do Senhor sejam chamados “pas tores” . Não é fácil para os habitantes do mundo ocidental compreender a relação ín tima que exist ia entre o pastor pales tino e suas ovelhas. Nenhuma pa lavra poderia expressar melhor o cuidado amoroso e a confiança mútua que dever iam exist ir entre o l íder espiri tual e sua congregação do que a pa lavra “pas tor” . Outros sinônimos para o cargo pastoral são usados mais freqüentemente no Novo Testamento, mas o t í tulo que permaneceu foi o de “pasto r” . Mestres (professores) . “M es tres” é a quinta categoria de dons de minis térios concedidos à Igreja pelo .Senhor (Ef 4.11). Não fica absolu tamente claro se o termo “mest re” representaria um cargo dist into ou s implesmente uma função dos apóstolos e pastores (presbíteros). O fato de exis t irem “profe tas” e “m es t res” (doutores) na Igreja de Ant ioquia (At 13.1) indica que “mestre” era um minis tério distinto; e “m es t res” são citados jun tam ente com apóstolos e profetas como cargos estabe lecidos por Deus na Igreja ( I C o 12.28). Por outro lado, em Efésios 4.11, “m es t re” não é precedido por um artigo definido como os outros cargos; portanto , o termo talvez indique s implesmente o ensino como uma função dos pastores (pastores mestres). Ens inar é mencionado como um dom espiri tual em Romanos 12.6,7; assim sendo, qualquer crente que tenha esse dom pode ensinar. 60 Paulo refere-se à sua pessoa como “designado pregador, apóstolo e mest re” (2Tm 1.11). Paulo aconselha Timóteo, um pastor, a exercer um minis tério de ensino (2Tm 2.2). A Grande Comissão sugere fortemente que o ensino é de maior importância para o avanço da Igreja: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, b a t i z a n d o - o s e m nome do Pai e do Filho e _do Espíri to jan to . j jEnsinando-os a guardar todas as cousas que vos_.^ tenho ordenado., f ” (Mt 28.19,20). Embora o ensino seja pãrte de quase todos os minis térios do Novo Testamento, havia alguns cujo chamado principal era ens inar a Palavra de Deus. Existem sem dúvida hoje aqueles cujo ministér io pode ser mais bem identif icado com o de “professor” . Anciãos (presbíteros). “Ancião” era um tí tu lo tomado de emprést imo da sinagoga e da congregação de Israel. O termo é empregado no Novo Testamento cerca de tr inta vezes com referência aos anciãos de Israel. A pa lavra hebraica para “ancião” era zaquen, que significava “um homem mais velho” . P resbuteros em grego tem o mesmo significado, sendo a or igem de nossa palavra presbítero. Depois de fundar várias igrejas na Ásia, Paulo nomeou anciãos para cuidar delas (At 14.23). O ancião equivalia ao pastor, sendo o t ítulo mais comum para o encarregado de uma Igreja local (At 20.17,28; Tt 1.5; IPe 5.1-4).* Os anciãos eram sustentados V materia lmente por suas congregações , as quais o apósto lo Paulo exortou no sentido de concederem honra dobrada (honorários) aos presbí teros que governassem (ou dirigissem) bem suas igrejas. 61 Dignos de honra especial eram aqueles presbíteros que traba lhavam na pregação e ensino ( lT m 5.17-19) . Já que a palavra “ancião” ocorre geralmente no plural , supõe-se que cada Igreja t ivesse vários presbíteros; a razão provável seria que as congregações maiores t inham de reunir-se em grupos menores nas casas dos vários membros ( ICo 11.20; 16.15,19). Alguns concluíram pela passagem em IT imóteo 5.17 que havia tanto “presbí teros d i r igentes” como “presbíteros professores” . Os presbíteros eram homens de fé e poder espiri tual , pois os doentes foram instruídos a procurá-los para serem ungidos com óleo e receberem a oração da “fé: Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.14,15). Bispos (superv isores) . A Versão King James traduz o te rmo grego episkopos (de onde derivou nossa palavra “episcopa l” ) como “b ispo” . Uma tradução melhor teria sido “ superv isor” , que é o sentido literal. A in fluênc ia da Igreja da Ingla terra pode ser percebida no uso da pa lavra “b ispo” . No Novo Testamento, “b ispo” e “presb í te ro” são nomes para o mesmo cargo, como pode ser visto claramente através de uma comparação de Ti to 1.5,6 com 1.7-9 e Atos 20.17 com 20.28, onde “superv isor” deriva da mesma palavra grega traduzida “b i spo” em outras passagens . Nos tempos do Novo Tes tamento , o bispo ou supervisor dirigia uma Igreja; não foi senão no segundo século que ele passou a d ir ig ir várias igrejas. 62 Depois da morte dos apóstolos, houve provavelmente
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