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TEORIA DO CRIME

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TEORIA DO CRIME
2021.1
CONCEITO DE DIREITO PENAL
	Segundo Johannes Wessels, Direito Penal é a parte do ordenamento jurídico que que determina os pressupostos da punibilidade, assim como os caracteres específicos de conduta punível, cominando determinadas penas e prevendo consequências jurídicas e medidas de tratamento de segurança.
FUNÇÕES
	São duas: proteção dos bens jurídicos e manutenção da paz social.
DIREITO PENAL OBJETIVO E SUBJETIVO
	Objetivo: legislação penal em vigor.
	Subjetivo: direito de punir do Estado = jus puniendi. Poder do Estado de criar normas e a possibilidade de impor penas
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS
Incriminadoras: descrevem crimes e cominam penas
Não incriminadoras: podem ser permissivas ou explicativas. 
- as permissivas podem ser justificantes (excluem a antijuridicidade – art. 23) ou exculpantes (excluem a culpabilidade – arts. 20, §1º, 21, 22, 26, 27 e 28)
- as explicativas (ou finais ou complementares): esclarecem o conteúdo de outra norma (ex. funcionário público – art. 327) ou tratam de regras gerais para aplicação das demais normas (ex: tentativa e nexo de causalidade – arts. 13 e 14).
FONTES DE DIREITO PENAL
	
	Fonte indica a origem e a forma de manifestação da norma jurídica. Podem ser materiais e formais.
Fonte material
	
	A fonte material é o Estado. No Brasil, somente a União tem competência para legislar em matéria penal, conforme art. 22, inciso I, da CF/88.
Fontes formais
imediatas: lei
- mediatas: costumes e princípios gerais do direito
	
DIREITO PENAL X POLÍTICA CRIMINAL X CRIMINOLOGIA
AS TRÊS CIÊNCIAS SÃO INDEPENDENTES, MAS QUE SE AUXILIAM MUTUAMENTE
DIREITO PENAL:
Analisa os fatos humanos indesejados, define quais fatos devem ser rotulados como crimes ou contravenção penal, prevendo pena. É ciência jurídica e normativa (do “dever-ser”).
Ocupa-se do crime enquanto norma, criando leis.
CRIMINOLOGIA:
é uma ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social É ciência do “ser”
Analisa o crime enquanto fato social
Cuida das causas (etiologia) do comportamento criminoso e de seus meios preventivos.
POLÍTICA CRIMINAL:
Estuda as estratégias jurídicas, sociais e econômicas como meios de controle social da criminalidade, realizado por meio de políticas públicas
Analisa o crime enquanto valor
MOVIMENTOS MODERNOS DE POLÍTICA CRIMINAL
a) LEI E ORDEM (EUA) - Principais nomes e obras: James Wilson (“Thinking about crime”), George Kelling (“Fixing broken windows”), Ralf Dahendorf (“Lei e ordem”)
	É necessária uma reação em favor da comunidade honesta e ordeira que é majoritária. O interesse da coletividade honesta deve prevalecer diante da minoria desonesta. A polícia foi organizada para manter a ordem. Hoje, a principal função é a investigação de crimes. A função original deveria ser revalorizada.
	Deve ser incrementado o poder da polícia com menor controle judicial: “as pessoas do bairro não querem nem precisam de um juiz para julgar vagabundos, mendigos e prostitutas. O policial é suficiente e mais eficiente se tiver liberdade de atuação” (James Wilson).
	Bêbados, mendigos e prostitutas são capazes de destroçar uma comunidade mais rápido que uma equipe de ladrões profissionais. Mais que tratar a doença, a polícia deve promover a saúde. Deve ser empregada forte intervenção diante de pequenas infrações (tolerância zero).
	TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS (metáfora + experimento): a sociedade é comparada a uma casa em ruínas. A reforma deve ser iniciada não pela fundação, mas pela vidraça para comunicar a existência da ordem – sensação de vigilância. Experimento de Philip Zimbardo (professor da Universidade de Stanford): dois carros são posicionados em bairros diferentes (um de alta renda e outro pobre). A intenção do experimento era mostrar que não era só a pobreza que causava o crime, mas sim a SENSAÇÃO DE ABANDONO. Quebrada a vidraça do primeiro carro (bairro pobre), o veículo é alvo de furto e destruição, enquanto o outro permanece intacto. Em momento posterior, o segundo carro tem o vidro quebrado e também é alvo de furto e destruição.
	Dahendorf argumenta que, mesmo que o número de crimes violentos não diminua, o movimento é legítimo, pois o cidadão tem direito à sensação de segurança.
DIREITO PENAL DO INIMIGO – Principal nome e obra: Gunther Jakobs (“Direito Penal do Inimigo”); Jesús Maria Silva Sánches (“A Expansão do Direito Penal: Aspectos da política criminal nas sociedades pós-industriais” e “Eficiência e Direito Penal”). 
	Base: distinção cidadão X inimigo
	Inspiração: autores clássicos como Hobbes, Kant, Rousseau
	O cidadão participa do contrato social e se praticar crimes será processado e punido de acordo com as regras do contrato. O inimigo coloca-se fora do contrato e atenta contra sua existência. Será respeitada sua opção de estar fora do contrato, mas não terá direito aos limites e regras do contrato. Para Jakobs, o inimigo não é punido, é vencido – estado de guerra.
	Aplicação do Direito Penal do Inimigo na história recente: Prisão de Guantánamo
	Jakobs parte da premissa de que a base da sociedade é a comunicação e a função do Direito é a manutenção das expectativas essenciais para vida em sociedade. O cidadão mesmo depois de praticar um crime continua como uma fonte de expectativas confiáveis. O inimigo pratica crimes tão graves que deixa de ser uma fonte de expectativas confiáveis, não participa do processo regular de comunicação. O inimigo é uma fonte de perigos que deve ser eliminada.
	Silva Sanches explica o inimigo a partir das velocidades do Direito Penal:
- 1ª velocidade: Direito Penal Clássico – altas penas e altas garantias
- 2ª velocidade: Direito Penal Consensual – baixas penas e baixas garantias
- 3ª velocidade: Direito Penal do Inimigo – altas penas e baixas garantias
GARANTISMO PENAL – Principal nome: Luigi Ferrajoli (“Direito e Razão”)
	Releitura do Direito Penal Clássico (Beccaria, Carrara, Feuerbach..). “O garantismo se opõe ao autoritarismo e ao decisionismo. É o governo das leis e não dos homens. É o Direito Penal mínimo contra o máximo.”
	Ferrajoli despreza a distinção Direito Natural X Direito Positivo, pois os direitos humanos já foram positivados. Para ele, o grande conflito atual está na normatividade X efetividade.
	Duas grandes bases do garantismo: 
Diminuição da violência: toda violência deve ser diminuída (a violência do crime e a violência da pena), pois não adiantaria trocar uma pela outra, diminuir uma às custas da outra
Proteção do oprimido em três momentos:
momento do crime: vítima
processo: o réu
execução: o condenado.
ABOLICIONISMO – Principais nomes e obras: Hulsman (“Penas Perdidas”) e Christie (“Uma Quantidade Razoável de Crime”)
	“O Direito Penal é o pior dos instrumentos de solução de conflito. Outros instrumentos são mais racionais e eficazes”.
	Metáfora da república de estudantes. Na metáfora, Hulsman contrapõe a solução punitiva, a uma medida reparadora, a um tratamento e a uma reconstrução na comunidade e concluiu que a punitiva é a pior.
	Para Hulsman, o Direito Penal é seletivo, discriminatório e criminógeno.
	A cifra negra impede qualquer controle racional do crime. Cifra negra é a imensa quantidade de crimes que não chega ao conhecimento das autoridades.
INFRAÇÃO PENAL: CRIME X CONTRAVENÇÃO PENAL
Crime e contravenção penal são espécies de infração penal
CRIME (delito):
a tentativa é punida
É processado por meio de ação penal pública ou privada
São punidos tanto se ocorridos no Brasil quanto no exterior
Previstos no Código Penal ou Legislações Especiais
CONTRAVENÇÃO PENAL (crime anão, crime vagabundo):
Não se pune a tentativa
É processada somente por ação pública
São punidas somente se praticadas no Brasil
Estão previstas no Decreto-Lei 3688/41 - LCP
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
DIREITO PENAL PRIMITIVO
Inexistência de um código
Predominância do misticismo e crença na “Justiça Divina”
c) Tinha como base ideológica a vingança privada como resposta ao crime
d) o final da era primitiva teve como marco a imposição de limites, individualização eracionalização das penas, consagrado pelo princípio de Talião (“olho por olho, dente por dente”), referenciado na Bíblia e concretizado pelo Código de Hamurabi, surgindo, assim, os primeiros traços do princípio da proporcionalidade
DIREITO PENAL ROMANO
No início da formação do povo romano, percebia-se o caráter sacro da punição, mas os romanos foram um dos que mais cedo libertou a explicação punitiva do vínculo religioso
A vingança cede espaço ao abrandamento instituído pelo Talião (Lei das XII Tábuas) e até para a composição
Com a expansão do Estado Romano, os crimes deixam de ter caráter privado e a pena passa a ter caráter público.
DIREITO PENAL GERMÂNICO
Prevalência dos costumes, da responsabilidade objetiva e da justiça privada
Para diminuir a violência e manutenção da sociedade, aos poucos foi permitida a substituição da pena pela compra da paz, com o pagamento de indenizações ou outras prestações
DIREITO CANÔNICO:
inicialmente, visava regulamentar as ações no seio da Igreja, mas aos poucos disseminou sua influência, como consequência da própria expansão do cristianismo na sociedade e no Estado
A influência da Igreja no Direito Penal é percebida na própria justificativa da pena, que passa a se preocupar com a regeneração do condenado (pecador)
A principal pena passa a ser a privação da liberdade, buscando o arrependimento e a “purificação” do criminoso pecador, para que expie seus pecados e retorne ao convívio social
DIREITO PENAL COMUM
Surge no século X d.c. como resultado das influências dos direitos romano, germânico e canônico, com prevalência do primeiro nos casos de omissão
Já no século XII, o caráter público do crime e da pena ressurgem em combate à vingança
Na Alemanha, Carlos V cria uma legislação criminal denominada Constitutio Criminalis Carolina, que atribui ao Estado o poder punitivo, permanecendo como fonte do direito comum na Alemanha até o século passado.
ESCOLAS CLÁSSICA E POSITIVA
	CLÁSSICA	POSITIVA
	- inspiração iluminista, racionalista e antropocêntrica	- insp. ciências experimentais (experiência + repetição)
	- Método Abstrato e dedutivo (do geral p/ particular)	- Método indutivo (do particular p/ geral)
	- Livre-arbítrio (livre escolha entre bem e mal - base da culpabilidade)	-Determinismo (comportamento humano é determinado por fatores biológicos, psicológicos ou sociais)
	- Pena é castigo proporcional (mal do crime/mal da pena)	- Castigo Medidas para garantir a segurança = evitar perigos (tempo indeterminado)
PRINCIPAIS NOMES DE CADA ESCOLA
ESCOLA CLÁSSICA
Cesare Bonesana (Marquês de BECCARIA)
	Parte do contrato social (Rousseau): a lei é legitimada pela porção de liberdade cedida por cada um ao Estado. 
	O homem é levado a satisfazer o próprio prazer e encontra freio nas leis.
Francesco CARRARA
	Não acredita que o homem seja mau por natureza. Ensina que existem dois tipos de leis: a natural (inflexível; se impõe – leis da física, química etc) e a moral (precisa do reforço do direito para ser respeitada). 
Ludwig FEUERBACH
	Estrutura o princípio da legalidade (art. 1º CP)
	A ameaça da pena deve convencer o cidadão que o crime não compensa (fundamenta a pena no Ocidente).
		
ESCOLA POSITIVA
Cesare LOMBROSO (principal obra: “O Homem Criminoso”)
	Baseou sua teoria no determinismo biológico: o delinquente é um doente social que deve ser tratado (o sujeito nasce criminoso).
	Tese principal: atavismo (determinadas características ancestrais permanecem estagnadas no criminoso. O delinquente é um homem que não evoluiu, é menos civilizado que seus contemporâneos).
Enrico FERRI (princ. obras: “Sociologia Criminal” e “Princípios de Direito Criminal”)
	Acredita no determinismo sociológico (o homem nasce tábua branca) e interferência interdisciplinar no crime (estatística, psicologia, antropologia etc)
	É famosa a classificação dos criminosos de FERRI: nato, ocasional, passional, habitual e louco.
	Dá especial importância para a pena indeterminada e para a indenização da vítima.
	Construção dos substitutivos penais: além da pena, os fatores sociais criminógenos devem ser atacados com educação, urbanismo, emprego etc. Também propõe penas diversas da prisão. É um grande crítico da prisão de curta duração.
Raffaele GARÓFALO (principal obra: “Criminologia”)
	Determinismo psicológico (criminoso tem problemas psíquicos)
	Propõe um conceito universal de crime: é a violação dos sentimentos básicos de piedade e probidade comuns nas raças superiores.
	É atribuído a Garófalo o conceito de periculosidade (ou temibilidade: potencial para a prática de novos crimes).
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PENAIS
Princípio da legalidade: nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. Não há crime sem lei anterior que o defina ou pena se prévia cominação legal.
- Reserva legal: apenas a lei em sentido estrito pode legislar matéria penal.
- Retroatividade: a lei penal não retroage, exceto se para beneficiar o réu.
Irretroatividade da lei penal mais gravosa:
Novatio legis in pejus: lei posterior que agrava a situação do agente no caso concreto
Novatio legis incriminadora: lei posterior que cria um tipo incriminador
Retroatividade da lei penal: (aplicação imediata e em qualquer fase)
Novatio legis in mellius (parágrafo único do art.2º): lei posterior que, de qualquer modo traz benefícios ao agente no caso concreto
Abolitio criminis (caput): lei posterior que deixa de considerar determinado fato como criminoso. É causa de extinção da punibilidade (art. 107, III)
Taxatividade: o tipo penal deve trazer a conduta proibida de forma pormenorizada.
Princípio da insignificância: irrelevância penal da conduta, que não gera significativa lesão ou risco de lesão aos bens jurídicos tutelados. Ainda que haja formalmente a infração penal, materialmente não haverá crime.
Princípio da proporcionalidade (em sentido amplo):
- Necessidade: em um Estado Democrático de Direito, a intervenção do Estado na esfera de direitos do cidadão deve ser sempre a mínima possível, a fim de permitir o livre desenvolvimento. Por outro lado, só será legítima a intervenção da estrutura penal quando a intervenção estatal realmente diminuir a violência social, impedindo a vingança privada e prevenindo crimes por eio da intimidação ou da ratificação da vigência da norma.
Adequação da intervenção penal: quando a criminalização do fato não diminui ou até aumenta a violência, não há justificativa racional para o instrumento penal (adequada no sentido de proporcionar, com a aplicação da pena, uma diminuição da violência. Adequação entre a finalidade e o meio adotado.
Proporcionalidade em sentido estrito: princípio utilizado para solucionar conflito entre direitos fundamentais, segundo o qual devem ser sopesados os benefícios e malefícios da violação do direito.
Princípio da inadequação social: a conduta socialmente adequada não merece tutela penal
Princípio ne bis in idem: ninguém será punido mais de uma vez por um mesmo crime.
Princípio da responsabilidade penal subjetiva: Princípio segundo o qual a responsabilidade penal é restrita aos fatos praticados pelo agente ou àqueles para os quais contribuiu por vontade própria (dolo) ou por culpa. Nullum crime sine culpa: não há crime sem dolo ou culpa (proibição da responsabilidade objetiva)
Princípio da lesividade/ofensividade: para que haja intervenção penal, é necessário que não se trate apenas de um comportamento ou conduta interna, mas sim conduta exteriorizada capaz de lesar ou expor terceiros a risco (alteridade penal ou transcendentalidade). O sujeito não pode ser punido por autolesão nem pelo que é (direito penal do autor), mas sim pelo que fez.
Princípio da humanidade das penas: impossibilidade de aplicação de penas de morte, cruéis, de trabalho forçado e banimento, por serem atentatórias à dignidade humana.
ART. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
	Princípio da legalidade: nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. Não há crime sem lei anterior que o defina ou pena se prévia cominação legal.
- RESERVA LEGAL:apenas a lei em sentido estrito pode legislar matéria penal.
TAXATIVIDADE: o tipo penal deve trazer a conduta proibida de forma pormenorizada.
EXIGIBILIDADE DE LEI ESCRITA (vedação da analogia in malam partem)
LEGALIDADE DAS PENAS: o cidadão tem direito de conhecer a consequência do crime
ANTERIORIDADE
Fundamento constitucional: Art. 5º, XXXIX, CF/88
norma penal em branco: a definição da conduta criminosa é possível apenas com a utilização de outra norma.
 Ex: Lei de Drogas (o rol de substâncias entorpecentes está em Portaria do Ministério da Saúde) e crime de conhecimento prévio de impedimento (art. 236 CP – os impedimentos para casamento estão no Código Civil).
ART. 2º: Ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Art. 5º, XL, CF/88: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o acusado
Art. XI, 2, da DUDH: Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Art. 9º da CADH (Pacto de San Jose da Costa Rica, 1989): Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não constituam delito de acordo com pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar-se.
Lei posterior é aquela que entra em vigor após outra. Validade apenas após o início de vigência e não a promulgação ou publicação.
Irretroatividade da lei penal mais gravosa:
Novatio legis in pejus: lei posterior que agrava a situação do agente no caso concreto
Novatio legis incriminadora: lei posterior que cria um tipo incriminador
Retroatividade da lei penal: (aplicação imediata e em qualquer fase)
Novatio legis in mellius (parágrafo único do art.2º): lei posterior que, de qualquer modo traz benefícios ao agente no caso concreto
Abolitio criminis (caput): lei posterior que deixa de considerar determinado fato como criminoso. É causa de extinção da punibilidade (art. 107, III)
Lei intermediária: caso uma lei seja sucedida por outra, e esta por outra, para fins de retroatividade prevalecerá a mais benéfica, ainda que seja a segunda (intermediária) e não a última.
ART. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência
Lei excepcional: feita para vigorar em períodos anormais, como guerra, calamidades etc, e sua duração coincide com a do período.
Lei temporária (Ex. Lei Geral das Copas, Lei 12.663/2012): feita para vigorar em um período de tempo previamente fixado pelo legislador, ou seja, entra em vigência já com data de cessação.
São ultrativas, ou seja, produzem efeitos mesmo após o final do prazo e vigência, porque se assim não fosse, não haveria proteção eficaz do bem jurídico, uma vez que os indivíduos contariam com a demora da persecução penal para aguardar o final da vigência (da lei temporária) e se beneficiariam da lei mais benéfica. Sem a ultratividade, as lei temporárias perderiam sua força intimidativa.
ART. 4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da conduta comissiva ou omissiva, ainda que outro seja o momento do resultado.
Tempo do crime e aplicação da Lei Penal: saber distinguir o tempo do crime é de extrema importância para podermos identificar qual a lei aplicável ao caso concreto. Ex: um homicídio cuja ação tenha ocorrido na vigência de uma lei, mas o resultado morte ocorre posteriormente sob a vigência de nova lei mais gravosa. Deve incidir a lei que vigorava ao tempo da ação ou omissão.
ART. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Princípio da territorialidade temperada (caput): adotado pelo CP. Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no Brasil, ressalvadas as exceções constantes em normas e tratados internacionais. Assim, a lei estrangeira poderá ser aplicada ao crime cometido no Brasil sempre que assim dispuserem tratados ratificados pelo nosso país.
Navios e aeronaves públicos ou a serviço do governo brasileiro: consideram-se extensão do território nacional, onde quer que se encontrem. Se privados, desde que estejam em mar territorial brasileiro, alto-mar ou espaço aéreo correspondente.
Navios e aeronaves de propriedade privada que se encontrem em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-mar: aplica-se a lei do país em que estiverem matriculados (princípio do pavilhão ou da bandeira)
Aeronaves estrangeiras de propriedade privada, em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente: aplica-se a lei brasileira.
Embarcações estrangeiras de propriedade privada que se encontrem em porto ou mar territorial do Brasil: aplica-se a lei brasileira
Navio ou avião estrangeiro de propriedade privada apenas de passagem pelo território brasileiro: se o crime cometido a bordo não afetar em nada nossos interesses, não se aplica a lei brasileira (princípio da passagem inocente)
Competência: Justiça Federal
Imunidades: Diplomatas. São dotados de inviolabilidade pessoal, ou seja, não podem ser presos ou submetidos a quaisquer procedimentos ou processos sem autorização de seu país. As sedes diplomáticas não são consideradas extensão territorial do país em que se encontram.
ART. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado 
Teoria da ubiquidade: considera-se lugar do crime tanto aquele da ação ou omissão quanto o do resultado (onde ocorreu ou deveria ocorrer). Tanto o resultado que ocorre em território nacional como a conduta aqui praticada causam lesão social suficiente para motivar a reação estatal. Para que se considere praticado no Brasil e, portanto esteja sujeito à Lei Penal brasileira, é necessário que o crime tenha tocado o território nacional em algum momento.
Crimes à distância: a ação/omissão se dá em um país e o resultado em outro. É competente para julgar o local em que foi praticado o último ato de execução no Brasil ou o local brasileiro onde se produziu o resultado. (ver art. 70 CPP)
EXCEÇÃO: Crimes de menor potencial ofensivo (Lei 9.099/95 – JECRIM): teoria da atividade – competência do local da infração.
	**crimes de menor potencial ofensivo: todas as contravenções e os crimes com pena máxima abstrata de até 2 anos.
ART. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administraçãopública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Formas da extraterritorialidade:
Incondicionada (inciso I): não se subordina a qualquer condição para atingir o crime cometido fora do território nacional;
Condicionada (inciso II e § 3º): a lei brasileira só se aplica ao crime cometido no estrangeiro se satisfeitas as condições dos §§ 2º e 3º.
Crimes cometidos no exterior por brasileiro e extradição: o brasileiro nato não pode ser extraditado pelo Brasil. O brasileiro naturalizado pode ser extraditado em duas hipóteses: (a) caso tenha cometido no exterior crime comum antes da naturalização; (b) tratando-se de tráfico de entorpecentes e drogas afins praticado em qualquer momento, antes ou depois da naturalização.
Súmulas STF:
1: “É vedada a expulsão de estrangeiro casado com brasileira, ou que tenha filho brasileiro, dependente de economia paterna”.
2: “Concede-se a liberdade vigiada ao extraditando que estiver preso por prazo superior a sessenta dias”.
421: “Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro”.
692: “Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito”.
ART. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
Se a pena cumprida no estrangeiro for diversa da imposta no Brasil pelo mesmo crime, haverá atenuação da pena (restritiva de direitos x privativa de liberdade);
Se a pena cumprida no estrangeiro for idêntica à imposta no Brasil (duas privativas de liberdade) pelo mesmo crime, deverá haver um abatimento na pena a ser executada no Brasil
ART. 9º. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único. A homologação depende:
para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Competência para homologação: STJ (art. 105, I, “i”, da CF/88)
Execução civil da sentença penal estrangeira: é necessário pedido da parte interessada, sendo vedada a atuação de ofício
Medida de segurança: a homologação depende de existência de tratado de extradição com o país cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Desnecessidade de homologação: reincidência (basta prova legal da existência da condenação estrangeira; sentença estrangeira absolutória ou que julgar extinta a punibilidade
Conteúdo da homologação: para homologação, verifica-se apenas o preenchimento dos requisitos do artigo 788 do CPP, e não o conteúdo da sentença
Procedimento da homologação no STJ: arts. 787 a 790 do CPP
ART. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Prazos do CP: o dia do começo é incluído no cômputo do prazo, não importando a que horas do dia o prazo começou a correr (considera-se o dia todo), nem se começou em domingo ou feriado. Ex: se a pena começou a ser cumprida às 23h50, os 10 minutos são contados como um dia inteiro.
Prescrição e decadência: regra do art. 10 do CP
Contagem de mês e ano: não se considera se o mês tem 30 ou 31 dias (ex. prazo de 6 meses iniciado em abril, termina em outubro). Para os prazos em anos, conta-se da mesma forma, não importando se bissextos ou comuns (prazo de cinco anos iniciado em 2018, termina em 2023).
Prorrogação: prazos penais são improrrogáveis ao dia útil.
ART. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
Não se fixa a pena em horas (ex. 30 dias e 10 horas) nem em centavos. 
ART. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Todas as disposições gerais do CP aplicam-se aos crimes definidos por Lei Especial (ex: crimes falimentares, contra o sistema financeiro, contra a ordem tributária, econômica e relações de consumo, contra o meio ambiente, contra os idosos, drogas etc)
As regras gerais somente não serão aplicadas se a lei especial dispuser de modo diverso. A lei especial prevalece sobre a geral (lex specialis derrogat generali)
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OS SLIDES!

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