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Autora: Profa. Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro Colaboradores: Profa. Christiane Mazur Doi Profa. Tânia Sandroni Prof. Fabio Ricardo Brandão dos Santos Segurança Empresarial Professora conteudista: Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro Graduada em Física, com habilitação em Astronomia, pela Universidade de São Paulo (2001). Em 2006, concluiu doutorado em Astrofísica pela mesma universidade. Em 2009, mudou seu enfoque de pesquisa para ensino, ministrando disciplinas para o ciclo básico do curso de Engenharia na UNIP. Desde 2009, integra a equipe da Comissão de Qualificação e Avaliação (CQA), da UNIP, elaborando e revisando materiais didáticos e de apoio de diversos cursos, além de realizar a tabulação de resultados de avaliações internas e externas. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R484s Ribeiro, Fabíola Mariana Aguiar. Segurança Empresarial / Fabíola Mariana Aguiar Ribeiro. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 204 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Segurança. 2. Gestão. 3. Políticas. I. Título. CDU 658.382.3 U510.69 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Ricardo Duarte Sumário Segurança Empresarial APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 SEGURANÇA EMPRESARIAL ..........................................................................................................................9 1.1 Definição .....................................................................................................................................................9 1.2 Conjuntura e tendências ................................................................................................................... 14 2 RAMOS E SEGMENTOS DA ATIVIDADE DE SEGURANÇA ................................................................. 15 2.1 Regulamentação e legislação pertinentes ................................................................................. 20 Unidade II 3 SEGURANÇA NAS EMPRESAS .................................................................................................................... 45 3.1 Breve histórico ....................................................................................................................................... 45 3.2 Ameaças específicas à segurança .................................................................................................. 49 3.3 Funções da segurança ........................................................................................................................ 51 4 INTER-RELACIONAMENTO DA SEGURANÇA COM AS DEMAIS ÁREAS DA ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL ...................................................................................................................... 57 4.1 Setor administrativo ........................................................................................................................... 58 4.2 Setor de recursos humanos (RH) ................................................................................................... 58 4.3 Setor financeiro .................................................................................................................................... 59 4.4 Setor comercial (setor de marketing) .......................................................................................... 60 4.5 Setor de logística .................................................................................................................................. 60 4.6 Setor de produção ............................................................................................................................... 61 Unidade III 5 O PAPEL DO GESTOR NA SEGURANÇA EMPRESARIAL ..................................................................... 66 5.1 Competências pessoais ...................................................................................................................... 66 5.2 Exigências de qualificação ................................................................................................................ 69 5.3 Mercado de trabalho ........................................................................................................................... 69 5.4 Segmentos profissionais da segurança ....................................................................................... 70 5.4.1 Consultoria ................................................................................................................................................ 71 5.5 Papel de difusor de políticas de segurança e de práticas preventivas ........................... 76 5.6 Projetos de regulamentação da profissão .................................................................................. 78 6 FERRAMENTAS DO GESTOR DE SEGURANÇA EMPRESARIAL ........................................................ 81 6.1 Análise de riscos.................................................................................................................................... 82 6.2 Planos de contingência ...................................................................................................................... 88 6.3 Tecnologias, equipamentos e sistemas integrados ................................................................. 89 6.3.1 Sensores ...................................................................................................................................................... 91 6.3.2 Barreiras de proteção perimetral ...................................................................................................... 97 6.3.3 Sistemas de controle de acesso ......................................................................................................102 6.3.4 Proteção contra incêndio e pânico................................................................................................105 6.3.5 Blindagem ................................................................................................................................................108 6.4 Segurança da informação ...............................................................................................................111 6.5 Segurança no transporte de cargas ............................................................................................114 6.6 Segurança patrimonial .....................................................................................................................115 6.7 Segurança de executivos e autoridades....................................................................................117 6.8 Terceirização.........................................................................................................................................120 6.9 Gerenciamento da equipe de segurança ..................................................................................123 6.9.1 Equipe ....................................................................................................................................................... 123 6.9.2 Organização da equipe ...................................................................................................................... 125 6.9.3 Gestão estratégica ............................................................................................................................... 128 6.9.4 Instrução ................................................................................................................................................. 136 Unidade IV 7 POLÍTICAS, DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS INTERNAS .........................................................................146 7.1 Adequação à cultura organizacional ..........................................................................................146 7.2 Definição e divulgação dos valores e princípios ....................................................................150 7.3 Política de pessoal ..............................................................................................................................152 7.4 Planos de carreira ...............................................................................................................................155 8 POLÍTICAS, DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS: RELACIONAMENTO COM OS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA ..............................................................................................................................156 8.1 Polícia Federal (PF) .............................................................................................................................157 8.2 Polícia Militar (PM) ............................................................................................................................162 8.3 Polícia Civil ............................................................................................................................................172 8.4 Guarda Civil Metropolitana, Forças Armadas, Senasp, Defesa Civil e demais órgãos .............................................................................................................................................175 7 APRESENTAÇÃO Caro aluno, A segurança é fundamental em todos os aspectos da vida social. Como cidadãos, queremos estar seguros nos ambientes públicos e privados. No caso das empresas, entidades jurídicas, a questão não é diferente. O investimento em segurança é indispensável para que elas possam atuar de forma competitiva no mercado. Com isso, os riscos com roubos, perdas e fraudes tendem a ser reduzidos. A disciplina Segurança Empresarial aborda a evolução da segurança e o seu papel nas organizações e na carreira para gestores, mostrando a aplicação do planejamento da segurança e suas ferramentas e enfatizado o papel fundamental da qualificação dos profissionais que atuam na área. Nesse contexto, serão estudadas as políticas voltadas à segurança dentro das empresas, acentuando a importância dos diversos aspectos de relacionamento com o público, com os demais setores da empresa e com outras instituições. Os principais conceitos relacionados à gestão da segurança empresarial, situados no universo das organizações, também são apresentados. A disciplina tem como objetivos capacitar os futuros gestores a empregarem as técnicas e as práticas fundamentais que envolvem a segurança e instruí-los a transmitir o conhecimento das atividades de segurança privada para seus subordinados e para os demais funcionários de uma empresa. Com o intuito de alcançar esses objetivos, precisamos compreender o papel da segurança privada no contexto empresarial e conhecer a legislação da área, o que pretendemos fazer neste livro. Bons estudos! INTRODUÇÃO Vivemos em um mundo no qual a questão da segurança é uma das prioridades para as pessoas e para as empresas. O gestor em segurança é peça fundamental nesse cenário, pois ele avalia as ameaças e propõe soluções para minimizá-las ou anulá-las. O trabalho do gestor depende da atuação em equipe; logo, ele tem de estar capacitado para gerir e coordenar pessoas e para interagir com os demais setores da empresa. Para alcançar esses objetivos, temos, nos dias atuais, diversos equipamentos e ferramentas tecnológicas que nos auxiliam na área de segurança, mas a peça fundamental continua sendo a mão de obra humana, que irá operar as tecnologias e analisar os dados que elas fornecem. É importante que o gestor tenha conhecimento, além da área técnica de segurança, dos processos de gestão de pessoas e da legislação vigente. É pelo conhecimento da legislação que o gestor em segurança fica ciente dos seus direitos e deveres e dos direitos e deveres da sua equipe e das pessoas com quem ele interage. 8 Este livro é dividido em quatro unidades, que abordam os seguintes aspectos: • Na unidade I, apresentamos o conceito de segurança empresarial, especificando conjunturas e tendências, e relacionamos os ramos e os segmentos da atividade de segurança. • Na unidade II, detalhamos o papel da segurança nas empresas, apresentando sua função e as ameaças específicas que a segurança pode vir a sofrer. • Na unidade III, analisamos o papel do gestor e as ferramentas que ele tem à disposição quanto à segurança empresarial. • Na unidade IV, expomos as políticas, as diretrizes e as estratégias, tanto em relação ao enfoque interno quanto em relação às forças de segurança pública. 9 SEGURANÇA EMPRESARIAL Unidade I 1 SEGURANÇA EMPRESARIAL 1.1 Definição O Dicionário Michaelis define segurança como “aquilo que protege de agentes exteriores; abrigo, proteção, resguardo”. Logo, a segurança empresarial tem como objetivo combater ou minorar os efeitos de ameaças no ambiente empresarial, protegendo os valores de uma empresa. Vale destacar que, conforme indicado na figura 1, os valores de uma empresa englobam: • as pessoas; • as instalações físicas; • os equipamentos; • as informações; • os suprimentos; • os dispositivos usados para comunicação. Suprimentos Pessoas Dispositivos de comunicação Equipamentos Informações Instalações físicas Figura 1 – Valores de uma empresa Mandarini (2006) propõe um modelo para classificar o nível de proteção de um sistema de segurança em círculos de proteção, no qual o nível de segurança aumenta conforme nos aproximamos do centro, que é o núcleo mais seguro. O círculo mais externo é o perímetro de proteção global. Nesse sistema, um círculo externo presta proteção para um círculo contido nele. 10 Unidade I Os círculos, segundo o modelo de Mandarini (2006), são classificados, de dentro para fora, em: • segurança excepcional; • segurança elevada; • segurança mediana; • segurança rotineira; • segurança periférica. Na figura 2, temos uma representação desse modelo. Segurança periférica Segurança rotineira Segurança mediana Segurança elevada Segurança excepcional Figura 2 – Níveis de proteção de um sistema de segurança Conforme a situação, o gestor de segurança deve avaliar qual é o nível de segurança adequado. São funções do gestor de segurança: • identificar os riscos assim que eles surgem; • alocar os recursos disponíveis para minimizar esses riscos; • atuar de forma preventiva, antecipando-se às ocorrências. Observação A fonte de risco é o elemento que, de modo individual ou combinado, tem potencial para originar o risco. 11 SEGURANÇA EMPRESARIAL Desde os princípios da teoria clássica de administração, é destacada a importância de um sistema de segurança empresarial. A segurança é uma das funções essenciais na organização de uma empresa (FAYOL, 1990). Saiba mais Para saber mais sobrea teoria clássica de administração, consulte: BEZERRA, F. Teoria clássica da administração. Portal Administração, 2017. Disponível em: https://www.portal-administracao.com/2017/09/teoria -classica-da-administracao.html. Acesso em: 10 dez. 2020. O programa de segurança empresarial deve ser preventivo, ou seja, deve ser planejado para se antecipar às ameaças. Ele pode ter diferentes enfoques, tais como: • análise de riscos; • segurança do trabalho; • segurança das informações; • segurança física do patrimônio. Na figura 3, temos uma representação desses enfoques. Programa de segurança empresarial Análise de riscos Segurança das informações Segurança do patrimônio Segurança do trabalho Figura 3 – Diversos enfoques de um programa de segurança empresarial Observação A gestão de riscos refere-se às atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos. 12 Unidade I A análise de riscos tem como objetivo o levantamento de áreas e de procedimentos que possam representar potenciais falhas à segurança. Com a análise de riscos, o gestor em segurança tem a intenção de que as ocorrências sejam evitadas ou minimizadas, de forma que a resposta, quando necessária, ocorra no menor tempo e da forma mais eficiente possível, e o retorno ao funcionamento normal da empresa seja breve. A segurança do trabalho tem como objetivo direto a proteção das pessoas da empresa em seu ambiente de trabalho. É composta de um conjunto de normas, atividades e ações preventivas e procura prevenir a ocorrência de doenças ocupacionais e de acidentes de trabalho. A equipe que atua em segurança do trabalho é constituída de: • engenheiro de segurança do trabalho; • técnico em segurança do trabalho; • médico do trabalho; • enfermeiro do trabalho. Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO (BRASIL, 2010), os engenheiros de segurança do trabalho: • desenvolvem, testam e supervisionam sistemas, processos e métodos produtivos; • gerenciam atividades de segurança no trabalho e do meio ambiente; • gerenciam exposições a fatores ocupacionais de risco à saúde do trabalhador; • planejam empreendimentos e atividades produtivas; • coordenam equipes, treinamentos e atividades de trabalho. De acordo com a CBO (BRASIL, 2010), os técnicos em segurança do trabalho: • participam da elaboração e fazem a implementação da política de saúde e de segurança do trabalho; • realizam diagnóstico da situação de saúde e de segurança do trabalho da instituição; • identificam variáveis de controle de doenças, acidentes, qualidade de vida e meio ambiente; • desenvolvem ações educativas na área de saúde e de segurança do trabalho; • integram processos de negociação; 13 SEGURANÇA EMPRESARIAL • participam da adoção de tecnologias e processos de trabalho; • investigam, analisam acidentes de trabalho; • recomendam medidas de prevenção e controle. Conforme a CBO (BRASIL, 2010), os médicos do trabalho (assim como os demais médicos clínicos): • realizam consultas e atendimentos médicos; • tratam pacientes e clientes; • implementam ações de prevenção de doenças e promoção da saúde tanto individuais quanto coletivas; • coordenam programas e serviços em saúde; • efetuam perícias, auditorias e sindicâncias médicas; • elaboram documentos; • difundem conhecimentos da área médica. Lembrete A análise de riscos tem como objetivo o levantamento de áreas e de procedimentos que possam representar potenciais falhas à segurança. É de competência do médico do trabalho a realização de exames admissionais, demissionais e periódicos. Além disso, esse profissional deve prestar assistência em caso de acidente do trabalho. Consoante a CBO (BRASIL, 2010), os enfermeiros do trabalho (assim como os demais enfermeiros): • prestam assistência ao paciente e/ou cliente; • coordenam, planejam ações e auditam serviços de enfermagem e/ou perfusão; • implementam ações para a promoção da saúde na comunidade. Os perfusionistas realizam procedimentos de circulação extracorpórea em hospitais. Todos os profissionais dessa família ocupacional podem realizar pesquisa. 14 Unidade I A segurança das informações tem como objetivo a proteção das informações relevantes para uma empresa, não apenas as informações armazenadas sob a forma de dados computacionais, mas todo tipo de informação, como processos, documentos, rotinas, planos ou projetos. A segurança das informações também é responsável pela segurança dos meios que dão suporte às informações, como computadores, estruturas de comunicação em rede ou servidores. Em um mundo cada vez mais conectado e com tecnologias cada vez mais avançadas, é fundamental resguardar as informações da empresa de ataques de terceiros. Já a segurança física do patrimônio tem como objetivo a proteção de bens, produtos, instalações, equipamentos e suprimentos da empresa. A segurança do patrimônio é o primeiro aspecto que nos vem à mente quando pensamos em segurança, pois o patrimônio é a parte mais visível dos bens de uma empresa. 1.2 Conjuntura e tendências No final da década de 1960 e no início da década de 1970, o Brasil vivia sob um regime militar. Até esse momento, as forças de segurança pública eram responsáveis pela segurança inclusive em ambientes privados, como instituições bancárias. Com a demanda da força policial para combater os opositores do regime, as forças de segurança pública deixaram de prestar serviço para os bancos e ficou determinado que elas deveriam se encarregar dos serviços de segurança necessários tanto nas agências quanto no transporte de valores. Essa foi a origem da segurança privada no Brasil. A demanda por segurança privada ampliou-se para além do sistema bancário, sendo utilizada na segurança de outras instituições, públicas ou privadas, escolta de cargas e proteção pessoal. Isso intensificou-se com a violência crescente, não só nos grandes centros urbanos como também nas cidades menores. Saiba mais Para saber mais sobre a evolução e ter um panorama da violência urbana no Brasil, consulte o Monitor da Violência: MONITOR da violência. G1, [s.d.]. Disponível em: https://g1.globo.com/ monitor-da-violencia/. Acesso em: 10 dez. 2020. Desde então, a segurança privada teve enfoque apenas em preservar bens e pessoas, ou seja, material físico. Contudo, nos últimos anos, esse enfoque se ampliou. Vivemos na era da informação, em que a informação pode ser o patrimônio de maior valor de uma empresa; logo, a estratégia de segurança empresarial deve considerar esse ponto. Para garantir suporte à informação, necessita-se de uma estrutura bem estabelecida, muitas vezes composta de instrumentos de informática, como computadores e servidores, além de uma estrutura de rede para permitir o tráfego dessa informação. Garantir a segurança desses equipamentos quanto às ameaças é fundamental na atividade de segurança empresarial nos dias atuais. 15 SEGURANÇA EMPRESARIAL Outro fenômeno que acontece é a migração das informações, que antes se localizavam em dispositivos físicos dentro da empresa, para o que chamamos de nuvem. A necessidade de proteger essas informações quando dispostas dessa forma é crucial na segurança empresarial. Observação A tecnologia de computação em nuvem está associada, também, à utilização da memória de armazenamento em meio que não é físico. Saiba mais Para saber mais sobre a segurança do armazenamento em nuvem, acesse: REDAÇÃO FUTERECOM DIGITAL. Entenda como proteger o armazenamento em nuvem da sua empresa em tempos de home office com soluções efetivas para aumentar a segurança. Futerecom Digital, 18 set. 2020. Disponível em: https://digital.futurecom.com.br/segurana/armazenamento-em-nuvem-e- segurana-como-proteger-seus-arquivos. Acesso em: 10 dez. 2020. Mudanças no regime de contratação de pessoal pelas empresas também devem ser consideradas no âmbito da segurança empresarial. Antigamente, o funcionário trabalhava por um longo tempo na mesma empresa, tornando-se conhecidode todos. Nos dias atuais, há uma demanda maior por funcionários terceirizados. Assim, a estrutura de segurança da empresa deve estar preparada para lidar com o acesso de pessoas distintas às instalações das empresas. Além disso, deve haver a preocupação de limitar e monitorar as áreas físicas às quais os funcionários, terceirizados ou não, têm acesso. O fenômeno de terceirização de mão de obra atinge diretamente o setor de segurança, já que é frequente a contratação de serviços de segurança terceirizados. Mais adiante, detalharemos os prós e os contras dessa terceirização, bem como os procedimentos que devem ser tomados. 2 RAMOS E SEGMENTOS DA ATIVIDADE DE SEGURANÇA Conforme a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO (BRASIL, 2010), o gestor de segurança é o profissional responsável pelo seguinte: • gerenciamento de atividades de segurança; • desenvolvimento de planos e de políticas de segurança; 16 Unidade I • execução de análises de riscos; • realização de tomada de medidas para proteger o patrimônio humano e o patrimônio físico de uma empresa; • administração da equipe de segurança; • coordenação de serviços de inteligência empresarial; • prestação de serviços de consultoria e de assessoria. Quanto ao exercício da função de gestor de segurança, a CBO (BRASIL, 2010) aponta que ele pode se dar em empresas públicas ou privadas, nos ramos de atuação industriais e comerciais, bem como na área de prestação de serviços. Podemos ter o regime de trabalho com vínculo empregatício ou a prestação de serviço de forma autônoma. Quanto à forma de trabalho, ela pode se dar presencialmente ou de maneira remota. A atividade de segurança privada é essencial nos dias atuais e ocorre nos seguintes segmentos: • vigilância patrimonial; • transporte de valores; • segurança em logística; • escolta armada; • segurança pessoal; • segurança eletrônica; • sindicância interna; • segurança da informação; • segurança contra incêndio; • segurança em eventos; • cursos de formação. Na figura 4, temos uma representação desses segmentos. 17 SEGURANÇA EMPRESARIAL Escolta armada Transporte de valores Segurança em logística Segurança eletrônica Segurança da informação Segurança contra incêndio Segurança em eventos Segurança pessoal Cursos de formação Vigilância patrimonial Sindicância interna Figura 4 – Áreas de atuação da segurança privada A atividade de vigilância patrimonial tem como objetivo garantir a integridade do patrimônio e das pessoas. Essa atividade pode ser exercida em ambientes de acesso público ou privado, residências, estabelecimentos comerciais, condomínios, locais de prestação de serviços e indústrias. A segurança patrimonial pode envolver a presença fixa de vigilantes, a realização de rondas periódicas pelo local e a instalação e o uso de equipamentos de monitoramento. Como uma área diferenciada da segurança patrimonial, temos a segurança bancária, em que é necessário garantir a integridade de clientes, funcionários, patrimônio, bens e informações em ambientes que manipulam numerário. Nesse ambiente, precisamos prevenir e inibir ações criminosas, corrigir e redefinir medidas de segurança já adotadas e recuperar e dar continuidade ao funcionamento da instituição financeira em caso de incidente. O papel do segurança no transporte de valores envolve a utilização de veículos comuns ou especiais, para transporte de numerário, bens ou valores, além da escolta dos veículos que fazem esse transporte. No transporte de valores, é comum o uso de carros-fortes ou de carros blindados. Cabe ao profissional de segurança determinar a rota mais segura para o transporte desses valores. O papel do segurança também se estende ao transporte de cargas que não envolve valores monetários, como produtos fabricados por uma empresa. Nesse caso, não é feito uso de carro-forte, mas podemos usar rastreadores em meio à carga e à escolta, que pode ser armada ou não. A atividade de escolta armada tem como objetivos assegurar: • o transporte de bens e valores sem intercorrências; • o retorno em segurança da equipe envolvida na atividade; • o retorno do armamento utilizado. 18 Unidade I O objetivo da atividade de segurança pessoal é garantir a integridade física de uma pessoa ou um grupo de pessoas contra violências como assaltos, sequestros, agressões ou acidentes. Essa atividade é geralmente demandada por pessoas com elevado poder aquisitivo ou com destaque na mídia, como empresários, autoridades e artistas. São funções do profissional envolvido em segurança pessoal: • a elaboração de planos de segurança pessoal; • a orientação dos vigilantes que formam a equipe; • o desenvolvimento de planos de ação e de contingência para o caso de alguma ocorrência; • o estabelecimento de sistema de apoio; • o monitoramento para os profissionais da equipe; • o fornecimento dos recursos necessários para seguir o plano de segurança. Em uma sociedade informatizada como a que vivemos, muitas vezes, o principal ativo de uma empresa não são produtos ou bens físicos, mas, como já dissemos, a informação mantida em meio digital. Compreender isso e garantir a segurança da informação é atribuição do gestor de segurança. Hoje em dia, temos uma grande gama de dispositivos tecnológicos que podem ser aplicados na melhoria na segurança, como câmeras, sensores e meios de controle de acesso, os quais podem ser utilizados pelo gestor de segurança. Logo, a segurança eletrônica é um ramo da segurança que não deve ser deixado de lado, devendo ser usado como complemento do componente humano no sistema de segurança. Para prevenir intercorrências ou para sanar pontos fracos em um sistema de segurança, é possível realizar sindicâncias internas, que é outro ramo de atuação do gestor de segurança. O gestor de segurança que atua em eventos deve estar preparado para lidar com significativo fluxo de pessoas, atuando em shows, congressos e exposições. Nesse sentido, precisamos ter o planejamento prévio do evento, o plano de análise e de identificação de riscos, o orçamento prévio de segurança, a contratação de equipamentos e serviço e o treinamento da equipe de segurança envolvida. Durante o evento, devemos distribuir as equipes, fazer o controle de acesso e orientar a brigada de incêndio. Após o evento, necessitamos acompanhar a saída do público, dos artistas ou das autoridades, acompanhar a desmontagem da infraestrutura e elaborar o relatório de ocorrências. O profissional de segurança também pode atuar em cursos de formação, de extensão e de reciclagem de outros vigilantes. Tais cursos são regulamentados pela Polícia Federal (PF), como será visto mais adiante. 19 SEGURANÇA EMPRESARIAL O gestor de segurança deve atuar tanto na parte operacional quanto na parte administrativa, sendo de sua responsabilidade a organização, a coordenação e a supervisão de atividades e operações de segurança. Para tanto, é necessário que esse profissional tenha formação multidisciplinar, com conhecimentos de diversas áreas, como: • administração; • economia; • direito; • contabilidade; • marketing; • gestão de pessoas; • logística; • qualidade. O trabalho do gestor de segurança em uma empresa está mais próximo do setor de recursos humanos, que é o responsável por garantir a segurança no ambiente empresarial. No entanto, é necessário que o profissional em gestão de segurança dialogue com todos os demais setores da empresa e, também, com órgãos externos, como empresas terceirizadas de segurança e órgãos públicos de segurança. É esperado que o gestor de segurança implante um sistema e tenha uma equipe apta a responder rapidamente aos riscos, aos perigos e às ameaças no ambiente empresarial. Para que esse objetivo seja atendido, a segurança empresarial tem ênfase na segurança patrimonial, com foco na orientação e no uso de ferramentas de segurança. Essas ferramentas são: • gerenciamento e prevenção de riscos; • planejamento estratégico; • elaboração de planode segurança; • organização do departamento de segurança; • gerenciamento de equipes. Na figura 5, temos uma representação dessas ferramentas. 20 Unidade I Elaboração de plano de segurança Gerenciamento e prevenção de riscos Planejamento estratégico Gerenciamento de equipes Organização do departamento de segurança Figura 5 – Ferramentas do gestor de segurança É fundamental que o gestor de segurança tenha conhecimento dos aspectos jurídicos de seu ramo de atuação para: • saber os direitos e os deveres de sua equipe; • ter consciência das necessidades legais para sua atuação; • conhecer os limites de sua atuação. Lembrete O objetivo da atividade de segurança pessoal é garantir a integridade física de uma pessoa ou um grupo de pessoas contra violências como assaltos, sequestros, agressões ou acidentes. 2.1 Regulamentação e legislação pertinentes A primeira lei que devemos olhar, independentemente da atuação em segurança, é a Constituição Federal. A Constituição Federal, em seu Título II, dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo I, dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, diz o que segue (BRASIL, 1988). Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 21 SEGURANÇA EMPRESARIAL I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (vide Lei n. 13.105, de 2015) (Vigência) XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (vide Lei n. 9.296, de 1996) 22 Unidade I XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. Olhando agora com enfoque direto na área de segurança, a primeira lei que trata de segurança privada no Brasil é o Decreto-Lei n. 1.034 (BRASIL, 1969), revogado pela Lei n. 7.102 (BRASIL, 1983). Essa última regulamenta a segurança em estabelecimentos financeiros e apresenta as normas de constituição e de funcionamento da segurança privada. Em seu primeiro artigo, a Lei n. 7.102 diz o que segue (BRASIL, 1983). Art. 1º É vedado o funcionamento de qualquer estabelecimento financeiro onde haja guarda de valores ou movimentação de numerário, que não possua sistema de segurança com parecer favorável à sua aprovação, elaborado pelo Ministério da Justiça, na forma desta lei. Sobre o sistema de segurança que deve ser implantado, essa lei diz o que segue (BRASIL, 1983). O sistema de segurança referido no artigo anterior inclui pessoas adequadamente preparadas, assim chamadas vigilantes; alarme capaz de permitir, com segurança, comunicação entre o estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo; e, pelo menos, mais um dos seguintes dispositivos: I - equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos assaltantes; II - artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura; e III - cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento. 23 SEGURANÇA EMPRESARIAL Os artigos seguintes estabelecem como devem ser realizados a segurança bancária e o transporte de valores. A partir do art. 10, a lei passa a tratar sobre segurança privada, conforme mostrado a seguir (BRASIL, 1983). Art. 10. São considerados como segurança privada as atividades desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de: (redação dada pela Lei n. 8.863, de 1994) I - proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas; (incluído pela Lei n. 8.863, de 1994) II - realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga. O § 2º desse mesmo artigo lista os serviços que podem ser prestados pelas empresas de segurança, conforme segue (BRASIL, 1983). § 2º As empresas especializadas em prestação de serviços de segurança, vigilância e transporte de valores, constituídas sob a forma de empresas privadas, além das hipóteses previstas nos incisos do caput deste artigo, poderão se prestar ao exercício das atividades de segurança privada a pessoas; a estabelecimentos comerciais, industriais, de prestação de serviços e residências; a entidades sem fins lucrativos; e órgãos e empresas públicas. (incluído pela Lei n. 8.863, de 1994). Sobre os requisitos para o exercício da profissão de vigilante, a Lei n. 7.102 aponta os critérios mostrados a seguir (BRASIL, 1983). Art. 16. Para o exercício da profissão, o vigilante preencherá os seguintes requisitos: I - ser brasileiro; II - ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos; III - ter instrução correspondente à quarta série do primeiro grau; IV - ter sido aprovado em curso de formação de vigilante; (revogado) IV - ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento com funcionamento autorizado nos termos desta lei; (redação dada pela Lei n. 8.863, de 1994) 24 Unidade I V - ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psicotécnico; VI - não ter antecedentes criminais registrados; e VII - estar quite com as obrigações eleitorais e militares. Quanto aos direitos que a Lei n. 7.102 assegura aos vigilantes, temos o que segue (BRASIL, 1983). Art. 19. É assegurado ao vigilante: I - uniforme especial às expensas da empresa a que se vincular; II - porte de arma, quando em serviço; III - prisão especialpor ato decorrente do serviço; IV - seguro de vida em grupo, feito pela empresa empregadora. Quanto às armas necessárias para a atividade de vigilância, a Lei n. 7.102 diz o que segue (BRASIL, 1983). Art. 21. As armas destinadas ao uso dos vigilantes serão de propriedade e responsabilidade: I - das empresas especializadas; II - dos estabelecimentos financeiros quando dispuserem de serviço organizado de vigilância, ou mesmo quando contratarem empresas especializadas. Art. 22. Será permitido ao vigilante, quando em serviço, portar revólver calibre 32 ou 38 e utilizar cassetete de madeira ou de borracha. Parágrafo único. Os vigilantes, quando empenhados em transporte de valores, poderão também utilizar espingarda de uso permitido, de calibre 12, 16 ou 20, de fabricação nacional. A atividade das empresas de segurança privada passou a ser normatizada pela PF, com as Portarias n. 992/92, n. 387/06 e n. 3.233/12. A Portaria n. 3.233/12 estabelece o que segue (BRASIL, 2012b). Art. 1o A presente portaria disciplina as atividades de segurança privada, armada ou desarmada, desenvolvidas pelas empresas especializadas, pelas empresas que possuem serviço orgânico de segurança e pelos profissionais que nelas atuam, bem como regula a fiscalização dos planos de segurança dos estabelecimentos financeiros. 25 SEGURANÇA EMPRESARIAL O artigo 1o dessa portaria estabelece os objetivos e as atividades que envolvem segurança privada, conforme reproduzido a seguir (BRASIL, 2012b). § 2o A política de segurança privada envolve a Administração Pública e as classes patronal e laboral, observando os seguintes objetivos: I - dignidade da pessoa humana; II - segurança dos cidadãos; III- prevenção de eventos danosos e diminuição de seus efeitos; IV - aprimoramento técnico dos profissionais de segurança privada; e V - estímulo ao crescimento das empresas que atuam no setor. § 3o São consideradas atividades de segurança privada: I - vigilância patrimonial: atividade exercida em eventos sociais e dentro de estabelecimentos, urbanos ou rurais, públicos ou privados, com a finalidade de garantir a incolumidade física das pessoas e a integridade do patrimônio; II - transporte de valores: atividade de transporte de numerário, bens ou valores, mediante a utilização de veículos, comuns ou especiais; III - escolta armada: atividade que visa garantir o transporte de qualquer tipo de carga ou de valor, incluindo o retorno da equipe com o respectivo armamento e demais equipamentos, com os pernoites estritamente necessários; IV - segurança pessoal: atividade de vigilância exercida com a finalidade de garantir a incolumidade física de pessoas, incluindo o retorno do vigilante com o respectivo armamento e demais equipamentos, com os pernoites estritamente necessários; e V - curso de formação: atividade de formação, extensão e reciclagem de vigilantes. Os requisitos necessários para uma empresa de vigilância privada são listados no artigo 4o dessa mesma portaria (BRASIL, 2012b). Art. 4o O exercício da atividade de vigilância patrimonial, cuja propriedade e administração são vedadas a estrangeiros, dependerá de autorização prévia do DPF, por meio de ato do Coordenador-Geral de Controle de Segurança Privada, publicado no Diário Oficial da União – DOU, mediante o preenchimento dos seguintes requisitos: 26 Unidade I I - possuir capital social integralizado mínimo de 100.000 (cem mil) UFIR; II - provar que os sócios, administradores, diretores e gerentes da empresa de segurança privada não tenham condenação criminal registrada; III - contratar, e manter sob contrato, o mínimo de quinze vigilantes, devidamente habilitados; IV - comprovar a posse ou a propriedade de, no mínimo, um veículo comum, com sistema de comunicação ininterrupta com a sede da empresa em cada unidade da federação em que estiver autorizada; V - possuir instalações físicas adequadas, comprovadas mediante certificado de segurança, observando-se: a) uso e acesso exclusivos ao estabelecimento, separado das instalações físicas de outros estabelecimentos e atividades estranhas às atividades autorizadas; b) dependências destinadas ao setor administrativo; c) dependências destinadas ao setor operacional, dotado de sistema de comunicação; d) local seguro e adequado para a guarda de armas e munições, construído em alvenaria, sob laje, com um único acesso, com porta de ferro ou de madeira reforçada com grade de ferro, dotada de fechadura especial, além de sistema de combate a incêndio nas proximidades da porta de acesso; e) vigilância patrimonial ou equipamentos elétricos, eletrônicos ou de filmagem, funcionando ininterruptamente; e f) garagem ou estacionamento para os veículos usados na atividade armada. VI - contratar seguro de vida coletivo. Sobre o limite físico para a atividade de segurança privada e sobre a segurança privada em ambientes abertos, a portaria estabelece (BRASIL, 2012b). Art. 18. A atividade de vigilância patrimonial somente poderá ser exercida dentro dos limites dos imóveis vigiados e, nos casos de atuação em eventos sociais, como show, carnaval, futebol, deve se ater ao espaço privado objeto do contrato. Art. 19. A atividade de vigilância patrimonial em grandes eventos, assim considerados aqueles realizados em estádios, ginásios ou outros eventos com público superior a três mil pessoas deverão ser prestadas por vigilantes especialmente habilitados. 27 SEGURANÇA EMPRESARIAL Parágrafo único. A habilitação especial referida no caput corresponderá ao curso de extensão em segurança para grandes eventos, ministrado por empresas de cursos de formação de vigilantes, em conformidade ao disposto nesta portaria. Sobre o plano de segurança em instituições financeiras, que deve ser sigiloso e elaborado pela própria instituição financeira ou pela empresa de segurança contratada por ela, a portaria diz o que segue. Art. 99. O plano de segurança deverá descrever todos os elementos do sistema de segurança, que abrangerá toda a área do estabelecimento, constando I - a quantidade e a disposição dos vigilantes, adequadas às peculiaridades do estabelecimento, sua localização, área, instalações e encaixe; II - alarme capaz de permitir, com rapidez e segurança, comunicação com outro estabelecimento, bancário ou não, da mesma instituição financeira, empresa de segurança ou órgão policial; III - equipamentos hábeis a captar e gravar, de forma imperceptível, as imagens de toda movimentação de público no interior do estabelecimento, as quais deverão permanecer armazenadas em meio eletrônico por um período mínimo de trinta dias; IV - artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura; e V - anteparo blindado com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento. A Portaria n. 3.233 lista também os requisitos para o profissional de vigilância (BRASIL, 2012b). Art. 155. Para o exercício da profissão, o vigilante deverá preencher os seguintes requisitos, comprovados documentalmente: I - ser brasileiro, nato ou naturalizado; II - ter idade mínima de vinte e um anos; III - ter instrução correspondente à quarta série do ensino fundamental; IV - ter sido aprovado em curso de formação de vigilante, realizado por empresa de curso de formação devidamente autorizada; V - ter sido aprovado em exames de saúde e de aptidão psicológica; 28 Unidade I VI - ter idoneidade comprovada mediante a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais, sem registros de indiciamento em inquérito policial, de estar sendo processado criminalmente ou ter sido condenado em processo criminal de onde reside, bem como do local em que realizado o curso de formação, reciclagem ou extensão: da Justiça Federal; da Justiça Estadual ou do Distrito Federal; da Justiça Militar Federal; da Justiça Militar Estadual ou do Distrito Federal e da JustiçaEleitoral; VII - estar quite com as obrigações eleitorais e militares; e VIII - possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas. A Portaria n. 3.233 também lista os cursos de formação, de extensão e de reciclagem no âmbito da segurança privada. Art. 156. São cursos de formação, extensão e reciclagem: I - curso de formação de vigilante; II - curso de reciclagem da formação de vigilante; III - curso de extensão em transporte de valores; IV - curso de reciclagem em transporte de valores; V - curso de extensão em escolta armada; VI - curso de reciclagem em escolta armada; VII - curso de extensão em segurança pessoal; VIII - curso de reciclagem em segurança pessoal; IX - curso de extensão em equipamentos não letais I; X - curso de extensão em equipamentos não letais II (BRASIL, 2012b). Alguns cursos são pré-requisitos para a realização dos demais. O curso de formação de vigilante é pré-requisito para os cursos de extensão, e cada curso é pré-requisito para a reciclagem correspondente. Por exemplo, para fazer o curso de reciclagem em segurança pessoal, o vigilante precisa fazer previamente o curso de extensão em segurança pessoal e ter feito antes desse o curso de formação de vigilante. 29 SEGURANÇA EMPRESARIAL A Portaria n. 3.233 também apresenta os direitos e os deveres do vigilante. Art. 163. Assegura-se ao vigilante: I - o recebimento de uniforme, devidamente autorizado, às expensas do empregador; II - porte de arma, quando em efetivo exercício; III - a utilização de materiais e equipamentos em perfeito funcionamento e estado de conservação, inclusive armas e munições; IV - a utilização de sistema de comunicação em perfeito estado de funcionamento; V - treinamento regular nos termos previstos nesta portaria; VI - seguro de vida em grupo, feito pelo empregador; VII - prisão especial por ato decorrente do serviço. Art. 164. São deveres dos vigilantes: I - exercer suas atividades com urbanidade, probidade e denodo, observando os direitos e garantias fundamentais, individuais e coletivos, no exercício de suas funções; II - utilizar, adequadamente, o uniforme autorizado, apenas em serviço; III - portar a CNV (carteira nacional do vigilante); IV - manter-se adstrito ao local sob vigilância, observando-se as peculiaridades das atividades de transporte de valores, escolta armada e segurança pessoal; V - comunicar, ao seu superior hierárquico, quaisquer incidentes ocorridos no serviço, assim como quaisquer irregularidades relativas ao equipamento que utiliza, em especial quanto ao armamento, munições e colete à prova de balas, não se eximindo o empregador do dever de fiscalização (BRASIL, 2012b). Outra lei pertinente para o trabalho em gestão de segurança é a Lei Geral para Proteção de Dados Pessoais (LGPD), ou Lei n. 13.709/18, que dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural (BRASIL, 2018). 30 Unidade I A LGPD, esquematizada na figura 6, é de especial interesse para os profissionais da área de segurança, pois ela dispõe sobre a utilização de dados pessoais, seja em cadastros utilizados para acesso, seja em imagens de câmeras utilizadas em monitoramento em segurança. Figura 6 – Um resumo da LGPD (Serpro) São termos definidos na LGPD os mostrados a seguir. Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se: I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável; 31 SEGURANÇA EMPRESARIAL II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural; III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento; IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou físico; V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento; VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais; VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador; VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD); (redação dada pela Lei n. 13.853, de 2019) (vigência) IX - agentes de tratamento: o controlador e o operador; X - tratamento: toda operação realizada com dados pessoais, como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração; XI - anonimização: utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis no momento do tratamento, por meio dos quais um dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo; XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada; XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer operação de tratamento, mediante guarda do dado pessoal ou do banco de dados; 32 Unidade I XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados armazenados em banco de dados, independentemente do procedimento empregado; XV - transferência internacional de dados: transferência de dados pessoais para país estrangeiro ou organismo internacional do qual o país seja membro; XVI - uso compartilhado de dados: comunicação, difusão, transferência internacional, interconexão de dados pessoais ou tratamento compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e entidades públicos no cumprimento de suas competências legais, ou entre esses e entes privados, reciprocamente, com autorização específica, para uma ou mais modalidades de tratamento permitidas por esses entes públicos, ou entre entes privados; XVII - relatório de impacto à proteção de dados pessoais: documentação do controlador que contém a descrição dos processos de tratamento de dados pessoais que podem gerar riscos às liberdades civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco; XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e (redação dada pela Lei n. 13.853, de 2019) (vigência) XIX - autoridade nacional: órgão da administração pública responsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento desta Lei em todo o território nacional. (redação dada pela Lei n. 13.853, de 2019) (vigência) (BRASIL, 2018). No artigo 6º da LGPD, são listados os princípios que devem ser utilizados no tratamento de dados pessoais. Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios: I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com essas finalidades; II - adequação: compatibilidadedo tratamento com as finalidades informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento; 33 SEGURANÇA EMPRESARIAL III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às finalidades do tratamento de dados; IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre a integralidade de seus dados pessoais; V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento; VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os segredos comercial e industrial; VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou difusão; VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados pessoais; IX - não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos; X - responsabilização e prestação de contas: demonstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a observância e o cumprimento das normas de proteção de dados pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas (BRASIL, 2018). Sobre o tratamento de dados pessoais, a LGPD diz o que segue (BRASIL, 2018). Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente poderá ser realizado nas seguintes hipóteses: I - mediante o fornecimento de consentimento pelo titular; II - para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador; III - pela administração pública, para o tratamento e uso compartilhado de dados necessários à execução de políticas públicas previstas em leis e 34 Unidade I regulamentos ou respaldadas em contratos, convênios ou instrumentos congêneres, observadas as disposições do Capítulo IV desta Lei; IV - para a realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais; V - quando necessário para a execução de contrato ou de procedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte o titular, a pedido do titular dos dados; VI - para o exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral, esse último nos termos da Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem); VII - para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária; (redação dada pela Lei n. 13.853, de 2019) (vigência) IX - quando necessário para atender aos interesses legítimos do controlador ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais; ou X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na legislação pertinente. Sobre o titular dos dados, a LGPD diz o que segue. Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às informações sobre o tratamento de seus dados, que deverão ser disponibilizadas de forma clara, adequada e ostensiva acerca de, entre outras características previstas em regulamentação para o atendimento do princípio do livre acesso: I - finalidade específica do tratamento; II - forma e duração do tratamento, observados os segredos comercial e industrial; III - identificação do controlador; IV - informações de contato do controlador; 35 SEGURANÇA EMPRESARIAL V - informações acerca do uso compartilhado de dados pelo controlador e a finalidade; VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o tratamento; e VII - direitos do titular, com menção explícita aos direitos contidos no art. 18 desta Lei (BRASIL, 2018). Sobre tratamento de dados sensíveis, a LGPD dispõe o que segue. Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer nas seguintes hipóteses: I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e destacada, para finalidades específicas; II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for indispensável para: a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador; b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, pela administração pública, de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos; c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis; d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em processo judicial, administrativo e arbitral, este último nos termos da Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem); e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; f) tutela da saúde, em procedimento realizado por profissionais da área da saúde ou por entidades sanitárias; ou f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária; ou (redação dada pela Lei n. 13.853, de 2019) (vigência) g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos processos de identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados os direitos mencionados no art. 9º desta Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais (BRASIL, 2018). 36 Unidade I Observação Note que os itens e) e g) da lei destacada anteriormente asseguram o tratamento de dados pessoais sensíveis por parte de serviços de segurança, já que esses serviços têm como objetivo garantir a segurança do titular dos dados e de terceiros. O art. 5o, item II, conforme acentuado, inclui entre os dados sensíveis os dados de natureza biométrica. Sobre os direitos do titular dos dados, a LGPD diz o que segue. Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de seus dados pessoais e garantidos os direitos fundamentais de liberdade, de intimidade e de privacidade, nos termos desta Lei. Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do controlador, em relação aos dados do titular por ele tratados, a qualquer momento e mediante requisição: I - confirmação da existência de tratamento; II - acesso aos dados; III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados; IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei; V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regulamentação da autoridade nacional, observados os segredos comercial e industrial; (redação dada pela Lei n. 13.853, de 2019) (vigência) VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o consentimento do titular, exceto nas hipóteses previstas no art. 16 desta Lei; VII - informação das entidades públicas e privadas com as quais o controlador realizou uso compartilhado de dados; VIII - informação sobre a possibilidade de não fornecer consentimento e sobre as consequências da negativa; IX - revogação do consentimento, nos termos do § 5º do art. 8º desta Lei (BRASIL, 2018). 37 SEGURANÇA EMPRESARIAL Sobre a segurança e o sigilo dos dados, a LGPD dispõe o que segue. Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar medidas de segurança, técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer forma de tratamento inadequado ou ilícito. § 1º A autoridadenacional poderá dispor sobre padrões técnicos mínimos para tornar aplicável o disposto no caput deste artigo, considerados a natureza das informações tratadas, as características específicas do tratamento e o estado atual da tecnologia, especialmente no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os princípios previstos no caput do art. 6º desta Lei. § 2º As medidas de que trata o caput deste artigo deverão ser observadas desde a fase de concepção do produto ou do serviço até a sua execução. Art. 47. Os agentes de tratamento ou qualquer outra pessoa que intervenha em uma das fases do tratamento obriga-se a garantir a segurança da informação prevista nesta Lei em relação aos dados pessoais, mesmo após o seu término. Art. 48. O controlador deverá comunicar à autoridade nacional e ao titular a ocorrência de incidente de segurança que possa acarretar risco ou dano relevante aos titulares. § 1º A comunicação será feita em prazo razoável, conforme definido pela autoridade nacional, e deverá mencionar, no mínimo: I - a descrição da natureza dos dados pessoais afetados; II - as informações sobre os titulares envolvidos; III - a indicação das medidas técnicas e de segurança utilizadas para a proteção dos dados, observados os segredos comercial e industrial; IV - os riscos relacionados ao incidente; V - os motivos da demora, no caso de a comunicação não ter sido imediata; e VI - as medidas que foram ou que serão adotadas para reverter ou mitigar os efeitos do prejuízo. § 2º A autoridade nacional verificará a gravidade do incidente e poderá, caso necessário para a salvaguarda dos direitos dos titulares, determinar ao controlador a adoção de providências, tais como: 38 Unidade I I - ampla divulgação do fato em meios de comunicação; e II - medidas para reverter ou mitigar os efeitos do incidente. § 3º No juízo de gravidade do incidente, será avaliada eventual comprovação de que foram adotadas medidas técnicas adequadas que tornem os dados pessoais afetados ininteligíveis, no âmbito e nos limites técnicos de seus serviços, para terceiros não autorizados a acessá-los (BRASIL, 2018). O conhecimento da legislação pertinente ao desempenho das funções do gestor de segurança e de seus subordinados é fundamental para que o gestor saiba a respeito: • dos seus direitos e deveres; • dos direitos e deveres das pessoas com quem ele interage no ambiente de trabalho; • dos limites existentes no exercício de sua função. Exemplo de aplicação Vimos, em detalhes, a legislação pertinente ao profissional da área de segurança no Brasil. Faça uma pesquisa e compare o enfoque dado na legislação brasileira e o enfoque dado nas legislações de outros países no que se refere à segurança empresarial. 39 SEGURANÇA EMPRESARIAL Resumo Nesta unidade, vimos que o início da demanda por segurança privada se deu no período da ditadura militar, quando a segurança pública deixou de prestar suporte de segurança em instituições particulares, principalmente as bancárias. Com isso, surgiram empresas destinadas a prestar esse serviço. Sua atuação foi expandida e destacada com a escalada de violência que vivemos nas últimas décadas. Verificamos também que a segurança empresarial tem como objetivos combater ou diminuir o impacto de ameaças no ambiente empresarial, direcionadas às instalações, às pessoas, aos equipamentos, às informações, aos suprimentos e aos dispositivos utilizados. O gestor de segurança deve se antecipar aos riscos e atuar sempre de forma preventiva. Observamos que o nível de segurança adotado para atingirmos esse objetivo pode ir desde segurança excepcional até segurança periférica, conforme a necessidade do projeto de segurança. Listamos e detalhamos os diversos enfoques de um programa de segurança, como a análise de riscos e a segurança do patrimônio, das informações e do trabalho. Sobre o gestor de segurança, vimos que ele pode atuar em diversas atividades, como no gerenciamento de atividades de segurança, no desenvolvimento de planos e políticas de segurança, na realização de análises de riscos, na tomada de medidas para proteger o patrimônio humano e físico de uma empresa, na administração da equipe de segurança, na coordenação de serviços de inteligência empresarial e na prestação de consultoria e assessoria. Expusemos que a atuação pode ocorrer em empresas dos mais diversos setores e que o gestor pode fazer parte do quadro de funcionários da empresa ou pode prestar serviço como autônomo. Apontamos que o gestor de segurança deve ter conhecimentos nas mais diversas áreas, já que sua atuação é de natureza multidisciplinar. Vimos que a atividade de segurança privada pode ocorrer nas áreas de vigilância patrimonial, transporte de valores, segurança em logística, escolta armada, segurança pessoal, segurança eletrônica, sindicância interna, segurança da informação, segurança contra incêndio, segurança em eventos e em cursos de formação. 40 Unidade I Detalhamos itens sobre as ferramentas que o gestor tem à sua disposição, tais como o gerenciamento e a prevenção de riscos, o planejamento estratégico, a elaboração de plano de segurança, a organização do departamento de segurança e o gerenciamento de equipes. Para estar ciente dos seus direitos e deveres, além dos direitos e deveres dos membros de sua equipe e de terceiros, e manter a sua atuação e de seus prepostos, o gestor precisa ter conhecimentos de legislação. A peça primordial de legislação para o gestor é a Constituição Federal, que dá os direitos e deveres individuais e coletivos. Detalhamos também alguns pontos importantes da Lei n. 7.102 (BRASIL, 1983), que regulamenta a segurança em estabelecimentos financeiros, apresenta as normas de constituição e de funcionamento da segurança privada e fornece os requisitos para o exercício da profissão de vigilante e os seus direitos. Explicamos pontos importantes da Portaria n. 3.233 (BRASIL, 2012b), que normatiza a atuação de empresas de segurança privada no Brasil e cita os requisitos para o profissional de vigilância e os direitos e deveres do vigilante. Outra lei que deve ser do conhecimento do profissional de gestão da segurança é a LGPD, Lei n. 13.709 (BRASIL, 2018), que trata da coleta, do acesso e da proteção dos dados pessoais. Os pontos relevantes a esse profissional foram detalhados nesta unidade. 41 SEGURANÇA EMPRESARIAL Exercícios Questão 1. Observe, na figura a seguir, definições do vocábulo segurança. Figura 7 Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/SEGURAN%C3%87A/. Acesso em: 10 dez. 2020. Das definições apresentadas a seguir, extraídas de forma total ou parcial da figura, assinale a que mais bem se relaciona ao conceito de segurança empresarial. A) “Confiança em si mesmo”. B) “Condição marcada por uma sensação de paz e tranquilidade”. C) “Crença ou opinião firme”. D) “Condição ou estado do que está livre de danos ou riscos”. E) “Ato ou efeito de segurar”. Resposta correta: alternativa D. 42 Unidade I Análise da questão A segurança empresarial visa eliminar ou minimizar os efeitos de ameaças no ambiente empresarial, com a finalidade de proteger os valores de uma organização. Logo, das definições expostas nas alternativas, “condição ou estado do que está livre de danos ou riscos” é a que mais se alinha ao conceito de segurança empresarial. Questão 2. Leia o texto a seguir. A evolução da segurança privada: o mercado e a realidade do setor Por Alexandre Martins, 3 de julho de 2019 Figura 8 Muito tenho escrito sobre a valorização e o aprimoramento dos profissionais da segurança privada no Brasil, incentivando e demonstrando que a evolução constante e periódica do profissional não é só um benefício ao indivíduo no que se refere à carreira, mas também uma necessidade para a empresa. Do ponto de vista do profissional, a evolução da carreira pode propiciar melhorias reais no tocante a cargos e salários, levando o profissional a uma melhorianão só na área, mas também na vida pessoal. Do ponto de vista das empresas, a mão de obra em constante evolução propicia ganhos reais na qualidade, na técnica e na desenvoltura ética e interpessoal do profissional e, consequentemente, na própria empresa. Sabendo que a evolução deve ser uma constante, fica a pergunta: como aprimorar em tempos de corte de custos, diminuição de pessoal, perda de contratos e diante de uma cultura em que aprimorar gera custos, e não benefícios? [...] A evolução custa caro, mas não deve ser vista como um custo a mais, e, sim, como uma ferramenta de evolução. O mercado deve olhar para segurança privada não como um custo, mas como uma forma de evitar custos. 43 SEGURANÇA EMPRESARIAL O que isso tem a ver com segurança e evolução? Tudo. Como obrigar o mercado a ser mais correto e se adequar à legalidade? Fiscalizando e, com isso, obrigando as empresas a enxergar que segurança não é custo, e, sim, investimento. Disponível em: https://www.defesa.tv.br/a-evolucao-da-seguranca-privada-parte-1/. Acesso em: 10 dez. 2020. Adaptado. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I – As capacitações e os incentivos dados pelas empresas no que se refere ao aperfeiçoamento dos profissionais da segurança privada têm impacto positivo na carreira do indivíduo e configuram-se demandas imperativas para as organizações. II – Em tempos de crise, a empresa deve minimizar todos os seus custos, inclusive os relativos à segurança, pois os gastos não acarretam benefícios significativos para as organizações. III – Uma maneira de fazer com que as empresas percebam que segurança não é custo, mas investimento, é realizar a fiscalização quanto ao cumprimento da legislação. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) I, II e III. E) I e III, apenas. Resposta correta: alternativa E. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: segundo o autor do texto, muito se tem escrito “sobre a valorização e o aprimoramento dos profissionais da segurança privada no Brasil, incentivando e demonstrando que a evolução constante e periódica do profissional não é só um benefício ao indivíduo no que se refere à carreira, mas também uma necessidade para a empresa”. 44 Unidade I II – Afirmativa incorreta. Justificativa: segundo o autor do texto, “a evolução custa caro, mas não deve ser vista como um custo a mais, e, sim, como uma ferramenta de evolução”. Ele prossegue dizendo que “o mercado deve olhar para segurança privada não como um custo, mas como uma forma de evitar custos”. III – Afirmativa correta. Justificativa: segundo o autor do texto, a fiscalização das empresas no que se refere à sua adequação e à legalidade faz com que elas sejam obrigadas a enxergar que segurança não é custo, mas investimento.
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