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economia-do-setor-publico-apostila-unisul-virtual-2007

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Economia do Setor Público
4ª edição
Palhoça
UnisulVirtual
2007
economia.pmd 16/8/2007, 15:311
Créditos
Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual - Educação Superior a Distância
Campus UnisulVirtual
Avenida dos Lagos, 41 
Cidade Universitária Pedra Branca
Palhoça – SC - 88137-100
Fone/fax: (48) 3279-1242 e
3279-1271
E-mail: cursovirtual@unisul.br
Site: www.virtual.unisul.br
Reitor Unisul
Gerson Luiz Joner da Silveira
Vice-Reitor e Pró-Reitor 
Acadêmico
Sebastião Salésio Heerdt
Chefe de Gabinete da Reitoria
Fabian Martins de Castro
Pró-Reitor Administrativo
Marcus Vinícius Anátoles da Silva 
Ferreira
Campus Sul
Diretor: Valter Alves Schmitz Neto
Diretora adjunta: Alexandra 
Orsoni
Campus Norte
Diretor: Ailton Nazareno Soares
Diretora adjunta: Cibele Schuelter
Campus UnisulVirtual
Diretor: João Vianney
Diretora adjunta: Jucimara 
Roesler
Equipe UnisulVirtual
Administração
Renato André Luz
Valmir Venício Inácio
Avaliação Institucional
Dênia Falcão de Bittencourt
Biblioteca
Soraya Arruda Waltrick
Capacitação e Apoio 
Pedagógico à Tutoria
Angelita Marçal Flores 
(Coordenadora)
Caroline Batista
Enzo de Oliveira Moreira
Patrícia Meneghel
Vanessa Francine Corrêa
Coordenação dos Cursos
Adriano Sérgio da Cunha
Aloísio José Rodrigues
Ana Luisa Mülbert
Ana Paula Reusing Pacheco
Charles Cesconetto
Diva Marília Flemming
Fabiano Ceretta
Itamar Pedro Bevilaqua
Janete Elza Felisbino
Jucimara Roesler
Lauro José Ballock
Lívia da Cruz (Auxiliar)
Luiz Guilherme Buchmann 
Figueiredo
Luiz Otávio Botelho Lento
Marcelo Cavalcanti
Maria da Graça Poyer
Maria de Fátima Martins 
(Auxiliar)
Mauro Faccioni Filho
Michelle D. Durieux Lopes Destri
Moacir Fogaça
Moacir Heerdt
Nélio Herzmann
Onei Tadeu Dutra
Patrícia Alberton
Raulino Jacó Brüning
Rodrigo Nunes Lunardelli
Simone Andréa de Castilho 
(Auxiliar)
Criação e Reconhecimento de 
Cursos
Diane Dal Mago
Vanderlei Brasil
Desenho Educacional
Design Instrucional
Daniela Erani Monteiro Will 
(Coordenadora)
Carmen Maria Cipriani Pandini
Carolina Hoeller da Silva Boeing
Flávia Lumi Matuzawa
Karla Leonora Dahse Nunes
Leandro Kingeski Pacheco
Ligia Maria Soufen Tumolo
Márcia Loch
Viviane Bastos
Viviani Poyer
Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel
Avaliação da Aprendizagem
Márcia Loch (Coordenadora)
Cristina Klipp de Oliveira
Silvana Denise Guimarães
Design Gráfi co
Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro 
(Coordenador) 
Adriana Ferreira dos Santos
Alex Sandro Xavier
Evandro Guedes Machado
Fernando Roberto Dias 
Zimmermann
Higor Ghisi Luciano
Pedro Paulo Alves Teixeira
Rafael Pessi
Vilson Martins Filho
Disciplinas a Distância
Tade-Ane de Amorim
Cátia Melissa Rodrigues
Gerência Acadêmica
Patrícia Alberton
Gerência de Ensino
Ana Paula Reusing Pacheco
Logística de Encontros 
Presenciais
Márcia Luz de Oliveira 
(Coordenadora) 
Aracelli Araldi
Graciele Marinês Lindenmayr
Letícia Cristina Barbosa
Kênia Alexandra Costa Hermann
Priscila Santos Alves
Formatura e Eventos
Jackson Schuelter Wiggers
Logística de Materiais
Jeferson Cassiano Almeida da 
Costa (Coordenador)
José Carlos Teixeira
Eduardo Kraus
Monitoria e Suporte
Rafael da Cunha Lara 
(Coordenador)
Adriana Silveira
Andréia Drewes
Caroline Mendonça
Cristiano Dalazen
Dyego Rachadel
Edison Rodrigo Valim
Francielle Arruda
Gabriela Malinverni Barbieri
Jonatas Collaço de Souza
Josiane Conceição Leal
Maria Eugênia Ferreira Celeghin
Rachel Lopes C. Pinto
Vinícius Maykot Serafi m
Produção Industrial e Suporte
Arthur Emmanuel F. Silveira 
(Coordenador)
Francisco Asp
Relacionamento com o 
Mercado
Walter Félix Cardoso Júnior 
Secretaria de Ensino a 
Distância
Karine Augusta Zanoni 
Albuquerque
(Secretária de ensino)
Ana Paula Pereira 
Andréa Luci Mandira
Carla Cristina Sbardella
Deise Marcelo Antunes
Djeime Sammer Bortolotti 
Franciele da Silva Bruchado
Grasiela Martins
James Marcel Silva Ribeiro
Jenniff er Camargo
Lamuniê Souza
Lauana de Lima Bezerra
Liana Pamplona 
Marcelo José Soares
Marcos Alcides Medeiros Junior
Maria Isabel Aragon
Olavo Lajús
Priscilla Geovana Pagani
Rosângela Mara Siegel
Silvana Henrique Silva
Vanilda Liordina Heerdt
Vilmar Isaurino Vidal
Secretária Executiva
Viviane Schalata Martins
Tecnologia
Osmar de Oliveira Braz Júnior
(Coordenador)
Jeff erson Amorin Oliveira
Ricardo Alexandre Bianchini
FICHA_24-05-07.indd 2 18/6/2007 14:07:44economia.pmd 16/8/2007, 15:312
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Economia do Setor
Público.
O material foi elaborado, visando a uma aprendizagem autônoma.
Neste sentido, aborda conteúdos especialmente selecionados e
adota uma linguagem que facilite seu estudo a distância.
Por falar em distância, isso não significa que você estará sozinho.
Não se esqueça de que sua caminhada nesta disciplina também será
acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da
UnisulVirtual. Entre em contato, sempre que sentir necessidade,
seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual de
Aprendizagem. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois
sua aprendizagem é nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual.
economia.pmd 16/8/2007, 15:313
economia.pmd 16/8/2007, 15:314
Bernardino José da Silva
Economia do Setor Público
Livro didático
Design Instrucional
Márcia Loch
4ª edição
Palhoça
UnisulVirtual
2007
economia.pmd 16/8/2007, 15:315
Copyright © UnisulVirtual 2007 
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição 
 
 
 
 
 
 
 
Edição --- Livro Didático 
 
Professor Conteudista 
Bernardino José da Silva 
 
Design Instrucional 
Márcia Loch 
Carmen Maria Cipriani Pandini (4ª edição) 
 
ISBN 978-85-60694-91-4 
 
Projeto Gráfico e Capa 
Equipe Unisul Virtual 
 
Diagramação 
Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro 
 
Revisão (1ª edição) 
B2B 
 
 
 
 
 
 
 
 
336 
S58 Silva, Bernardino José da 
 Economia do setor público : livro didático / Bernardino José da 
Silva ; design instrucional Márcia Loch, [Carmen Maria Cipriani 
Pandini]. – 4. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007. 
 174 p. : il. ; 28 cm. 
 
 Inclui bibliografia. 
 ISBN 978-85-60694-91-4 
 
 1. Finanças públicas. I. Loch, Márcia. II. Pandini, Carmen Maria 
Cipriani. II. Título. 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul 
 
Sumário
Palavras do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo da disciplina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Unidade 1 - Atribuições econômicas do governo e crescimento do setor público . . . 15
Unidade 2 - Participação do Estado na economia brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Unidade 3 - Os gastos do setor público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Unidade 4 - As receitas tributárias do setor público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Unidade 5 - Política fiscal e estabilização da economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Unidade 6 - Despesa e receita públicas como
instrumento de estabilização de preços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Unidade 7 - A dívida pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Unidade 8 - A política de incentivos fiscais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Unidade 9 - Federalismo fiscal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Unidade 10 - Política fiscal e distribuição de renda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
Para concluir o estudo da disciplina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
Comentários e respostas das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
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economia.pmd 16/8/2007, 15:318
 Palavras do professor
O desenvolvimento desta disciplina proporcionará o
aprofundamento dos conhecimentos acerca dos seguintes aspectos
ligados às atividades econômicas:
 a regulação dos gastos, do crescimento e a
participação do Estado no contexto econômico do
País;
 a avaliação dos instrumentos norteadores da
estabilidade de mercado e da própria economia, aí
incluídas as influências das receitas tributárias na
formação da Receita Corrente Líquida, dos
Resultados Nominal e Primário;
 a política fiscal;
 a distribuição de renda;
 a relação da receita e da despesa pública como
fatores de regulação e estabilização dos preços.
O compartilhamento do conhecimento acerca dos aspectos a serem
tratados assume considerável relevância no contexto do curso e,
principalmente, nos tempos atuais de superação das fronteiras e do
livre comércio decorrentes da globalização da economia mundial.
No que tange ao cenário da economia brasileira, aproximará você
dos fatos relacionados às ações reguladoras da economia nacional,
agregando-se às atribuições, o crescimento do setor, a participação e
a política de estabilização, os fenômenos ligados à responsabilidade
na gestão fiscal alicerçada nos pressupostos de desenvolvimento de
ações planejadas e transparentes em que se previnem riscos e
corrigem-se vícios que poderão comprometer o equilíbrio das
finanças públicas e da economia como um todo.
Esperamos que você aprenda e tire o máximo proveito desta
disciplina e das atividades que propomos ao longo das unidades.
Bons estudos!
Prof. Bernardino José da Silva
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Plano de Estudo da disciplina
Ementa
As atribuições econômicas do Governo e o crescimento do setor
público. A participação do Estado na economia. Os gastos do setor
público. As receitas tributárias do setor público. Política fiscal e
estabilização econômica. A despesa e a receita pública como
instrumento de estabilização de preços. A dívida pública. A política
de incentivos fiscais. Federalização Fiscal. Política fiscal e
distribuição de renda.
Objetivos
Geral
Possibilitar o aprofundamento de estudo e ampliação dos
conhecimentos acerca dos aspectos e elementos reguladores da
economia do setor público.
Específicos
Compartilhar, concepções teórico-práticas das atividades
econômicas, proporcionando:
 Aprimorar os conhecimentos acerca das atividades
econômicas do Governo e do crescimento do setor
público.
 Formar uma concepção em relação aos aspectos
reguladores da economia, incluindo a participação
do Estado, a política fiscal e de incentivos e
distribuição de renda, a influência da Receita
Tributária na formação da Receita Corrente
Líquida, as receitas e despesas como instrumentos
moderadores dos níveis de preço.
 Ampliar o domínio sob os gastos do setor público,
sob a dívida pública, incluindo a federalização
fiscal.
economia.pmd 16/8/2007, 15:3111
Unidades de estudo
A disciplina de Economia do Setor Público foi dividida em dez unidades.
 UNIDADE 1 - Atribuições econômicas do Governo e crescimento do
setor público.
Nesta unidade você vai ter a oportunidade de estudar os aspectos
ligados ao Estado na condição de agente preponderante na
economia, incluindo as atividades fiscal e financeira do Estado, além
dos fenômenos norteadores da relação crescimento do Setor Público
e a evolução das despesas do Setor.
 UNIDADE 2 – Participação do Estado na economia brasileira.
Focaremos nesta unidade a cronologia da intervenção estatal na
economia, as razões da estatização e o papel do Estado na economia
brasileira.
 UNIDADE 3 – Os gastos do setor público.
Nesta unidade abordaremos os conceitos e a classificação dos
Gastos Públicos, os aspectos relacionados ao crescimento dos
Gastos Públicos e os limites destes introduzidos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal.
 UNIDADE 4 – As receitas tributárias do setor público.
Nesta unidade você vai estudar sobre o Sistema Tributário
Brasileiro, a composição das Receitas Tributárias, os Impostos
Intransferíveis, além dos problemas da reforma do Sistema
Tributário.
 UNIDADE 5 – Política fiscal e estabilização da economia.
Abordaremos nesta unidade os aspectos ligados a interferência
reguladora do Estado, à criação de fontes alternativas de contenção
fiscal e aos efeitos defasados da Constituição Federal de 1988.
economia.pmd 16/8/2007, 15:3112
 UNIDADE 6 - Despesa e receita públicas como instrumentos de
estabilização de preços.
Nesta unidade você vai estudar a alocação dos recursos públicos
como fator determinante dos níveis de preços, sobre o uso eficiente
dos recursos governamentais e sobre a manutenção da estabilidade
econômica.
 UNIDADE 7 – A dívida pública.
Aqui você vai conhecer as características da dívida pública no
Brasil, à relação entre déficit e dívida pública e os limites da dívida e
do endividamento.
 UNIDADE 8 – A política de incentivos fiscais.
Direcionaremos os estudos desta unidade destacando os conceitos e
as espécies de incentivos, a influência dos incentivos fiscais na
economia e a relação entre incentivos fiscais e renuncia de receita.
 UNIDADE 9 – Federalismo fiscal.
Nesta unidade você vai estudar sobre o Federalismo Fiscal,
incluindo os tipos de Estado, os aspectos ligados à formação do
Estado Federal e aos Princípios caracterizadores do Federalismo.
 UNIDADE 10 – Política fiscal e distribuição de renda.
Na última unidade você vai estudar os fatores ligados à política
fiscal do governo, a influência dos impostos diretos e indiretos, além
dos efeitos redistributivos do imposto sobre a renda.
economia.pmd 16/8/2007, 15:3113
Cronograma de Estudo
 Lembre-se de enviar para o professor-tutor, durante a segunda
semana do curso, impreterivelmente, a sua avaliação a distância.
 ATENÇÃO: a pontualidade, a objetividade, o domínio do conteúdo
e a criatividade serão, entre outros, fatores a serem considerados.
economia.pmd 16/8/2007, 15:3114
1
Unidade 1
Atribuições
econômicas do governo
e crescimento público
Objetivos de aprendizagem
 conhecer a função soberana do Estado na economia;
 compreender as relações do Estado com o crescimento do
Setor Público.
Seções de estudo
Nesta unidade você vai estudar as seguintes seções:
 Seção 1 O Estado como agente preponderante
 Seção 2 Qual é a atividade fiscal do Estado?
 Seção 3 Qual é a atividade financeira do Estado?
 Seção 4 Qual a relação entre crescimento do setor
público e a evolução das despesas do setor?
economia.pmd 16/8/2007, 15:3115
16
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de conversa
Você sabia que o Estado, na sua condição de agente supremo da economia
brasileira, desenvolve atividade fiscal, isto é, aquela de natureza tributária e
orçamentária, pela qual faz a captação dos meios materiais, planeja, orienta e
controla a aplicação dos recursos?
Sabia, também, que associado à atividade fiscal o Estado desenvolve atividade
de natureza patrimonial, isto é, atividade financeira, arrecadando os recursos
necessários à manutenção de suas atividades e a busca da satisfação das
necessidades de natureza coletiva como saúde e educação?
Fique tranqüilo, pois nesta unidade você terá subsídios para responder a estas
questões!
Seção 1 – O Estado como agente preponderante
Como você sabe, é de longa data que a sociedade necessitou de instrumentos
que, além de instituir o estado de direito, também exercesse a função de
regulador e orientador no desenvolvimento de ações voltadas exclusivamente
ao atendimento dos interesses da coletividade.
A nossa Carta Magna, em seu art. 1.º, define claramenteque o Brasil é uma
República Federativa e constitui-se, de direito, em Estado democrático, no qual
todo o poder emana do povo, tendo a cidadania como um dos seus
fundamentos básicos. Pode-se, portanto, acrescentar que a Constituição, além
de ratificar o Estado democrático de direito em que se constitui o Brasil,
visa preparar o cidadão para o exercício da cidadania.
Nessa relação da democracia de direito e exercício da cidadania,
observe o que diz Pereira (2003, p.27) “constata-se que na
Constituição brasileira existe marcante preocupação com as
necessidades sociais, sinalizando o entendimento de que o Estado
deve implementar ações sociais cada vez mais direcionadas ao bem comum
para a realização de uma justiça social concreta. Dessa forma, a cidadania e a
democracia interagem-se.”
É possível, assim, definir que o Estado, na condição de agente preponderante
na economia, isto é, aquele que detém a supremacia na esfera econômica,
exerce hegemônica função que visa, além da instituição e regulação do estado
de direito, manter-se firme na regulação da economia e promover os meios
necessários à consecução das necessidades da coletividade no sentido de
garantir o bem comum.
economia.pmd 16/8/2007, 15:3116
Economia do Setor Público
17Unidade 1
 Qual o poder de interferência do Estado?
A intervenção ativa do Estado na economia não é prerrogativa de
exclusividade do governo brasileiro, haja vista que quase que na totalidade
dos países a ação dos governos nas atividades econômicas e sociais é
marcante, verificando-se inclusive elevada semelhança nos processos de
intervenção dos governos na maioria dos países capitalistas de economia
mista, ou seja, aqueles no qual o setor privado não é capaz de,
singularmente, desenvolver as atividades dos setores primários,
secundário e terciário, além de satisfazer as necessidades de natureza
coletiva, isto é, necessitam da intervenção do Estado para a satisfação
do bem comum, especialmente aquelas ações ligadas à saúde, educação,
transportes etc.
As atividades ligadas aos transportes, à siderurgia, além de outros, têm sido a
base de atuação dos governos na área produtiva, especialmente em decorrência
da relação entre os riscos, incertezas e o volume de investimentos necessários
aos setores.
Ao discorrer sobre o poder de interferência do Estado, Pereira (2003. p, 32),
define:
Sabemos que o Estado dispõe de recursos e instrumentos muito poderosos,
como, por exemplo, o poder de coerção legal, isto é, o direito de intervir
legalmente, para atuar como indutor, ou seja, instigador e/ou estimulador, das
atividades econômicas. Verifica-se que o Estado interfere, de forma seletiva,
com seu poder de proibir ou compelir, subsidiar ou tributar, em significativo
número de atividades econômicas. O Estado pode determinar o deslocamento
físico de recursos e as decisões econômicas das famílias e empresas, sem seu
consentimento. Esses poderes criam condições para que um setor utilize o
Estado para elevar sua rentabilidade.
O Estado, portanto, deve incentivar e auxiliar a participação da atividade
privada na economia, tendo, porém, a obrigação de nela intervir quando os
interesses e os investimentos daquele setor não forem capazes de manter o
devido equilíbrio e/ou possam resultar em desajuste da economia do país.
 Quais as etapas de intervenção do Estado?
Até o início do século XX, tínhamos uma economia exclusivamente
voltada à produção e exportação do café, o que direcionava nossas
atividades econômicas, notadamente, para o comércio exterior, período
em que a estrutura tributária do país era extremamente simples,
preocupando-se, quase que exclusivamente, com os impostos de
exportação e importação.
economia.pmd 16/8/2007, 15:3117
18
Universidade do Sul de Santa Catarina
Rianai (2002. p.49), define que os fatores mais relevantes e que limitaram a
participação do governo na economia, nos primeiros 30 anos do século XX,
foram:
 por meio dos impostos do comércio exterior que eram a base
tributária do país. O governo estabeleceu uma política de
isenções e concessões para beneficiar as indústrias nascentes;
 o setor financeiro do Estado, inicialmente com o Banco do
Brasil e posteriormente com os Bancos Estaduais, atuavam
única e exclusivamente com o objetivo de ajudar o setor
agrícola, que era a atividade econômica básica do país;
 a intervenção mais direta do governo no comércio exterior
ocorreu por pressão dos Estados produtores de café (São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) que, a fim de minimizar
a crise do setor cafeeiro, assinaram o Convênio de Taubaté
que estabelecia políticas de controle de produção e de preços
mínimos;
 finalmente, a necessidade de se criar condições favoráveis à
exportação fez com que o governo procurasse implantar e
expandir os meios de transportes. Como a maioria das
ferrovias não era lucrativa, começou a haver um desinteresse
grande do setor privado nessa área (que era
predominantemente estrangeira). Com isso inícia no país o
processo de nacionalização/estatização.
Em decorrência da crise no setor cafeeiro e a depressão mundial, nasce no país
a chamada industrialização. Este fato ocorre a partir da substituição dos
processos de importação, fazendo com que o Estado expandisse e mudasse,
por inteiro, o seu papel de interventor na economia do país.
A transformação do papel do Estado e a expansão de sua interferência,
dá-se com a criação das autarquias, institutos e acordos com os
produtores, estabelecendo-se regras de controle de produção e preços,
além de esquemas de financiamentos para construção de armazéns
surgindo daí, o primeiro e efetivo instrumento de controle de preços com a
fixação das tarifas de eletricidade.
Observa-se, portanto, que o poder de intervenção do Estado estende-se ao
longo dos séculos e não se restringe ao setor econômico, atingindo, também,
os setores da segurança, exploração de reservas minerais, do trabalho e no
contexto social como um todo.
Exemplificando, podemos citar a segurança nacional, a exploração de jazidas
minerais, os setores da educação, saúde, transportes etc.
economia.pmd 16/8/2007, 15:3118
Economia do Setor Público
19Unidade 1
Seção 2 – Qual a atividade fiscal do Estado?
A preponderância ou intervenção do Estado dá-se por meio de decisão dos
órgãos políticos, ou seja, os Poderes constituídos, que tornam as necessidades
da coletividade como uma necessidade pública. Dessa forma, transferem ao
Estado a responsabilidade pela obtenção e emprego dos meios materiais e de
serviços para a viabilização e funcionamento dos serviços públicos,
indispensáveis à promoção de atividades essenciais demandadas pela sociedade,
tais como, saúde, educação etc.
O custeio das necessidades públicas, que visam a promover os serviços
indispensáveis ao funcionamento das atividades estatais e ao bem comum da
população, realiza-se por meio da transferência de parcelas dos recursos dos
indivíduos e das empresas para o Estado (governo), fechando o ciclo financeiro
entre a sociedade e o próprio Estado.
Em relação ao assunto, Pereira (2003, p. 38), assim destaca: “o objeto precípuo
das finanças públicas é o estudo da atividade fiscal, ou seja, aquela que é
desempenhada pelos poderes públicos com o propósito de obter e aplicar
recursos para o custeio dos serviços públicos.”
Pereira (2003, p. 38) acrescenta que a política fiscal orienta-se em duas direções,
a saber:
Política tributária: que se materializa na captação de recursos, para
atendimento das funções da administração pública, por meio de suas distintas
esferas (União, Estados, Distrito Federal e municípios).
Política orçamentária, no que se refere especificamente aos gastos, ou seja,
os atos e medidas relacionadas com a forma da aplicação dos recursos, levando
em consideração a dimensão e a natureza das atribuições do poder público, bem
como a capacidade e a disposição para seu financiamento pela população.
É possível, assim, estabelecer que a atividade fiscal do Estado, configura-se
pelas atividades de natureza tributária e orçamentária, pelas quaiso Estado
promove a captação de recursos, planeja, orienta e controla a aplicação deles de
forma a garantir o funcionamento dos serviços públicos, indispensáveis ao
atendimento das necessidades coletivas.
Seção 3 – Qual é a atividade financeira do Estado?
Para falarmos em atividade financeira do Estado é necessários relembrarmos
os ensinamentos de Baleeiro (1996, p. 18), quando em sua obra “Uma
Introdução à Ciência das Finanças”, nos revela que no alvo dos serviços
públicos como instrumento do Estado, tem-se:
economia.pmd 16/8/2007, 15:3119
20
Universidade do Sul de Santa Catarina
a realização prática daqueles fins que moralizam e racionalizam o fenômeno
social do poder público: a defesa da nação contra agressões externas, a ordem
interna como condições de segurança e liberdade de cada indivíduo, a elevação
material, moral e intelectual de todas as pessoas, o bem-estar e a prosperidade
gerais, a igualdade de oportunidades etc., para todos os componentes de grupo
humano. São, pois, os serviços públicos ou meios técnicos e jurídicos pelos quais,
por meio de seus agentes e suas instalações, a pessoa de direito público interno,
usando do poder estatal, busca atingir os fins que lhe atribuem as idéias
políticas e morais da época. Cada época escolhe politicamente os objetivos
imediatos que devem constituir a tarefa dos serviços públicos.
Mesmo sendo o homem um animal social que obtém, no convívio com seus
semelhantes, de forma mais adequada os meios para satisfazer suas
necessidades materiais e abstratas, existem, porém, necessidades que não são
satisfeitas diretamente pelos indivíduos ou grupos isolados, ressentindo-se a
necessidade da constituição de um ser maior, dotado de autoridade para
desempenhar as funções capazes de satisfazer tais necessidades, isto é, aquelas
de caráter político que visam a satisfazer a coletividade. Estamos, portanto,
falando do Estado.
Pode-se assim dizer que o indivíduo, de forma isolada ou em grupo, não
tornará possível o desenvolvimento de ações voltadas à defesa da nação contra
agressões externas, promover a ordem interna, como instrumento de sua
segurança e liberdade, a elevação moral e material de todas as pessoas, o bem-
estar, a prosperidade e a igualdade de oportunidades.
Entretanto, para cumprir sua finalidade, desenvolvendo essas atividades
políticas, sociais, econômicas, administrativas, entre outras, o Estado necessita
dispor dos meios materiais para viabilizar a execução dos serviços de interesse
geral que lhe são atribuídos.
A viabilização dos meios materiais dá-se por meio do
desenvolvimento de atividade de natureza patrimonial, ou
seja, a chamada atividade financeira do Estado que tem por
objetivo atender às necessidades públicas.
Segundo Pereira (2003, p. 41), a atividade financeira do Estado consiste: “em
obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades cuja
satisfação está sob sua responsabilidade ou transferida a outras pessoas
jurídicas de direito público.”
Observando-se a definição da atividade financeira do Estado, destacada pelo
autor, pode-se claramente visualizar que essa atividade não se limita à mera
arrecadação dos meios necessários à prestação dos serviços públicos.
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Economia do Setor Público
21Unidade 1
Tal atividade desenvolve-se, sim, em quatros funções específicas e afins, a
saber:
a) a obtenção dos meios dá-se pela arrecadação das
receitas públicas;
b) o criar origina-se dos créditos públicos;
c) o gerenciamento é promovido pelo orçamento; e
d) o dispêndio, por sua vez, ocorre por meio das despesas
públicas.
A Receita Pública.
Constitui-se em sentido amplo, todo o ingresso de dinheiro nos
cofres públicos que se efetiva de maneira permanente no
patrimônio do Estado, que em relação ao Patrimônio divide-se
em Receita e Efetiva e Não-Efetiva.
Receita Efetiva - Constituí-se aquela arrecadada que integram o
Patrimônio na qualidade de elemento novo, provocando-lhe
aumento sem, contudo, gerar obrigações, reservas ou
reivindicação de terceiros. Exemplo: receita tributária.
Baleeiro (1995. p. 129-130), assim define a Receita Efetiva do Estado:
a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas,
condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, somo
elemento novo e positivo.
Receita Não-Efetiva - Também conhecida como Receita por Mutação
Patrimonial, constituindo-se aquela arrecadada em decorrência da troca de
elementos patrimoniais por recursos financeiros, tais como: alienação de bens,
amortização de empréstimos concedidos, cobrança de dívida ativa e, também,
aquelas provenientes das operações de créditos que promovem a entrada de
recursos tendo em contrapartida o registro de uma obrigação no passivo. Neste
caso não haverá um aumento efetivo do Patrimônio.
As receitas públicas podem ainda ser classificadas em Receitas Originárias e
Derivadas.
Receita Originária - Têm-se as receitas provenientes dos bens e das empresas
comerciais ou industriais do Estado, isto é, decorrem de atividade explorada
pelo Estado em semelhança à atividade particular.
Receitas Derivadas - Enquadram-se aquelas decorrentes do poder de coerção
que o Estado possui e, por meio dele promove a arrecadação do setor privado,
incluindo-se os impostos, taxas, contribuição de melhoria, contribuições
parafiscais e as penas pecuniárias que encampam as multas e confiscos.
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22
Universidade do Sul de Santa Catarina
Exemplificando, podemos citar o Imposto Sobre a Renda e Proventos de
Qualquer Natureza.
 O que é Despesa Pública?
Podemos classificar a Despesa Pública como o conjunto de dispêndios do
Estado ou de outra pessoa de direito público, para fazer face ao custeio do
funcionamento e manutenção dos serviços públicos.
Exemplificando, citamos os gastos com pessoal ativo e
inativo, materiais de consumo, equipamentos etc.
Pereira (2003, p. 43), assim define a Despesa Pública:
A aplicação de determinada quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou
agente público competente, com base numa autorização legislativa, para
execução de um fim a cargo do governo.
Diz-se, portanto, que são de natureza econômica, jurídica e política, os
elementos constitutivos da Despesa Pública.
 Econômica, em virtude de corresponder à aplicação de
determinada quantia em dinheiro público.
 Jurídica, pois como parte integrante do orçamento,
compreende as autorizações para gastos com as várias
atribuições e funções governamentais.
 Política, face às Despesas Públicas representarem a
distribuição e o emprego das receitas para custeio de
diferentes setores da Administração pública, e para os
investimentos no setor privado.
 O que é Orçamento Público?
Como um processo contínuo que traduz, em termos financeiros, planos,
programas, projetos e atividades de trabalho, para um determinado período de
tempo, o Orçamento Público apresenta-se como um instrumento de regulação
do ritmo do fluxo dos recursos, receitas e despesas, que foram previstos,
fixados e aprovados pelo legislativo.
O Orçamento Público para ser aprovado, e transformado
em lei, necessita observar alguns princípios fundamentais
e, entre eles, o da anualidade, que estabelece a vigência do
orçamento pelo período de um ano.
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Economia do Setor Público
23Unidade 1
 O que é Crédito Público?
Um dos meio que o Estado poderá obter uma receita pública, configura-se
pelo Crédito Público, isto é, pelas chamadas operações de créditos
(empréstimos e financiamentos).
Deodato (1977, p. 231) afirma que “é o crédito público que dá ao Estado o
poder ou a faculdade de dispor de capital alheio, isto é, do empréstimo,
mediante promessa de reembolso”.
De acordo com o autor acima, pode-se estabelecer que por meio do Crédito
Público surgem as receitas de caráter temporário, consubstanciadas pela
necessidade de reembolso, fazendo com que se configure no serviço da dívida
pública do Estado, os empréstimos internos e externos.
Seção 4 – Qual a relação do crescimento dosetor público
e a evolução das despesas do setor?
Vimos até aqui que o Estado pelo seu poder supremo, interfere e desenvolve
atividades de natureza fiscal e financeira com o propósito de manter o
desenvolvimento econômico.
Observamos, também, que dentre as atividades fiscal e financeira encontramos
aquelas destinadas à obtenção dos recursos decorrentes da arrecadação das
receitas e obtenção de seus créditos, além daquelas destinadas à regulação por
meio do orçamento e os dispêndios por meio das despesas públicas.
É de suma importância a participação dos gastos públicos em suplemento aos
dispêndios privados, para que haja uma correta regulação do mercado e har-
monia no processo de desenvolvimento econômico.
Para você compreender os assuntos que serão tratados nesta seção, é
importante que recorramos aos ensinamentos dos mestres e pensadores
antepassados, assim como fez Pereira (2003, p. 90-93), destacando as
contribuições de Adolph Wagner e Keynes.
Adolph Wagner, citado por Pereira (2003, p. 90), ao tratar da evolução das
despesas públicas, formulou a denominada “Lei de Wagner”, cuja proposição
foi assim estabelecida:
À medida que cresce o nível de renda em países industrializados, o setor
público cresce sempre a taxas mais elevadas, de tal forma que a participação
relativa do governo na economia cresce com o próprio ritmo de crescimento
econômico do país.
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24
Universidade do Sul de Santa Catarina
Richard Bird, também citado por Pereira (2003, p. 90-91), buscando resumir a
contribuição destacada por Adolph Wagner, indica as razões para a formulação
da referida hipótese de que a participação relativa do governo na economia
cresce com o próprio ritmo de crescimento econômico do país:
A primeira razão está relacionada ao crescimento das funções administrativas
e de segurança que decorrem do processo de industrialização, inclusive o próprio
crescimento do número de bens públicos em virtude de maior complexidade da
vida urbana. A Segunda razão está ligada ao crescimento das necessidades
relacionadas à promoção de bem-estar social (educação e saúde), cuja demanda
deveria crescer com o crescimento econômico do país. A terceira razão é em
decorrência do desenvolvimento de condições para a criação dos monopólios,
motivada por modificações tecnológicas e da crescente necessidade de elevados
investimentos para alguns setores industriais, cujos efeitos teriam que ser
reduzidos pela maior intervenção direta ou indireta do governo no processo
produtivo.
Discorrendo acerca do papel dos gastos públicos e a geração de poupança,
Pereira (2003, p. 92-93) destacou a diferença relativa entre a proposição de
Kenyes e seus antepassados que tinham na poupança o principal elemento da
expansão econômica, estabelecendo que Kenyes ao introduzir o conceito
exante, assim enfatizou:
a diferença entre poupança e investimento definindo que, sempre que as
poupanças desejadas superassem os investimentos planejados, haveria uma
insuficiência de demanda agregada e surgiria a recessão. Assim, o investimento
seria a variável importante e a poupança, por sua vez, simplesmente se
ajustaria, através da renda, ao nível de investimento.
O postulado do pensador, citado por Pereira (2003), parece-nos muito claro ao
definir que, nos momentos de insuficiência de demanda, decorrente,
evidentemente, do elevado nível da poupança, o governo sentiria a real
necessidade de sua influência, assumindo um papel ativo no sentido de
complementar os gastos privados, fosse reduzindo impostos ou realizando
investimentos, incluindo a oferta e concessões ao setor privado para exploração
de atividades que oferecessem reflexos diretos na economia.
Exemplificando, podemos citar que em períodos inflacionários, nos quais há
uma suposta valorização da moeda, os níveis de poupança tendem a subir, o
governo, por sua vez, necessitará intervir gerando estímulo ao setor produtivo,
seja reduzindo imposto, concedendo incentivos ou, até mesmo, promovendo a
expansão de seus serviços.
Pode-se assim dizer que o uso consciente dos meios fiscais do governo –
tributação, gastos e dívida pública, deve ter como objetivo principal neutralizar
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Economia do Setor Público
25Unidade 1
as tendências cíclicas da economia, traduzidas em inflação e recessão,
necessitando o governo de criar condições indispensáveis ao pleno emprego.
É, portanto, natural que o crescimento da despesa pública evolua à medida que
cresce a demanda do setor público e o aumento das necessidades coletivas da
sociedade, mas é preciso ter a visão do contexto econômico e assimilar que as
despesas ou gastos do setor público podem exercer influência direta na
regulação da economia do país.
Atividades de auto-avaliação
Leia com atenção os enunciados e responda as questões.
1. Segundo Baleeiro (1995, p. 129-130), definindo a receita
pública destaca:
a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas,
condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como
elemento novo e positivo.
 Com suas palavras, faça um pequeno comentário acerca das
expressões: “sem quaisquer reservas” e “como elemento
novo e positivo”.
2. Nossa Carta Constitucional, além de retificar o Estado
democrático de direito em que se constitui o Brasil, visa a:
a- ( ) Preparar o cidadão para o exercício da cidadania.
b- ( ) Defender que o poder é central e não emana do .povo.
c- ( ) Determinar que os representantes do povo sejam
.indicados diretamente pelo Presidente da Nação.
d- ( ) O controle da economia sem se preocupar com as
necessidades sociais
e- ( ) Estabelecer que as ações direcionadas ao bem
.comum é responsabilidade da sociedade.
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26
Universidade do Sul de Santa Catarina
3. Pereira (2003, p. 32) destaca: “sabemos que o Estado dispõe
de recursos e instrumentos muito poderosos, como, por
exemplo, o poder de coerção”. Tal poder consiste em:
a- ( ) Instituir e cobrar tributos.
b- ( ) Subsidiar o setor privado visando a incentivar o
.processo econômico.
c- ( ) Separar as ações do governo das atividades ligadas .ao
desenvolvimento econômico.
d- ( ) Definir que o Estado não deve intervir no setor
.econômico.
e- ( ) As alternativas “a” e “b” estão corretas.
4. No início do século XX, a estrutura tributária do Brasil
preocupava-se quase que exclusivamente com os impostos:
a- ( ) Sobre a renda das pessoas físicas.
b- ( ) Sobre a renda das pessoas jurídicas.
c- ( ) Sobre produtos industrializados.
d- ( ) De importação e exportação.
e- ( ) Sobre a circulação de mercadorias e a transmissão .de
serviços – ICMS.
5. Dentre as atividades fiscais do Estado temos:
a- ( ) Atividades de segurança nacional.
b- ( ) Atividades de natureza social.
c- ( ) Atividades de natureza orçamentárias.
d- ( ) Atividades de natureza tributária.
e- ( ) As alternativas “c” e “d” estão corretas.
6. Obter, criar e despender o dinheiro indispensável às
necessidades cuja satisfação está sob a responsabilidade do
Estado, consiste em uma atividade deste, classificada, segundo
Pereira (2003, p. 41), como:
a- ( ) Atividade financeira.
b- ( ) Atividade econômica.
c- ( ) Atividade político-social.
d- ( ) Atividade industrial.
e- ( ) Atividade administrativa.
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Economia do Setor Público
27Unidade 1
7. A faculdade de dispor de capital alheio, isto é, do empréstimo,
mediante promessa de reembolso, é caracterizado dentro das
atividades financeiras do Estado como:
a- ( ) Orçamento público.
b- ( ) Receita pública orçamentária.
c- ( ) Receita pública de natureza extra-orçamentária.
d- ( ) Receitas de caráter contínuo.
e- ( ) Crédito público.
8. De acordo com a Lei de Wagner, à medida que cresce o nível
de renda em países industrializados, o crescimento do setor
público cresce:
a- ( ) Na mesma proporção dos níveis de renda.
b- ( ) Em sentido contrário à expansão da renda.
c- ( ) Sempre a taxas mais elevadas, o mesmo ocorrendo
.coma participação do governo na economia.
d- ( ) De acordo com o nível populacional.
e- ( ) Conforme a variação da moeda.
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Síntese da unidade
Nesta unidade você estudou sobre as diversas funções do Estado na economia.
Em primeiro lugar, estudou a função do Estado como agente preponderante,
as formas e as etapas de sua interferência no processo econômico.
Em segundo lugar, aglutinamos os aspectos relacionados à atividade fiscal de
Estado e, por fim, dialogamos sobre sua atividade financeira, incluindo os
conceitos de: receita, despesa, orçamento e crédito públicos como instrumento
das atividades fiscal e financeira do Estado.
Não é demais relembrar que o Estado, como ente supremo, tem o poder e
direito legal de intervir na atividade econômica, não só para obter os meios de
que necessita para a manutenção de suas atividades mas, também, agir como
elemento estimulador ao processo produtivo de modo a propiciar a geração e
distribuição de renda.
Outro aspecto importante, que você deve lembrar, diz respeito às receitas que
podem ser originárias de uma função desenvolvida pelo Estado ou derivada de
seu poder de coerção, ou seja, do seu poder de tributar, associando-se àquelas
decorrentes dos créditos públicos, ou como conhecidas, das chamadas
operações de créditos.
Finalmente, você estudou que as despesas públicas crescem na mesma direção
da evolução do setor e que, utilizadas de maneira racional pelo Estado, exercem
vital importância na regulação do processo econômico.
Saiba mais
É importante você ampliar os estudos acerca do assunto tratado nesta unidade,
especialmente sobre as Finanças Públicas e o papel do Estado na
economia.
Recomendamos a leitura dos livros apresentados nas referências. Todos tratam
o conteúdo de forma objetiva e com muita profundidade.
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2
Unidade 2
Participação do Estado
na economia brasileira
Objetivos de aprendizagem
 Compreender as diferentes fases da intervenção estatal na
economia.
 Conhecer por que ocorrem as estatizações.
 Conhecer os diversos papéis do Estado na economia.
Seções de estudo
Nesta unidade você vai estudar as seguintes seções:
 Seção 1 Qual a cronologia da intervenção estatal na
economia?
 Seção 2 Quais as razões da estatização?
 Seção 3 Qual o papel do Estado?
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30
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de conversa
Nesta unidade você vai estudar sobre as variadas fases de nossa economia, o
papel destacado do Estado e o porquê das estatizações do passado.
Seu conteúdo foi produzido com auxílio da obra de Fábio Giambiagi e Ana
Cláudia Além. Finanças Públicas. Teoria e Prática no Brasil. 2ª ed. São Paulo:
Campus, 2000.
Você sabe quando iniciou a intervenção estatal na economia?
Sabe quais as razões da estatização?
E qual o papel do Estado?
Se você não sabe responder a estas questões, inicie agora a
leitura desta unidade. No final, retorne a estas questões e
perceba que você tem subsídios para respondê-las.
Seção 1 – Qual a cronologia da intervenção estatal na
economia?
Antes de você conhecer a cronologia da intervenção do Estado na economia
brasileira, é importante saber e avaliar o que Giambiagi e Além (2000, p. 86-
87), classificaram como “o caráter não pré-concebido da participação do
Estado na economia”.
Segundo os autores acima,
a expansão da participação do Estado nas atividades econômicas no Brasil
não decorreu de uma atitude deliberada do Estado com vistas a ocupar o
espaço do setor privado. Em nenhum momento a maior intervenção do Estado
teve a intenção de instalar o socialismo no Brasil. Pelo contrário, o objetivo foi
consolidar o sistema capitalista no país (idem).
Giambiagi e Além (2000, p. 86-87) destacam, pelo menos, quatro aspectos
básicos e inevitáveis que teriam levado a uma maior intervenção do Estado na
economia brasileira, que são:
1) a existência de um setor privado relativamente pequeno;
2) os desafios colocados pela necessidade de enfrentar crises
econômicas internacionais;
3) o desejo de controlar a participação do capital estrangeiro,
principalmente nos setores de utilidade pública e recursos
naturais;
4) o objetivo de promover a industrialização rápida de um país
atrasado.
economia.pmd 16/8/2007, 15:3130
Economia do Setor Público
31Unidade 2
A investidura estatal no setor de produção de bens e serviços, nos idos de
1960, deu-se em decorrência da incapacidade e/ou desinteresse do setor
privado em investir em setores marcados pela necessidade de vultosos recursos
e com longo prazo de maturação dos investimentos.
O Estado, portanto, entra no processo de industrialização com propósito
único de estabelecer proteção ao mercado local, assumindo, além do
papel de planejador, a realização de investimentos em setores
considerados estratégicos para o desenvolvimento industrial brasileiro,
com destaque para a infra-estrutura, especialmente energia elétrica,
telecomunicações e estradas para viabilizar o escoamento da produção.
Pelo menos dois exemplos básicos são destacados
para ratificar essa obrigatória investida do Estado na
economia brasileira, a criação da Companhia Siderúrgica
Nacional e a deterioração dos serviços de telefonia no eixo
Rio de Janeiro e São Paulo, no decorrer dos anos de 1960, o
que tornou inevitável a estatização do setor devido ao alto
montante de recursos requeridos e as dificuldades de se
obter investimentos privados.
Outro aspecto que marcou a intervenção do Estado na economia foi a
existência de setores nos quais fatores tecnológicos e/ou de mercado
apontavam para o monopólio como a estrutura de mercado mais apropriada.
Aqui vamos encontrar os chamados monopólios naturais, onde a
propriedade estatal colocava-se como uma solução para a regulação do
problema (idem).
Portanto, é possível assegurar que o Estado, na verdade, buscou a
ocupação de espaços “vazios” correspondentes às atividades
essenciais para o desenvolvimento econômico e para o
fortalecimento do próprio setor privado e não a ampliação deliberada
da intervenção daquele em detrimento do setor privado.
Observa-se, assim, que nos últimos anos, em virtude do afloramento
da viabilidade de investimentos de capital privado, o Estado, no sentido
de estabelecer uma maior e melhor distribuição da renda e avanços na
economia, vem promovendo a liberação de determinadas atividades ao setor
privado e, desta forma, reduzindo sua intervenção no setor.
 Como ocorreu a intervenção no setor privado antes de
1930?
Neste período, em que pese a importância da intervenção do Estado na
economia, o processo ocorreu de forma desordenada e sem nenhum
planejamento, isto se deu, também, em função do desinteresse de Portugal pelo
Brasil.
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32
Universidade do Sul de Santa Catarina
A situação modificou-se com a descoberta do ouro no século XVIII e, com a
vinda da corte portuguesa para o Brasil, no início do século XIX, o interesse
pelo desenvolvimento da colônia aumentou, formando-se um modesto setor
privado com orientação comercial, período em que, mesmo sendo mínima a
intervenção, o governo passou a exercer um maior controle sobre a colônia.
Como principal ação da esfera estatal daqueles tempos, destaca-se a fundação
do primeiro Banco do Brasil, criado em 1808 e, além disso, o Estado começou
a introduzir normas visando à regulação das ações econômicas, fixando as
tarifas, estabelecendo condições de isenção e incentivos fiscais.
Segundo Giambiagi e Além (2000, p. 87), “a principal atividade econômica na
época era a agricultura. Os principais objetivos do governo eram a expansão da
atividade agrícola; a preservação de boas relações com o capital estrangeiro; e a
estabilidade econômica”.
Acrescentam os autores que, “em relação ao apoio à agricultura,
destacavam-se os esforços de evitar ciclos aguados do café que se
traduziram na política de preços mínimos para o produto. Em 1906
foi assinado pelos três principais produtores de café – São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais – o convênio de Taubaté,pelo qual,
os governos dos estados se engajaram em esquemas de preços
mínimos e de controle da produção”(idem).
O processo de industrialização, além de incipiente, não era a prioridade da
política econômica. Porém, já havia a adoção de tarifas de importação com
objetivo de proteger a produção manufatureira local, tendo o Estado uma
atuação mais marcante nos setores da infra-estrutura, nos quais as relações
externas justificavam os investimentos estatais nas atividades portuária, de
navegação e saneamento.
A intervenção do Estado, naquele período, foi essencial em virtude de que iria
garantir uma rentabilidade mínima aos investidores estrangeiros, o que
possibilitou a realização dos primeiros investimentos no sistema básico de
transporte e utilidade pública, sendo as ferrovias construídas com capital inglês,
que tinham do governo a garantia de uma taxa mínima de retorno do capital
investido.
Finalizando os comentários sobre os acontecimentos
desta época, pode-se concluir que a progressiva
estatização das ferrovias, que ocorrera no início do
século XX, deu-se em virtude de que as garantias de
rentabilidade ao capital estrangeiro tornou-se peso
insustentável para o governo. Assim, o Estado tinha
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LAURA
Realce
Economia do Setor Público
33Unidade 2
que conciliar as taxas de rendimentos adequadas aos investidores e as tarifas
fixadas para os serviços públicos para que elas não se tornassem socialmente
injustas aos usuários.
 Como ocorreu a intervenção no setor privado em 1930?
Este período foi marcado pela crise decorrente das guerras, provocando uma
verdadeira mudança de mentalidade do governo brasileiro, na qual a
industrialização passou a se constituir uma crescente preocupação e prioridade,
especialmente em virtude dos entraves nas transações comerciais com o
mercado externo, gerando dificuldades nas importações e provocando retração
do processo de produção.
Estes fatores acabaram constituindo-se em importantes marcos para a
industrialização, em virtude de que a impossibilidade de importação
mostrou ao governo a necessidade de diversificação do setor industrial,
servindo de atenuante à vulnerabilidade externa e estímulo ao
crescimento da indústria local.
Nesta década, a ação do Estado manifestou-se de forma mais atuante em
relação aos instrumentos de regulação, notadamente sobre o controle de
preços básicos, incluindo água, eletricidade, gasolina e outros, além do
estabelecimento de tetos para as taxas de juros e a criação de autarquias,
sempre com o enfoque voltado à proteção do mercado local.
Outro marco deste período, sem dúvida, consiste no fato de que a União
assumiu, de vez, a responsabilidade pela fixação de preços e controle da
produção de um setor da economia, ao tomar para si as ações voltadas à
sustentação do preço do café. Associado a esse fator foi, também em 1930,
introduzido o controle do câmbio que indiretamente surtiu efeito na proteção
do setor industrial brasileiro.
O poder regulatório do governo expandiu-se com a criação das autarquias que
em colaboração com os produtores, regulavam a produção, os preços e
auxiliavam no financiamento de construção de armazéns e outros
componentes de produção. Em 1934 foi criado o Código das Águas, dando ao
governo o poder de fixar tarifas de eletricidade, tendo elas a peculiaridade de
garantir a rentabilidade máxima de 10% sobre o capital investido e, finalmente,
em 1937, outro fato de relevante importância para o desenvolvimento
econômico do país deu-se com a criação da Carteira de Crédito Agrícola e
Industrial do Branco do Brasil, garantindo a oferta de empréstimos de prazo
mais longo para os estabelecimentos industriais.
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34
Universidade do Sul de Santa Catarina
 Como ocorreu a intervenção no setor privado na década de
1940 e 1950?
Este período foi marcado por sucessivos acontecimentos que marcaram
significativamente a participação do Estado na economia, os quais
destacaremos para que você possa entender o processo:
1) Este período foi o marco do início de formação do setor
produtivo estatal, em decorrência da preocupação de garantir
o andamento do processo de industrialização, para o qual era
importante que não houvesse falta de insumos de produção,
caracterizando-se também este período pela necessidade de
garantir o que se convencionou chamar de segurança e
soberania nacional, estabelecendo uma espécie de freio às
interferências do mercado externo.
2) Consolidação do compromisso do governo com o
desenvolvimento econômico, com a instalação do primeiro
setor empresarial público, gerado pela criação da Companhia
Siderúrgica Nacional – CSN, em 1942, sendo esta resultante
das dificuldade geradas pela Segunda Guerra Mundial, das
fragilidades do setor privado e da convicção entre militares
de que uma empresa de aço nacional se constituía em um
aspecto importante em termos de segurança nacional.
3) As ações do governo não pararam por aí. Naquele mesmo
ano foi criada a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O
Banco Nacional de Desenvolvimento Ecônomico (BNDE),
também decorrente da fragilidade do mercado de capitais
privado e da necessidade do Estado de fornecer
financiamentos em prazos mais longos e com menores
custos, para que não houvesse queda no processo de
desenvolvimento.
4) Juntamente à criação do BNDE, mais tarde BNDES, foi
também instituído o Programa de Reaparelhamento
Econômico, visando à modernização da infra-estrutura,
ficando o BNDES com a finalidade de manter o
financiamento necessário ao crescimento e modernização do
setor, incluindo em suas funções o fomento e o
financiamento das indústrias pesadas.
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Economia do Setor Público
35Unidade 2
5) Em 1953, também com a finalidade de reduzir a
vulnerabilidade do país aos choques externos, incrementar a
garantia da segurança nacional e fortalecimento da soberania
do país, foi criada a PETROBRÁS, consolidando-se num
ponto marcante do setor produtivo estatal, que surgiu de uma
forte aliança entre militares e tecnocratas em favor da
expansão do processo de desenvolvimento.
6) Em 1950, o então Presidente Jucelino Kubitschek, implantou
a máxima “50 anos em 5”, sacramentando o pensamento
desenvolvimentista no Brasil, tendo por objetivo a plena
sustentação do processo de industrialização.
7) Outro marco deste período diz respeito à introdução do
planejamento pró-industrialização do país com a implantação
do Plano de Metas em 1957, priorizando o aprofundamento
da estrutura industrial. Para tanto, caberia ao Estado os
investimentos nos setores de energia, transporte, e em
atividades industriais básicas como o refino do petróleo e
siderurgia, além de incentivos aos investimentos privados
para expansão e diversificação do setor industrial, dando
ênfase nos setores de produção de insumos básicos e bens de
capital.
8) O esforço para a manutenção do desenvolvimento pautou-se
num tripé, composto pelos capitais estatal, multinacional e
privado nacional, sendo os dois primeiros “pés” formados
pelos investimentos estatal e multinacional, havendo uma
verdadeira complementaridade entre ambos. O Estado ficou
responsável pelo investimento pesado em infra-estrutura
básica, incluindo energia elétrica e transporte. Já, o capital
estrangeiro, pelos investimentos na indústria metal-mecânica.
Ao capital privado nacional coube, especialmente, o
investimento em setores de distribuição e fornecedores para
as grandes empresas multinacionais, destacando-se as de
autopeças.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
9) Como incentivo ao investidor privado local, de acordo com
(idem, p. 91), destacaram-se:
a) fácil acesso e condições favoráveis à obtenção de
financiamento externo;
b) créditos de longo prazo com baixa taxa de juros;
c) reserva de mercado interno para os novos setores
industriais a serem criados.
10) Na década de 1950 ocorreu a difusão do controle de
preços, no qual as tarifas dos serviços de utilidade
pública, além da energia elétrica, abrangerama
telefonia e o transporte público. Outros preços
considerados básicos como aluguéis, alimentos,
gasolina etc, também foram incluídos no sistema de
controle de preços. O controle dos preços dos
alimentos era realizado pela Comissão Federal de
Abastecimento e Preços (COFAP), que
posteriormente transformou-se na Superintendência
Nacional de Abastecimentos (SUNAB).
11) Fechando este ciclo, destaca-se que havia grandes
interesses em manter as tarifas públicas em níveis
acessíveis com objetivo de promover o crescimento
industrial e subsidiar o consumidor, o que fez com que o
Estado passasse, paulatinamente, a assumir a
responsabilidade pelas atividades ligadas à geração e
distribuição de eletricidade, transporte público e
telecomunicações, fato que se consolidou com a
criação da Companhia Hidrelétrica do Rio São Fran
cisco (CHESF), FURNAS, Centrais Elétricas de
Minas Gerais (CEMIG) e a Centrais Elétricas de São
Paulo (CESP), indispensáveis ao fornecimento de
energia adicional para a expansão da economia.
Como ocorreu a intervenção no setor privado na década de
1960 e 1970?
No decorrer dos anos de 1960 e 1970, continuando com o objetivo de ocupar
os espaços vazios da estrutural industrial, o Estado prosseguiu dilatando sua
participação direta no setor produtivo e, nesse sentido, foi fundamental a forte
aliança entre tecnocratas e militares, sacramentando-se este período, em nível
mundial, como o auge da participação estatal na economia.
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Economia do Setor Público
37Unidade 2
Segundo Giambiagi e Além (2000, p. 92-93), as razões que ditaram a expansão
das empresas estatais no Brasil são:
1) a política de inflação corretiva de meados dos anos 1960, que
aumentou a disponibilidade de recursos;
2) o efeito composição”, associado ao fato de que as estatais
atuavam nos setores que lideravam o crescimento na época,
ligados à expansão da taxa de investimento;
3) a abundante oferta de recursos dos organismos multilaterais;
4) a proliferação do processo de criação de subsidiárias a partir
de uma “estatal-mãe”, e
5) a liberdade administrativa das empresas para contratar e
pagar salários elevados.
No decorrer dos anos 60, o sistema de telefonia foi estatizado em virtude da
brusca queda na qualidade dos serviços telefônicos, surgindo, nesta década, a
holding da Eletrobrás e, posteriormente, em 1972, a Telebrás, ocorrendo,
também, a criação de subsidiárias pela Petrobrás e pela Companhia Vale do Rio
Doce.
Surge, em 1974, em meio à crise mundial com o primeiro choque do petróleo,
o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (IIPND), tendo como princi-
pal objetivo promover o desenvolvimento dos setores produtores de insumos
básicos que permaneciam acanhados. Tais ações acabaram por garantir a
manutenção das altas taxas de crescimento em relação ao PIB.
O governo tinha, naquela época, duas preocupações básicas:
 a primeira delas era completar o processo de substituição de
importações;
 a segunda aumentar as exportações o que, por um lado,
tornava o país menos vulnerável aos choques externos e, do
outro, o aumento da geração de moeda forte decorrente das
vendas externas, promovidas por uma maior participação de
bens intermediários.
O Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento ao mesmo tempo em que
representou o auge da intervenção estatal na economia, constituiu-se, também,
no início da crise do setor produtivo estatal em virtude da desaceleração do
crescimento provocado pelo primeiro choque do petróleo em 1973, exigindo
do governo brasileiro, em decorrência da necessidade de geração de divisas, a
introdução de um ousado programa de investimentos estatais, o que somente
foi viabilizado com o aumento das importações e do endividamento externo
do país.
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38
Universidade do Sul de Santa Catarina
O objetivo do governo, naquele período, era manter o
investimento estatal nos setores de infra-estrutura
econômica e serviço público, energia elétrica, transportes e
comunicação, estendendo-se, também, às áreas de
desenvolvimento social, aí incluídas a saúde, educação e
seguridade social.
Complementarmente, dá-se a manutenção dos investimentos estatais nos
setores monopolizados pelo Estado (extração e refino de petróleo),
ficando o setor privado com a responsabilidade pela indústria
manufatureira.
Considerando que o pilar do plano de desenvolvimento era representado pelos
elevados montantes de investimentos no Sistema Eletrobrás, da Petrobrás, da
Siderbrás, da Telebrás, além de outras, chega-se à conclusão de que as empresas
estatais foram os principais instrumentos utilizados na manutenção da
estratégia de “crescimento com endividamento”, pois tiveram seus passivos
elevados com a capitação externa de recursos devido à restrição do acesso ao
crédito interno.
Finalmente, como resultado do período, ocorreu uma forte redução dos
aportes de capital na empresas estatais, decorrente dos objetivos
antiinflacionários que faziam com que as tarifas públicas fossem reajustadas
abaixo da inflação, além de exigir grande corte nos gastos orçamentários,
provocando a deterioração da receita tributária.
De positivo tem-se que o Segundo Plano Nacional de
Desenvolvimento foi bem-sucedido no que diz respeito aos
ganhos de dólares no comércio exterior.
Seção 2 – Quais as razões da estatização?
Para destacarmos as razões da estatização, vamos subdividir esta seção em três
aspectos básicos, os motivos clássicos, a correlação com outros países e as
características brasileiras.
 Quais os motivos clássicos?
Procedendo a uma avaliação da intervenção do Estado na economia brasileira,
(GIAMBIAGI e ALÉM, 2000, p. 95-96), destacam como principais
justificativas:
a) a falta de “apetite” do setor privado para entrar em algumas
áreas;
b) a existência de setores caracterizados por apresentar
economias de escala;
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Economia do Setor Público
39Unidade 2
c) a presença de externalidades;
d) motivos políticos/nacionalistas;
e) o controle de áreas com recursos naturais escassos”.
Em primeiro plano observa-se que, em decorrência da incapacidade do setor
privado para arcar com projetos específicos de desenvolvimento, o Estado,
com objetivo de promover a industrialização, se viu forçado a assumir os
investimentos básicos nas áreas de infra-estrutura, serviços de utilidade pública
e indústria de base.
Constata-se, entretanto, que esta não foi uma
exclusividade do governo brasileiro, haja vista que este
processo de estatização também ocorreu nos demais países
em desenvolvimento, sendo comum em todos a
inexistência de um mercado de capitais eficiente que os
tornassem independentes de capitais externos.
Em segundo plano, a intervenção estatal direcionou-se para setores marcados
pela economia de escala, incluindo-se, inicialmente, a energia elétrica,
telecomunicações e aço, os quais, em razão das condições técnicas, requeriam
uma redução do número de empresas e conseqüente aumento nas escalas, o
que se considerava como necessidade de uma produção eficiente.
Como terceiro plano das razões da estatização, observa-se a intervenção do
Estado em setores geradores de externalidades positivas. O Estado passa a
atuar de forma direta e/ou concedendo benefícios e incentivos para a
viabiliazação de setores e atividades de reconhecido interesse social como, por
exemplo, a eletrificação rural. Porém, neste caso, verifica-se a exclusão das
estatais e a atuação direta do governo na construção de rodovias, assegurando
melhorias no setor de transporte para garantir o escoamento da produção.
Concluindo, observa-se o crescimento de motivos nacionalistas, associados à
necessidade de garantia de segurança e soberania nacional, impulsionando a
intervenção estatal na economia, agrupando-se, a estes fatores, a necessidade
de controle de áreas de recursos naturais escassos como o setor de Petróleo.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
 Qual a correlação com outros países?
O período, após a Segunda Guerra Mundial, em 1945,foi marcado por uma
significativa ampliação da intervenção do Estado na economia, não apenas no
Brasil, mas em nível internacional, o que se convencionou chamar de “Novo
Estado Keynesiano-desenvolvimentista” destacando-se, neste contexto, o
crescimento do desenvolvimento do Estado do Bem-Estar, com o incremento
dos serviços sociais, incluindo educação, saúde e infra-estrutura urbana.
Nos países menos desenvolvidos, a intervenção do Estado era tida como
complementaridade entre os capitais públicos e aqueles do setor privado, e,
além disso, a ação crescente do Estado destacou-se no sentido de
complementar o sistema produtivo. Giambiagi e Além (2000, p. 97) ressaltam
que estas ações ocorreram via:
a) investimento direto em setores estratégicos para o
desenvolvimento da economia, principalmente no que diz
respeito ao fornecimento de insumos básicos e à constituição
dos setores de infra-estrutura;
b) planejamento do desenvolvimento econômico, com a
explicitação de metas setoriais a serem atingidas;
c) apoio financeiro a setores considerados estratégicos em
dificuldades financeiras.
Observa-se, portanto, que a ação direta do Estado nas
diversas atividades econômicas constituiu-se uma
característica comum na maioria dos países em
desenvolvimento, notadamente naqueles que visaram a um
processo rápido de crescimento.
 Quais as características brasileiras?
Segundo Giambiagi e Além (2000, pp. 97, 98), as grandes estatais no Brasil
ocuparam os espaços vazios associados a setores estratégicos para o
desenvolvimento econômico, nos quais os investimentos caracterizavam-se
pelo alto nível de capital, baixo custo e longos prazos de maturação dos
investimentos. Acrescentam os autores que os principais fatores da crescente
ação do Estado na economia brasileira foram:
a) a necessidade de solucionar os problemas de Balanço de
Pagamentos;
b) o objetivo de controlar as atividade de empresas estrangeiras,
principalmente no setor de utilidades públicas e exploração
de recursos naturais;
c) a priorização de um projeto de industrialização acelerado de
uma economia atrasada.
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Economia do Setor Público
41Unidade 2
Em que pese o Brasil ter seguido uma tendência comum a outros países,
alguns fatores permitiram que tivéssemos um melhor desempenho até o
período da década de 1980. Dentre esses fatores podemos destacar o
próprio crescimento brasileiro viabilizando as estatais intensivas em capital
para obter economias de escala, o que não foi possível em outros países. O
governo autoritário limitante do poder dos sindicatos dentro das estatais e a
eliminação do poder do Congresso de supervisionar-lhe as operações, além da
concentração de esforço, com o propósito de realizar o projeto de
industrialização, foram, também, marcos do sucesso brasileiro.
Outro fato marcante do Estado Desenvolvimentista no Brasil foi, sem
dúvida, o viés nacionalista/desenvolvimentista assegurado pela forte aliança
entre militares e tecnocratas e a confiança da comunidade financeira
internacional, o que também não foi possível em outros países devido à pouca
atuação dos militares no governo.
Finalmente, como características e resultados marcantes da intervenção estatal
na economia brasileira podemos destacar:
a) crescimento da burocracia na órbita da administração
indireta, aflorando-se institutos quase que autônomos, fundos
e fundações e uma crescente importância das agências
descentralizadas na condução da política econômica do
governo;
b) o nível de emprego público mais que triplicou, passando de 1
milhão nos anos de 1950 para 3,5 milhões em 1973;
c) o número de autarquias federais passou de 140 em 1970, para
170 em 1975, sendo o crescimento mais expressivo o número
de empresas estatais federais que, de 48 em 1960 passou para
87 em 1969 e para 185 em 1979, além da diversificação das
atividades das grandes estatais por meio da criação de
subsidiárias, exemplo do caso da Petrobrás que passou
também a investir nas áreas de petroquímica e fertilizantes;
d) em última escala, cita-se a ampliação dos instrumentos
regulatórios como controle da taxa de câmbio, fixação de
tarifas, barreiras alfandegárias, subsídios, controle de
preços etc.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 3 – Qual o papel do Estado?
Nesta seção você vai estudar os diversos papéis assumidos pelo Estado
brasileiro no desenvolvimento econômico, em decorrência do nível de atraso
dos diversos setores da economia.
Ao longo desta seção, você vai observar que no processo de expansão da
economia o governo atuou de diversas formas, especialmente como regulador,
financiador e agente produtor. Ora mediante a concessão de subsídio ao setor
privado, ora financiando os esforços de investimento privado em setores
estratégicos e, ora investindo diretamente em setores de infra-estrutura e
utilidade pública. Salientando-se que entre 1968 e 1974 foram criadas 231
novas empresas estatais no Brasil.
 Como foi o Estado como agente regulador?
Ao Estado coube estabelecer e exigir o cumprimento de normas de
comportamento mediante leis antitrustes (contrárias aos grandes monopólios
americanos) e de agências que assegurassem uma conduta competitiva e a
regulação dos monopólios naturais. Além de manejo de políticas fiscal e
monetária visando a controlar as flutuações econômicas e influenciar a
distribuição de renda e a direção do crescimento, cabendo, ainda, influenciar,
de forma indireta, a alocação de recursos ao setor em desenvolvimento, o que
equiparava nossa experiência ao modelo anglo-saxão tradicional.
Sempre tendo como meta a superação do atraso, mediante o processo de
industrialização, o Brasil perseguiu vários objetivos, sendo os mais importantes:
a) limitar as importações;
b) diversificar as exportações;
c) reduzir o consumo de petróleo;
d) desenvolver fontes domésticas de energia;
e) encorajar o desenvolvimento agrícola;
f) proteger firmas domésticas;
g) promover a transferência de tecnologia avançada.
Verifica-se que para atingir estes objetivos foi necessário emergir o
papel regulador do Estado, incluindo funções clássicas de alocação,
estabilização e distribuição, calcadas na prática de instrumentos tradicionais
como: políticas monetária, fiscal e creditícia, políticas de comércio
exterior e controle de câmbio e preços etc., que formam o contexto das
medidas da política econômica do país.
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43Unidade 2
Data do início do século o controle dos preços, da produção e do
comércio exterior, quando os governos estaduais
implementaram programas de garantia de preços mínimos para
o café, que posteriormente à Grande Depressão dos anos 1930,
passou à responsabilidade do governo federal, tendo por
objetivo o controle da produção, ampliando-se a abrangência do
programa de apoio introduzido aos produtos como açúcar, sal e
madeira.
Como papel fundamental no conjunto de instrumentos reguladores do Estado,
em proteção ao mercado doméstico, vieram os controles cambiais e de
importações. A partir da década de 1930, foram os serviços de utilidade pública
que entraram no sistema de controle do governo, em destaque, os aluguéis e
alimentos da cesta básica. Já nos idos de 1970, com o advento do Conselho
Interministerial de Preços – (CIP), outros produtos industriais básicos também
tiveram seus preços controlados pelo Estado, remanescendo, desde aquela
época, a atribuição do governo de fixação do salário mínimo.
O sistema de incentivos fiscais e linhas de créditos subsidiadas, associadas às
intervenções das agências governamentais regulando as decisões privadas com
a fixaçãode tarifas, preços e salários, incluindo a aprovação de licenças de
exportação, isenções de impostos de importação, e compras de tecnologia
estrangeira, constituíram-se em outro importante estímulo aos investimentos
nas áreas atrasadas no Brasil, especialmente a partir de 1964 com a proliferação
das agências para assegurar o controle sobre os preços, a produção e o
comércio exterior.
 Como foi o Estado como órgão financiador?
São vários os fatores associados à intervenção do setor público no sistema
financeiro brasileiro, dentre os quais, (idem, p. 100-101), ressaltam:
a) seu papel importante em atividades bancárias comerciais e de
desenvolvimento;
b) as reformas dos anos 1960, que tinham como objetivo
modernizar o mercado de capitais brasileiro;
c) a crescente importância dos programas de crédito subsidiados
nos anos 1970.
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Os autores citados destacam também as principais mudanças registradas pelas
reformas dos anos 60:
a) introdução de um sistema de correção monetária para
proteger as transações financeiras dos efeitos dos níveis altos
de inflação;
b) as novas regras e regulamentações para as instituições
financeiras, para melhorar o acesso das firmas brasileiras ao
financiamento e à capitalização;
c) um sistema de financiamento habitacional.
O objeto principal das ações do conjunto de instituições financeiras estatais era
incentivar o desenvolvimento de setores estratégicos para o quais, as fontes de
financiamentos privados não eram adequadas. Os principais organismos
estatais eram o Banco do Brasil, criado em 1908, com função específica de
concessão de crédito agrícola e apoio às exportações e, a Caixa Econômica
Federal (CEF), criada em 1861, cuja função principal era o financiamento do
setor de habitação, além do já destacado BNDES, criado em 1952.
Na atualidade, o Banco do Brasil mantém a função de principal instituição
financiadora do crédito à agricultura e, naquele período, os empréstimos à
agricultura eram significativamente subsidiados, chegando a ser
remunerado a taxas de juros negativas. Conjuntamente, o Banco Nacional
de Desenvolvimento (BNH) e a Caixa Econômica Federal formavam o
Sistema Nacional de Habitação (SNH) criado pela reforma de 1964/66,
nos quais o objetivo principal era disponibilizar o crédito de longo prazo
para a compra de moradia, sendo que com a extinção do BNH. A Caixa
Econômica Federal continua sendo a principal fonte de crédito ao setor
de habitação.
Finalizando este papel de financiador destaca-se o papel do BNDES,
criado pela Lei n.º 1628 de 1952, com a denominação de BNDE, tendo
como função primordial financiar a infra-estrutura indispensável ao incremento
do processo de industrialização brasileiro, constituindo-se, se não a única, mas
a principal fonte de financiamento a investimentos de longo prazo no Brasil.
Os financiamentos do BNDE concentraram-se, inicialmente, nos setores de
transportes, energia e siderurgia, aumentando seu leque de atuação com a
concessão de financiamento ao setor privado a contar de 1960. O banco
consagrou-se como o pilar da execução do Segundo Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND).
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 Como foi o Estado no papel de produtor?
Giambiagi e Além (2000, p. 101), ao discorrerem acerca do papel de produtor
do Estado, enfatizam que, “ao final da década de 1970 havia cerca de 700
empresas estatais, das quais aproximadamente 250 eram federais; 360 estaduais;
e 100 municipais”.
Acrescentam os autores que: “Em 1974, uma pesquisa mostrou que dentre as
5.113 maiores sociedades anônimas, mais de 39% de seus patrimônios líquidos
pertenciam a empresas públicas, 18% a empresas estatais, e 43% a empresas
privadas nacionais. As empresas estatais controlavam 16% das vendas
totais, as multinacionais 28%, as firma privadas nacionais, 56 % do
total” (idem).
O Estado empresário brasileiro direcionava sua atuação nas áreas de
mineração, infra-estrutura e serviços de utilidade pública, conte xto
em que as empresas estatais eram responsáveis por uma considerável
fatia do faturamento e do patrimônio líquido.
No campo da indústria de transformação a participação estatal foi
importante nos setores de metalurgia e químicos. Nos aspectos
siderúrgicos a Usiminas e a Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA),
associados à CSN – Companhia Siderúrgica Nacional dominavam o setor, com
a Petrobrás comandando o setor de exportação, refino do petróleo e um
incremento na distribuição de gasolina.
As estatais dominavam também o setor de mineração, face ao controle de 86%
do patrimônio líquido das 500 maiores empresas brasileiras, configurando-se a
Companhia Vale do Rio Doce, como a principal estatal do setor.
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Atividades de auto-avaliação
Leia com atenção os enunciados e responda:
1. Revendo os enunciados acerca da cronologia da intervenção
estatal na economia, comente, pelo menos um, dos quatros
aspectos básicos destacados por Giambiagi e Além.
2. As décadas de 1940 e 1950 marcaram significativamente a
participação do Estado na economia brasileira. Além da
preocupação com a falta de insumos de produção, aflorou,
também, outro marco que se caracterizou pela necessidade de
garantir o que se chamou de:
a- ( ) Aliança entre militares e tecnocratas.
b- ( ) A ocupação dos espaços vazios deixados pelo setor
privado.
c- ( ) Segurança e soberania nacional.
d- ( ) O aprofundamento do da estrutura industrial
e- ( ) O desenvolvimento nacional
3. Dentre as principais justificativas para a intervenção do
Estado na economia, citamos:
a- ( ) A presença de externalidades.
b- ( ) Motivos políticos/nacionalistas.
c- ( ) A falta de “apetite” do setor privado para entrar em
algumas áreas.
d- ( ) Existência de setores caracterizados por apresentar
economias de escala.
e- ( ) Todas as alternativas estão corretas.
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Economia do Setor Público
47Unidade 2
4. Segundo os principais fatores da crescente ação do Estado
na economia brasileira, temos “o objetivo de controlar as
atividades de empresas estrangeiras, principalmente no setor
de utilidades públicas e exploração de recursos naturais”.
Trace um pequeno comentário acerca deste fator.
5. Tendo como meta a superação do atraso mediante o
processo de industrialização, o Brasil perseguiu vários
objetivos. Dentre eles:
a- ( ) Diversificar as exportações e limitar as importações.
b- ( ) A crescente importância dos programas de crédito
subsidiados em 1970.
c- ( ) Encorajar o desenvolvimento agrícola e proteger firmas
domésticas.
d- ( ) Um sistema de financiamento habitacional.
e- ( ) As alternativas “a” e “c” estão corretas.
6. No papel de Estado Produtor, as estatais dominavam o setor
de mineração. Este domínio dava-se em decorrência do
controle de:
a- ( ) 16 % das vendas totais do país.
b- ( ) 39 % do patrimônio líquido das 5.113 sociedades
anônimas do país.
c- ( ) 86 % do patrimônio líquido das 500 maiores empresas
brasileiras.
d- ( ) 700 empresas estatais do país.
e- ( ) 360 empresas estatais.
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Síntese da unidade
Nesta unidade você deu continuidade aos estudos relativos às diversas fases de
nossa economia, destacando os períodos anteriores à década de 1930 até o final
do milênio.
Você também conheceu os motivos clássicos, a correlação com outros países e
as características brasileiras em relação à estatização de alguns setores de nossa
economia, além de conhecer as funções e/ou papéis que o Estado teve de
assumir, ao longo dos tempos, de produtor, financiador e regulador do sistema
econômico.
Saiba mais
Você, que pretende ampliar seus conhecimentos acerca

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