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REVISÃO CRIMINAL

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TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1897
Não obstante, como não se trata de uma cognição exauriente, mas sim secundum eventum 
probationis, ou seja, limitada à prova existente, essa denegação da ordem não impede que, por 
outros meios, o paciente obtenha o reconhecimento do seu direito. Como consequência natural 
da cognição sumária realizada na ação de habeas corpus, os limites da coisa julgada ficam 
restritos às provas que foram objeto de apreciação pelo órgão judiciário. Assim, desde que o 
novo pedido não seja mera reiteração do anterior, é possível a renovação do pleito, sobretudo 
quando baseada em novos elementos probatórios, que permitam cognição distinta daquela an-
teriormente realizada.
Por fim, convém destacar que a decisão que denega a ordem de habeas corpus de modo 
algum impede que a mesma questão venha a ser reapreciada pelo magistrado de 1ª instância, 
em sede recursal ou mediante revisão criminal. Como observa a doutrina, tratando-se de remé-
dio excepcional, cujo objeto é a liberdade, a preclusão da matéria nessa via não exclui o seu 
exame em outras vias, especialmente em face da plenitude do direito de defesa. Ilustrando, se, 
no julgamento de habeas corpus pelo Tribunal, for denegada a ordem para o trancamento de 
processo penal em face da atipicidade da conduta delituosa, nada impede que, por ocasião da 
prolação da sentença em 1º grau, venha o juiz a absolver o acusado por entender que a conduta 
imputada ao agente consiste em fato atípico (CPP, art. 386, III).105
CAPÍTULO II
REVISÃO CRIMINAL
1. NOÇÕES GERAIS
Indispensável à segurança jurídica, a coisa julgada conta com previsão constitucional (art. 
5º, XXXVI). Instituto processual que impõe a imutabilidade das decisões e que impede um 
novo julgamento do mesmo fato, a coisa julgada foi instituída para garantir a estabilidade dos 
julgamentos, assegurando o prestígio da justiça e a ordem social.
Ocorre que, em situações excepcionais, a coisa julgada pode ser afastada por intermédio da 
revisão criminal. Por mais que não se possa negar a importância da coisa julgada, não se pode 
admitir que uma decisão condenatória contaminada por grave erro judiciário – expressão máxima 
da injustiça – seja mantida pelo simples fato de haver transitado em julgado. Há de se buscar, 
enfim, o equilíbrio entre a segurança e Justiça, disciplinando a correção dos erros judiciários.
Assim, em hipóteses taxativamente arroladas pelo CPP (art. 621, I, II e III), ante a exis-
tência de vícios extremamente graves, a certeza inerente à coisa julgada se vê sobreposta pela 
busca de uma decisão que se revele mais justa. À primeira vista, pode parecer que a revisão 
criminal viola a coisa julgada. Pelo contrário. Conquanto tenha por objetivo a desconstituição 
de uma decisão irrecorrível, a revisão criminal acaba por valorizar a coisa julgada, já que o que 
a sociedade espera é a estabilidade da decisão justa e não a manutenção de pronunciamento 
judicial caracterizado por erro de fato ou de direito.
Afinal, por melhor que seja a prestação jurisdicional, por mais que a existência dos recursos 
ordinários e extraordinários possa levar ao aprimoramento da atividade judicante, em se tratando 
de uma atividade humana, é evidente que equívocos podem ser cometidos. Daí a necessidade 
de um instrumento capaz de desconstituir a coisa julgada sempre que a sentença condenatória 
105. Nesse contexto: GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. 
Recursos no processo penal. 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 301.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1898
ou absolutória imprópria estiver contaminada por um erro judiciário. No âmbito criminal, este 
instrumento é a revisão criminal; na seara cível, utiliza-se a ação rescisória.
2. CONCEITO
No ordenamento pátrio, a revisão criminal pode ser compreendida como ação autônoma 
de impugnação, da competência originária dos Tribunais (ou das Turmas Recursais, no âmbito 
dos Juizados), a ser ajuizada após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória 
imprópria (leia-se, exclusivamente em favor do acusado), visando à desconstituição da coisa 
julgada, sempre que a decisão impugnada estiver contaminada por erro judiciário. Seus pres-
supostos fundamentais são: 1) A existência de sentença condenatória ou absolutória imprópria 
com trânsito em julgado; 2) A demonstração do erro judiciário (CPP, art. 621, I, II, e III).
Em sistemas processuais semelhantes ao nosso, em que a revisão criminal só é admitida 
em favor do condenado, esse erro judiciário acaba por provocar a condenação de um inocente 
(quando, por exemplo, inexiste o crime ou o acusado não concorreu como autor ou partícipe; 
quando presente uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade não reconhecidas na 
sentença); a tipificação de um crime mais grave do que o efetivamente cometido pelo punido; 
ou a fixação de pena superior à cominada para o fato reconhecido no julgado.
Segundo a doutrina, as causas mais importantes que determinam a ocorrência desse erro são 
as seguintes: a) ausência ou deficiência na análise crítica da confissão do acusado; b) valoração 
equivocada a respeito da acusação feita por coautores e partícipes; c) avaliação não crítica da 
prova testemunhal; d) erro no reconhecimento do acusado; e) mentira ou contradição como 
prova da culpabilidade; f) valoração não crítica dos laudos periciais.106
A revisão criminal assume contornos de garantia fundamental do indivíduo, na forma de 
remédio constitucional contra condenações injustas. Com efeito, a Constituição Federal refere-se 
expressamente à revisão ao cuidar da competência do Supremo Tribunal Federal e do Superior 
Tribunal de Justiça (art. 102, I, “j”, e art. 105, I, “e”, respectivamente). Implicitamente, também 
se refere a ela quando estabelece que o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim 
como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença (CF, art. 5º, LXXV).
Essa previsão constitucional da revisão criminal apresenta-se necessária, porquanto a coisa 
julgada também conta com assento constitucional (CF, art. 5º, XXXVI). Ora, como a revisão visa 
à desconstituição da coisa julgada, caso não fosse dotada de previsão na própria Constituição, 
poder-se-ia dizer que a coisa julgada deveria prevalecer por se tratar de garantia expressamente 
prevista na Carta Magna.
3. NATUREZA JURÍDICA
De modo semelhante ao que ocorre com o habeas corpus, a revisão criminal também vem 
prevista no CPP no capítulo que trata dos recursos em geral. Porém, é firme o entendimento 
no sentido de que não se trata de um recurso, mas sim de uma ação autônoma de impugnação, 
pelos seguintes motivos:
1) O recurso funciona como instrumento de impugnação de decisões judiciais não definiti-
vas, ao passo que a revisão criminal só pode ser ajuizada após o trânsito em julgado de sentença 
condenatória ou absolutória imprópria;
106. MÉDICI, Sérgio de Oliveira. Revisão criminal. 2ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000. p. 221. Ainda 
segundo o autor, fala-se em error in judicando e em error in procedendo para separar as duas modalidades de 
erro verificadas numa decisão judicial. O primeiro é aquele cometido pelo juiz, relativamente ao juízo de direi-
to, quer no tocante ao direito material, quer ao direito processual. Em outras palavras, a violação ou a errada 
aplicação da lei, pelo juiz ou tribunal, ao julgar, configura error in judicando. Por sua vez, a não observância dos 
preceitos estabelecidos nas leis processuais, relativamente à disciplina do procedimento, configura o error in 
procedendo. Este erro compromete a forma dos atos, sua estrutura externa, seu modo natural de realizar-se.
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1899
2) A interposição de um recurso não faz surgir uma nova relação jurídica processual. Por 
meio da revisão criminal, instaura-se uma nova relação jurídica processual, diversa daquela de 
onde provém a decisão impugnada;
3) Dentrevários pressupostos de admissibilidade recursal, deve ser aferida a tempestivi-
dade do recurso, sendo certo que, operada a preclusão temporal, tal impugnação não poderá 
ser conhecida. A revisão criminal pode ser ajuizada a qualquer momento, inclusive depois do 
cumprimento da pena ou até mesmo após a morte do acusado;
4) Dentre vários pressupostos de admissibilidade recursal, deve ser aferida a legitimidade 
do recurso, sendo certo que, interposto por parte ilegítima, tal impugnação não poderá ser conhe-
cida. A revisão criminal, por sua vez, pode ser pedida pelo próprio acusado ou por procurador 
legalmente habilitado ou, no caso de morte, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão 
(CPP, art. 623). Ademais, se, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver de 
ser revista, será nomeado curador para a defesa (CPP, art. 631).
4. DISTINÇÃO ENTRE REVISÃO CRIMINAL E AÇÃO RESCISÓRIA
A revisão criminal, de utilização restrita ao âmbito processual penal, não se confunde com 
a ação rescisória, prevista no Código de Processo Civil, pelos seguintes motivos:
1) o direito de propor ação rescisória se extingue no prazo decadencial de 2 (dois) anos, 
contados do trânsito em julgado da decisão (CPC, art. 495 – art. 975, caput, do novo CPC);107 
a revisão criminal pode ser ajuizada a qualquer momento, inclusive depois do cumprimento da 
pena e até mesmo após a morte do acusado;
2) tem legitimidade para propor a ação rescisória quem foi parte no processo ou o seu 
sucessor a título universal ou singular, o terceiro juridicamente interessado, o Ministério Públi-
co, se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção, quando a decisão 
rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei, e em outros 
casos em que se imponha sua atuação, assim como aquele que não foi ouvido no processo em 
que lhe era obrigatória a intervenção (art. 967, incisos I, II, III e IV, do novo CPC); a revisão 
criminal pode ser pedida pelo Ministério Público, exclusivamente em favor do condenado, pelo 
próprio acusado ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte, pelo cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 623). Ademais, se, no curso da revisão, falecer a 
pessoa, cuja condenação tiver de ser revista, será nomeado curador para a defesa (CPP, art. 631);
3) a ação rescisória pode ser utilizada em favor do interesse de qualquer das partes; no 
processo penal pátrio, a revisão criminal só pode ser utilizada em favor do acusado, daí por que 
é considerada como privativa da defesa, sendo inadmissível a revisão criminal pro societate.
5. PEDIDOS: JUÍZO RESCINDENTE E JUÍZO RESCISÓRIO
Antes de analisarmos o pedido da revisão criminal, é importante diferenciarmos juízo 
rescindente e juízo rescisório:
a) juízo rescindente ou revidente: ocorre quando a decisão impugnada é desconstituída, 
funcionando como verdadeiro juízo de cassação;
107. De acordo com o art. 975, § 1º, do novo CPC, quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em 
dia em que não houver expediente forense, esse prazo de 2 (dois) anos será prorrogado até o primeiro dia 
útil imediatamente subsequente. Por outro lado, se a ação rescisória for ajuizada com base em provas novas, 
o termo inicial do prazo será a data de sua descoberta, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado 
do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (art. 975, § 2º, do novo CPC). Noutro giro, nas 
hipóteses de simulação ou de colusão das partes, esse prazo de 2 (dois) anos começa a contar, para o terceiro 
prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que tiverem 
ciência da simulação ou da colusão (art. 975, § 3º, do novo CPC).
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1900
b) juízo rescisório ou revisório: ocorre quando nova decisão é proferida em substituição 
àquela que foi rescindida, ou seja, há um juízo de reforma.
De acordo com o art. 626, caput, do CPP, julgado procedente o pedido revisional, é possível 
que o Tribunal altere a classificação do fato delituoso, absolva o acusado, modifique a pena ou 
anule o processo. Como se percebe, por meio da revisão criminal, o autor objetiva a desconsti-
tuição de sentença condenatória ou absolutória imprópria passada em julgado (juízo rescindente 
ou revidente), com sua consequente substituição por outra (juízo rescisório ou revisório), o que 
só não irá ocorrer quando o Tribunal anular a sentença (CPP, art. 626, caput, in fine), já que, 
nesse caso, o processo será devolvido à origem para que retome seu curso a partir da nulidade, 
salvo se já extinta a punibilidade.
Se a procedência do pedido revisional acarretar a absolvição do acusado, o julgamento 
importará no restabelecimento de todos os direitos perdidos em virtude da condenação, devendo 
o tribunal, se for o caso, impor a medida de segurança cabível (CPP, art. 627). Para tanto, o juiz 
da execução penal deve ser comunicado e, à vista da certidão do acórdão que cassar a sentença 
condenatória, ordenará sua juntada imediata aos autos para inteiro cumprimento (CPP, art. 629).
Para além desses pedidos – alteração da classificação do fato delituoso, absolvição, modifi-
cação da pena ou anulação do processo –, o autor também pode cumular o pedido de indenização 
pelo erro judiciário. De acordo com o art. 630, caput, do CPP, o tribunal, se o interessado o 
requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
Essa indenização não se apresenta como efeito automático de eventual absolvição pelo Tri-
bunal por ocasião do julgamento da revisão criminal. Há necessidade de pedido expresso nesse 
sentido. Caso o pedido de indenização não seja cumulado ao pedido rescindente e rescisório, 
a reparação dos prejuízos oriundos do erro judiciário somente poderá ser pleiteada em ulterior 
processo cível de conhecimento.
Considerando que juízes e tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de 
habeas corpus, é plenamente possível que o Tribunal julgue a revisão criminal extra ou ultra 
petita, desde que o faça para beneficiar o acusado. Assim, ainda que o pedido formulado pelo 
autor tenha sido no sentido da diminuição da pena, é plenamente possível que o tribunal o ab-
solva caso vislumbre a descoberta de provas novas capazes de inocentá-lo (CPP, art. 621, III).
Compreendida a revisão criminal como espécie de ação autônoma de impugnação, conclui-
-se que, com base em outro fundamento, é plenamente possível o ajuizamento de nova revisão 
criminal, já que, nessa hipótese, não haverá identidade de ações, porquanto distintas as causas 
de pedir. Assim, julgado improcedente o pedido de revisão criminal ajuizada sob o argumento 
de que a sentença condenatória seria contrária ao texto expresso da lei, é plenamente possível 
a formulação de novo pedido com base em fundamento distinto (v.g., sentença condenatória 
fundada em provas falsas).
De todo modo, diante do teor do art. 622, parágrafo único, do CPP, segundo o qual “não 
será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas”, é de se concluir 
que, ainda que a causa de pedir seja a mesma, é plenamente possível o ajuizamento de nova 
revisão criminal, desde que o autor o faça com fundamento em novas provas.
6. CONDIÇÕES DA AÇÃO
Se se trata, a revisão criminal, de ação autônoma de impugnação, e não de um recurso, 
mister se faz analisar as condições impostas pelo ordenamento jurídico para o exercício regular 
desse direito.
6.1. Legitimidade ativa e passiva
De acordo com o art. 623 do CPP, a revisão pode ser pedida pelo próprio acusado ou por 
procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do acusado, pelo cônjuge, ascendente, 
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1901
descendente ou irmão, quando se tem a denominada reabilitação da memória. Explica-se: os 
sucessores do condenado também têm interesse na revisão criminal, não só em virtude dos 
efeitos patrimoniais de uma possívelindenização pelo erro judiciário, como também diante 
do interesse em buscar a restauração do status dignitatis do falecido, que se viu condenado de 
maneira injusta.
Considerando que, para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre 
o homem e a mulher como entidade familiar (CF, art. 226, § 3º), o companheiro (ou compa-
nheira) também possui legitimidade para a propositura da revisão criminal, interpretando-se 
extensivamente o termo cônjuge constante do art. 623 do CPP.
Se, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver de ser revista, o presidente 
do tribunal nomeará curador para a defesa (CPP, art. 631). De se notar que o CPP não impõe a 
suspensão do processo para a habilitação dos herdeiros. Logo, na hipótese de morte do condena-
do, uma vez nomeado o curador, a revisão criminal deve seguir seu curso normal, sem prejuízo 
de posterior habilitação dos herdeiros, sucedendo o demandante originário.
Apesar de não constar expressamente do rol do art. 623 do CPP, prevalece, no âmbito da 
doutrina, o entendimento de que o Ministério Público também tem legitimidade para ingressar 
com pedido de revisão criminal, desde que o faça, logicamente, em favor do acusado.
Ora, considerando-se que o Parquet pode requerer a absolvição do acusado (CPP, art. 
385), tendo em conta que se admite a impetração de habeas corpus pelo Ministério Público 
em prol da proteção da liberdade de locomoção (CPP, art. 654, caput, c/c art. 32, I, da Lei nº 
8.625/93), podendo, ademais, interpor recursos para beneficiar o acusado, como se pode negar 
sua legitimação para ajuizar revisão criminal em favor do condenado? De se registrar, todavia, 
que há precedente antigo do Supremo em sentido contrário.108
A legitimidade passiva é do Estado ou da União, a depender da Justiça responsável pelo 
decreto condenatório: se a condenação tiver sido proferida pela Justiça Federal, pela Justiça 
Militar da União, pela Justiça Eleitoral ou pela Justiça Comum do Distrito Federal, a legitimação 
recairá sobre a União; caso a condenação tenha sido proferida pela Justiça Estadual, aí com-
preendida a Justiça Militar Estadual, o estado-membro ocupará o polo passivo. Afinal, como é 
possível que, do julgamento da revisão criminal, resulte a condenação do referido ente a uma 
indenização pelo erro judiciário, deve ser reconhecida sua legitimidade passiva.
Há quem entenda que a Fazenda Pública (União, Distrito Federal ou estado-membro) não 
deve ser citada para se defender no âmbito da revisão criminal, já que o Ministério Público 
ocuparia o polo passivo na revisão criminal, representando o interesse penal do Estado e o 
interesse civil da Fazenda Pública. A nosso juízo, tal interpretação é incompatível com a Cons-
tituição Federal, já que é vedada ao Parquet a representação judicial e a consultoria jurídica 
de entidades públicas (CF, art. 129, IX). Na verdade, o Ministério Público não é citado para 
contestar a demanda, atuando, na verdade, como fiscal da lei, prevendo o CPP a abertura de 
vista dos autos para que possa se manifestar (CPP, art. 625, § 5º).109
A lei não prevê a intervenção do ofendido, em que pese sabermos que, a depender do 
resultado da revisão criminal, tal decisão pode repercutir nos interesses civis da vítima (v.g., 
absolvição do acusado sob o fundamento de inexistência do fato delituoso).
108. No sentido de que o Ministério Público não tem legitimidade para formalizar a revisão criminal, pouco importan-
do haver emprestado ao pedido o rótulo de habeas corpus, presente o fato de a sentença já ter transitado em 
julgado há mais de quatro anos da impetração e a circunstância de haver-se arguido a competência da Justiça 
Federal, e não da Justiça Estadual, sendo requerente o Procurador da República: STF, 2ª Turma, RHC 80.796/SP, 
Rel. Min. Marco Aurélio, j. 29/05/2001, DJ 10/08/2001 p. 20.
109. Com entendimento semelhante: TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 
4ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2010. p. 1065. E também: FEITOZA, Denilson. Direito processual penal. 7ª 
ed. Niterói/RJ: Editora Impetus, 2010. p. 1.169.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1902
6.2. Interesse de agir: coisa julgada
A revisão criminal só pode ser ajuizada quando presente o trânsito em julgado de sentença 
condenatória ou absolutória imprópria. Quando o art. 621, caput, do CPP, utiliza-se da expressão 
processos findos, refere-se a processos com sentenças passadas em julgado.
Na mesma linha, segundo o art. 625, § 1º, do CPP, a revisão criminal deve ser instruída 
com a certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória e com as peças necessárias 
à comprovação dos fatos arguidos.
6.2.1. Desnecessidade de esgotamento das instâncias ordinárias (prequestionamento)
É sabido que, para fins de interposição do recurso extraordinário perante o Supremo e do 
recurso especial junto ao STJ, é indispensável o esgotamento das instâncias ordinárias, por-
quanto, ao tratar de ambos os recursos, a Constituição exige que a causa tenha sido decidida 
em única ou última instância (CF, art. 102, III, e art. 105, III, respectivamente). Daí dispor a 
súmula nº 356 do Supremo que “o ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos 
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do 
prequestionamento”. Em sentido semelhante, a súmula nº 207 do STJ preconiza que “é inad-
missível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido 
no tribunal de origem”.
Se, de um lado, há necessidade de esgotamento das instâncias ordinárias para fins de 
interposição dos recursos extraordinários (RE e REsp), o mesmo não pode ser dito quanto à 
revisão criminal. Para que a revisional possa ser ajuizada, basta que tenha havido o trânsito em 
julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, sendo de todo irrelevante o fato 
de ter havido (ou não) o esgotamento dos recursos ordinários postos à disposição da defesa. 
Portanto, diante de sentença condenatória proferida por juiz de 1ª instância, mesmo que sequer 
tenha havido a interposição de apelação, uma vez operado seu trânsito em julgado, será cabível 
a revisão criminal, desde que presente uma das hipóteses do art. 621 do CPP.
Nesse contexto, como já se pronunciou o Supremo, não há necessidade de se impor, relati-
vamente à matéria versada na revisão criminal, o instituto do prequestionamento, especialmente 
consideradas as alíneas I e III do artigo 621 do Código de Processo Penal.110
6.3. Possibilidade jurídica do pedido: sentença condenatória ou absolutória imprópria, 
inclusive após o cumprimento da pena e/ou morte do acusado
Em sede de revisão criminal, a possibilidade jurídica do pedido estará configurada a partir 
da presença de uma sentença condenatória ou absolutória imprópria.
Os três incisos do art. 621 referem-se expressamente à natureza da decisão que admite o 
ajuizamento da revisão criminal: sentença condenatória. Enquanto os incisos I e II do art. 621 
fazem menção expressa à necessidade de uma sentença condenatória, o inciso III faz referência 
à descoberta de novas provas de inocência do condenado.
A doutrina é pacífica no sentido de também se admitir o ajuizamento da revisão criminal em 
face de sentença absolutória imprópria com trânsito em julgado. Afinal, tal decisão, conquanto 
classificada como absolutória, tem inegável carga condenatória, já que submete o acusado ao 
cumprimento de medida de segurança (CPP, art. 386, parágrafo único, III), verdadeira espécie 
de sanção penal.
110. STF, 2ª Turma, HC 76.319/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 03/03/1998, DJ 17/04/1998. O prequestionamento 
também não funciona como requisito de admissibilidade de habeas corpus originário. Logo, revela-se desneces-
sária a prévia discussão acerca de matéria objeto de “habeas corpus” impetrado originariamente no STJ, quando 
a coação ilegal ou o abuso de poder advierem de ato de TRF no exercício de sua competência penal originária.Nessa linha: STF, 1ª Turma, RHC 118.622/ES, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 17/03/2015.
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1903
Segundo o art. 622, caput, do CPP, a revisão criminal pode ser proposta em qualquer 
tempo, antes da extinção da pena ou após. Como se percebe, ao contrário do habeas corpus, 
que pressupõe a existência de violência ou coação ilegal à liberdade de locomoção, a revisão 
criminal pode ser ajuizada inclusive após o cumprimento da pena. Nesse caso, por mais que 
tenha havido o cumprimento da pena, o interesse de agir do requerente estará consubstanciado 
na restauração do status dignitatis do condenado, no sentido do reconhecimento do erro judi-
ciário em sua injusta condenação.
6.3.1. Vedação da revisão criminal pro societate no ordenamento pátrio e princípio do ne bis 
in idem processual
Apesar de alguns ordenamentos jurídicos estrangeiros admitirem a utilização da revisão 
criminal em favor da sociedade (pro societate), é certo que, no sistema processual penal pátrio, 
a revisão só pode ser ajuizada em favor do acusado.
O principal fundamento para a vedação da revisão criminal pro societate é de natureza 
política: se o acusado já foi submetido a um processo penal, com ampla dilação probatória, 
e o Ministério Público não logrou êxito em comprovar sua culpabilidade, afigura-se inviável 
sujeitá-lo a novo processo em face da mesma imputação, mesmo diante do surgimento de pro-
vas novas capazes de atestar ter sido ele o autor do delito. Como observa a doutrina, “melhor 
atende aos interesses do bem comum a manutenção de uma sentença injusta, proferida em prol 
do réu, do que a instabilidade e insegurança a que ficaria submetido o acusado absolvido, se o 
pronunciamento absolutório pudesse ser objeto de revisão”.111
Em harmonia com a vedação da revisão criminal pro societate, o Código Penal estabelece 
que não se admite a prova da verdade no crime de calúnia se do crime imputado, embora de 
ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível (art. 138, § 3º, III). Ora, se a 
sentença absolutória, uma vez passada em julgado, não pode ser revista, ainda que surjam provas 
novas, não se pode admitir que, em processo criminal referente ao delito de calúnia, o querelado 
pretenda fazer prova contra a res judicata por meio de exceção da verdade.
Entre nós, a revisão criminal pro societate também encontra óbice em virtude da adoção 
do princípio do ne bis in idem processual. Por força desse princípio, previsto expressamente na 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 678/92, art. 8º, § 4º), ninguém pode ser 
processado duas vezes pela mesma imputação: entende-se que duas ações penais são idênticas 
quando figura no polo passivo o mesmo acusado e quando o fato delituoso atribuído ao agente 
em ambos os processos criminais for idêntico. Supondo-se, assim, que determinado indivíduo 
tenha sido absolvido em um processo criminal pela prática de furto em virtude da ausência de 
provas, operando-se o trânsito em julgado dessa decisão, não será possível o oferecimento de 
nova denúncia (ou queixa) em relação à mesma imputação, mesmo que surjam, posteriormente, 
provas cabais de seu envolvimento no fato delituoso. Não havendo, no ordenamento jurídico 
brasileiro, revisão criminal pro societate, impõe-se acatar a autoridade da coisa julgada material, 
ainda que a decisão tenha sido proferida por juízo absolutamente incompetente, para garantir-se 
a segurança e a estabilidade que o ordenamento jurídico demanda.112
Por fim, convém destacar que não há falar em revisão criminal pro societate quando se 
verificar que, no julgamento originário, o processo não fora conduzido de maneira independente 
ou imparcial, ou que tenha sido conduzido de modo a subtrair o acusado à sua responsabilidade 
criminal. Afinal, como proclama o velho brocardo, ninguém pode se beneficiar de sua própria 
torpeza.
111. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo 
penal. 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 239.
112. STJ, 6ª Turma, HC 36.091/RJ, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 24/02/2005, DJ 14/03/2005.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1904
Nessa linha, em caso concreto em que o acusado apresentou certidão de óbito falsa, e teve 
declarada a extinção de sua punibilidade, o Supremo entendeu que é possível a revogação da 
decisão extintiva de punibilidade, à vista de certidão de óbito falsa, por inexistência de coisa 
julgada em sentido estrito, pois, caso contrário, o paciente estaria se beneficiando de conduta 
ilícita. Nesse ponto, asseverou-se que a extinção da punibilidade pela morte do agente ocorre 
independentemente da declaração, sendo meramente declaratória a decisão que reconhece, a 
qual não subsiste se o seu pressuposto é falso.113
6.3.2. Impossibilidade de utilização da revisão criminal para fins de modificação dos funda-
mentos de sentença absolutória própria
Por mais que se admita a interposição de recursos por parte do acusado para fins de se 
buscar a modificação do fundamento de sentença absolutória própria, se acaso demonstrada a 
possibilidade de repercussão favorável no cível, não se admite o ajuizamento de revisão criminal 
em face de sentença absolutória própria.
Destarte, se o acusado tiver sido absolvido com base na ausência de provas suficientes 
para a condenação (CPP, art. 386, VII), e esta decisão tiver transitado em julgado, será inviável 
a revisão criminal, nem mesmo se o acusado conseguir demonstrar que o ajuizamento da re-
visional visa à modificação do fundamento da absolvição para que possa repercutir no âmbito 
cível (v.g., inexistência do fato delituoso).
6.3.3. Extinção da punibilidade
Quanto à possibilidade de ajuizamento de revisão criminal diante de decisão declaratória 
da extinção da punibilidade, há de se ficar atento ao momento de sua ocorrência:
a) se a causa extintiva da punibilidade ocorrer antes do trânsito em julgado de sentença 
condenatória ou absolutória imprópria (v.g., morte do acusado, prescrição da pretensão puni-
tiva), não será cabível o ajuizamento da revisão criminal, ainda que o acusado tenha interesse 
em provar sua inocência;
b) se a causa extintiva da punibilidade sobrevier ao trânsito em julgado de sentença con-
denatória ou absolutória imprópria (v.g., prescrição da pretensão executória, morte do agente), 
nada impede o ajuizamento da revisão criminal.
No tocante à decisão concessiva do perdão judicial, chamada de absolvição anômala por 
alguns doutrinadores, é certo que há controvérsias em torno de sua natureza jurídica. Há quem 
entenda que referida decisão tem natureza condenatória, pois o juiz somente perdoa o imputado, 
nas hipóteses expressamente previstas em lei, após valoração da prova e verificação da procedên-
cia da acusação. Caso contrário, não haveria razão para perdoá-lo. Logo, tratada como espécie 
de decisão condenatória, seria cabível a revisão criminal. Prevalece, todavia, o entendimento 
de que a decisão concessiva do perdão judicial é simplesmente declaratória de extinção da pu-
nibilidade. Nesse sentido, aliás, a súmula nº 18 do STJ preconiza que “a sentença concessiva 
do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito 
113. STF, HC 84.525/MG, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 16/11/2004. Como não há nenhuma diferença ontológica entre 
a hipótese de extinção da punibilidade ou de absolvição fundada em fraude perpetrada pelo acusado, situações 
em que não há motivo para se invocar a proteção do ne bis in idem, há doutrinadores que defendem a releitura 
da proibição da reformatio in pejus para a sociedade para admitir, em tese, o prosseguimento do processo 
quando a absolvição ou extinção de punibilidade estiver fundada em fraude praticada pelo acusado, até por-
que tal conduta significa que apenas formalmente e não materialmente o réu se submeteu ao processo penal. 
Parece, aos autores, mais adequado e justo admitir um novo (melhor dizendo,um primeiro) julgamento real 
nessas hipóteses. Nesse sentido: BEDÊ JÚNIOR, Américo; SENNA, Gustavo. Princípios do processo penal: entre 
o garantismo e a efetividade da sanção. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 354.
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1905
condenatório”. Logo, não se afigura cabível o ajuizamento de revisão criminal contra tal decisão, 
pois não se trata de sentença condenatória e/ou absolutória imprópria.
6.3.4. Revisão criminal no âmbito do Júri e soberania dos veredictos
A doutrina discute se o ajuizamento da revisão criminal é (ou não) compatível com a sobe-
rania dos veredictos, assegurada constitucionalmente no âmbito do Júri (CF, art. 5º, XXXVIII, 
“c”). Se cabível, discute-se também qual o limite do juízo a ser feito pelo Tribunal, ou seja, se 
seria possível que o juízo ad quem fizesse tanto o juízo rescindente quanto rescisório, desde já 
reformando a decisão anterior, ou se ao Tribunal só seria conferida a possibilidade de rescindir 
a decisão dos jurados, determinando que o acusado fosse submetido a novo julgamento perante 
o Tribunal do Júri.
Acerca do primeiro questionamento, há consenso na doutrina acerca do cabimento de re-
visão criminal contra decisões do júri, porquanto a soberania dos veredictos foi instituída como 
garantia do acusado. Logo, esta soberania pode ceder diante de norma que visa exatamente 
garantir os direitos de defesa e de liberdade.114
Quanto ao juízo a ser feito pelo Tribunal ad quem por ocasião do julgamento da revisão 
criminal, há 2 (duas) correntes:
1) Juízo rescindente, exclusivamente: parte da doutrina conclui que é possível apenas 
o juízo rescindente, com a cassação da decisão e sujeição do acusado a novo julgamento pelo 
júri para que outro veredicto seja proferido. Admite-se que o Tribunal de Justiça reconheça, 
por exemplo, que a decisão condenatória se baseou em depoimentos, exames ou documentos 
comprovadamente falsos, mas, a fim de não imiscuir-se na competência do juízo natural para os 
crimes dolosos contra a vida, determinar a submissão do acusado a novo julgamento pelo Júri. 
Há de se devolver ao júri, portanto, o juízo rescisório. Entre outros, é essa a posição de Nucci. 
Para o referido autor, não há mal algum em se permitir ao próprio Tribunal do Júri, obviamente 
por meio de outros jurados, que reveja a decisão condenatória com trânsito em julgado, asse-
gurando-se, assim, o respeito à soberania dos veredictos.115 Há precedentes do STJ no sentido 
de que, rescindida sentença condenatória proferida pelo Júri no âmbito de revisão criminal, 
não se defere ao Tribunal a competência para proferir juízo absolutório, sob pena de violação 
à soberania dos veredictos, daí por que o acusado deve ser submetido a novo julgamento pelo 
tribunal popular;116
2) Juízo rescidente e rescisório (nossa posição): o Tribunal de segunda instância, ao julgar 
a ação de revisão criminal, dispõe de competência plena para formular tanto o juízo rescindente 
(judicium rescindens), que viabiliza a desconstituição da autoridade da coisa julgada penal me-
diante invalidação da condenação criminal, quanto o juízo rescisório (judicium rescisorium), que 
legitima o reexame do mérito da causa, e autoriza, até mesmo, quando for o caso, a prolação 
de provimento absolutório, ainda que se trate de decisão emanada do júri, pois a soberania do 
veredicto do próprio Conselho de Sentença, que representa garantia fundamental do acusado, 
114. Concluindo que a condenação penal definitiva imposta pelo Júri é passível de desconstituição mediante revisão 
criminal, não lhe sendo oponível a cláusula constitucional da soberania do veredicto do Conselho de Sentença: 
STF, 1ª Turma, HC 70.193/RS, Rel. Min. Celso de Mello, j. 21/09/1993, DJ 06/11/2006.
115. NUCCI, Guilherme de Souza. Tribunal do Júri. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 453. Na mesma 
linha é a opinião de Antônio Scarance Fernandes (Processo penal constitucional. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista 
dos Tribunais, 2002. p. 174), para quem, uma vez reconhecida a existência de prova nova, ainda não apreciada 
pelos jurados, e capaz de alterar o contexto do quadro probatório que deu ensejo à condenação, o correto seria 
cassar a decisão e submeter o acusado a novo julgamento.
116. Com esse entendimento: STJ, 5ª Turma, HC 19.419/DF, Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 25/06/2002, DJ 18/11/2002 
p. 251. Em sentido semelhante: STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1.021.468/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 02/08/2011, 
DJe 10/08/2011; STJ, 5ª Turma, REsp 1.172.278/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 26/08/2010, DJe 13/09/2010.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1906
não pode, ela própria, constituir paradoxal obstáculo à restauração da liberdade jurídica do 
condenado. Assim, se o Tribunal togado se convencer que a sentença condenatória se fundou 
em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos, pode, desde já, absolver o 
acusado, não havendo a necessidade de submetê-lo a novo julgamento perante o júri.117
6.3.5. Juizados Especiais Criminais
Apesar da ausência de expressa previsão legal, mostra-se cabível a revisão criminal no 
âmbito dos Juizados Especiais, decorrência lógica da garantia constitucional da ampla defesa, 
notadamente quando a legislação ordinária vedou apenas a ação rescisória, de natureza proces-
sual cível (Lei nº 9.099/95, art. 59).
6.3.6. Transação penal
A revisão criminal pressupõe o reexame de sentença condenatória (ou absolutória imprópria) 
transitada em julgado, isto é, uma decisão que tenha analisado a conduta do acusado, encontrando 
presentes as provas de autoria e materialidade. Portanto, revela-se incabível o ajuizamento de 
revisão criminal contra sentença que homologa a transação penal (art. 76 da Lei nº 9.099/95), 
já que não existiu condenação, nem sequer análise de prova.
Na verdade, ao se aplicar o instituto da transação penal, não se discute fato típico, ilicitude, 
culpabilidade ou punibilidade, mas apenas é possibilitada ao autor do fato uma aplicação ime-
diata de pena restritiva de direitos ou multa para que não seja oferecida denúncia (ou queixa), 
sendo o acordo devidamente homologado pelo Poder Judiciário e impugnável por meio do 
recurso de apelação.
A discussão doutrinária e jurisprudencial referente à natureza jurídica da sentença prevista 
no art. 76, § 4º, da Lei nº 9.099/1995 em nada influencia esse entendimento. Isso porque, in-
dependentemente de ser homologatória, declaratória, constitutiva ou condenatória imprópria, 
a sentença em questão não examina conteúdo fático ou probatório, mas apenas homologa uma 
proposta realizada pelo Parquet e aceita pelo autor do fato, não podendo ser desconstituída por 
revisão criminal em que se argumenta a existência de novas provas.118
6.3.7. Impeachment
Não é possível a revisão criminal de decisões que determinem o afastamento do chefe do 
Poder Executivo e de ministros de Estado (impeachment). Afinal, cuida-se de julgamento de 
natureza política em que se impõe apenas sanção política. De fato, enquanto os crimes comuns 
são julgados pelo Poder Judiciário, com evidente caráter penal, sendo cabível, portanto, a revisão 
criminal, os impropriamente chamados crimes de responsabilidade, que têm natureza jurídica 
de infração político-administrativa, são processados e julgados perante o Poder Legislativo e 
não podem ser objeto de revisão criminal.
7. HIPÓTESES DE CABIMENTO DA REVISÃO CRIMINAL
A sentença condenatória ou absolutória imprópria com trânsito em julgado pode ser revista 
nas seguintes hipóteses: 
1) violação ao texto expresso da lei penal; 
117. Nessa linha: STF, ARE 674.151/MT, Rel. Min. Celso de Mello, DJe 18/10/2013. E ainda: GRINOVER, Ada Pellegri-
ni; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo penal. 6ª ed. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 247; MÉDICI, Sérgio de Oliveira. Revisão criminal. 2ª ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2000. p. 201; STJ, 5ª Turma, REsp 964.978/SP,Rel. Min. Adilson Vieira Macabu – 
Desembargador convocado do TJ/RJ –, j. 14/08/2012, DJe 30/08/2012.
118. STJ, 5ª Turma, REsp 1.107.723/MS, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 07/04/2011, DJe 25/04/2011.
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1907
2) contrariedade à evidência dos autos; 
3) sentença fundada em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; 
4) descoberta de novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine 
ou autorize diminuição da pena; 
5) configuração de nulidade do processo.
As quatro primeiras hipóteses estão previstas expressamente no art. 621 do CPP. Do art. 626 
do CPP é extraída a última hipótese, consoante entendimento da doutrina e da jurisprudência.
Antes de passarmos à análise de cada uma dessas hipóteses, convém destacar que, conside-
rada a relevância da coisa julgada, o art. 621 do CPP deve ser interpretado de maneira restrita, 
sendo inviável a utilização da revisão criminal como meio comum de impugnação de sentenças 
condenatórias ou absolutórias impróprias, como se tratasse de verdadeira apelação.
7.1. Contrariedade ao texto expresso da lei penal
A primeira hipótese em que se admite o ajuizamento da revisão criminal é a contrariedade 
ao texto expresso da lei penal (CPP, art. 621, inciso I, 1ª parte). Apesar de o dispositivo referir-se 
à lei penal, entende-se que essa contrariedade não abrange apenas a lei penal substantiva, como 
também a lei processual penal e a própria Constituição Federal. Nesse sentido, basta perceber 
que o próprio art. 626, caput, do CPP, prevê que, julgando procedente a revisão, o tribunal pode 
anular o processo. Portanto, a contrariedade ao texto expresso da lei penal, processual penal e 
da Constituição Federal autoriza a propositura da revisional. Exemplificando, se comprovado 
que, para a prolação de sentença condenatória, valeu-se o juiz de provas obtidas por meios 
ilícitos, admite-se o ajuizamento da revisão criminal em face da violação ao texto expresso do 
art. 5º, LVI, da Carta Magna.
A propósito, como já se pronunciou a 3ª Seção do STJ, “(...) a expressão ‘texto expresso 
da lei penal’, contida no inciso I do art. 621 do CPP, não deve ser compreendida apenas como a 
norma penal escrita, abrangendo, também, qualquer ato normativo que tenha sido utilizado como 
fundamento da sentença condenatória (por exemplo, portarias, leis completivas empregadas na 
aplicação de uma lei penal em branco etc.), a norma penal processual, a norma processual civil 
(aplicável subsidiariamente no processo penal, na forma do art. 3º do CPP) e a norma consti-
tucional. Nessa mesma linha, a melhor exegese da norma indica que o permissivo de revisão 
criminal constante no inciso I do art. 621 do CPP compreende, ainda, as normas processuais 
não escritas e que podem ser depreendidas do sistema processual como um todo, como ocorre 
com o direito ao duplo grau de jurisdição, a proibição de supressão de instância e a obrigação 
do julgador de fornecer uma prestação jurisdicional exauriente. Assim sendo, é admissível a 
revisão criminal fundada no art. 621, I, do CPP ainda que, sem indicar nenhum dispositivo 
de lei penal violado, suas razões apontem tanto a supressão de instância quanto a ausência de 
esgotamento da prestação jurisdicional como consequência de error in procedendo do julgado 
que se pretende rescindir”.119
Para fins de cabimento da revisão criminal, a expressão “sentença condenatória contrária 
ao texto expresso da lei penal” é compreendida pela doutrina como uma contrariedade frontal, 
inequívoca, patente. Assim, uma interpretação razoável de determinado dispositivo legal, ainda 
que controvertida, não autoriza a desconstituição da coisa julgada. Apesar de se referir à ação 
rescisória, aplica-se à revisão criminal o mesmo entendimento constante da súmula nº 343 do 
Supremo: “Não cabe ação rescisória, por ofensa a liberal disposição de lei, quando a decisão res-
cindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais”. Portanto, 
119. STJ, 3ª Seção, RvCr 4.944/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 11/09/2019, DJe 20/09/2019.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1908
não se admite o ajuizamento de revisão criminal por contrariedade ao texto expresso da lei penal 
quando, à época do julgamento, a matéria era controvertida nos Tribunais.120
No entanto, se essa interpretação razoável, outrora controvertida, restar absolutamente 
ultrapassada, passando a ser adotada tranquilamente posição em sentido oposto, tem sido ad-
mitido o cabimento da revisão criminal, interpretando-se extensivamente o art. 621, I, do CPP. 
Na verdade, segundo a doutrina, nos mesmos moldes que se admite que a lei benigna se aplique 
retroativamente, também se deve, por analogia, admitir a revisão criminal com fundamento na 
mudança de jurisprudência que seja mais favorável ao condenado.121
A título de exemplo, suponha-se que, em virtude da prática de crime de roubo com emprego 
de arma de brinquedo, determinado acusado tenha sido processado e condenado em 12/03/2000 
pela prática do crime de roubo circunstanciado pelo emprego de arma (CP, art. 157, § 2º, re-
vogado inciso I). Como se sabe, à época, prevalecia o entendimento de que a intimidação feita 
com arma de brinquedo autorizava o aumento da pena no crime de roubo (súmula nº 174 do 
STJ). Ocorre que tal entendimento acabou sendo modificado pelos próprios Tribunais Superio-
res, inclusive com o cancelamento da súmula nº 174. Ora, consolidado este novo entendimento 
jurisprudencial, diverso daquele constante da sentença condenatória, é de todo desarrazoado 
permitir-se que, aos acusados anteriormente condenados, fosse mantida a aplicação da majorante.
Raciocínio semelhante também pode ser utilizado, a nosso ver, para fins de desconstituição 
de decisões condenatórias ou absolutórias impróprias com trânsito em julgado em processos 
nos quais tenha sido negado o direito ao duplo grau de jurisdição em face do não recolhimento 
do acusado à prisão.
Como se sabe, até bem pouco tempo atrás, era firme o entendimento jurisprudencial no 
sentido da possibilidade de se condicionar o conhecimento do recurso ao recolhimento do 
acusado à prisão, desde que não fosse ele primário ou não tivesse bons antecedentes. Era nesse 
sentido, aliás, a antiga redação dos arts. 594 e 595, constando da súmula nº 09 do STJ que “a 
exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção 
de inocência”.
Hoje, todavia, tal entendimento encontra-se absolutamente ultrapassado, seja por conta 
da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que assegura expressamente o direito ao 
duplo grau de jurisdição (Dec. 678/92, art. 8º, § 2º, “h”), seja por força das próprias mudanças 
produzidas na legislação processual penal – além da revogação dos arts. 594 e 595 do CPP, 
também passou a constar do art. 387, § 1º, do CPP, que “o juiz decidirá, fundamentadamente, 
sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cau-
telar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta”. Na mesma linha, a 
120. No sentido de que não cabe revisão criminal com amparo em questão jurisprudencial controvertida nos tribu-
nais: STJ, 5ª Turma, REsp 759.256/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 02/02/2006, DJ 06/03/2006 p. 436. E ainda: STJ, 
6ª Turma, REsp 61.552/RJ, Rel. Min. Vicente Leal, j. 19/08/1996, DJ 14/10/1996.
121. Acerca da ação rescisória, STJ e STF têm se pronunciado no sentido de que não se pode admitir que prevaleça 
um acórdão que adotou uma interpretação inconstitucional (STF) ou contrária à Lei, conforme interpretada por 
seu guardião constitucional (STJ). Assim, nas hipóteses em que, após o julgamento, a jurisprudência, ainda que 
vacilante, tiver evoluído para sua pacificação, a rescisória pode ser ajuizada: STJ, 2ª Seção, AR 3.682/RN, Rel. Min. 
Nancy Andrighi, j. 28/09/2011, DJe 19/10/2011. Quanto à inaplicabilidade da súmula nº 343 em se tratando de 
matéria constitucional,o próprio Supremo já afirmou que a manutenção de decisões das instâncias ordinárias 
divergentes da interpretação constitucional revela-se afrontosa à força normativa da Constituição e ao princípio 
da máxima efetividade da norma constitucional. Em tais casos, a rescisória adquiriria uma feição que melhor 
realizaria o princípio da isonomia, haja vista que, se, por um lado, a rescisão de uma sentença representaria fator 
de instabilidade, por outro não se poderia negar que uma aplicação assimétrica de uma decisão do Supremo 
em matéria constitucional produziria instabilidade maior: STF, 2ª Turma, RE 328.812 AgR/AM, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, j. 10/12/2002, DJ 11/04/2003 p. 42.
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1909
súmula nº 347 do STJ preconiza que “o conhecimento do recurso de apelação do réu independe 
de sua prisão”.
Perceba-se que, nesse caso, o ajuizamento da revisão criminal visará à desconstituição da 
sentença condenatória ou absolutória imprópria transitada em julgado apenas para que se possa 
assegurar ao acusado o direito ao duplo grau de jurisdição. Em outras palavras, o trânsito em 
julgado decorrente do não conhecimento de apelação interposta pela defesa em virtude do não 
recolhimento do acusado à prisão será desconstituído tão somente para permitir que o apelo da 
defesa seja apreciado pelo Tribunal, que poderá, então, confirmar o decreto condenatório de 1ª 
instância ou reformá-lo, com a consequente absolvição do acusado.122
Em conclusão, convém destacar que, no âmbito processual penal militar, a revisão criminal 
destina-se apenas a corrigir erro judiciário sobre fatos, não comportando pedido de revisão a contra-
riedade ao texto expresso da lei. De fato, segundo o art. 550 do CPPM, “caberá revisão dos processos 
findos em que tenha havido erro quanto aos fatos, sua apreciação, avaliação e enquadramento”.
7.2. Contrariedade à evidência dos autos
Segundo o art. 621, inciso I, do CPP, a revisão dos processos findos também será admitida 
quando a sentença condenatória for contrária à evidência dos autos.
A expressão evidência deve ser compreendida como a verdade manifesta. Portanto, só se 
pode falar em sentença contrária à evidência dos autos quando esta não se apoia em nenhuma 
prova produzida no curso do processo, nem tampouco, subsidiariamente, em elementos infor-
mativos produzidos no curso da fase investigatória. Essa contrariedade pode se referir tanto à 
autoria do fato delituoso, quanto ao crime em si, ou, ainda, a circunstâncias que determinem a 
exclusão do crime, isenção ou diminuição da pena.
Portanto, a mera fragilidade ou precariedade do conjunto probatório que levou à prolação 
de sentença condenatória não autoriza o ajuizamento de revisão criminal. De fato, quando o art. 
621, inciso I, do CPP, se refere à decisão contrária à evidência dos autos, exige a demonstração 
de que a condenação não tenha se fundado em uma única prova sequer. A expressão contra a 
evidência dos autos não autoriza, portanto, o ajuizamento de revisão criminal para se pleitear 
absolvição por insuficiência ou precariedade da prova.123
Afinal, como visto anteriormente, não se pode admitir que a revisão criminal seja utilizada, 
à semelhança dos recursos ordinários, como meio comum de impugnação de sentenças conde-
natórias ou absolutórias impróprias, pretendendo-se uma reanálise do conjunto probatório que 
levou à condenação do acusado.
7.3. Decisão fundada em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos
Caso a decisão condenatória ou absolutória imprópria com trânsito em julgado esteja fun-
dada em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos, também se apresenta 
possível o ajuizamento da revisão criminal, nos termos do art. 621, inciso II, do CPP.
122. Em caso concreto em que apelação interposta pelo acusado não foi conhecida em 30/04/2003 em virtude de 
sua fuga do estabelecimento prisional, com base no revogado art. 595 do CPP, concluiu o STJ que, em se tra-
tando de cerceamento de defesa, a nulidade absoluta pode (e deve) ser reconhecida a qualquer tempo e em 
qualquer grau de jurisdição, mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Na dicção do Relator, 
constituiria condição diabólica exigir-se do acusado a demonstração de que o conhecimento de sua apelação 
lhe traria resultado favorável, sendo certo que o ato cerceador do exercício da ampla defesa, que impede o 
processamento de recurso tempestivo, lhe causa inexorável prejuízo. Por esse motivo, foi concedida a ordem 
para cassar a decisão de primeiro grau que não havia admitido o recurso de apelação interposto pelo acusado: 
STJ, 6ª Turma, HC 138.001/RJ, Rel. Min. Celso Limongi, j. 06/10/2009, DJe 26/10/2009.
123. STJ, 5ª Turma, REsp 988.408/SP, Rel. Min. Felix Fischer, j. 30/05/2008, DJe 25/08/2008.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1910
Perceba-se que a simples existência de prova falsa nos autos do processo não dará ensejo 
à revisão criminal. Para além disso, é necessário que a decisão esteja fundamentada nesta prova 
falsa, isto é, que a prova reconhecida falsa tenha influído decisivamente na conclusão.
São duas, portanto, as condições para o pedido com fundamento no art. 621, II, do CPP: 
1) que seja demonstrada a falsidade da prova; 2) que essa prova falsa constitua o único ou o 
principal fundamento da sentença condenatória ou absolutória imprópria passada em julgado.124
A comprovação da falsidade da prova que deu ensejo à condenação do acusado pode ser 
feita em outro processo, mas há quem entenda que tal falsidade também pode ser apurada no 
bojo da própria revisão criminal (posição minoritária).
7.4. Descoberta de novas provas em favor do condenado
Segundo o art. 621, III, do CPP, a revisão criminal dos processos findos também será 
admitida quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou 
de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
A expressão quando após a sentença se descobrirem novas provas refere-se a elementos 
de prova que não foram objeto de apreciação pelo julgador, pouco importando se já existiam 
mesmo antes da sentença ou se se tornaram conhecidos apenas após a condenação do acusado. 
De fato, por mais que tais elementos probatórios já existissem mesmo antes da sentença, é 
plenamente possível que não tenham sido produzidos no curso do processo, seja em virtude da 
negligência do acusado ou de seu defensor, seja pela dificuldade na sua produção. Portanto, 
se provas novas sabidamente preexistentes só foram obtidas depois da sentença, é plenamente 
possível o ajuizamento da revisional. A título de exemplo, suponha-se que, após o trânsito em 
julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, o verdadeiro autor do delito resolva 
confessar a prática do delito, exonerando o condenado de qualquer responsabilidade criminal. 
Essa prova nova, de natureza superveniente, dá ensejo à revisão criminal. A propósito, é firme 
a jurisprudência do STJ no sentido de que a retratação da vítima ou das testemunhas constituem 
provas novas aptas a embasar pedido de revisão criminal.125
Para a jurisprudência, a prova nova a que se refere o art. 621, III, do CPP, não neces-
sariamente precisa ser juntada aos autos do processo após o trânsito em julgado da sentença 
condenatória (ou absolutória imprópria). Em caso concreto apreciado pela 6ª Turma do STJ, 
o encaminhamento de um laudo pericial elaborado pela polícia civil, realizado nos telefones 
celulares apreendidos no momento da prisão em flagrante, ocorrera quando já havia sido julgada 
a apelação, estando pendente de julgamento apenas o agravo de instrumento contra decisão que 
inadmitira o recurso especial defensivo. Para a Turma, o fato de que, quando juntado o referido 
laudo pericial aos autos da ação penal, estava pendente de julgamento o citado agravo não lhe 
retira o caráter de prova nova, tendo em vista que a jurisdição das instâncias ordinárias, que são 
responsáveis pela análise do acervo probatório, já haviase encerrado. Observa-se, portanto, em 
primeiro lugar, que a juntada do laudo pericial ocorreu após a protocolização do agravo. Em 
segundo, que o agravo de instrumento defensivo não foi conhecido, em decisão que acabou por 
transitar em julgado, após o desprovimento de outros recursos manifestados pela defesa. Por 
fim, como é cediço, em recursos de natureza extraordinária não se examinam provas e, portanto, 
não houve apreciação judicial de seu conteúdo, motivo pelo qual o referido laudo pericial se 
enquadra no conceito de prova nova para fins de revisão criminal.126
124. Em sentido semelhante: MÉDICI, Sérgio de Oliveira. Revisão criminal. 2ª ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2000. p. 166.
125. Nessa linha: STJ, 5ª Turma, AgRg no AREsp 635.778/PE, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 10/12/2015, DJe 17/02/2016; 
STJ, 6ª Turma, RHC 058.442/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 25/08/2015, DJe 15/09/2015.
126. STJ, 6ª Turma, RESp 1.660.333/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 06/06/2017, DJe 13/06/2017.
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1911
Essa hipótese de cabimento do art. 621, III, do CPP, revela mais uma distinção entre a 
revisão criminal e a ação rescisória. De fato, no âmbito cível, a prova nova descoberta após a 
sentença deve se referir a fato já alegado no curso do processo (CPC, art. 485, VII – art. 966, VII, 
do novo CPC). No âmbito processual penal, pode ser utilizada qualquer prova nova, pertinente 
(ou não) a fato alegado no processo, até mesmo se disser respeito a fato novo não arguido no 
processo penal. Além disso, no âmbito cível, a prova nova só pode ser a documental, enquanto 
que, no bojo da revisão criminal, admite-se a utilização de qualquer meio de prova.
Na visão da doutrina, interpretando-se extensivamente a expressão provas novas em favor 
do acusado, pode-se chegar à conclusão de que uma prova, ainda que conhecida e apresentada 
no primeiro processo, e mesmo que tenha sido apreciada pelo juiz prolator da sentença conde-
natória, pode ser considerada como prova nova, desde que com base em argumentação diversa 
daquela desenvolvida pelo magistrado. É o que pode ocorrer, por exemplo, com a reapreciação 
de uma prova em virtude de novos conhecimentos científicos (v.g., exame de DNA).127
Parte minoritária da doutrina entende que essas provas novas podem ser produzidas tanto 
no curso da própria revisão criminal como por meio de uma justificação prévia. Prevalece, 
no entanto, o entendimento de que essa prova nova somente pode ser produzida no âmbito 
da justificação prévia, na medida em que o material probatório para instruir a ação de revisão 
criminal deve ser pré-constituído.128 Medida cautelar de natureza preparatória, essa justifi-
cação deve tramitar perante o juízo penal de 1º grau, em contraditório pleno, nos termos dos 
arts. 861 a 866 do CPC, aplicável subsidiariamente no processo penal por força do art. 3º 
do CPP. O novo CPC, por sua vez, dispõe que deve ser aplicado o procedimento atinente à 
produção antecipada de provas (arts. 381 a 383) àquele que pretender justificar a existência 
de algum fato ou relação jurídica, para simples documento e sem caráter contencioso, que 
exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção (art. 381, § 5º, do novo CPC). Acerca de 
sua admissibilidade, o STJ já se pronunciou nos seguintes termos: “a manifesta intenção do 
paciente em propor ação revisional – que exige a existência de prova pré-constituída – com o 
fim de se ver absolvido com base na tese de que não se encontrava no local do crime, constitui 
fundamento suficiente ao deferimento de realização de audiência de justificação. Compete 
ao órgão jurisdicional, quando do julgamento da revisão criminal, dar às provas colhidas o 
valor que lhes for admissível”.129
Na hipótese de denegação do processamento de justificação criminal com a finalidade de 
instruir pedido de revisão criminal, é cabível a impetração de habeas corpus.130
Por fim, essa prova nova deve ser idônea para fins de possível absolvição do condenado 
(v.g., elementos probatórios comprovando sua inocência) ou para uma eventual diminuição de 
sua pena (v.g., elementos probatórios comprovando que, em um crime de furto, a reparação do 
dano foi feita antes do recebimento da denúncia, autorizando-se, pois, o reconhecimento do 
arrependimento posterior, previsto no art. 16 do CP).
De todo modo, reiteramos o quanto foi dito anteriormente: a revisão criminal não se presta, 
quando não apresentada nenhuma prova nova apta a determinar o reexame da condenação, à 
127. Nessa linha: GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. 
Recursos no processo penal. 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 251.
128. No sentido de que a justificação é o único meio que se presta para concretizar a nova prova a fim de instruir 
pedido de revisão criminal, pois não serve para a ação revisional prova produzida unilateralmente, como a 
juntada da declaração da vítima firmada em cartório no sentido de que o condenado não foi o autor do crime: 
STJ, 6ª Turma, RHC 58.442/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 25/8/2015, DJe 15/9/2015.
129. STJ, 5ª Turma, RHC 16.850/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 07/12/2004, DJ 28/02/2005 p. 340.
130. STJ, 5ª Turma, HC 11.320/SP, Rel. Min. Felix Fischer, j. 16/05/2000, DJ 26/06/2000 p. 184.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1912
nova avaliação do conjunto probatório constante dos autos, para fins de cassação de decreto 
condenatório sob o argumento de inocência do acusado ou insuficiência de provas.131
7.5. Nulidade do processo
Apesar de não constar expressamente do art. 621, prevalece o entendimento de que tam-
bém se admite o ajuizamento de revisão criminal na hipótese de nulidade do processo, já que 
o art. 626, caput, do CPP, refere-se à anulação do processo como um dos possíveis resultados 
da procedência do pedido revisional.
Inicialmente, há de se ficar atento à espécie de nulidade. De fato, em se tratando de nuli-
dade absoluta constante de sentença condenatória ou absolutória imprópria, é sabido que sua 
arguição pode ser feita a qualquer momento, inclusive após o trânsito em julgado. Todavia, na 
hipótese de nulidade relativa, caso esta não seja arguida oportunamente (CPP, art. 571), dar-se-á 
preclusão temporal e consequente convalidação da nulidade. Logo, supondo-se que determinado 
acusado tenha sido condenado irrecorrivelmente pela Justiça Estadual pela prática de crime 
eleitoral, temos que se trata de processo manifestamente nulo, haja vista a incompetência ab-
soluta da autoridade judiciária, em clara e evidente afronta ao princípio do juiz natural. Por 
isso, será plenamente cabível o ajuizamento da revisão criminal para fins de desconstituição 
da referida decisão.
Outro aspecto importante acerca dessa hipótese de admissibilidade da revisão criminal diz 
respeito à escolha do instrumento adequado para a impugnação do processo manifestamente 
nulo. Com efeito, ao estudarmos o habeas corpus, foi visto que uma das hipóteses que autoriza 
a impetração do writ também é a existência de nulidade manifesta. Diante dessa duplicidade de 
instrumentos de impugnação, indaga-se: qual dos dois deverá ser utilizado?
Em primeiro lugar, há de se lembrar que o habeas corpus só pode ser utilizado quando 
houver violência ou coação ilegal à liberdade de locomoção. Assim, se, por força de processo 
manifestamente nulo, for decretada a prisão preventiva do acusado, evidentemente, haverá 
interesse de agir para a impetração do remédio heroico. Porém, supondo-se que, nesse mes-
mo processo manifestamente nulo, tenha sido proferida sentença condenatória, com posterior 
trânsito em julgado, e que o acusado já tenha cumprido a pena, o habeas corpus não será a via 
adequada para a impugnação de tal nulidade, porquanto, uma vez cumprida a pena, cessou o 
constrangimento ilegal. Daí por que, neste caso, deve ser utilizada a revisão criminal, que pode 
ser ajuizada inclusive após a extinção dapena (CPP, art. 622, caput).
Para além dessa importante distinção – presença (ou não) de constrangimento ilegal à 
liberdade de locomoção –, deve se lembrar que o procedimento sumaríssimo do habeas corpus 
não admite dilação probatória. Logo, para a impetração do writ constitucional, a nulidade do 
processo deve ser de tal porte que não comporte qualquer dúvida, sendo manifesta (v.g., ausência 
de citação, incompetência absoluta). Nesse sentido, perceba-se que o próprio art. 648, inciso VI, 
do CPP, refere-se a processo manifestamente nulo. Lado outro, caso o reconhecimento dessa 
nulidade demande dilação probatória (v.g., prova ilícita constante dos autos: confissão obtida 
mediante tortura), deve o interessado se valer da revisão criminal.132
131. Nesse contexto: STJ, 5ª Turma, REsp 763.283/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 15/12/2005, DJ 06/02/2006 p. 305. E 
também: STJ, 5ª Turma, HC 47.725/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 20/10/2005, DJ 14/11/2005 p. 367. No sentido 
de que a revisão criminal não pode ser fundamentada no arrolamento de novas testemunhas, tampouco na 
reinquirição daquelas já ouvidas no processo de condenação: STJ, 5ª Turma, AgRg no AREsp 859.395/MG, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 10/05/2016, DJe 16/05/2016; STJ, 6ª Turma, AgRg no AREsp 753.137/SP, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 05/11/2015, DJe 23/11/2015.
132. Em caso concreto apreciado pelo STJ, referente à impetração de habeas corpus no qual o paciente fora condenado 
irrecorrivelmente pela prática de estupro, com posterior recolhimento à prisão, concluiu-se que, na hipótese de a 
vítima, posteriormente, em declarações perante cartório de notas de delegacia de polícia, admitir ter mantido as 
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1913
Superada essa questão, convém lembrar que, julgado procedente o pedido revisional com 
base na existência de nulidade do processo, deve o Tribunal (ou a Turma Recursal, no âmbito 
dos Juizados) determinar a anulação do feito. Portanto, o processo retomará seu curso regular 
perante o juízo de origem, salvo se tiver ocorrido a extinção da punibilidade (v.g., prescrição 
da pretensão punitiva). No curso desse processo penal renovado, a pena do agente não pode ser 
superior àquela imposta na sentença revista, sob pena de violação ao princípio da ne reformatio 
in pejus indireta (CPP, art. 626, parágrafo único).
Por fim, é importante lembrar que a revisão criminal somente pode ser utilizada em favor 
do acusado, leia-se, nas hipóteses de sentença condenatória ou absolutória imprópria. Portanto, 
no caso de decisão absolutória própria ou extintiva da punibilidade passada em julgado, ainda 
que o processo seja manifestamente nulo (v.g., incompetência absoluta), esta decisão é capaz de 
transitar em julgado e produzir efeitos, impedindo que o acusado seja novamente processado pela 
mesma imputação perante a justiça competente. De fato, nas hipóteses de sentença absolutória 
ou declaratória extintiva da punibilidade, ainda que proferida por juízo incompetente, como 
essa decisão não é tida por inexistente, mas sim como nula, e como o ordenamento jurídico 
não admite revisão criminal pro societate, não será possível que o acusado seja novamente 
processado perante o juízo competente, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem, o 
qual impede que alguém seja processado duas vezes pela mesma imputação.133
8. ASPECTOS PROCEDIMENTAIS DA REVISÃO CRIMINAL
8.1. Capacidade postulatória
Prevalece o entendimento de que a revisão criminal pode ser proposta diretamente pelo 
acusado ou por aqueles que tiverem legitimação supletiva (CPP, art. 623), independentemente 
da representação por profissional da advocacia.
Levando-se em consideração que a ampla defesa a que se refere a Constituição Federal 
abrange a defesa técnica e a autodefesa, há de se lembrar que esta consiste não apenas no 
direito de presença e no direito de audiência, como também na possibilidade de, em alguns 
momentos específicos do processo penal, deferir-se ao acusado capacidade postulatória autô-
noma, independentemente da presença de seu advogado. É por isso que, no processo penal, o 
acusado pode interpor recursos (CPP, art. 577, caput), impetrar habeas corpus (CPP, art. 654, 
caput), formular pedidos relativos à execução da pena (LEP, art. 195, caput), assim como ajuizar 
revisão criminal (CPP, art. 623).
Nesse contexto, como já se pronunciou o Supremo, o art. 623 do CPP, que permite que o 
próprio acusado requeira a revisão criminal, não foi derrogado pelo art. 1º, I, da Lei nº 8.906/94.134
De modo a se conciliar a autodefesa com a defesa técnica, a que também faz jus o acusado, 
entende-se que, ajuizada a revisão criminal diretamente pelo próprio acusado, deve o Tribunal 
nomear advogado para assistir tecnicamente o postulante durante todo o trâmite do procedimento 
relações sexuais por sua espontânea vontade, a necessária dilação probatória para fins de se aferir a veracidade 
da retratação da vítima será empecilho à utilização do remédio heroico, o que, todavia, não impede o ajuizamento 
de revisão criminal: STJ, 6ª Turma, HC 18.390/SP, Rel. Min. Vicente Leal, j. 21/05/2002, DJ 29/09/2003, p. 352.
133. Nessa linha: STF, 1ª Turma, HC 86.606/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 72 03/08/2007. Em caso concreto em 
que fora aceita proposta de suspensão condicional do processo perante a Justiça Comum Estadual pela prática 
de crime militar, a 2ª Turma do Supremo entendeu que seria inadmissível a instauração de novo processo pe-
rante a Justiça Militar em relação à mesma imputação: STF, 2ª Turma, HC 91.505/PR, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 
24/06/2008, DJe 157 21/08/2008.
134. STF, 1ª Turma, HC 72.981/SP, Rel. Min. Moreira Alves, j. 14/11/1995, DJ 09/02/1996. E ainda: STF, 1ª Turma, 
HC 73.368/SP, Rel. Min. Octavio Gallotti, j. 19/03/1996, DJ 21/06/1996; STJ, 6ª Turma, HC 17.680/SP, Rel. Min. 
Fernando Gonçalves, j. 04/10/2001, DJ 22/10/2001.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1914
revisional. Dessa forma, conciliam-se o pleno direito do condenado à correção do erro judiciário 
e o preceito constitucional referente à imprescindibilidade do advogado na administração da 
justiça (CF, art. 133).135
8.2. Desnecessidade de recolhimento à prisão
No âmbito da revisão criminal, sempre se entendeu que seu ajuizamento não está condi-
cionado à prisão do condenado. Nessa linha, eis o teor da súmula nº 393 do Supremo: “Para 
requerer a revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão”.
8.3 Inexistência de prazo decadencial
Como posto anteriormente, o direito de propor a ação rescisória se extingue em 2 (dois) 
anos, contados do trânsito em julgado da decisão (CPC, art. 495 – art. 975 do novo CPC). Em 
sentido diverso, a revisão criminal pode ser ajuizada a qualquer momento, inclusive depois do 
cumprimento da pena e até mesmo após a morte do acusado (CPP, art. 622, caput).
8.4. Competência
Em relação à competência para o processo e julgamento da revisão criminal, algumas 
premissas importantes devem ser firmadas:
1) ao contrário do habeas corpus, em que a competência para o processo e julgamento 
geralmente recai sobre o Tribunal imediatamente superior (v.g., habeas corpus contra decisão 
do TRF/3ª Região deve ser processado e julgado perante o STJ), compete ao próprio tribunal 
julgar as revisões criminais de seus julgados, assim como aquelas pertinentes a decisões oriun-
das de juízes a ele subordinados. Evidentemente, não poderão participar desse julgamento 
desembargadores que já participaram do julgamento do feito anteriormente (CPP, art. 252, III). 
Exemplificando, eventual revisão criminal de condenação proferida pelo TRF da 4ª Região (ou 
de sentença condenatória proferida por juiz federal de 1º grau a ele subordinado hierarquica-
mente) deve ser processada e julgada pelo próprio TRF/4ª Região;
2) para fins de fixação da competência dos Tribunais Superiores para o processo e jul-
gamento de revisão criminal, é essencial verificar se eventuais recursos extraordinários(RE e 
REsp) foram conhecidos e se o fundamento da revisão criminal coincide com a questão apreciada 
no âmbito dos referidos recursos. Afinal, por força do denominado efeito substitutivo, quando 
um recurso é conhecido pelo juízo ad quem, o julgamento proferido pelo Tribunal substituirá a 
decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso.
Isso acaba por repercutir na competência para o processo e julgamento da revisão crimi-
nal. Em síntese, se o recurso não é conhecido, isso significa dizer que a decisão proferida pelo 
juízo a quo acabou por se estabilizar, como se recurso não tivesse sido interposto. Lado outro, 
se o recurso foi conhecido pelo juízo ad quem, ainda que não seja provido, a decisão do juízo 
a quo será substituída pela decisão de confirmação do juízo ad quem. Vejamos um exemplo:
a) diante de sentença condenatória proferida por um juiz estadual de São Paulo, caso a 
apelação interposta pela defesa seja conhecida pelo TJ/SP, que, na sequência, venha a negar 
provimento à impugnação, mantendo a condenação do acusado, ao próprio TJ/SP caberá o jul-
gamento da revisão criminal, já que compete aos Tribunais o julgamento das revisões criminais 
das suas próprias decisões e daquelas proferidas por juízes a ele subordinados;
135. No sentido de que, quando requerida pelo próprio condenado, a ele deve ser nomeado defensor, o qual não 
poderá se pronunciar contra o pedido formulado, sob pena, evidentemente, de se negar a capacidade postula-
tória do acusado, com a consequente violação ao princípio da ampla defesa e nulidade absoluta do feito: STJ, 
6ª Turma, HC 40.354/SP, Rel. Min. Nilson Naves, j. 03/05/2005, DJ 01/08/2005 p. 572.
TÍTULO 15 • AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 1915
b) supondo a existência de acórdão condenatório proferido pelo TJ/SP, se houver a in-
terposição de recurso extraordinário, caso esta impugnação não seja conhecida pelo Supremo 
Tribunal Federal, subsistirá a competência do TJ/SP para o processo e julgamento da revisão 
criminal de seu acordão condenatório, pois a decisão impugnada continua sendo do próprio 
Tribunal de Justiça de São Paulo;
c) supondo a existência de acórdão condenatório do TJ/SP, caso haja a interposição de 
recurso extraordinário que venha a ser conhecido pelo Supremo, pode-se dizer que a decisão 
do juízo a quo será substituída pela do órgão ad quem (Supremo) apenas no que tiver sido ob-
jeto de recurso. Nesse ponto, é importante perceber que o recurso extraordinário é um recurso 
de fundamentação vinculada, no qual o Supremo não é livre para apreciar toda a matéria de 
fato e de direito, mas apenas a matéria constitucional (CF, art. 102, III). Isso produz inegáveis 
consequências quanto ao julgamento da revisão criminal, a saber:
c.1) se o recurso extraordinário foi conhecido pelo Supremo, a ele caberá o julgamento 
da revisão criminal (CF, art. 102, I, “j”), desde que o fundamento da ação revisional coincida 
com a questão apreciada pela Suprema Corte no julgamento do RE. A propósito, o Regimento 
Interno do Supremo prevê que, quando a decisão condenatória for contrária ao texto expresso 
da lei penal, caberá revisão pelo Supremo de processo em que a condenação tiver sido por ele 
proferida ou mantida no julgamento de recurso extraordinário, se seu fundamento coincidir 
com a questão federal apreciada (RISTF, art. 263, parágrafo único). Importante ressaltar que o 
julgamento pelo STF de habeas corpus impetrado contra decisão proferida em recurso especial 
não afasta, por si só, a competência do STJ para processar e julgar posterior revisão criminal. 
Ora, compete ao STF processar e julgar, originariamente, a revisão criminal de seus julgados 
(art. 102, I, “j”, da CF), sendo que, no Regimento Interno daquela Corte, existe a previsão de 
se admitir a revisão criminal dos processos findos cuja condenação tenha sido proferida ou 
mantida no julgamento de ação penal originária, recurso criminal ordinário (art. 263) ou, se o 
fundamento coincidir com a questão federal apreciada em recurso extraordinário (art. 263, § 
1º). Portanto, o fato de a questão haver sido julgada pelo STF em habeas corpus não afasta a 
possibilidade de que seja apresentada no STJ a revisão criminal;136
c.2) conhecido o recurso extraordinário pelo STF, caso a revisão criminal tenha por objeto 
matéria que não foi apreciada pelo Supremo no julgamento do RE, não se operando, quanto a 
ela, o denominado efeito substitutivo, subsistirá a competência do Tribunal de Justiça de São 
Paulo para o julgamento da revisão criminal.
3) Todos os Tribunais com competência penal, incluindo o STF (CF, art. 102, I, “j”), o 
STJ (CF, art. 105, I, “e”), os Tribunais Regionais Federais (CF, art. 108, I, “b”), os Tribunais 
Eleitorais e os Militares, além dos Tribunais de Justiça são dotados de competência revisional. 
Quanto à repartição das competências entre Corte Especial e Seções, entre Pleno, Seção Criminal, 
Grupos de Câmaras ou Turmas e Câmaras ou Turmas, faz-se necessária a análise dos regimentos 
internos dos Tribunais. A título de exemplo, segundo o art. 251 do Regimento Interno do TRF/4ª 
Região, “a Corte Especial procederá à revisão criminal quanto às condenações proferidas nos 
feitos de competência originária da Seção. A seção promoverá a revisão das decisões prolatadas 
pelas Turmas e pelos juízes de primeiro grau”.
4) A competência para tomar conhecimento de revisão criminal ajuizada contra decisum dos 
Juizados não é do Tribunal de Justiça, mas sim da própria Turma Recursal. Como já se pronun-
ciou o STJ, a falta de previsão legal específica para o processamento da ação revisional perante o 
136. Nesse sentido: STJ, 3ª Seção, RvCr 2.877/PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 25/02/2016, DJe 10/03/2016. 
Em sentido diverso, entendendo inviável a apreciação de revisão criminal pelo STJ quando a matéria impugnada 
tiver sido apreciada pelo STF no julgamento de habeas corpus: STJ, 3ª Seção, AgRg na RvCr 2.253/RJ, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, j. 23/04/2014, DJe 28/04/2014.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1916
Colegiado Recursal não impede seu ajuizamento, cabendo à espécie a utilização subsidiária dos 
ditames previstos no Código de Processo Penal. Caso a composição da Turma Recursal impossi-
bilite a perfeita obediência aos dispositivos legais atinentes à espécie, mostra-se viável, em tese, a 
convocação dos magistrados suplentes para tomar parte no julgamento, solucionando-se a contro-
vérsia e, principalmente, resguardando-se o direito do agente de ver julgada sua ação revisional.137
8.5. Procedimento
De acordo com o art. 625, caput, do CPP, a revisão criminal deve ser distribuída a um relator 
e a um revisor, devendo funcionar como relator um desembargador que não tenha pronunciado 
decisão em qualquer fase do processo.
Como se percebe, em sede de revisão criminal, não podem funcionar como relator ou 
revisor desembargadores que tenham participado de julgamento em fase anterior do processo, 
inexistindo qualquer impedimento de participação dos demais membros do órgão colegiado 
que julgou a apelação.138
A petição inicial deve ser instruída com a certidão de haver passado em julgado a sentença 
condenatória e com as peças necessárias à comprovação dos fatos arguidos, sendo plenamente 
possível que o relator determine o apensamento dos autos originais, se daí não resultar qualquer 
prejuízo à execução da sentença.
Na hipótese de revisão criminal ajuizada diretamente pelo próprio condenado, sobretudo 
nas hipóteses em que estiver preso, a ausência de juntada da certidão de trânsito em julgado 
da sentença condenatória não deve figurar como óbice ao conhecimento do pedido revisional, 
porquanto evidenciada sua dificuldade de acesso aos autos do processo. Logo, objetivando 
a instrução do pedido revisional, e em fiel observância ao princípio constitucional da ampla 
defesa, deve o Tribunal providenciar a assistência jurídica por meio de Advogado Dativo ou 
Defensor Público.139
Caso a inicial seja apresentada por profissional

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