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Fármacos Procinetícos: Estimulando a Função Motora do Intestino

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PROCIN
ÉTICOS  
1. INTRODUÇÃO  
Fármacos procinéticos ​são capazes 
de estimular seletivamente a função 
motora do intestino, apresentan do 
significativa utilidade clínica. Por 
exemplo, fármacos que aumentam a 
pressão do esfíncter esofágico 
inferior são úteis na doença do 
refluxo gas troesofágico (DRGE), já 
os que me lhoram o esvaziamento 
gástrico são úteis na gastroparesia 
e no retardo do esvaziamento 
gástrico pós-cirúrgico, enquanto os 
agentes que estimulam o intestino 
delgado são benéficos para o íleo 
pós-operatório ou para a 
pseudo-obstrução intestinal crônica. 
Por fim, os agentes que intensificam 
o trânsito colônico podem ser úteis 
no tratamento da constipação.  
O controle da atividade contrátil do 
trato gastrointestinal (TGI) é comple 
xo e tem contribuições dos próprios 
músculos e epitélio deste trato, as 
sim como dos nervos locais do ​sis 
tema nervoso entérico (SNE), ​do 
sistema nervoso ​autônomo ​(SNA) e 
hormônios circulantes. Entretanto, o 
regulador mais importante da 
função intestinal fisiológica é o SNE 
- exten so conjunto de nervos que 
constitui a terceira divisão do SNA 
e sua única parte constituinte 
verdadeiramente capaz de 
funcionar autonomamente   
se separada do sistema nervoso 
cen tral (SNC).  
HORA DA REVISÃO!  
O SNE está localizado dentro das pare 
des do trato gastrointestinal e 
organiza- -se em duas redes de 
neurônios e fibras nervosas 
interligadas: o plexo mioenté rico, 
localizado entre as camadas mus cular 
circular e longitudinal; e o plexo 
submucoso, localizado na submucosa. 
Enquanto o plexo mioentérico é o 
maior responsável pelo controle 
motor, o plexo submucoso regula a 
secreção, transpor te de líquidos e 
fluxo sanguíneo.  
A liberação de serotonina estimula os 
receptores de serotonina (5-HT) nos 
nervos aferentes extrínsecos, estimu 
lando a ocorrência de náusea, vômitos 
ou dor abdominal. A serotonina 
também estimula os receptores 
5-HT1P submu cosos dos nervos 
aferentes primários intrínsecos (NAPI), 
que contêm o pep tídeo relacionado 
com o gene da calci tonina (CGRP) e a 
acetilcolina, que se projetam para 
interneurônios do plexo mioentérico.   
Os interneurônios mioentéricos são im         
portantes no controle do reflexo peris           
táltico, promovendo a liberação de me           
diadores excitatórios proximalmente e   
de mediadores inibitórios distalmente. 
Já a motilina pode estimular diretamen 
te os neurônios excitatórios ou as célu 
las musculares, enquanto a dopamina 
atua como neurotransmissor inibitório 
no trato gastrintestinal, diminuindo a in 
tensidade das contrações esofágicas e 
gástricas. 
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​4 
Figura 1, ​Peristalse. A estimulação da mucosa provoca a liberação de serotonina pelas células enterocromafins (8), que excitam 
os neurônios aferentes primários intrínsecos (1) que, por sua vez, comunicam-se com os interneurô nios ascendentes (2) e 
descendentes (3) das vias reflexas locais. O reflexo resulta na contração do segmento oral via neurônio motor excitatório (6) e no 
relaxamento do segmento aboral via neurônio motor inibitório (5). Nessa imagem, o complexo mioelétrico migratório está 
ilustrado como se fosse conduzido por uma cadeia diferente de interneurônios (4). Além disso, a figura ilustra outro neurônio 
aferente primário intrínseco com seu corpo celular na submucosa (7).   
Legenda: ​PM, plexo mioentérico; MC, músculo circular; ML, músculo longitudinal; SM, submucosa; Muc, mucosa. 
Fon te: ​Brunton, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica, 2012.  
Os agentes procinéticos são fárma 
cos que estimulam a motilidade do 
TGI de modo coordenado, favorecen 
do o trânsito do bolo alimentar. 
Embo ra a acetilcolina (ACh) 
liberada pelos neurônios motores 
primários do plexo mioentérico seja 
o mediador imediato principal da 
contratilidade muscular, a maior 
parte dos fármacos prociné ticos 
age “antes” da ACh, nos locais   
receptores do próprio neurônio 
motor, nos neurônios ou células não 
neuro niais situadas uma ou duas 
posições distantes dele.   
O fluxograma a seguir demonstra as 
principais classes dos agentes 
prociné ticos mais utilizados na 
prática clínica e seus respectivos 
fármacos. Discutire mos adiante 
cada uma das classes. 
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​5 ​PRINCIPAIS FÁRMACOS PROCINÉTICOS 
Metoclopramida  
PROCINÉTICOS  
Antagonistas 
dopaminérgicos   
Moduladores 
serotoninérgico
s  
Colinomimético
s Macrolídeos  
Domperidon
a 
Bromoprida 
Cisaprida  
Prucaloprid
a 
Neostigmin
a 
Eritromicina  
2. FARMACOTERAPIA 
Antagonistas dopaminérgicos   
A dopamina está presente em quan 
tidades significativas no TGI, produ 
zindo efeitos inibitórios na 
motilidade, incluindo redução das 
pressões do esfíncter esofágico 
inferior e intra gástricas, que 
resultam da supressão da liberação 
da ACh pelos neurônios motores 
mioentéricos, sendo estes efeitos 
mediados pelos receptores 
dopaminérgicos D2. Há também blo 
queio dos receptores dopamínicos 
D2 na zona de gatilho 
quimiorreceptora   
do bulbo (área postrema), resultan 
do em poderosa ação antináusea e 
antiemética.  
Os três principais fármacos 
represen tantes dessa classe são 
metoclopra mida, domperidona ​e 
bromoprida. ​Destes, apenas a 
metoclopramida está atualmente 
disponível no Siste ma Único de 
Saúde (SUS).  
A ​metoclopramida ​apresenta meia 
vida entre 4 a 6 horas após o uso e 
pode ser prescrita nas formas oral, 
in travenosa ou intramuscular. 
Apresen ta majoritariamente 
excreção renal.   
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​6  
Para adultos, a dose 
máxima diária   
Usos clínicos  
recomendada é 30 mg  com dura ção de  tratamento máxima de 5 
dias. Após a dose oral, o 
pico plasmático é 
alcançado em 30 a 60 
minutos.   
A dose de ​Domperidona 
deve ser a menor dose 
eficaz para a situação 
individual (tipicamente 
30 mg/dia) e pode ser 
aumentada, se 
necessário, a uma dose 
diária oral máxima de 40 
mg. A duração inicial do 
tratamento é de quatro 
semanas, devendo o pa  
ciente ser reavaliado 
após esse pe ríodo 
quanto a necessidade de 
con tinuação do 
tratamento. A posologia 
desta droga é: 10 mg (1 
comprimido ou 10 mL da 
suspensão), 3 vezes ao 
dia, 15 a 30 minutos 
antes das refei ções e, se 
necessário, 10 mg ao dei 
tar-se, respeitando a 
dose diária má xima de 
40 mg (4 comprimidos de 
10 mg ou 40 mL de 
suspensão oral).  
Em relação a 
bromoprida​, a dose 
máxima recomendada é 
de 60 mg/ dia, devendo 
ser administrado 10 mL 
(10 mg) de 12/12h ou de 
8/8h.  
SE LIGA! ​O efeito colateral 
resultante do bloqueio dos 
receptores D2 na zona de 
gatilho quimiorreceptora produz 
ação antiemética importante, 
colaborando para a eficácia 
terapêutica do tratamen  
to instituído com uso de 
antagonistas dopaminérgicos 
para pacientes com distúrbios 
de motilidade no TGI, já que 
náuseas e êmese são sintomas 
comuns nestes pacientes.   
 
Doença do refluxo 
gastreso fágico (DRGE) 
– Esses fárma cos podem 
ser usados para tra 
tamento da DRGE 
sintomática,   
porém não são efetivos 
para pa cientes com 
esofagite erosiva. Por 
conta da eficácia e 
segurança superiores 
dos agentes antisse 
cretores no tratamento 
da piro se, os fármacos 
procinéticos são 
prescritos, geralmente, 
em asso ciação com 
fármacos antissecre tores 
em casos de pacientes 
com regurgitação ou 
pirose refratária.  
Comprometimento do 
esva ziamento gástrico ​– 
A meto clopramida e a 
domperidona são 
amplamente prescritas 
para o tratamento de 
pacientes com 
esvaziamento gástrico 
tardio, de etiologia 
pós-cirúrgica (vagoto 
mia, antrectomia) e para 
gastro paresia diabética. 
A metoclopra mida pode 
ser administrada em 
pacientes hospitalizados 
para fa cilitar a 
introdução de sondas de 
alimentação 
nasoentérica.   
Dispepsia não ulcerosa ​– 
Agen tes antagonistas da 
dopamina levam a uma 
melhora sintomá tica em 
um pequeno número de 
pacientes com dispepsia 
crônica.  
Prevençãodos vômitos ​– 
Em virtu de de sua 
poderosa ação antiemé 
tica, a metoclopramida e 
a dompe ridona são 
usadas na prevenção e   
no tratamento dos 
vômitos.  
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​7  
Efeitos colaterais  
Em 10 a 20% dos pacientes em uso 
de metoclopramida, principalmente 
idosos, ocorre inquietação, sonolên 
cia, insônia, ansiedade e agitação. 
Em 25% dos pacientes aos quais 
admi nistram-se altas doses da 
medicação, verifica-se a ocorrência 
aguda de efei tos extrapiramidais 
(distonia, acatisia, manifestações 
parkinsonianas), de vido ao bloqueio 
dos receptores do pamínicos 
centrais. Foi constatado o 
desenvolvimento de discinesia 
tardia, algumas vezes irreversível, 
em pa cientes tratados com 
metocloprami da durante um 
período de tempo pro longado. 
Assim, seu uso prolongado deve 
ser evitado, principalmente em 
indivíduos idosos. Já a domperido na 
costuma ser muito bem tolerada, 
com raros efeitos neuropsiquiátricos 
ou extrapiramidais, uma vez que 
não penetra a barreira 
hematoencefálica.   
A hiperprolactinemia é um efeito ad 
verso observado tanto com o uso   
da metoclopramida quanto com o a 
domperidona. As principais manifes 
tações do aumento do nível de pro 
lactina são galactorreia, ginecomas 
tia, impotência sexual e distúrbios 
menstruais.  
HORA DA REVISÃO!  
O sistema extrapiramidal é formado         
pelo tálamo, cerebelo e gânglios da           
base. Esse sistema está envolvido em           
vários processos, inclusive na       
modulação do controle motor e sua           
disfunção associa-  
-se a transtornos dos movimentos. As           
principais síndromes clínicas, de       
acordo com os grupos talâmicos         
afetados, são:   
Grupo anterior: ​déficit de atenção,         
acinesia, alterações de linguagem e         
amnésia;  
Grupo posterior: ​hemianestesia, dor,       
alterações no campo visual e déficit de             
atenção;  
Grupo lateral: ​perda sensitiva, dores         
paroxísticas e hemiataxia     
contralaterais, distonia e mioclonias.  
Grupo medial: ​apatia, agitação, sono 
lência e coma.  
SAIBA MAIS!  
Alguns estudos epidemiológicos demonstraram que a ​domperidona ​está associada a um 
aumento no risco de arritmia ventricular grave e morte cardíaca súbita. Esses riscos 
podem ser mais significantes em pacientes com idade superior a 60 anos e em pacientes 
que rece bem doses orais diárias superiores a 30 mg. 
 
Moduladores dos receptores 
de serotonina  
A serotonina (5-HT) desempenha 
um papel fundamental nas funções 
moto ras e secretoras fisiológicas do 
intes tino. A célula enterocromafim 
produz a maior parte da 5-HT e a 
libera rapi damente em resposta aos 
estímulos químicos e mecânicos, 
desencadean do o reflexo 
peristáltico por meio da estimulação 
dos neurônios sensoriais intrínsecos 
do plexo mioentérico, bem como 
dos neurônios sensoriais vagais e 
espinais extrínsecos. Os receptores 
da 5-HT também estão presentes 
em outros neurônios do sistema 
nervoso entérico, onde podem 
exercer efei tos estimuladores 
(5-HT3 e 5-HT4) ou inibidores 
(5-HT1a). Além disso, a 5-HT 
também estimula a liberação de 
outros neurotransmissores, depen 
dendo do subtipo de receptor.   
A disponibilidade de fármacos pro 
cinéticos serotoninérgicos nos últi 
mos anos foi restringida devido aos 
graves eventos cardíacos.  
A ​cisaprida ​é uma benzamida pipe           
ridinílica substituída, que age esti         
mulando os receptores 5-HT4 a au           
mentar a atividade da adenililciclase   
dentro dos neurônios. Este fármaco         
tem como principal efeito colateral         
o prolongamento do intervalo QT,         
observado mais comumente quan  
do o fármaco é associado a outros             
compostos que inibem a CYP3A4.         
Devido a sua associação a arritmias   
ventriculares, a cisaprida está con         
traindicada para pacientes com histó         
ria de intervalo QT prolongado, insu           
ficiência renal, arritmias     
ventriculares,   
cardiopatia isquêmica, insuficiência     
cardíaca, insuficiência respiratória,     
distúrbios eletrolíticos não     
corrigidos, ou que estiverem       
usando fármacos que     
comprovadamente prolongam o     
intervalo QT.   
A ​prucaloprida ​é um derivado do 
benzofurano e agonista específico 
dos receptores 5-HT4, que atua fa 
cilitando a neurotransmissão colinér 
gica. Esse fármaco atua em toda ex 
tensão do intestino aumentando o 
trânsito oral-cecal e o trânsito colô 
nico sem afetar o esvaziamento gás 
trico. Em pacientes com constipação 
idiopática crônica a prucaloprida me 
lhorou o trânsito colônico e a 
frequên cia de evacuações. A 
posologia reco mendada para 
adultos é 2 mg, uma vez ao dia. A 
prucaloprida não deve ser 
administrada em pacientes com 
idade inferior a 18 anos e deve ser 
administrada com cautela em idosos 
com idade superior a 65 anos – ini 
ciar tratamento com 1 mg/dia e au 
mentar dose para 2mg/dia apenas 
se necessário.   
Os fármacos citados não estão 
dispo níveis no SUS. 
SAIBA MAIS!  
A recaptação da serotonina pelos neurônios e pelas células epiteliais é mediada pelo 
mesmo transportador de recaptação da 5-HT pelos neurônios serotoninérgicos do SNC. 
Por essa razão, tal recaptação também é bloqueada pelos inibidores seletivos da 
recaptação de se rotonina (ISRSs), o que explica o efeito adverso comum de diarreia 
associada ao uso desses fármacos.   
Macrolídeos  
Antibióticos macrolídeos, como a ​eri 
tromicina​, estimulam diretamente 
os receptores de motilina no múscu 
lo liso gastrointestinal, promovendo 
início de um complexo motor migra 
tório. Esse antibiótico exerce vários 
efeitos na motilidade do TGI 
anterior: aumenta a pressão 
esofágica distal e estimula a 
contratilidade do estôma go e do 
intestino delgado, mas de monstra 
pouca efetividade na motili dade do 
intestino grosso. O uso mais 
consagrado da eritromicina como fár 
maco procinético é em pacientes 
com gastroparesia diabética, nos 
quais ela pode melhorar o 
esvaziamento gás trico em pouco 
tempo.  
Para estimulação gástrica, a       
dosagem de eritromicina é de 3           
mg/kg, por via intravenosa, ou         
200-250 mg, por via oral, a cada 8               
horas. Para induzir es  
timulação do intestino delgado, 
doses menores podem ser mais 
úteis, uma vez que doses elevadas 
podem re tardar a motilidade deste 
órgão. Pode também ser usada em 
pacientes com hemorragia digestiva 
alta aguda para promover o 
esvaziamento gástrico de sangue 
antes da endoscopia. Em do ses 
maiores que 3 mg/kg, pode cau sar 
um tipo de contração espástica no 
intestino delgado que resulta em 
cólicas, redução do trânsito e 
vômitos.   
SAIBA MAIS!  
As contrações gástricas estimuladas pela eritromicina podem ser intensas e provocar a                       
pas sagem dos alimentos relativamente não digeridos para o intestino delgado. Essa                       
desvanta gem potencial pode ser explorada clinicamente para eliminar do estômago os                       
resíduos indi geríveis como tubos plásticos ou bezoares.  
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​10  
O efeito da eritromicina no TGI se             
dá por sua ação como um agonista             
dos receptores de motilina,       
promovendo contrações   
semelhantes às obser  
vadas na fase III do complexo motor 
migratório. Após estudos, foi obser 
vado, inicialmente em cães, o fenô 
meno de tolerância ao tratamento 
com eritromicina quando este era 
ins tituído a longo prazo. 
Acredita-se que tal fenômeno se 
deve ao mecanismo de 
down-regulation ​dos receptores de 
motilina no TGI. Este mecanismo 
consiste na supressão da resposta 
a estímulos específicos por meio da 
redução da resposta celular a uma 
molécula devido ao decréscimo do 
número de receptores expressos na 
superfície celular. O desenvolvimen 
to rápido de tolerância à 
eritromicina, assim como os efeitos 
indesejáveis   
do antibiótico neste contexto têm li 
mitado o uso desse fármacocomo 
procinético.  
HORA DA REVISÃO!  
A motilina é um hormônio peptídico 
encontrado nas células M do TGI e em 
algumas células enterocromafins do in 
testino delgado proximal. É um agente 
contrátil potente do TGI alto. Além 
disso, os receptores da motilina estão 
presen tes nas células musculares lisas 
e nos neurônios entéricos.   
Os efeitos da motilina podem ser mi 
metizados pela eritromicina, bem como 
por outros antibióticos macrolídeos, in 
cluindo oleandomicina, azitromicina e 
claritromicina.  
3. ANTICINÉTICOS  
Os anticinéticos são os fármacos 
que promovem relaxamento da 
muscula tura lisa do TGI. Nitratos 
orgânicos e   
antagonistas do canal de cálcio po 
dem ser utilizados para alivio tempo 
rário dos sintomas relacionados aos 
distúrbios de motilidade como, por 
exemplo, a acalasia.   
SAIBA MAIS!  
Acalasia é um distúrbio de motilidade esofágica congênito que se caracteriza por 
peristaltismo esofágico defeituoso, bem como pela falta do relaxamento do esfíncter 
esofágico inferior duran te a deglutição. O quadro cursa com disfagia de progressão lenta, 
em geral tanto para sólidos quanto para líquidos, e regurgitação de alimento não 
digerido. A avaliação classicamente é feita por manometria, esofagograma com ingestão 
de bário e endoscopia. O tratamento inclui dilata ção, denervação química, miotomia 
cirúrgica e miotomia endoscópica perioral.  
Uma abordagem mais recente baseia-se no uso da toxina botulínica injetada diretamente 
dentro do esfíncter esofágico inferior por um endoscópio. Esse agente potente inibe a 
libera ção de ACh pelas terminações nervosas, gerando paralisia parcial da musculatura 
do esfíncter e consequente melhora significativa dos sintomas e esvaziamento esofágico. 
Entretanto, os efeitos da toxina botulínica desaparecem em alguns meses, o que requer 
injeções repetidas.  
O chamado ​“centro do vomito”​, lo 
calizado no tronco encefálico, não 
sendo identificado como uma estru 
tura anatômica única, mas por inter 
neurônios medulares, é uma região 
neuronal organizada dentro da for 
mação reticular lateral do bulbo, que 
coordena o ato do vômito por meio 
de interações com os ​nervos 
cranianos VIII e X ​e redes neurais 
no ​núcleo do trato solitário​. 
Existem quatro fontes importantes 
de influxo aferente para o centro do 
vômito:  
• ​“Zona de gatilho quimiorrecep 
tora” (ZGQ) ou área postrema: 
localizada na extremidade caudal 
do quarto ventrículo, encontra-se 
fora da barreira hematoencefáli ca, 
porém acessível a estímulos 
emetogênicos no sangue ou no 
líquido cerebrospinal. Recebe es 
tímulos predominantemente por via 
hematogênica, em resposta a 
drogas e toxinas circulantes, como 
apomorfina, opiáceos, citotoxinas, 
amônia, cetonas, entre outras. A 
ZGQ também recebe estímulos do 
labirinto no ouvido interno, através 
do núcleo vestibular, o que expli ca 
o mecanismo da cinetose; e de 
aferentes vagais vindos do trato   
gastrointestinal. A ZGQ é rica em 
receptores D2 dopamínicos e re 
ceptores opioides e, possivelmen 
te, receptores 5-HT3 de 
serotonina e receptores NK1. 
Portanto, este é o principal local 
de ação de muitos fármacos 
eméticos e antieméticos.  
• ​Sistema vestibular: ​importante 
na cinetose por meio do nervo cra 
niano VIII (vestibulococlear). É 
rico em receptores M1 
muscarínicos e H1 histamínicos.  
• ​Nervos aferentes vagais e es 
pinais do trato gastrointestinal: 
são ricos em receptores 5-HT3. A 
irritação da mucosa gastrointesti 
nal por quimioterapia, 
radioterapia, distensão ou 
gastroenterite infec ciosa aguda 
determina a liberação de 5-HT 
da mucosa e a ativação desses 
receptores, que estimu lam o 
influxo aferente vagal para o 
centro do vômito e para zona de 
gatilho quimiorreceptora.  
• ​Sistema nervoso central: ​desem 
penha papel no vômito de 
etiologia psiquiátrica, causado 
por estresse e êmese 
antecipatória antes da 
quimioterapia para o câncer, por 
exemplo.  
 
HORA DA REVISÃO!  
Como abordado, diversos receptores       
participam do mecanismo da êmese,         
dentre eles:  
• ​Receptores serotoninérgicos     
5-HT3: ​encontrados principalmente     
na área postrema e outras partes           
do tronco encefálico. Alguns       
antagonis  
tas específicos para estes       
receptores, como por exemplo, a         
ondansetrona, são utilizados na       
clínica para tratar náuseas e         
vômitos principalmente em casos       
induzidos pela quimiote  
rapia, como também para se obter 
efeitos ansiolíticos por mecanismos 
ainda indefinidos. O sistema nervo 
so entérico transmite sinais ao cére 
bro através do nervo vago. É 
através deste sistema que a 
radioterapia, a quimioterapia e a 
gastroenterite ati vam os 
receptores 5-HT3 que con duzem à 
êmese.  
• ​Receptores de Dopamina D2: ​ge 
ralmente ligados à proteína Gi ou 
Gq, levam à uma diminuição dos 
níveis AMPc, aumento das 
correntes de potássio e diminuição 
das correntes de cálcio, levando 
assim ao fecha mento dos canais 
de cálcio voltagem dependentes. 
Os receptores da do pamina são 
ativados por esforço físi co e por 
diversas circunstâncias psi 
quiátricas, induzindo à êmese.  
• ​Receptores de Histamina H1: ​pre 
sentes na entrada do sistema ves 
tibular da orelha interna. Quando 
ativados, seu sinal atravessa por 
meio do VII par craniano ou do 
nervo vestibulococlear, e está 
diretamente envolvido na 
fisiopatologia das náu seas e 
vômitos por cinetose. Há uma 
abundância do tipo H1 de 
receptores da histamina neste 
sistema. Esses receptores também 
participam como mediadores da 
contração na muscu latura lisa.  
• ​Receptores muscarínicos M1: ​loca 
lizados no sistema nervoso central, 
células parietais gástricas e 
gânglios autônomos. Estão 
acoplados à pro teína Gq, uma 
subunidade excitató ria, que ativa 
uma cascata, levando ao aumento 
do cálcio intracelular. O Sistema 
vestibular também é rico em 
receptores histamínicos H1 e re 
ceptores muscarínicos colinérgicos. 
Acredita-se que as fibras H1 e as 
muscarínicas M1 são estimuladas 
por movimento, como o que ocor re 
em viagens de automóveis, por 
exemplo.   
• ​Receptor substância P/neurocinina 
NK1: ​a substância P, uma neurocini 
na, é produzida e liberada no ribos 
somo de células distribuídas em di 
ferentes tecidos, estando envolvida 
com inúmeras respostas 
fisiológicas, entre elas dor, 
inflamação e vômi tos. Liberada de 
modo mais lento e em menor 
quantidade que os neu 
rotransmissores, apresenta maior 
potência de ação, sendo responsá 
vel pelos estímulos agudos e tar 
dios do vômito. Está presente tam 
bém na mucosa gástrica e 
intestinal, promovendo a liberação 
de muco e contribuindo para a 
regulação dos movimentos 
peristálticos. Os recep tores NK1 
desempenham papel im portante 
nas contrações gástricas e 
abdominais no reflexo do vômito, 
au mentando a pressão dentro do 
trato gastrointestinal e invertendo 
o senti do do trajeto dos alimentos. 
Não há evidências de que um fárma 
co seja mais eficaz que outro para 
controle da êmese. Assim, o critério 
de seleção, geralmente, é empírico 
ou baseado no mecanismo de ação 
farmacológica. A escolha baseada 
no critério empírico recai sobre a 
expe riência do prescritor, que deve 
consi derar a idade do paciente, 
tolerância aos efeitos adversos, 
resposta indivi dual e custo do 
tratamento. A seleção baseada no 
mecanismo de ação do antiemético 
considera a etiologia do vômito. 
Entretanto, o segundo critério de 
escolha demonstra-se limitado nos 
casos em que a origem do vômito é 
de difícil identificação ou 
multifatorial. Para ambas terapias, 
se o paciente não responde à 
monoterapia, é reco mendável a 
combinação de fármacos com 
diferentes mecanismos de ação.  
Os objetivos da terapia antiemética         
incluem o alívio de sintomas agudos           
e tardios, bem como redução de           
risco de complicações como, por         
exemplo, a desidratação. É       
importante lembrar que a náusea eêmese são sinais/ sintomas,       
devendo a causa primária do         
quadro ser sempre investigada e         
abordada adequadamente, instituin  
do terapêutica específica sempre 
que necessário e possível. Uma 
situação especial é a êmese 
relacionada à qui mioterapia. Neste 
caso, é sempre im portante saber 
quais quimioterápicos serão 
utilizados, já que o potencial 
emetogênico destes é variável, mas 
bem conhecido. É de acordo com 
este   
potencial que se faz a escolha para 
controle de náuseas e vômitos indu 
zidos por quimioterápicos.  
 
Figura 3. ​Comparação do potencial emético de 
antine oplásicos. ​Fonte: ​WHALEN, Karen; FINKEL, 
Richard; PANAVELIL, Thomas A​. Farmacologia 
ilustrada, ​2016. 
SAIBA MAIS!  
Cerca de 30% dos pacientes em quimioterapia experimentam em algum momento a ocor                         
rência de náuseas ou vômitos antecipatórios (NVA). O mecanismo clássico proposto para                       
ex plicar essa ocorrência baseia-se no modelo pavloviano de aprendizado condicionado.                     
Acre dita-se que a náusea e vômito decorrentes da quimioterapia sejam associados pelo                         
paciente   
à estímulos desagradáveis decorrentes do tratamento. NVA podem ser desencadeadas                   
por imagens de recordações do tratamento quimioterápico, sons específicos, cheiros ou                     
gostos. Tais estímulos acabam, eles próprios, por desencadear os sintomas                   
posteriormente, mesmo sem o estímulo “quimiotóxico”.   
2. FARMACOTERAPIA 
Antagonistas dopaminérgicos 
Antipsicóticos fenotiazínicos   
As fenotiazinas são fármacos antipsi 
cóticos que podem ser utilizados por 
suas potentes propriedades antiemé 
ticas e sedativas. As propriedades 
antieméticas das fenotiazinas são 
mediadas por meio da inibição dos 
receptores dopamínicos. Eles atuam, 
principalmente, como antagonistas 
dos receptores D2 da dopamina na 
ZGQ. As propriedades sedativas de 
vem-se à sua atividade anti-histamí 
nica. Os agentes mais comumente 
usados como antieméticos são a ​pro 
clorperazina​, a ​prometazina, tietil 
perazina​, ​clorpromazina, perfena 
zina ​e ​trifluoperazina​.  
São antieméticos eficazes, comu 
mente usados para tratar as mani 
festações mais intensas de náuseas 
e vômitos associados a câncer, radio 
terapia, citotóxicos, opioides, anesté 
sicos e outros fármacos. Podem ser   
administrados por via oral, 
intraveno sa ou por supositório.   
A proclorperazina é eficaz contra a 
êmese resultante do uso de quimio 
terápicos pouco ou moderadamen te 
emetogênicos (p. ex., fluorouracil e 
doxorrubicina). Embora o aumen to 
da dosagem melhore a atividade 
antiemética, os efeitos adversos são 
dose-limitantes.  
Seus efeitos adversos são comuns e 
incluem sedação (especialmente clor 
promazina), hipotensão e sintomas 
extrapiramidais, inclusive distonias e 
discinesia tardia.   
Butirofenonas antipsicóticas   
Outros fármacos antipsicóticos, 
como o ​haloperidol​, o composto 
relacio nado ​droperidol ​e a 
levomepro mazina​, também atuam 
como an tagonistas D2 na ZGQ e 
podem ser usados para êmese 
aguda induzida por quimioterapia.   
O droperidol é o principal agente uti 
lizado e pode ser administrado tanto  
por injeção intramuscular quanto in 
travenosa. Em doses antieméticas, 
o droperidol é um sedativo extrema 
mente forte. Era muito utilizado, an 
teriormente, para tratamento de náu 
seas e vômitos pós-operatórios e 
em associação com opiáceos e 
benzo diazepínicos para sedação 
em proce dimentos cirúrgicos e 
endoscópicos, neuroleptoanalgesia, 
assim como para indução e 
manutenção de anes tesia geral.  
Seus principais efeitos adversos in 
cluem efeitos extrapiramidais e hipo 
tensão. O droperidol pode prolongar 
o intervalo QT, resultando, raramen 
te, em episódios fatais de taquicar 
dia ventricular, incluindo torsades de 
pointes que é uma forma específica 
de taquicardia ventricular 
polimórfica.   
SE LIGA! ​O ​droperidol ​não deve ser 
administrado em pacientes com prolon 
gamento do intervalo QT e só deve ser 
usado em pacientes que não respon 
deram de modo satisfatório a fármacos 
alternativos.  
A ​metoclopramida ​é antagonista do 
receptor D2 e está intimamente rela 
cionada ao grupo dos fenotiazínicos, 
atuando centralmente sobre a ZGQ 
e tendo ação periférica sobre o pró 
prio trato gastrointestinal, uma vez 
que aumenta a motilidade 
esofágica, gástrica e entérica. Isso 
não apenas se acrescenta ao efeito 
antieméti co, mas também explica 
seu uso no   
tratamento do refluxo gastresofági 
co e de distúrbios hepáticos e bilia 
res. Como a metoclopramida 
também bloqueia os receptores de 
dopamina em outras regiões do 
sistema nervo so central, produz 
alguns efeitos ad versos, inclusive 
distúrbios do movi mento (mais 
comuns em crianças e adultos 
jovens), cansaço, inquietação 
motora, torcicolo espasmódico e cri 
ses oculógiras (movimentos oculares 
para cima involuntários). Além disso, 
estimula a liberação de prolactina, 
causando galactorreia e distúrbios 
menstruais.  
Já a ​domperidona ​é um fármaco se 
melhante, usado para tratar êmese 
causada por citotóxicos e sintomas 
gastrointestinais. Diferentemente da 
metoclopramida, não atravessa facil 
mente a barreira hematoencefálica. 
Portanto, tem menos propensão a 
produzir efeitos colaterais centrais.   
Ambos fármacos são administrados 
por via oral, têm meias-vidas plasmá 
ticas de 4-5 horas e são eliminados 
na urina.  
Estão disponíveis no SUS: prome 
tazina, clorpromazina, haloperidol e 
metoclopramida.  
Antagonistas serotoninérgicos 
(receptores 5-HT3)  
Os antagonistas seletivos dos recep 
tores 5-HT3 possuem propriedades 
antieméticas potentes, mediadas, 
em  
parte, por bloqueio dos receptores 
5-HT3 centrais no centro do vômito 
e na zona de gatilho quimiorrecepto 
ra. Porém, sua ação se deve princi 
palmente ao bloqueio dos 
receptores 5-HT3 periféricos nos 
nervos afe rentes espinais e vagais 
intestinais extrínsecos. Os 
antagonistas dos re ceptores 5-HT3 
não inibem os recep tores 
dopamínicos ou muscarínicos e ​não 
exercem efeitos sobre a motili dade 
esofágica ou gástrica​.  
A ação ​antiemética desses fármacos 
é limitada à êmese ​atribuível à esti 
mulação vagal – a exemplo de ​pós- 
-operatórios ​- e à quimioterapia, 
não sendo fármacos de escolha 
para tra tamento de êmese por 
outros estímu los, como a cinetose.  
Os quatro principais ​fármacos 
dessa classe são: ​ondansetrona, 
granise trona, dolasetrona ​e 
palonosetrona​. Enquanto os três 
primeiros (ondan setrona, 
granisetrona e dolasetrona) ​têm 
meia-vida sérica de 4 a 9 horas e 
podem ser administrados uma vez 
ao dia, por via oral ou por via intrave 
nosa, a palonosetrona é um agente 
intravenoso mais recente, que exibe 
maior afinidade pelo receptor 5-HT3 
e apresenta meia-vida sérica longa 
de 40 horas. Todos esses fármacos 
apresentam eficácia e tolerabilidade 
comparáveis quando administrados 
em doses equipotentes e sofrem ex 
tenso metabolismo hepático, sofren 
do excreção renal e hepática.   
Apenas a ondansetrona está 
disponí vel no SUS atualmente.  
SE LIGA! Não há necessidade ​de redu 
ção da dose em pacientes geriátricos 
ou naqueles com insuficiência renal. 
Entre tanto, para pacientes com 
insuficiência hepática, pode ser 
necessário reduzir a dose de 
ondansetrona.  
Usos clínicos  
• ​Náuseas e vômitos induzidos por           
quimioterapia: Os antagonistas     
serotoninérgicos são os principais       
agentes para a prevenção das         
náuseas e dos vômitos agudos         
induzidos pela quimioterapia. São       
eficazes contra todos os graus de           
tratamentos emetogênicos. A ​on  
dansetrona ​e a ​granisetrona ​evi         
tam a êmese de 50 a 60% dos               
pa cientes tratados com       
cisplatina.  
Os fármacos antieméticos são       
mais efetivos quando     
administrados em dose única por         
injeção intravenosa, 30 minutos       
antes da administraçãoda       
quimioterapia, nas seguintes     
doses: ondansetrona, 8 mg; gra  
nisetrona, 1 mg; dolasetrona, 100         
mg; ou palonosetrona, 0,25 mg.         
Uma dose oral única administrada         
uma hora antes da quimioterapia         
pode ser igualmente efetiva nos         
seguintes esquemas: ondansetro  
na, 8 mg, 2 vezes ao dia ou 24                 
mg, 1 vez ao dia; granisetrona, 2             
mg; dolasetrona, 100 mg. 
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​21  
Embora os antagonistas dos 
recepto res 5-HT3 sejam efetivos 
como fár macos isolados para a 
prevenção das náuseas e dos 
vômitos induzidos por 
quimioterapia, sua eficácia é poten 
cializada pela terapia de 
combinação com um 
corticosteroide (​dexameta sona​) e 
um antagonista dos recepto res 
NK1.  
Quando usados isoladamente, esses 
fármacos têm pouca ou nenhuma efi 
cácia na prevenção das náuseas e 
dos vômitos tardios, ou seja, que 
ocorrem > 24 horas após a 
quimioterapia.  
• ​Náuseas e vômitos pós-operató 
rios e pós-radioterapia.  
Por conta dos efeitos colaterais e 
das restrições aumentadas no 
uso de outros fármacos antieméti 
cos, os antagonistas dos recepto 
res 5-HT3 estão sendo cada vez 
mais utilizados para esta 
indicação. Também são efetivos 
na preven ção e no tratamento de 
náuseas e êmese em pacientes 
submetidos à radioterapia 
corporal total ou do abdome.  
Efeitos colaterais  
Essa classe de fármacos costuma 
ser bem tolerada, apresentando 
excelen te perfil de segurança.   
Os efeitos colaterais mais relatados         
são cefaleia, tontura e constipação         
intestinal. Todos os quatro       
fármacos, principalmente a     
dolasetrona​, pro  
vocam um prolongamento pequeno,       
porém estatisticamente significativo,     
do intervalo QT.   
SE LIGA!  
Embora as arritmias cardíacas não         
tenham sido associadas ao uso da           
dolasetrona, esse fármaco não deve         
ser administrado a pacientes com         
prolonga  
mento do intervalo QT nem em associa 
ção a outras medicações passíveis de 
prolongar esse intervalo.  
Interações medicamentosas  
Não foi relatada nenhuma interação         
medicamentosa significativa com os       
antagonistas dos receptores 5-HT3.   
Embora os quatro fármacos sofram 
certo grau de metabolismo pelo sis 
tema hepático do citocromo P450, 
não parecem afetar o metabolismo 
de outros fármacos. Mas, é 
importante ressaltar que outros 
fármacos podem reduzir a 
depuração hepática dos an 
tagonistas dos receptores 5-HT3, al 
terando a sua meia-vida. 
de seu efeito antiemético na quimio  
SE LIGA! ​A síndrome serotoninérgica é 
um quadro potencialmente fatal, induzi 
do por fármacos que induzem hiperati 
vidade serotoninérgica no sistema ner 
voso. A síndrome é caracterizada pela 
tríade: instabilidade autonômica, hipera 
tividade muscular e alteração de 
estado mental, podendo variar de 
manifesta ções leves a letais.   
O diagnóstico é clínico, não havendo,           
atualmente, exames laboratoriais para       
comprovar a síndrome serotoninérgica.       
Entretanto, é possível haver       
leucocitose, aumento de CPK e         
aumento da creatini  
na e transaminases. Em alguns pacien 
tes a acidose metabólica também está 
presente. A história clínica é o principal 
fator de suspeição para o diagnóstico 
quando recente introdução de substân 
cia serotoninérgica, aumento da dose 
ou ainda adição de um novo fármaco 
ao tratamento.  
É necessário atenção redobrada ao ad 
ministrar antagonistas 
serotoninérgicos em pacientes que já 
fazem uso conco mitante de 
medicações que influenciam 
diretamente em receptores de serotoni 
na como, por exemplo, antidepressivos 
tricíclicos e inibidores seletivos da re 
captação de serotonina. Outros fárma 
cos também são relatados na 
literatura, principalmente fármacos 
amplamente administrados em 
pacientes no pré-ope ratório e 
antibióticos como Linezolida.   
Antagonistas dos receptores de 
neurocinina (receptores NK1)  
Suas propriedades antieméticas são 
mediadas por meio do bloqueio cen 
tral na área postrema. Inibem 
vômitos produzidos por 
quimioterapia com po tencial 
altamente emetogênico, tanto na 
fase aguda quanto na tardia. Além   
terapia, os antagonistas seletivos de 
receptores NK1, como ​aprepitanto​, 
fosaprepitanto​, ​casopitanto ​e ​rola 
pitanto​, são efetivos na profilaxia de 
náuseas e êmese no pós-operatório.  
Usos clínicos  
O ​aprepitanto ​é um antagonista al 
tamente seletivo dos receptores 
NK1, que atravessa a barreira 
hematoen cefálica e ocupa os 
receptores NK1 cerebrais. Não tem 
nenhuma afini dade pelos 
receptores de serotonina, dopamina 
ou corticosteroides. Geral mente, é 
usado em associação com 
antagonistas dos receptores 5-HT3 
e corticosteroides na prevenção das 
náuseas e dos vômitos tardios e agu 
dos em consequência de esquemas 
quimioterápicos muito 
emetogênicos.   
O ​fosaprepitanto ​é uma formulação 
intravenosa convertida em aprepitan 
to dentro de 30 minutos após a sua 
infusão.  
A terapia combinada com aprepitan 
to, um antagonista dos receptores 
5-HT3, e dexametasona impede a 
ocorrência de vômitos agudos em 
80 a 90% dos pacientes. A 
biodisponibi lidade oral do 
aprepitanto é de 65%, e a sua 
meia-vida sérica é de 12 ho ras, 
sendo metabolizado pelo fígado, 
principalmente pela via CYP3A4. Os 
antagonistas dos receptores NK1 po 
dem ser administrados por 3 dias, 
de acordo com o seguinte esquema: 
125  
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​23  
mg de ​aprepitanto ​oral ou 115 mg 
de ​fosaprepitanto ​intravenoso, ad 
ministrados 1 hora antes da quimio 
terapia e seguidos de ​aprepitanto 
oral, 80 mg/dia, durante 2 dias após 
a quimioterapia.  
Efeitos colaterais e interações  
Os principais efeitos adversos do         
aprepitanto incluem fadiga, tontura,       
dor abdominal, anorexia, soluços e         
diarreia. Pode haver pequena eleva  
ção de aminotransferases hepáticas, 
sem indícios de hepatotoxicidade.  
Por ser metabolizado pela CYP3A4         
pode inibir o metabolismo de outros           
fármacos metabolizados pela     
mesma via. Os fármacos que         
inibem o meta  
bolismo da CYP3A4 podem aumen 
tar de forma significativa os níveis 
plasmáticos de aprepitanto (p. ex., 
ce toconazol, ciprofloxacino, 
claritromici na, nefazodona, 
ritonavir, nelfinavir, verapamil e 
quinidina). Além disso, o 
aprepitanto pode afetar a 
biotransfor mação de outros 
fármacos por essa enzima, como 
varfarina, diminuindo a razão 
normalizada internacional (INR) em 
pacientes em uso de varfarina. 
Tanto o aprepitanto quanto o fosa 
prepitanto podem reduzir a concen 
tração de noretisterona e sua 
eficácia contraceptiva, sendo 
recomendado método 
contraceptivo alternativo du rante e 
no primeiro mês após o trata mento 
com esses antieméticos.   
É importante lembrar que nenhum         
dos quatro fármacos está disponível         
atualmente no SUS.  
Agonistas canabinóides  
Evidências clínicas apontam a efi 
cácia de derivados canabinóides 
como ​nabilona ​e ​dronabinol ​no alí 
vio da dor, no aumento do apetite e 
na redução de náuseas induzidas 
por quimioterápicos.   
A ​nabilona ​diminui os vômitos cau 
sados por agentes que estimulam a 
ZGQ e, algumas vezes, é eficaz na 
vigência da falha de outros 
fármacos. O efeito antiemético é 
antagonizado pela naloxona, o que 
significa que os receptores opioides 
podem ser im portantes no 
mecanismo de ação. A nabilona é 
administrada por via oral, sendo 
bem absorvida no trato gas 
trointestinal e metabolizada em mui 
tos tecidos. Sua meia-vida 
plasmática é de aproximadamente 
120 minutos, e seus metabólitos 
são eliminados na urina e nas fezes.  
O ​dronabinol é o Δ9-tetra-hidroca 
nabinol (THC) - ​principal substância 
psicoativa da maconha. Após inges 
tão oral, o fármaco é em sua maior 
parte absorvido, porém sofre meta 
bolismo hepático de primeira pas 
sagem significativo. Os metabólitos 
são excretados lentamente duran te 
vários dias asemanas nas fezes e 
urina. À semelhança da maconha  
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​24  
não purificada, o dronabinol é um 
fármaco psicoativo utilizado clinica 
mente como estimulante do apetite 
e como antiemético. O dronabilol é,   
geralmente, administrado em uma 
dose de 5 mg/m2, antes da quimio 
terapia, e a cada 2 a 4 horas, 
quando necessário.   
SAIBA MAIS!   
Devido à disponibilidade de fármacos mais efetivos, o dronabinol, atualmente, é pouco 
usado na prevenção das náuseas e dos vômitos induzidos por quimioterapia. A terapia 
de combi nação com fenotiazinas proporciona uma ação antiemética sinérgica, parecendo 
atenuar os efeitos colaterais de ambos agentes.  
O mecanismo antiemético do drona 
binol ainda não é bem elucidado, 
mas acredita-se que exerça efeito 
periféri co e central como agonista 
de recep tores CB1 - expresso 
principalmente em diferentes áreas 
encefálicas - e CB2 - expresso no 
sistema imune e no complexo 
dorso-vagal -, modulan do 
negativamente a função de outros 
sistemas neurotransmissores.   
Efeitos colaterais e interações  
Os efeitos adversos observados 
pelo uso de canabinóides incluem 
hipoten são ortostática, tonturas, 
prurido, dis tonia focal, xerostomia, 
alterações de humor, disforia, 
sedação, aumento do apetite, 
taquicardia, alucinação e pa ranoia, 
limitando seu uso em pacien tes 
idosos ou por período prolongado.   
Em função disso, canabinóides são 
indicados apenas em casos refratá 
rios ao tratamento convencional 
com antagonistas 5-HT3 e NK1.  
Interações com esses fármacos são 
incomuns, mas os efeitos depresso 
res do SNC podem ser potencializa 
dos quando utilizados em 
associação com outros fármacos 
psicoativos, se dativos e/ou etanol.   
É importante ressaltar que estudos 
demonstram janela terapêutica 
muito estreita, não havendo ainda 
doses se guras estabelecidas para 
tratamen to de náuseas e 
inapetência. Apesar de serem 
drogas regulamentadas em alguns 
países, incluindo Estados Uni dos, 
seu uso ainda não é aprovado no 
Brasil, portanto, não está disponível 
no SUS.  
SAIBA MAIS:   
Alguns pacientes apresentam alucinações e reações psicóticas que fazem lembrar o 
efeito de outros canabin​óides​. Esse efeito é conhecido como ​marijuana-like highs​. 
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​25 ​Antagonistas dos receptores   
muscarínicos  
Os anticolinérgicos inibem o       
estímulo do vômito por ação sobre           
receptores de acetilcolina (mACh)       
expressos no centro do vômito e           
nos ​núcleos ves  
tibulares. ​Já na periferia, reduzem 
se creções gastrointestinais e 
relaxam a musculatura lisa, 
promovendo efeito 
antiespasmódico, reduzindo cólicas 
intestinais associadas, ou não, à pre 
sença de toxinas alimentares.   
São fármacos efetivos no controle 
de náuseas e vômitos por 
intoxicações alimentares, cinetose 
ou no pós-ope ratório, mas pouco 
efetivos no quadro emético já 
instalado.   
A ​hioscina (escopolamina) ​é empre 
gada principalmente para profilaxia 
e tratamento de cinetose e pode ser 
administrada por via oral ou em ade 
sivo transdérmico.  
Efeitos colaterais e interações  
Os efeitos adversos mais comuns         
são xerostomia e visão embaçada.         
Pode ocorrer também ação       
sedativa.   
A hioscina (escopolamina), um pro 
tótipo dos antagonistas dos recepto 
res muscarínicos, é um dos 
melhores agentes para a prevenção 
da cinetose. Entretanto, apresenta 
uma incidência muito alta de efeitos 
anticolinérgicos quando 
administrada por via oral ou 
parenteral. É mais bem tolerada na 
forma de adesivo transdérmico.  
SE LIGA! ​Adesivos transdérmicos de 
vem ser utilizados com cautela em ido 
sos, hepatopatas, nefropatas e 
crianças. Efeitos anticolinérgicos 
centrais como confusão, ataxia, 
desorientação, inquie tação, sedação e 
psicose aguda são mais frequentes 
entre idosos.   
A hioscina (escopolamina) não está 
disponível no SUS.  
Antagonistas dos receptores H1  
Os fármacos mais usados desse gru           
po são ​cinarizina, ciclizina ​e ​prome           
tazina​. São eficazes contra náuse as           
e vômitos de diversas etiologias,   
incluindo cinetose e a presença de 
substâncias irritantes no estômago. 
Mas, nenhuma das drogas é ampla 
mente eficaz contra substâncias que 
atuam diretamente sobre a ZGQ. Os 
antagonistas dos receptores H1 de 
primeira geração, como os derivados 
da ​piperazina​, ​etanolamina ​e ​feno 
tiazina​, atuam nos núcleos vestibula 
res, zona de gatilho e centro do vômi 
to, sendo eficazes contra náuseas e 
vômitos resultantes de hipercinetose 
e labirintopatias. Possuem também 
propriedades antialérgica e sedativa.   
Muitos desses fármacos     
apresentam efeito antagonista     
sobre receptores colinérgicos,     
contribuindo para seus efeitos       
antiemético e adversos. Mas, como         
agentes isolados, esses fárma  
cos possuem atividade antiemética 
fraca e embora úteis no tratamento   
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​26  
de vômitos de origem local ou labi 
ríntica, não são efetivos quando o 
quadro emético já está instalado. 
São preferidos na profilaxia da 
cinetose em crianças e no vômito 
em gestan tes por apresentarem 
menos efei tos adversos que os 
antagonistas muscarínicos.  
A ​prometazina ​pode ser usada para 
náuseas matinais da gestação e tem 
sido usada pela NASA para o trata 
mento da cinetose do espaço, 
porém possui importante efeito 
sedativo.  
A ​meclizina ​é um fármaco anti-his 
tamínico H1 com propriedades an 
ticolinérgicas mínimas, que também 
produz menos sedação. É utilizada 
na prevenção da cinetose e no 
tratamen to da vertigem causada 
por disfunção do labirinto.  
Em virtude de suas propriedades         
sedativas, a ​difenidramina ​é muito         
utilizada em associação com outros         
antieméticos para o tratamento dos         
vômitos induzidos pela     
quimioterapia.   
Efeitos colaterais e interações  
​Os principais ​efeitos adversos ​dos           
fármacos antagonistas do receptor       
H1 ​são sonolência e sedação, ​que           
possivelmente contribuem para sua       
eficácia clínica. O uso pode ser limita  
do pela ocorrência de tontura, seda 
ção, confusão, boca seca, 
cicloplegia, sintomas 
extrapiramidais, cefaleia,   
constipação, retenção urinária e 
dimi nuição do limiar de convulsão.   
SE LIGA! É recomendado limitar o uso             
de prometazina ​em idosos em função           
dos efeitos adversos anticolinérgicos,       
já que podem causar ou agravar           
quadros de confusão, especialmente       
naqueles pacientes que já apresentam         
sinais de demência.   
Os antagonistas H1 devem ser usa 
dos com cuidado em pacientes com 
glaucoma de ângulo estreito, hiper 
plasia prostática, doenças cardiovas 
culares, hipertensão severa, compro 
metimento respiratório, insuficiência 
hepática e epilepsia.   
Por efeito inibidor moderado de CI 
P2D6, a difenidramina pode reduzir 
o efeito terapêutico da codeína, do 
tra madol e do tamoxifeno.   
Dos fármacos citados, apenas a pro 
metazina está disponível no SUS.  
Benzodiazepínicos   
Intrinsecamente, as 
benzodiazepinas como o 
lorazepam, diazepam ​e o ​al 
prazolam são antieméticos pouco 
eficazes​, mas seus efeitos sedativos, 
amnésicos e ansiolíticos podem ser 
úteis para reduzir o componente an 
tecipatório das náuseas e dos vômi 
tos dos pacientes, sendo administra 
dos antes do início da quimioterapia. 
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​27  
O uso concomitante com álcool 
deve ser evitado devido ao efeito 
depres sor aditivo no SNC.  
Dos fármacos citados, apenas o dia 
zepam está disponível no SUS.  
Corticosteroides   
Os corticosteroides (​dexametaso 
na, metilprednisolona​) possuem 
propriedades antieméticas, porém a 
base desses efeitos permanece des 
conhecida, sugerindo-se ação por 
bloqueio de prostaglandinas. Esses 
fármacos parecem aumentar a eficá 
cia dos antagonistas dos receptores 
5-HT3 para a prevenção das náu 
seas e ​êmese ​agudose tardios em 
pacientes submetidos a esquemas 
de quimioterapia moderada a muito 
emetogênicos.   
Costuma-se administrar ​dexameta 
sona​, em uma dose de 8 a 20 mg 
por via intravenosa antes da 
quimiotera pia, seguida de 8 mg por 
dia, por via oral, durante 2 a 4 dias.  
A dexametasona e a metilpredniso 
lona, usadas sozinhas, são eficazes 
contra quimioterapia leve ou 
modera damente emetogênica. 
Ambas estão disponíveis no SUS.  
Regimes associados  
Antieméticos são frequentemente     
associados para aumentar a       
atividade antiemética ou diminuir a         
toxicidade e   
ocorrência de efeitos adversos. Por 
exemplo, corticosteroides - princi 
palmente dexametasona - aumen 
tam a atividade antiemética quando 
administrados com dose elevada de 
metoclopramida, um antagonista da 
5-HT3, fenotiazínico, butirofenona 
ou um benzodiazepínico. Anti-hista 
mínicos, como a difenidramina, com 
frequência são administrados juntos 
com doses elevadas de metoclopra 
mida para diminuir as reações ex 
trapiramidais, ou administrados com 
corticosteroides para evitar a 
diarreia induzida por 
metoclopramida.  
 
Figura 4. ​Eficácia antiemética de algumas 
associações de fármacos contra episódios eméticos 
nas primeiras 24 horas após a quimioterapia com 
cisplatina. ​Fonte: ​WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; 
PANAVELIL, Tho mas A​. Farmacologia ilustrada, 
2016. 
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​28  
SAIBA MAIS!  
A associação do ​dimenidrinato ​com a ​piridoxina ​(vitamina B6) é largamente utilizada na 
clínica para prevenir e tratar náuseas, tontura e vômitos em geral, incluindo os vômitos e 
en joos da gestação, pré e pós-operatórios e após tratamento com radioterapia; na 
prevenção e tratamento de tonturas, enjoos e vômitos causados cinetose e para 
prevenção e tratamento das labirintites e vertigens em geral.  
O mecanismo exato pelo qual o dimenidrinato age é desconhecido, mas acredita-se que 
este atue diretamente no centro do vômito. Já a pirodoxina participa na síntese de 
neurotransmis sores, atuando no labirinto, cóclea, vestíbulo e centro do vômito, além de 
possuir ação hepá tica, impedindo que proteínas que possuem ação emética sejam 
formadas.  
3. REVISÃO  
CLASSE   FÁRMACOS   LOCAIS DE AÇÃO   USO 
Antihistamínicos   Cinarizina, ciclizina,   
prometazina 
Receptores H1 no SNC 
causando sedação e possíveis 
ações antico linérgicas no 
aparelho vestibular 
Amplamente eficaz  
independentemente da 
cau sa da êmese 
Antimuscarínicos   Hioscina  Ações anticolinérgicas no 
aparelho vestibular e 
possivelmente outros locais 
Principalmente cinetose 
Canabinóides   Nabilona   Provavelmente receptores CB1 
no trato gastrointestinal 
Vômito induzido por 
fárma cos citotóxicos 
Antagonistas 
da dopamina 
Fenotiazinas: 
proclorfena zina, 
perfenazina, trifluor 
fenazina, 
clorpromazina 
Receptores D2 na ZGQ   Vômito induzido por 
fárma cos citotóxicos; 
náuseas e vômitos do 
pós-operatório; doença 
da radiação  
Fármacos 
relacionados: 
droperidol, 
haloperidol  
Receptores D2 no trato GI 
Metoclopramida   Receptores D2 na ZGQ e trato GI  Vômito induzido por 
fárma cos citotóxicos; 
náuseas e vômitos do 
pós-operatório 
Domperidona   Receptores D2 na ZGQ   Vômito induzido por 
fárma cos citotóxicos 
Glicocorticoides   Dexametasona  Provavelmente múltiplos lo  
cais de ação, incluindo o 
trato gastrointestinal 
Vômito induzido por 
fárma cos citotóxicos, 
frequente mente usado 
em combina ção com 
outros fármacos 
Antagonistas 
da 5-HT3 
Granisterona, 
ondasetrona, 
palonosetrona 
Receptores 5-HT3 na ZGQ e 
trato GI 
Náuseas e vômitos do 
pós- -operatório; vômito 
induzido por fármacos 
citotóxicos 
 
 
.​REFERÊNCIAS   
BIBLIOGRÁFICAS   
KATZUNG, Bertram G.; TREVOR, Anthony J. ​Farmacologia básica e clínica​. 13. ed. 
Porto Alegre: AMGH, 2017.  
RANG, H. P. et al. ​Rang & Dale Farmacologia​. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.  
WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. ​Farmacologia ilustrada. ​6. 
ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.  
GOMEZ, Rosane; TORRES, Iraci L. S. (Ed.). ​Farmacologia clínica. ​Rio de Janeiro: Elsevier, 
2017.  
Brunton, L.L. Goodman & Gilman: ​As Bases Farmacológicas da Terapêutica​. 12ª ed. Rio 
de Janeiro: McGraw-Hill, 2012.  
BRASIL. Ministério da Saúde. ​Relação Nacional de Medicamentos Essenciais 2020​. Mi 
nistério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos 
em Saúde, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília, 
2019.  
DELGADO, Gilson Luchezi et al. ​Náuseas e Vômitos Antecipatórios: ​Pontos Fundamen 
tais. Rev. Bras. Oncologia Clínica. V. 3, n. 8, p. 7-11, 2006.   
 WANG RZ. et al. ​Serotonin syndrome: preventing, recognizing, and treating it. ​Cleve 
Clin J Med, 2016.  
PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS ​31 
Antagonistas 
da 
neurocinina-1  
Aprepitant, fosaprepitant  Receptores NK1 na ZGQ, centro 
do vômito e possivelmente no 
trato gastrointestinal 
Vômito induzido por 
fárma cos citotóxicos, 
frequente mente usado 
em combina ção com 
outros fármacos

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