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Sociologia, Ética e Resp. Socioambiental 6º Aula Raça e etnia Caros ( as) Alunos(as) É importante a discussão entre os aspectos relacionados à raça e etnicidade. Considerando o Brasil enquanto um dos países mais misturados em termos raciais no mundo. Podemos entender temas como o preconceito e a discriminação como fatores desse caldeirão de grupos étnicos. A questão das cotas raciais, por exemplo, ainda gera muita polêmica e posicionamentos que levam em conta os possíveis efeitos positivos ou negativos de sua implementação. O racismo entendido muitas vezes como um tema tabu entre os brasileiros ou tema pouco discutido, uma vez que, no Brasil ninguém se considera racista. Vamos ao texto! Boa leitura!! Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de:: • entender o processo de evolução das Ciências Sociais e a sua contribuição para entender o desenvolvimento social porque passou sociedade humana; • conhecer os pensadores e os termos utilizados nas Ciências Sociais para um melhor entendimento e desenvolvimento de uma perspectiva sociológica; • conhecer as abordagens sociológicas teóricas modernas. 47 Seções de estudo 1 - Raça e etinicidade 2 - Breve histórico das ideias raciais 1 - Raça e etinicidade 2 - Breve histórico das ideias raciais 3 - Debate sobre “Raça” no Brasil 4 - “Raça” e pobreza 5 - Desigualdade, raça e classe. É importante atentarmos para a discussão entre os aspectos relacionados à raça e etnicidade considerando o Brasil enquanto um dos países mais misturados em termos raciais no mundo. Podemos entender temas como o preconceito e discriminação como fatores dessa mistura de grupos étnicos. A questão das cotas raciais, por exemplo, ainda gera muita polêmica e posicionamentos que levam em conta os possíveis efeitos positivos ou negativos de sua implementação. O racismo entendido muitas vezes como um tema tabu entre os brasileiros ou tema pouco discutido, uma vez que, no Brasil ninguém se considera racista, gera discussões e controvérsias , no que diz respeito ao amplo assunto da desigualdade social. Coloca o tema raça e etnicidade como um ponto de reflexão, pois é parte de nosso cotidiano. Essa é a proposta da sociologia quanto ao estudo de raça e etnicidade. O tema referente aos diversos grupos de seres humanos e suas particularidades, teve maior destaque a partir do processo das grandes navegações na Europa. Conforme Adrian ( 2013) a “descoberta” de novos grupos humanos como o africano, o asiático e principalmente o índio americano, proporcionou uma nova postura do europeu quanto a essa diversidade étnico-cultural. Diferentes hábitos e costumes variados de acordo com Brym, (2006) forçaram os europeus há pensar um pouco mais sobre o papel desses grupos recém descobertos. Foi no século XVI, com as grandes navegações o inicio do enfretamento do mundo europeu com esses novos grupos humanos (denominados de selvagens). Segundo Brym, (2006) a expansão marítima empurrou navegadores, comerciantes, administradores, aventureiros e religiosos para outros continentes descobrindo novas culturais além da compreensão europeia. Cada um, a seu modo e tempo, descreveram a fauna, a flora do “Novo Mundo”. Essa imagem construída correu o imaginário coletivo europeu e ajudou a desenhar a arquitetura de uma nova ciência social, séculos depois, chamada Antropologia. Antropologia (antropos, pessoa/homem; logos razão) foi a primeira ciência a estudar os hábitos e culturas de diferentes civilizações, necessariamente a compreensão do homem ou o “novo homem”. No início das grades navegações tivemos o que normalmente era chamada de antropologia Espontânea, pois estava alicerçada em narrativa e relatos (cartas, diários, relatórios), feitos por leigos (não cientistas) como missionários, viajantes, comerciantes, exploradores e administradores de terras; por exemplo, o relato da carta do escrivão Pero Vaz de Caminha descrevendo as formas dos nativos: Os cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mas que de sobrepente, de boa gravura e rapados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solopa, de fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria as orelhas... A visão sobre esse novo homem era de estranhamento, o europeu entendia o índio como um ser inferior ou selvagem. (BRYM, 2006 p.211) A discussão na Europa destacava questões: esse índio é de fato ser humano? E qual o seu grau de evolução intelectual? Nos dois casos a visão etnocêntrica racista era frequente. A igreja católica, por exemplo, tendia a olhar para o índio como uma criança que deveria ser orientada para a religião cristã. Posteriormente alguns intelectuais como o filósofo iluminista Rousseau elaborou o conceito do “Bom selvagem” sobre o índio, um ser puro e sem maldade que ainda não havia sido corrompido pelos valores da “civilização.” Aos poucos, a concepção de homem e da sua história deixou as fronteiras da Teologia e ingressou no campo da ciência. Primeiro Conceito Raça - As teorias científi cas sobre raça surgiram no fi nal do século XVIII e inicio do século XX, sendo utilizadas para justifi car a ordem social emergente à medida que a Inglaterra e outras nações da Europa tornavam-se potenciais imperiais que submetiam territórios e populações ao seu domínio (...) termo “raça” criada pelos europeus classifi cava os indivíduos nas categorias diferentes visto como características físicas: raça branca, negra e oriental. (GIDDENS, 2005) Raça e etnicidade são idéias socialmente construídas. Nós as utilizamos para distinguir pessoas com base em diferenças físicas ou culturais percebidas, o que traz conseqüências profundas para suas vidas. Marcas e identidades raciais e étnicas mudam de acordo com a época e o lugar. Relações entre grupos raciais e étnicos ajudam a modelar essas marcas e identidades. (BRYM, 2006 p.211) Evolucionismo Social: O ingresso da Antropologia na era da Ciência. De acordo com Adrian (2013) a antropologia pode ser compreendida como ciência somente a partir do século XIX, quando diversas teorias como o Evolucionismo social começaram a atuar com mais velocidade. A antropologia, no seu início, como estudo científico apresenta-se com ideias ainda conservadoras e preconceituosas. Dentre essas ideias temos o Evolucionismo que destacava os grupos humanos a partir de processos de desenvolvimento intelectual e racial. De inicio foi a obra de Charles Darwin conhecida como A Origem das Espécies de 1859, que provocou uma revolução científi ca na forma de entender os processos de evolução. Em sua obra Darwin formula a teoria da evolução das espécies, via seleção natural: no processo, ocorrem com os indivíduos variações úteis na luta pela existência; essas variações 48Sociologia, Ética e Resp. Socioambiental 3 - Debate sobre “raça” no Brasil Segundo Conceito: preconceito e discriminação Preconceito é a manifestação de uma atitude negativa contra toda uma transmitem-se, reforçadas, aos descendentes. Com base nessas observações, elaborou a teoria evolucionista(BRYM, 2006 p.212) Herbert Spencer, outro teórico do século XIX, citado por Brym, (2006) procurou aplicar as leis de evolução das espécies, desenvolvida por Charles Darwin, a todos os níveis da atividade humana. Ele é considerado no campo das ciências sociais como o mais importante teórico do Darwinismo Social, mesmo nunca tendo usado esse termo para expressar suas idéias. De acordo com Brym, (2006) seu conceito básico se expressava na seguinte noção: “sobrevivência do mais apto”. Graças a essas noções, Spencer é considerado o principal teórico do racismo “científico”, ou seja, a noção de que se pode comprovar a superioridade racial de um grupo em relação a outro, como base na ciência. (XAVIER, p 45, 2008) Para Brym, (2006) a escola Darwinistainfluenciou fortemente o debate racial. As ideias dessa escola também ecoam fortemente nas perspectivas que colocam a “raça” “branca” no topo da escala hierárquica dos grupos humanos. O traço fundamental dessa escola é a ideia de uma superioridade da raça branca em relação aos índios e negros. Para Brym, (2006) a presença de um tipo híbrido – da “mistura das raças” – seria um perigo para a “superioridade” branca. Dentro da condenação da mistura das raças temos diversos teóricos que usam da ciência como um instrumento da divulgação do racismo declarado. Alinhado a essa escola, temos aquele que é chamado de o pai do racismo: o francês Arthur de Gobineau (1816- 1882) que entendia as “raças” em processo de evolução sendo o branco, a mais evoluída dos seres humanos, desprezando o oriental e o negro como raças menores. Brym ( 2006) afirma que Gobineau destaca ainda a condenação da miscigenação, ou seja, não concorda com as misturas de raças; ele entendia que, pior do que ser negro era ser híbrido. Para Gobineau a mistura dos grupos raciais proporciona a degeneração das pessoas, o surgimento de seres humanos inferiores e decadentes. Dentro das ideias da ciência racista do século XIX, segundo Brym, (2006) temos o norte americano Dr. Samuel George Morto (que colecionou e mensurou Crânios humanos vindos de diversos lugares e épocas, pertencentes a membros de diferentes raças. Conforme imaginava, Morton entendia que quanto maior o cérebro, mais inteligente o indivíduo. Esse cientista chegou a conclusão de que aquelas raças que estavam no todo da evolução como os brancos europeus teriam o cérebros maiores do que os negros e os orientais e, portanto bem mais evoluído. De acordo com Brym, (2006) outro autor em destaque da ciência racista do século XIX, foi Cesare Lombroso conhecido como o pai da antropologia criminal, interessou-se pelo fenômeno da delinquência ao observar as frases obscenas tatuadas nos corpos dos soldados da Calábria, no sul da Itália. Ele acreditava que essas tatuagens permitiam distinguir o soldado desonesto do honesto. Lombroso também compreendia que certos traços físicos poderiam identificar criminosos. (Robert Brym, 213, 2006) categoria de pessoas, geralmente minorias éticas ou raciais. Se você se ressente porque seu colega é bagunceiro, você não e necessariamente preconceituoso. Mas, se você estereotipa (marca social) seu colega imediatamente com base em características, como raça, etnia ou religião, isso será uma forma de preconceito. O preconceito tende a estabelecer defi nições falsas de indivíduos e grupos. (SCHAEFER, p. 245, 2006) Discriminação: é o tratamento injusto de pessoas devido ao fato de pertencerem a um determinado grupo. criminosos. (BRYM, 2006 p.211) O termo “raça” surgiu da influencia das ciências biológicas, tendo a ideia equivocada de raças variadas. Hoje sabemos que raça só existe uma, a raça humana ( ADRIAN, 2013). Considerando também que as diferenças físicas e mesmo os padrões culturais distintos estão relacionados ao termo etnia. Entretanto durante muito tempo a ciência utilizou o termo das ciências Naturais para definir os indivíduos em superiores e inferiores. De acordo com Brym (2006) no Brasil os grandes representantes do racismo científico foram os médicos Silvio Romero (1851- 1914) e Raimundo Nina Rodrigues (1862- 1906). Os dois autores influenciados por ideias racistas acreditavam na perspectiva evolucionista do atraso das raças ou do “atraso” do brasileiro em relação ao europeu. Encontramos aqui, segundo Brym (2006) uma releitura de elementos das escolas mencionadas anteriormente. O mestiço é interpretado, segundo esses autores, como um tipo “indesejado”, já que o cruzamento de “raças” diferentes transmitiria tipos de “defeitos” pela herança biológica. Ainda segundo Brym (2006), para o autor Nina Rodrigues, a presença negra no Brasil seria um fator explicativo para a “inferioridade” do povo brasileiro. É importante considerar que Nina Rodrigues foi professor de Medicina da Universidade da Bahia e um dos maiores representantes do chamado racismo científico. Nina Rodrigues também considerou a cultura afrobrasileira como inferior. Isso proporcionou uma análise negativa do caráter racial brasileiro, que efetuavam relações da raça negra e mestiça como “potenciais criminosos”: traços da aparência de um sujeito poderiam revelar uma natureza delinquente e perigosa. Essa visão racista sobre o povo brasileiro, segundo Adrian (2013) acabou sendo muito desenvolvida (a partir de meados do século XIX), principalmente na ideia da miscigenação da população como um aspecto fundamental de degradação da sociedade. Entretanto na década 30 do século XX, com o trabalho de Gilberto Freyre (1900-1987), teremos mudanças na forma de olhar o homem brasileiro. A visão deixa de ser biológica (determinista) para ser de caráter cultural; Freyre em sua obra “Casa Grade e Senzala” destaca de maneira inovadora para os padrões da época, o lado positivo da miscigenação da população brasileira. O autor Freyre vai exaltar a cultura brasileira e mencionar a contribuição do negro africano para a sociedade. Segundo sociólogo Gilberto Freyre a mistura racial promoveria o clima fértil para a construção de uma harmonia das raças. 49 Para Freyre essa harmonia passa na ideia que no Brasil não existiu a segregação entre brancos e negros, ao contrário, a relação pacífi ca entre esses grupos proporcionou uma “Democracia racial”. ( ADRIAN, 2013 p. 08). Essa harmonia, segundo Adrian ( 2013) contudo contribuiria para a diluição de outras fronteiras na sociedade, como a existente entre ricos e pobres, homens e mulheres e assim por diante. A mistura realizada entre brancos, negros e índios seria um elemento de promoção da ‘ harmonia social e não de decadência ou atraso do povo brasileiro, como nos demonstraram outras correntes e autores. Para Adrian (2013) a teoria de Gilberto Freyre destaca o caráter positivo da miscigenação dos grupos, o que apresentaria uma suposta ausência de preconceito racial no Brasil. E o famoso “mito da democracia racial” que menciona, o brasileiro como não sendo preconceituoso. A ideia de que o brasileiro não seria racista, pois os grupos étnicos apesar de suas diferenças viviam sem conflitos ou discriminações declaradas. Segundo Daisy Barcellos: o fato de a sociedade brasileira possuir a democracia racial como ideal afirmado e desejado, conduziu encobrimento da realidade das relações entre brancos e negros. O sentido discriminador e indiretamente segrega dor que essas relações apresentam tendeu a fi car encoberto pelo discurso da ideologia dominante. Este discurso, de um lado, afi rma a igualdade e investe na negação do racismo; de outro mantém a profundidade das desigualdades sociais só explicáveis através da discriminação e do preconceito, cuja consequência mais imediata é a segregação social. (ULBRA, 2009 apud ADRIAN, 2013). Para Gilberto Freyre as relações entre os grupos étnicos são bem mais igualitárias no Brasil. Segundo Adrian ( 2013) o próprio brasileiro não se vê como racista e mesmo aqueles que são discriminados, buscam formas ou status para fugir da marca social. No Brasil o racismo é bem atuante, mais diferente do racismo norte-americano (direto), o nosso racismo apresenta- se de forma escondida, menos direta nas relações. A maneira como as pessoas encara o racismo é diferente, pois se busca na postura alegre do povo brasileiro o discurso ideal para não falarmos de racismo. Gilberto Freyre teve seus méritos para criticar os critérios das ciências naturais na definição dos grupos. Mas, segundo Adrian ( 2013) não é possível considerar a sociedade brasileira como não racista sem nenhum tipo de preconceito, vivendo numa democracia racial. O preconceito efetivamente existe, a diferença é que no Brasil tendemos a considerar sempre o outro como racista. O indivíduo em si jamais se entende como racista ou apresentamqualquer tipo de preconceito. 4 - “Raça” e pobreza 5 - Desigualdade, raça e classe O Brasil tem experimentado transformações importantes, propícias a um debate sobre a agenda de estudos das desigualdades em geral e, em particular, das desigualdades raciais. Tais transformações estão associadas a mudanças de caráter estrutural, mas há também ênfase sobre o esforço de enfrentamento das desigualdades via políticas sociais. Sua ampliação e reformulação têm sido extremamente importantes para a configuração de um novo cenário social (Barros et al., 2000). No que tange às desigualdades raciais, há mudanças recentes visando à sua diminuição, também relacionadas com os efeitos das ações afirmativas. Isso se deve, em grande medida, às políticas sociais, especialmente as de transferência de renda. Entretanto, os avanços até então conquistados ainda são tímidos, uma vez que o patamar inicial sobre o qual ocorrem tais transformações é marcado por alto grau de desigualdade. Estudos que fazem projeções acerca da diminuição da desigualdade racial apontam que será necessário manter esse ritmo de queda durante longo período para que se consolide uma sociedade realmente mais igualitária (Ipea, 2008). O tema da desigualdade mobiliza diferentes campos disciplinares que segundo Lima (2012) procuram explicações para suas origens, causas e efeitos, bem como apresenta diversas possibilidades de enfoques. Relaciona-se com as temáticas do desenvolvimento econômico, da pobreza e da estratificação social. No campo da filosofia política, as reflexões sobre desigualdade tratam da relação entre liberdade e igualdade e de concepções de sociedade justa. Esse tema permanece caro à agenda de estudos de tais campos principalmente pelo desafi o analítico de compreender a estabilidade e a durabilidade da desigualdade a despeito das transformações econômicas. A resposta a essa questão tem sido buscada por diversos caminhos analíticos e metodológicos, mas que têm em comum o rompimento com a perspectiva que entende as desigualdades a partir de diferenças no plano das capacidades e dos desempenhos individuais e que, além disso, mensura esse fenômeno tendo somente a renda como referência.( LIMA, 2012 p.06) No diálogo com essa perspectiva, Amartya Sen (2000 apud Lima 2012) elabora uma teoria que parte de uma distinção fundamental entre o que significa a “satisfação individual” (avaliada pela prerrogativa da renda) e o que ele define como “vantagem individual”. A “vantagem individual” é uma categoria avaliadora de bem-estar mais abrangente que permite conceber os “bens individuais” (num sentido amplo, os interesses racionais dos indivíduos) como passíveis de comparação e ordenação. O bem-estar alcançado por meio da renda não é uma medida suficiente da “vantagem individual”. O trabalho de Charles Tilly (2006 apud LIMA 2012) preconiza a importância da abordagem histórica e relacional na explicação das transformações das questões sociais no mundo contemporâneo. Segundo o autor, a desigualdade é uma relação entre pessoas ou conjunto de pessoas na qual a interação gera mais vantagens para um dos lados. Portanto, a questão a ser enfrentada é como, por que e com quais consequências as desigualdades nas chances de realização socioeconômica distinguem categorias de pessoas socialmente diferentes. Ao encontrarmos essa resposta, encontramos também 50Sociologia, Ética e Resp. Socioambiental a resposta para a durabilidade da desigualdade (Idem, p. 50). É nesse escopo interpretativo que as denominadas variáveis acrescentadas ganham destaque na explicação das desigualdades sociais. (LIMA, 2012) Em primeiro lugar, porque não se relacionam com as diferenças de atributos ou desempenhos, mas estão consolidadas nas desvantagens historicamente produzidas entre os grupos sociais, étnicos e de gênero, prevendo então, por conta disso, as chances de sucesso dos indivíduos. Em segundo lugar, porque ajudam a compreender os mecanismos e processos de produção e reprodução das desigualdades, na medida em que evidenciam a relação entre características individuais e estrutura social, entre experiência biográfica e ordem societária. No caso brasileiro, segundo LIMA ( 2012) a relação entre raça e classe é tema constitutivo do campo da sociologia das relações raciais, onde sempre predominou a preocupação analítica de identificar a variável raça na configuração das desigualdades de classe. Segundo Guimarães, os estudiosos desse campo estão “fadados a se mover entre teorias de classe e as teorias de identidades sociais, entre ‘classe’ e ‘raça’” (2004, p. 34). As transformações recentes na sociedade brasileira, principalmente a implantação de políticas afirmativas, suscitaram um debate inédito no espaço público. Para Lima ( 2012) o esteio dessas discussões está fortemente marcado pelo debate acerca da necessidade de políticas específicas para combater a desigualdade racial, portanto, um debate sobre raça e classe. Essas políticas estão fortemente apoiadas nos estudos sobre desigualdades raciais que têm utilizado um conjunto de dados agregados para identificar se “raça” é uma variável significativa na distribuição desigual de recursos e de oportunidades (Hasenbalg, 1979; Hasenbalg e Silva, 1988; Telles, 2003). A tese principal desses estudos, segundo Lima ( 2012) é a de que preconceito e discriminação raciais estão intimamente associados à competição por posições na estrutura social, refletindo sobre diferenças entre os grupos de cor na apropriação de posições na hierarquia social. No que diz respeito à relação entre raça e situações de pobreza, ela pode ser entendida a partir de duas perspectivas. Uma é a maneira como os estudos sobre raça tratam a questão da pobreza; outra, como os estudos sobre pobreza lidam com a variável raça. No campo de estudo das desigualdades raciais, Para Lima ( 2012) a ênfase ocorre tanto na sobrerrepresentação da população negra entre os pobres, como na proporção de pobres dentro de cada grupo racial. Há mais negros (pretos e pardos) entre os pobres, da mesma forma que há maior proporção de pobres no grupo negro do que no grupo branco. Outro aspecto que se destaca é a manutenção dessas diferenças a despeito das recentes e significativas mudanças nas situações de pobreza. Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: 1 - Raça e etinicidade Na primeira seção da aula seis compreendemos que as discussões travadas, no que diz respeito ao amplo assunto da desigualdade social, coloca o tema raça e etnicidade como ponto de discussões que fazem parte de nosso cotidiano e essa é a proposta da sociologia quanto ao estudo de raça e etnicidade. 2 - Breve histórico das ideias raciais Na segunda seção da aula seis estudamos que historicamente o tema referente aos diversos grupos de seres humanos e suas particularidades, teve maior destaque a partir do processo das grandes navegações na Europa. A “descoberta” de novos grupos humanos como o africano, o asiático e principalmente o índio americano, proporcionou uma nova postura do europeu quanto a essa diversidade étnico-cultural. 3 - Debate sobre “Raça” no Brasil. Na terceira seção da aula seis analisamos o debate sobre “Raça” no Brasil. O termo “raça” surgiu da influencia das ciências biológicas, tendo a ideia equivocada de raças variadas. Hoje sabemos que raça só existe uma, a raça humana. 4 – “Raça” e pobreza Na quarta seção da aula seis discutimos Raça” e pobreza, o Brasil tem experimentado transformações importantes, propícias a um debate sobre a agenda de estudos das desigualdades em geral e, em particular, das desigualdades raciais. Tais transformações estão associadas a mudanças de caráter estrutural, mas há também ênfase sobre o esforço de enfrentamento das desigualdades via políticas sociais. Sua ampliação e reformulação têm sido extremamente importantes para a configuração de um novo cenário social.5 – Desigualdade, raça e classe. Na quinta seção da aula seis conhecemos os conceitos de desigualdade, raça e classe. Entendemos que preconceito e discriminação raciais estão intimamente associados à competição por posições na estrutura social, refletindo sobre diferenças entre os grupos de cor na apropriação de posições na hierarquia social. No que diz respeito à relação entre raça e situações de pobreza, ela pode ser entendida a partir de duas perspectivas. Uma é a maneira como os estudos sobre raça tratam a questão da pobreza; outra, como os estudos sobre pobreza lidam com a variável raça. Minhas anotações
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