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EXCELENTÍSSIMO SENHOR RELATOR MINISTRO PRESIDENTE JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Processo: Agravante: Agravado: ..., devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, por intermédio dos advogados e estagiários in fine assinados, com fulcro no artigo 1.021, do CPC c/c 258 do Regimento Interno do STJ, vem à presença de Vossa Excelência interpor AGRAVO REGIMENTAL em face da decisão que negou provimento ao Agravo Regimental em Recurso Especial, requerendo o recebimento e a retratação da decisão proferida, nos moldes do artigo 258, §3º, do RISTJ ou, subsidiariamente, que seja o presente recurso levado a julgamento para apreciação pelo colegiado desta Corte. (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Processo: Agravante: Agravado: I. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE a) TEMPESTIVIDADE A interposição deste instrumento é tempestiva, eis que se faz na data de 01.09.2020, tendo a intimação pessoal ocorrido em 27.08.2020. De forma que está em observância ao prazo estipulado no art. 258 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, carecendo seu conhecimento. b) CABIMENTO Ainda, de acordo com o mesmo dispositivo, art. 258 do RISTJ, é cabível à parte que se considerar prejudicada pela decisão prolatada pelo Presidente da Corte, Seção, Turma ou Relator, interpor o presente agravo, em vistas de ter a decisão confirmada ou reformada pelo colegiado. Situação que abrange o caso concreto, em razão do agravante sentir-se irresignado pela decisão do Ministro Presidente que não conheceu o recurso especial (e-STJ fls. 860-865). Dessa forma, demanda-se pela análise da Egrégia Corte. c) INTERESSE E LEGITIMIDADE O agravante tem interesse e legitimidade porque é réu no processo e sente-se prejudicado pela aplicação incorreta do devido diploma legal. (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br d) PREPARO Tendo em vista o artigo 7º da Lei 11.636/2007, bem como o artigo 3º da Resolução 01/2011 do STJ, não é devido o recolhimento do preparo para interposição do presente recurso. II. SÍNTESE PROCESSUAL Trata-se de ação penal em desfavor de ..., denunciado pela suposta prática do crime de roubo majorado, tipificado no art. 157, § 2º, I e II do Código Penal. De acordo com a inicial acusatória, na data de 09.10.2019, o agravante, em conjunto com os demais corréus, foram responsáveis por promover roubo com grave ameaça na Loja ..., no ..., restando como vítimas .... Oportunidade em que os corréus concretizaram o delito ao subtraírem os bens das vítimas mediante ameaça com simulacro de arma de fogo e evadiram-se do local do crime no carro em que o agravante conduzia. Após a regular instrução probatória e apresentadas as alegações finais, o Juízo de 1º grau julgou parcialmente procedente a pretensão punitiva do Estado e condenou o agravante à pena de 7 anos, 2 meses e 12 dias de reclusão, e ao pagamento de 48 dias-multa, em regime inicial semiaberto, pelo crime elencado no art. 157, § 2º, I e II c.c. art. 29, caput, por três vezes, na forma do art. 70, 1ª parte, todos do Código Penal (e-STJ fls. 454-484). Inconformado, o réu, por intermédio do NPJ, interpôs apelação ao fundamento de que inexistiam provas suficientes para a condenação da parte, de forma que descaracterizava sua autoria; e a inobservância de institutos benéficos ao réu na dosimetria da pena. Ao final, requereu-se a absolvição do acusado e, subsidiariamente, a aplicação da pena no mínimo legal, fixação do regime aberto para cumprimento de pena, retirada da majorante e reconhecimento de causa de diminuição de pena (e-STJ fls. 553-564). A 3ª Turma Criminal do TJDFT, porém, negou provimento ao recurso e manteve a condenação do réu inalterada (e-STJ fls. 617-663). (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br Após, foi interposto recurso especial ao argumento de violação aos artigos 29, § 1º, e 70, caput, ambos do Código Penal (e-STJ fls. 671-690). Na origem, o recurso foi inadmitido (e-STJ fl. 836-838). Em razão da óbice, foi interposto agravo em recurso especial, objetivando o afastamento da incidência da Súmula nº 7 do STJ e a posterior apreciação do Recurso Especial (e-STJ fls. 841-849). Entretanto, o Eminente Ministro Presidente João Otávio Noronha, em decisão monocrática, não conheceu do recurso especial, por aplicação do enunciado de Súmula nº 07/STJ quanto aos pedidos de reconhecimento de participação de menor importância e aplicabilidade da fração de 1/6 de aumento de pena no que concerne ao concurso formal (e-STJ fls. 860-865). Data vênia, é necessária a reforma da decisão. III. RAZÕES DO AGRAVO REGIMENTAL a) NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ Em decisão prolatada pelo Em. Ministro Presidente João Otávio Noronha, o Recurso Especial interposto por esta parte foi inadmitido, ao argumento de incidência da Súmula 7 do STJ. Entretanto, não há que se falar em reexame de fatos e provas já rechaçadas pelas instâncias anteriores, como restará demonstrado. O reexame fático-probatório em sede de Recurso Especial é estritamente vedado e consiste em rever as provas e fatos em si mesmos. Não é o que se requer no caso concreto. Ao contrário do alegado em juízo de admissibilidade, busca-se através do REsp a revaloração das provas. A revaloração intenta uma reanálise do acórdão do Tribunal a quo, em especial o conjunto fático-probatório inserido nesse contexto, com o fulcro de que a Corte Superior dê novo entendimento jurídico à decisão ali contida. Não há nova inspeção por meio de provas, documentos, imagens, dentre outros, apenas se atribui valor jurídico diverso ao acervo probatório, como se vê: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. REEXAME DA PROVA. REVALORAÇÃO DA PROVA. DIFERENÇAS. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 7 DO STJ. (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br 1. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial", consoante Súmula 7 do Superior Tribunal de Justiça. 2. O reexame da prova não se confunde com a revaloração. Esta ocorre quando a Corte Superior empresta "definição jurídica diversa aos fatos expressamente mencionados no acórdão", ao passo que o reexame da prova consiste numa "reincursão no acervo fático probatório mediante a análise detalhada de documentos, testemunhos, contratos, perícias, dentre outros". 3. In casu, há um fato incontroverso: o local do prestador do serviço é Florianópolis/SC, mas o serviço é efetivamente prestado em Brasília/DF. A definição jurídica de tais fatos, a depender da exegese que se dá à legislação de regência, pode permitir a conclusão de que o imposto sobre serviço seja devido ao Município de Florianópolis/SC ou Brasília/DF, tudo a depender da revaloração da prova, mas não do seu reexame. 4. Recurso conhecido e não provido. (Acórdão 842731, 20070110634478APC,Relator: SILVA LEMOS, , Revisor: FLAVIO ROSTIROLA, 3ª TURMA CÍVEL, data de julgamento: 3/12/2014, publicado no DJE: 22/1/2015. Pág.: 328) Com isso, cumpre-se ressaltar que os fundamentos alegados em sede de REsp (e-STJ fls. 671-690), como a participação de menor importância e a fração de aumento de pena indevida, têm origem nas circunstâncias discutidas no acórdão recorrido. As provas de autoria expressas no acórdão, embora reconheçam o réu como um dos autores do crime, não foram consideradas de forma individualizada, de modo que atribui a ... igual responsabilidade diante de um crime que os corréus executaram o tipo penal propriamente dito. E, decorrente da interpretação, data vênia, errônea atribuída ao réu pelas instâncias anteriores, reconhece-se a ilegalidade da fração no aumento da pena no concurso formal de crimes, situação que acarretou em uma pena exacerbada se comparado com sua atuação efetiva na empreitada criminosa concretizada pelos corréus. Desta feita, demanda-se alterar a conclusão jurídica de condenação de ... e, para isso, é absolutamente desnecessário o reexame de fatos e provas. Com efeito, a revaloração que permite atestar a fragilidade probatória acerca da autoria imputada ao agravante pode ser extraída do acórdão recorrido, o qual analisou as provas em cognição exauriente (e-STJ fls. 619-665). (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=842731 No mérito do REsp interposto, bem como do AREsp, questionou-se tão somente a ponderação concedida à participação de ... no crime, baseando-se unicamente nos fragmentos salientados pelo acórdão recorrido, sem requisitar reexame de fatos e provas. Portanto, requer a Vossas Excelências a revaloração do conjunto probatório já analisado em profundidade perante a instância originária mediante o acórdão impugnado, para que a pena de ... seja reduzida em 1/3 e a causa de aumento do concurso formal seja ajustada para o montante de 1/6. b) PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA A circunstância que confere diminuição da pena em razão da participação de menor importância está elencada no art. 29, § 1º do Código Penal. Está vinculada a cenários em que um dos agentes não detém o domínio do fato criminoso. A participação do agente nesses casos é de leve eficiência causal. No caso concreto, o acórdão recorrido cita os depoimentos das vítimas em juízo e, em ambas declarações os corréus são apontados como aqueles agentes que de fato adentraram na loja e subtraíram os pertences das vítimas. Alegam, ainda, reconhecer um rapaz que permanece dentro do veículo e que se evade do local quando os agentes que ativamente cometeram o roubo retornam (e-STJ fls. 628-630). A 3ª Turma Criminal do TJDFT acerta quando menciona que ... efetivamente subtraiu bens das vítimas em unidade de desígnio com ..., mas se equivoca ao induzir que o agravante ... conscientemente auxiliou os corréus à prática do crime e endossa sua participação como essencial para a prática deste (e-STJ fls. 633-634). Explico. O agravante apenas contribuiu na prática delituosa ao dirigir o carro que transportou os corréus, não ameaçou nenhuma das vítimas ou sequer subtraiu seus bens. Não se trata de conduta essencial para a prática do mesmo de forma que, em relação às demais atividades, a de ... foi a que menor impactou o bem-estar das vítimas. A prescindibilidade de sua conduta justifica-se ao passo de pensarmos que, caso ... não fosse o motorista, qualquer outra pessoa o faria e o crime se concretizaria nas mesmas circunstâncias, afinal de contas, os corréus que ameaçaram e extraíram os bens das vítimas. A situação deixa claro – sem (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br qualquer necessidade de reexame de provas – que igualar a relevância das participações não é cabível e sequer obedece o princípio da proporcionalidade. A revaloração de provas, proporcionada pelo REsp, é o instrumento necessário para prevalecer a aplicação idônea do art. 29, §1ºdo Código Penal e restabelecer a individualização da pena. Por meio da revaloração de provas dispostas no acórdão, a pena deve ser devidamente reduzida de 1/3, em razão da participação de menor importância do réu ..., sem ter o que falar sobre suposta anuência alinhada com os interesses dos demais corréus que efetivamente realizaram o núcleo penal contra as vítimas e contra o Estado. Ademais, não resta demonstrado no acórdão o animus do agravante em subtrair bens de vítimas e agregar valores a seu patrimônio, sua participação limitou-se a transportar os corréus, ocorrência mais branda do que a prática do tipo penal em si, materializada pelos corréus. Assim, requer-se uma nova análise e valoração das conjecturas dispostas no acórdão recorrido. c) VIOLAÇÃO AO ART. 70 DO CÓDIGO PENAL No mesmo liame que se considera a participação do agravante de menor importância, faz-se uma análise sobre a dosimetria da pena atribuída. No acórdão recorrido, a 3ª Turma Criminal aduz a conformidade da pena aplicada ao agravante, em que pese o concurso formal de crimes praticados. O colegiado manteve a condenação com o aumento de pena na fração de 1/5 em razão de 3 crimes praticados contra 3 vítimas distintas lesadas pelo agravante (e-STJ fls. 660-661). Tal consideração não se subsiste. Com base no acervo fático-probatório especificado no acórdão, não é possível identificar a subjetividade da motivação de ... ao dirigir o carro que levou os corréus até o local do crime. Ainda, soa arriscado mencionar a assunção de riscos do agravante ao permanecer no automóvel durante a empreitada criminosa promovida pelos corréus, eis que não era possível saber quantas pessoas seriam roubadas pelos corréus. Não obstante, importante ressaltar que ... ao menos sabia das intenções dos demais. Diante desse desconhecimento, é descabida a interposição da fração de 1/5 ao agravante, por não ter previsto e participado ativamente de todas as etapas que formalizaram o crime. (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br O acórdão recorrido detém certa fragilidade no que concerne a analisar o elemento subjetivo da participação do agravante no crime, se limitando a expressar que se o réu dirigiu o carro que os corréus evadiram-se do local, automaticamente estava em conluio com os mesmos, denotando uma divisão de tarefas em prol de arrecadar ilegalmente a maiorquantidade de bens alheios possível. Essa afirmação não deve persistir, em obediência ao princípio do in dubio pro reo. A condução feita pelo agravante não deve ser vinculada ao consentimento de prejudicar-se o máximo de vítimas. Consequentemente, a revaloração das especificidades do acórdão é legítima para restabelecer a legalidade e reformar o acórdão de forma que incida o mínimo legal do acréscimo (1/6) correspondente ao concurso formal de crimes. Tal conclusão tampouco demandaria o reexame de fatos e provas, eis que se trata de simples revaloração jurídica dos elementos já pertencentes no acórdão advindo da instância de origem. IV. PEDIDOS Ante o exposto, requer, respeitosamente, que seja o presente Agravo processado e julgado para: a) Que seja reconsiderada a decisão que não proveu o agravo regimental em recurso especial, para que seja conhecido e provido; b) Que seja feita uma revaloração das provas no que tange aos argumentos deduzidos acima, afastando-se o enunciado de súmula n. 07/STJ e considerando-se a participação de menor importância, com a consequente redução de 1/3 da pena e incidência do acréscimo do concurso formal no montante de 1/6; c) Seja o recurso especial apresentado para julgamento do colegiado no Superior Tribunal de Justiça, sendo-lhe dado integral provimento para reforma do acórdão atacado; (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br d) Que seja registrado para fins de intimação e outros procedimentos futuros o Núcleo de Prática Jurídica, com intimação pessoal, sob pena de nulidade. ADVOGADO/OAB LOCAL, DATA (61) 99864-6917 | www.uniceub.br | central.atendimento@uniceub.br l naj.stj@uniceub.br
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