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Manual De Parasitologia Sumário 1- Amebíase ..................................................................................................... 01 2- Giardíase ....................................................................................................... 04 3- Tricomoníase ................................................................................................ 06 4- Malária .......................................................................................................... 09 5- Leishmaniose ............................................................................................... 13 6- Doença de Chagas. ....................................................................................... 16 7- Esquistossomose ......................................................................................... 19 8- Teníase; Cisticercose .................................................................................... 22 9- Ascaridíase .................................................................................................. 26 10- Enterobíase ................................................................................................. 30 11- Ancilostomíase ............................................................................................ 33 AMEBÍASE (Entamoeba histolytica) TAXONOMIA Filo: Sarcomastigophora; Família: Sarcodina; Espécie: Entamoeba histolytica MORFOLOGIA E HABITAT Trofozoíto: forma ativa do parasito, que se alimenta e se reproduz. Apresenta forma ameboide e possui um núcleo com cromatina pequena e central. Vive na luz ou na mucosa do ceco e cólon sigmoide, formando colônias; Pré- cistos: fase intermediária entre trofozoíto e cisto; Oval ou arredondado; Núcleo semelhante ao trofozoíto; Metacistos: vários núcleos; intestino delgado; origina os trofozoítos Cisto: forma de resistência ou de transmissão do protozoário. São esféricos, podendo apresentar 2 a 4 núcleos. São usualmente eliminados com as fezes formadas. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA - Apresenta forma assintomática; - Forma sintomática: diarreia, com fezes moles ou pastosas; evacuações muco ou sangue; desconforto abdominal; cólicas intestinais; tremores de frio. TRANSMISSÃO - Ingestão de cistos presentes em água ou alimentos; - Fecal: infecção através das mãos contaminadas. CICLO BIOLÓGICO Trofozoíto na luz do intestino grosso → Progressão com bolo fecal (desidratação com formação de pré -cisto) → Transformação em cisto → Eliminação junto com as fezes → Ingestão de água ou alimentos contaminados com o cisto → Processo de desencistamento (cada núcleo dá origem a um trofozoíto) → Colonização do intestino grosso. DIAGNÓSTICO Laboratorial: • Exame parasitológico de fezes, sendo que no período assintomático há eliminação de cistos junto com as fezes formadas e durante o período sintomático (com diarreia) há eliminação de trofozoítos; Imunológico: • ELISA, ainda pode ser realizado para identificar antígenos no soro ou nas fezes do paciente. Na amebíase hepática, o ELISA é realizado após análise radiográfica do fígado. TRATAMENTO - Metronidazol; - Secnidazol; - Annita. PROFILAXIA - Saneamento básico; - Distribuição de água potável; - Higienização das mãos e dos alimentos; - Educação sanitária, cívica e ambiental da população. GIARDÍASE (Giardia lamblia) TAXONOMIA Filo: Sacomastigophora; Subfilo: Mastigophora; Gênero: Giardia; Espécie: Giardia lamblia MORFOLOGIA E HABITAT Trofozoíto: forma ativa do parasito, que se alimenta e se reproduz. Apresenta simetria bilateral, com 2 núcleos e 8 flagelos; tem aspecto de pêra, sendo que é na superfície ventral que se encontra a ventosa. Vive aderido à mucosa do intestino delgado, especialmente duodeno; Cisto: forma de resistência ou de transmissão do protozoário. São esféricos, possui 4 núcleos. São usualmente eliminados com as fezes. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA A aderência do trofozoíto à mucosa do intestino delgado juntamente com a presença física de milhares de formas impedem ou dificultam a absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis. Apresenta 2 fases: Fase Aguda: caracterizada por diarreia aquosa, rica em gorduras (esteatorréia), explosiva fétida, por constante flatulência e dores na porção alta e direita do abdômen. É acompanhada por uma resposta inflamatória intensa, na qual a IgE se liga aos mastócitos, o que acarreta na liberação de histamina e consequente contração muscular. Vale ressaltar que os sintomas dependem da cepa, da quantidade de cistos ingeridos e do estado do sistema imune; Fase Crônica: é a fase do portador assintomático ou dos portadores em que a fase aguda reincide, o que pode acarretar na síndrome da má absorção. TRANSMISSÃO - Ingestão de cistos por meio alimentos ou mãos contaminadas. CICLO BIOLÓGICO Trofozoíto aderidos à mucosa do intestino grosso → Desprendimento da mucosa com perda do flagelo → Formação de parede cística e divisão celular → Formação do cisto já no intestino grosso → Eliminação junto com as fezes → Ingestão de água ou alimentos contaminados com o cisto; É válido ressaltar que essa eliminação de cistos não é constante, podendo haver “períodos negativos” de 2, 5 e até 7 dias, quando retorna a haver eliminação de cistos; Ainda deve-se destacar que a G. lamblia não invade o intestino, mas forma uma espécie de tapete em sua superfície. DIAGNÓSTICO Laboratorial: • Parasitológico de fezes. A eliminação de cistos não é constante, se no primeiro exame o resultado for negativo, recomenda- se colher as fezes em dias alternados, durante 3 a 5 dias em coletor apropriado. Imunológico: • ELISA, ainda podem ser realizados para identificar antígenos nas fezes do paciente (coproantígenos). TRATAMENTO - Furazolidona (Giarlam)- parasitas resistentes; - Metronidazol; - Tinidazol. PROFILAXIA - Saneamento básico; - Educação em saúde. TRICOMONÍASE (Trichomonas vaginalis) TAXONOMIA Filo: Sarcomastigophora; Família: Mastigophora; Espécie: Trichomonas vaginalis MORFOLOGIA E HABITAT Trofozoíto: única forma. Apresenta forma piriforme ou oval, com núcleo alongado, quatro flagelos livres e um quinto flagelo formando uma membrana ondulante típica. O protozoário é encontrado nos órgãos genitais femininos e masculinos e não se instala na cavidade oral ou intestino. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Nos homens: é usualmente assintomática ou provoca lesões discretas na mucosa peniana, desenvolvendo o quadro de uma uretrite, a qual pode provocar ardor ao urinar, mas não impede o homem de manter relações sexuais; Nas mulheres: as lesões são mais graves e podem provocar vulvovaginite com intenso prurido, ou mesmo uma cervicite com abundante infiltrado inflamatório e corrimento amarelo- esverdeado (leucorréia). O pH ácido vaginal é desfavorável ao desenvolvimento de T. vaginalis, contudo, o que cria ambiente propício para a proliferação do protozoário; É válido ressaltar que o patógeno não invade o tecido, ele fica aderido ao epitélio vaginal, onde se alimenta das células epiteliais por meio de fagocitose, o que provoca as erosões características da tricomoníase. CICLO BIOLÓGICO 1- Trofozoítos se instalam nas mucosas vaginal e da uretra peniana; 2- Multiplicação ocorre por divisão binária; 3- Colonização das regiões vaginal e da uretra perianal. TRANSMISSÃO - Contato sexual; - Tricomoníase neonatal, em meninas é adquirida durante o parto (rara). DIAGNÓSTICOClínico: • Quadro variável de leucorréia, pode ser confundido com outras DSTs; Laboratorial: • Na mulher: secreção vaginal; • No homem: sedimento urinário, secreção uretral ou sêmen; • Cultura; • PCR. Imunológico: • Complementar. TRATAMENTO - Metranidazol; - Secnidazol; - Ornidazol; - Nimorazol, via oral e gel/ creme vaginal; Obs.: gestantes não devem usar medicamentos via oral, apenas gel e creme. PROFILAXIA - Educação sanitária; - Diagnóstico e tratamento precoce (inclusive de parceiros) - Uso de preservativos. MALÁRIA (Plasmodium falciparum) TAXONOMIA Filo: Apicomplexa; Família: Plasmodiidae; Espécie: Plasmodium falciparum MORFOLOGIA E HABITAT Esporozoíto: é a forma infectante, presente no mosquito (Anopheles); Esquizonte Pré- Eritrocítico: é a forma presente no hepatócito, a qual contém milhares de merozoitos; Trofozoíto jovem: é a forma encontrada dentro da hemácia, possuindo forma de anel; Trofozoíto maduro: é uma forma ainda dentro da hemácia, com citoplasma todo irregular (aspecto ameboide) e apenas um núcleo; Esquizonte: difere do trofozoíto maduro por apresentar núcleo dividido em diversos fragmentos; Merócito: é constituído por diversos merozoítos, isto é, cada fragmento nuclear tem uma pequena porção do citoplasma; Merozoíto: é a forma que representa o final da esquizogonia ou reprodução assexuada que se processou dentro da hemácia e cujas etapas foram descritas nas formas anteriores; Gametócitos: estão dentro da hemácia e representam as células capazes de realizar a esporogonia ou reprodução sexuada no mosquito. Os gametócitos podem ser masculinos (microgametócitos) ou femininos (macrogametócitos); Oocisto: é a forma encontrada na parede do estômago do mosquito e que irá produzir os esporozoítos que se dirigirão para o aparelho bucal do Anopheles para completar o ciclo. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Acesso malárico: fase de calafrio, com frio intenso durante 20 a 30 minutos, seguido por calor que pode durar de 2 a 3 horas e sudorese. Corresponde à esquizogonia sanguínea; Anemia: causada por destruição de hemácias (esquizogonia sanguínea), hematocaterese no baço e hemólise de hemácias normais por auto- anticorpos. O plasmódio digere a hemoglobina, sendo a hemozoína (pigmento malárico) o produto final desse metabolismo; - Complicações representadas por lesões cerebrais, insuficiência renal, hemoglobinúria, etc. TRANSMISSÃO - Picada do vetor (respasto sanguíneo); - Compartilhamento de seringas; - Acidentes com agulhas; - Transfusão de sangue e transplacentária (são raros). CICLO BIOLÓGICO No vetor (mosquito H.D, reprodução sexuada) No homem (H.I, reprodução assexuada) Durante a hematofagia, as fêmeas inoculam esporozoítos, os quais caem na corrente sanguínea (ou corrente linfática) e s e dirigem para o fígado, alcançando o s hepatócitos por meio do espaço de Disse, onde se transformam em esquizontes pré - eritrocíticos, que passam a se multiplicar intensamente (fase de esquizogonia, onde ocorre a divisão repetida do núcleo e do citoplasma celular). Essa é a fase tissular ou exo -eritrocítica (antes do eritrócito), que demora certa de uma a duas semanas. Os merozoítos, produzidos em grande quantidade ao final do processo, são liberados em vesículas (merossomas) caem no sangue, penetram as hemácias e iniciam a fase eritrocítica, n a qual o plasmódio passa pelas sucessivas fases até formar a rosácea, que se rompe e libera vários merozoítos que irão invadir novas hemácias repetindo o processo. Essa fase da esquizogonia sangüínea demora cerca de 48 a 72 horas e quando ocorre o rompimento da rosácea, ocorrem também os típicos acessos maláricos. Ao final d e algumas esquizogonias sanguíneas, formam -se os gametócitos que, quando ingeridos pela fêmea do Anopheles, darão início ao ciclo s exuado ou esporogônico (as demais formas do plasmódio que a fêmea in gere morrem e degeneram). No estômago do mosquito ocorre a fecundação do gameta feminino pelo masculino, formando o oocineto, zigoto com mobilidade que se dirige para a parede d esse órgão, onde ocorrerá a formação do oocisto, que produzirá os esporozoitos (fase de esporogonia). O ciclo no mosquito demora cerca de 10 a 15 dias. DIAGNÓSTICO Laboratorial: • Exame da gota espessa, na qual se faz um esfregaço que deve ser corado pelo Giemsa ou método panótico rápido. O sangue deve ser recolhido durante ou logo após o acesso malárico, quando existe maior número de formas no sangue. TRATAMENTO - Quinino por 3 dias; - Doxiciclina por 5 dias; - Primaquina por 6 dias. - O medicamento mais recente e mais potente que foi utilizado no tratamento da malária é o Ciartem (artemisina + lumefantrina). Contudo, o uso deste medicamento deve ser restrito a casos muito específicos, uma vez que a tendência é o desenvolvimento de resistência pelo plasmódio. PROFILAXIA - Melhoria nos serviços de saúde; - Educação sanitária e ambiental; - Melhoria da qualidade de vida da população. RELATO DO CASO V.C.B., masculino, nascido em 26 de março de 1953, 63 anos, Frei, e vindo de viagem à Amazônia em 2015. O paciente relatou uso de anti-hipertensivos, medicamentos para hiperplasia prostática e hipolipemiantes. Relatou, também, que já havia contraído malária em uma viagem anterior para as zonas endêmicas. A anamnese foi de extrema importância para que se elaborasse a suspeita clínica, pois o paciente relatou a aparição de sintomas como febre, dores de cabeça e no corpo, tremores e sudorese, características marcantes na malária. Os sintomas iniciaram-se dez meses após ter frequentado a zona endêmica e ter contraído a doença. Dados referentes à história clínica de infecção prévia de malária não estavam disponíveis pelo laboratório clínico. Foi solicitado hemograma e pesquisa de anticorpos Plasmodium falciparum e vivax IgG e IgM pelo método de Imunofluorescência indireta, pelo suspeita de caracterizar-se como possível recidiva. A diferenciação das espécies foi realizada por laboratório terceirizado. Foram adicionados ao relato, exames bioquímicos realizados pelo paciente meses antes do aparecimento dos sintomas. O resultados dos exames de bioquímica e hematologia. O hemograma do paciente, assim como os exames bioquímicos encontram-se dentro dos valores de referência do laboratório. Através do exame para•sitológico de sangue (gota espessa), considerado padrão ouro para o diagnóstico de malária, foi possível observar, claramente, a presença de Plasmodium nos eritrócitos. A confirmação deu-se com o teste de pesquisa de anticorpos Plasmodium falciparum e vivax IgG e IgM, pelo método de Imunofluorescência indireta, que teve como resultado P. vivax, com titulação positiva de IgG 1:320 e IgM negativo com título inferior a 1:20. LEISHMANIOSE (Leishmania braziliensis; Leishmania chagasi) TAXONOMIA Filo: Sarcomastigophora; Família: Mastigophora; Espécies: Leishmania braziliensis (leishmaniose tegumentar ou cutânea, que atinge a pele); Leishmania chagasi (leishmaniose visceral, que atinge as vísceras (baço, fígado e medula óssea). MORFOLOGIA E HABITAT As espécies que causam a leishmaniose apresentam duas formas básicas: Amastigota: forma encontrada no interior d e macrófagos presentes nos órgãos atingidos (pele ou vísceras). Não apresenta flagelo. Promastigota Metacíclico: forma infectante encontrada no flebotomíneo do gênero Lutzomyia de resistência ou de transmissão do protozoário. É alongado e apresenta flagelo. O flagelo não está nas glândulas salivares do mosquito, e sim no tubo digestivo. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA A partir da inoculação das promastigotas, as amastigotas podem tomar dois caminhos: Leishmania braziliensis (10% dos casos):as amastigotas permanecem no local da picada, formando um nódulo, seguido de úlcera ou ferida, que poderá produzir metástases para outras áreas de pele do corpo, inclusive na região nasobucofaríngea (5% dos casos), onde acarreta no aparecimento das mais marcantes deformações por leishmaniose tegumentar. A leishmaniose tegumentar difusa não tem cura, porque, devido a uma falha genética, a pessoa não tem resposta imunológica para ela. Leishmania chagasi (90% dos casos): as amastigotas migrarão, via sanguínea, do nódulo inicial para as vísceras: baço, fígado e medula óssea. Nesses órgãos se multiplicarão intensamente, promovem do a esplenomegalia, a hepatomegalia e a disfunção da medula óssea, com consequências graves e, muitas vezes fatais para o paciente, especialmente crianças. TRANSMISSÃO Através da picada de insetos hematófagos. CICLO BIOLÓGICO No vetor: 1- O mosquito ingere macrófagos parasitados pelas amastigotas; 2- Liberação de amastigotas; sofrem divisão binária e se transformam em promastigotas que se multiplicam; 3- Migram para o intestino e depois para a faringe do inseto; No homem: 4- O mosquito, ao sugar sangue, ingere as formas amastigotas; 5- Formas amastigotas sofrem divisões binária simples; 6- Se transformam em promastigotas que também se multiplicam; 7- Transformação em formas paramastigotas; 8- Estas se transformam novamente em promastigotas infectantes. DIAGNÓSTICO Laboratorial: • Diagnóstico parasitológico: Leishmaniose Tegumentar: biópsia da lesão, com cujos fragmentos se faz esfregaço em lâmina de vidro, coloração pelo Giemsa e visualização em microscópio. Pode -se ainda fazer cultura com os fragmentos da biópsia (meios NNN, LIT); Leishmaniose Visceral: punção da medula óssea, com cujos fragmentos se faz esfregaço ou cultura como acima. Imunológico: • ELISA; testes sorológicos. TRATAMENTO - Antomônio pentavalente; - Anfotericina B; - A dieta necessita ser equilibrada, capaz de repor as perdas orgânicas e ativar o sistema imune. PROFILAXIA - Uso de inseticidas; - Proteção individual; - Evitar construir casas próximos à mata; - Cuidar dos animais domésticos, principalmente o cão. DOENÇA DE CHAGAS (Trypanossoma cruzi) TAXONOMIA Filo: Sarcomastigophora; Família: Trypanosomatidae; Espécie: Trypanossoma cruzi MORFOLOGIA E HABITAT Amastigota: forma encontrada nos tecidos dos mamíferos. Apresenta forma esférica; Tripomastigota: forma encontrada na corrente sanguínea e também nos dejetos do barbeiro. Nesse caso de estudo é chamado de tripomastigota metacíclico, pois representa o final do ciclo biológico. Possui o cinetoplasto na extremidade. Epimastigota: forma intermediária encontrada no intestino e dejetos dos triatomíneos (barbeiros). Possui o cinetoplasto em posição mais central. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Fase aguda: quando o parasito infecta a pele forma o “chagoma de inoculação” caracterizado por uma pequena tumoração, nem sempre observável; A picada na região próxima do olho origina o sinal de Romaña; Ainda nessa fase, o paciente apresenta uma elevada parasitemia (parasita no sangue), febre, mal estar, às vezes alterações cardíacas e resposta imune elevada; Fase crônica: baixa parasitemia, porém com uma resposta imune elevada, miocardite e início de formação de lesões cardíacas, esofágicas ou entéricas; Fase intermediária: os ninhos de amastigotas no coração ou no intestino grosso são mínimos, porém as lesões se devem à destruição dos neurônios formadores dos estímulos cardíacos e peristálticos por processo imunoinflamatório. Ocorre então a cardiomegalia, o mesgaesôfago, o megacólon e as consequentes insuficiências cardíacas, dificuldade de progressão do bolo alimentar ou do bolo fecal. TRANSMISSÃO - Transfusão sanguínea (menos comum); - Acidentes em laboratório; - Repasto sanguíneo (picada do inseto). CICLO BIOLÓGICO No vetor: 1- Liberação de tripomastigota pelas fezes e urina pelo inseto no momento do repasto; 2- Inseto se alimenta de sangue do homem ou de outros mamíferos; 3- Ingestão de formas tripomastigotas sanguíneas pelo vetor; 4- Conversão para a forma epimastigota e multiplicação na porção média do intestino; 5- Diferenciação para a forma tripomastigotas metacíclicas; No homem: 6- Penetração da forma infectante (tripomastigota metacíclica) na pele arranhada ou no momento do respasto (picada do inseto); 7- Transformação de tripomastigotas metacíclicos em amastigotas; 8- Processo de divisão binária das amastigotas; 9- Eclosão da célula invadida; 10- Transformação de amastigotas em tripomastigotas metacíclicos; 11- Invasão de célula e reinício do processo. DIAGNÓSTICO Laboratorial: • Fase Aguda: exame a fresco do sangue e esfregaços sanguíneos corados; • Fase Crônica: xenodiagnóstico (feito por intermédio de hematofagia controlada de triatomíneos), hemocultura e inoculação em camundongo; Imunológico: • Fase Aguda: imunofluorescência indireta e reação de ELISA; • Fase Crônica: reação de hemaglutinação indireta, reação de imunofluorescência indireta e reação de ELISA. TRATAMENTO - Benznidazol; - Nifurtimox. PROFILAXIA - Educação sanitária e ambiental; - Proteção individual; - Melhoria e higiene das habitações; - Combate ao vetor por meio de inseticidas. ESQUISTOSSOMOSE (Shistosoma mansoni) TAXONOMIA Filo: Platyelminthes; Classe: Trematoda; Sub classe: Digenea; Família: Schistosomatidae; Gênero: Shistosoma; Espécie: Shistosoma mansoni MORFOLOGIA E HABITAT Macho e fêmea: dimorfismo sexual; adultos vivem nos componentes do sistema porta, principalmente nos vasos da veia mesentérica inferior, que drena sangue do intestino grosso; Ovo: espinho lateral; presente nas fezes ou presos na mucosa intestinal ou no tecido hepático do paciente; Miracídio: larva ciliada; encontrado dentro dos ovos maduros ou na água para penetrar no caramujo do gênero Biomphalaria; Esporocisto: poliembrionia; forma vista dentro do caramujo; Cercária: cauda bifurcada; forma produzida no caramujo, ao ser eliminado ficam na superfície da água até penetrar na pele de um hospedeiro definitivo; Esquistossômulo: hematofágicos; forma vermiforme, é a transformação da cercária quando invade a pele e perde a cauda. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Fase Cutânea: formação de dermatite cercariana no local de penetração, com eritema e prurido; Fase Aguda: febre com calafrios, sudorese, emagrecimento, fenômenos alérgicos, diarréia, cólicas, hepatoesplenomegalia discreta e alterações discretas das funções hepáticas. Pode levar à morte ou evoluir para a fase crônica; Fase Crônica (Intestino): presença de granulomas na parede do reto e do sigmóide, causando dor, diarréia mucosanguinolenta; Fase Hepática: presença de granulomas no tecido hepático, os quais provocam fibrose hepática e dificuldade na circulação do sangue em direção à veia cava. Esse caso de hipertensão portal é acompanhado por ascite ou “barriga d’água", varizes esofagianas e aumento do baço. TRANSMISSÃO - Penetração de miracídios nas partes descobertas; - Penetração de cercarias na pele e mucosa; - Transmissão frequente em focos peridomiciliares: valas de irrigação de hortas, açudes, pequenos córregos. CICLO BIOLÓGICO No ambiente: 1. Ovos do parasito são liberados nas fezes; 2. Ovos em contato com a água liberam os miracídios; 3. Miracídio penetra no tecido do molusco do gênero Biomphalaria; 4. Esporocistos no molusco (sucessivas gerações); 5. Cercária sai do caramujo e nada livremente na água em busca do hospedeiro vertebrado; No homem: 6. Penetração pela pele; 7. Cercária perde a cauda durante a penetração,transformando- se em esquistossômulo; 8. Circulação sanguínea; 9. Migração para o sistema porta hepático e transformação em adultos; 10. Casal de adultos migram para as veias mesentéricas inferiores e a fêmea inicia a ovoposição- os ovos migram para o fígado, por meio da circulação, ou migram através da mucosa intestinal e são liberados para a luz intestinal. DIAGNÓSTICO Epidemiológico ou clínico Anamnese, levando- se em consideração a fase e a epidemiologia da doença. Laboratorial • Parasitológico - deve ser feito, no mínimo, 40 dias depois da penetração pelas cercarias. Ainda pode ser realizada a biópsia retal, quando há forte suspeita clínica com exame de fezes negativo. Imunológico: • ELISA. TRATAMENTO - Praziquantel; - Ozaminiquina. PROFILAXIA Educação sanitária; Higiene pessoal; Saneamento básico; Controle dos vetores: pouco eficiente, recomendada em situações com pequenos focos peridomiciliares. TENÍASE (Taenia saginata; Taenia solium) TAXONOMIA Filo: Platyhelminthes; Classe: Cestoda; Ordem: Cyclophyllida; Família: Teniidae; Espécie: Taenia saginata; Taenia solium MORFOLOGIA E HABITAT Trata- se de um verme longo. Composto por um escólex (com 4 ventosas), um colo (origina as proglotes) e o corpo (constituído por centenas de proglotes; Ovos: possuem em seu interior a oncosfera (ou embrião hexacanto); eclodem e penetram na mucosa intestinal e diversos órgãos como músculos, cérebro, tecido subcutâneo e olho; Cisticerco ou larva: encontrados nos músculos dos hospedeiros. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA - Pode ser assintomática; - Sintomática: dor epigástrica (dor de fome), náuseas, podendo às vezes apresentar dor de cabeça, desnutrição (especialmente quando apresenta várias tênias) e emagrecimento. CICLO BIOLÓGICO No ambiente (cisticercose): 1- Eliminação de fezes com proglotes cheias de ovos; 2- Ovos caem em pocilgas ou pastos; 3- Suínos ingere os ovos da T. solium; 4- Ovos chegam no intestino e liberam a oncosfera; 5- Oncosfera cai na corrente sanguínea e migra para os músculos 6- Se transformam em cisticercos após 2 meses. 1. No homem: 7- Humano come carne crua ou mal cozida contendo cisticercos; 8- Cisticercos chegam ao intestino e se exteriorizam quando estimulados bile; pela 9- Cisticercos se prendem ao intestino delgado pelo escólex; 10-Início da formação das tênias adultas; 11-Início da liberação de proglotes após 2 meses da ingestão de carne crua. - O humano participa do ciclo como hospedeiro intermediário acidental, Além disso, é importante ressaltar que apenas a larva da T. solium causa Cisticercose; - O mesmo ocorre com a T. saginata, mas o hospedeiro intermediário é o animal bovino. TRANSMISSÃO Ingestão de ovos presentes na carne de boi mal cozida; Heteroinfecção: ingestão de ovos oriundos de outras pessoas e que podem estar presentes na água, nas verduras, nas mãos suja, etc; Auto- infecção externa: paciente parasitado por T. solium ingere ovos da própria tênia por meio das mãos contaminadas; Auto- infecção interna: por meio de retroperistaltismo, proglotes grávidas de T. solium chegariam até o estômago do paciente e depois retornariam ao intestino liberando oncoferas e reiniciando o processo. DIAGNÓSTICO Laboratorial (Teníase): • Exame de fezes- presença de ovos e proglotes; • Diferenciar espécies forma do progolote; Laboratorial (Cisticercose): • Tomografia computadorizada ou ressonância magnética; Imunológico: • ELISA e por meio do oftalmoscópio (cisticercose ocular). TRATAMENTO Teníase: • Albendazol; • Praziquantel. Cisticercose: • Cirurgia- retirada da lesão; • Albendazol+ dexametasona (corticóide). PROFILAXIA - Educação sanitária; - Proteção ambiental; - Controle da carne; - Vigilância epidemiológica. - Tratamento dos pacientes infectados; - Ingestão de água filtrada ou fervida. ASCARIDÍASE (Ascaris lumbricoides) TAXONOMIA Reino: Animalia; Filo: Nemathelminthes; Classe: Secernentea; Ordem: Ascaridida; Família: Ascarididae; Gênero: Ascaris; Espécie: Ascaris lumbricoides MORFOLOGIA E HABITAT Macho e fêmea: o macho possui a extremidade posterior recurvada (forma de gancho); e a fêmea com extremidade posterior reta, é maior e mais grossa do que o macho; duas fases: uma migratória através dos pulmões como larva e uma crônica no intestino delgado onde o verme se torna adulto; Ovo normal: coberto por uma membrana mamilonada, eliminado nas fezes; Ovo larvado: embrionam em duas semanas, se tornam infectantes na terceira semana; Ovo infértil: assim como o ovo normal, possui uma membrana mamilosa e vive no meio ambiente até 1 ano. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Apresenta duas fases: • Fase pulmonar: lesões pulmonares, febre, tosse com expectoração e pneumonia alérgica (síndrome de Lõfler); • Fase intestinal: havendo grande quantidade de helmintos, o paciente apresenta depauperamento físico, magreza, palidez, tristeza e barriga aumentada de volume. Esse parasito pode eventualmente se enovelar no intestino delgado, provocando o quadro de “abdome agudo”, representado por dor violenta e necessidade de intervenção cirúrgica. CICLO BIOLÓGICO 1- Ovos contendo larva L3 contaminam água ou alimentos; 2- Ingestão dos alimentos contaminados com os ovos larvados; 3- Passagem do ovo pelo estômago e liberação da larva L3 no intestino delgado; 4- Penetração das larvas na parede intestinal; 5- Larvas são carregadas pelo sistema porta até os pulmões; 6- Larvas sofrem mudança para L4, sendo que posteriormente rompem os capilares e caem nos alvéolos, sofrendo nova mudança para L5. Migração das larvas para a faringe; 7- Expulsão das larvas pela expectoração ou deglutição das mesmas; 8- Larvas atingem novamente o duodeno transformando- se em adultos. Fêmeas, após a cópula, iniciam a ovoposição; 9- Eliminação dos ovos pelas fezes e contaminação do ambiente; 10 a 12- Evolução dos ovos férteis até se tornarem larvados, com L3. TRANSMISSÃO - Ingestão de água ou alimentos contaminados com larva L3. DIAGNÓSTICO Laboratorial: • Exame parasitológico de fezes; • Métodos qualitativos (sedimentação espontânea); • Raio X. TRATAMENTO Levamisol: dose única; Mebendazol: 100 mg por 3 dias; Albendazol: 400 mg por 3 dias. Vale ressaltar que, todo medicamento deve ser prescrito por um médico e pode variar de acordo com a situação do paciente, idade, peso, etc. PROFILAXIA - Saneamento Básico; - Educação Sanitária; - Higiene pessoal e dos alimentos. ENTEROBÍASE (Enterobius vermiculares) TAXONOMIA Espécie: Enterobius vermiculares MORFOLOGIA E HABITAT Fêmea: verme cilíndrico; quando está grávida é encontrada na região perianal (não penetra na mucosa do intestino grosso); nas mulheres podem habitar: vagina, útero e bexiga; Macho: extremidade recurvada em sentido ventral; adulto vive no ceco, depois da reprodução geralmente morre; Ovo: dificilmente saem junto com as fezes, pois as fêmeas grávidas os eliminam ao nível do ânus, o que permite encontra- los nas roupas íntimas; quando expelidos, já saem contendo a larva, com tempo indeterminado no ambiente. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Região Perianal: Intenso prurido anal, irritação e lesão inflamatória; Intestino: Inflamação na mucosa intestinal com exsudato catarral. Não causa lesão anatômica, pois a mucosa não é penetrada; Vulva e vagina: irritação local causada pelo parasito fêmea, prurido vulvar (noturno) com corrimento; - Geralmente assintomática; - Dependendo da localização e intensidade do parasitismo; - Cólicas;- Mal- estar, vômitos; - Insônia; - Raramente evacuações sanguinolentas. CICLO BIOLÓGICO 1- Fêmeas eliminam ovos com larva em estágio (L2), sendo que L2 se transforma em L3 em poucas horas; 2- Ingestão de ovos contendo L3 (mãos sujas ou alimento contaminado); 3- L3 eclode no intestino delgado, onde sofre duas mudas e se transformam em vermes adultos até chegar no intestino grosso, onde se acasalam; 4- Fêmeas prenhas migram para a região perianal onde depositam seus ovos. TRANSMISSÃO Transmissão direta: ânus- boxa, por contaminação através das mãos ou alimentos; Transmissão indireta: inalação de ovos presentes na poeira, dormitórios, ambientes coletivos; Retroinfecção: larvas na região perianal- ânus- ceco- vermes adultos. DIAGNÓSTICO Clínico: Colonoscopia Laboratorial: Métodos qualitativos; Citologia vaginal; Acidentalmente no exame de urina (meninas). TRATAMENTO Mebendazol (dose única 100 mg); Albendazol (dose única 400 mg). PROFILAXIA - Saneamento Básico; - Educação em Saúde; - Higiene pessoal; - Lavagem e proteção dos alimentos. ANCILOSTOMÍASE (Ancylostoma duodenale) TAXONOMIA Espécie: Ancylostoma duodenale MORFOLOGIA E HABITAT Macho: possui curvatura, que favorece a cópula; mucosa do intestino delgado (duodeno); Fêmea: mucosa do intestino delgado (duodeno); Ovo: eliminado nas fezes, possui forma oval; Larva rabditóide; após eclosão do ovo, a larva é liberada (L1) Larva filarióide: transformação da larva rabditoide (L2) para filarióide (L3). PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Fase cutânea: lesões cutâneas, na pele, edema, eritema e reações discretas; Fase pulmonar: lesões pulmonares, tosse e febre; Fase intestinal: lesões intestinais, dor abdominal, diarreia sanguinolenta, náuseas, fraqueza, indisposição e anemia (devido à espoliação sanguínea); Úlceras hemorrágicas: infecção secundária. CICLO BIOLÓGICO No ambiente: 1- Os ovos eliminados eclodem para produção da larva rabditoide; 2- Mudança para rabditoide L2; 3- Larva sofre mudança para larva filarióide infectante. No homem: 4- Larva filarióide infectante penetra na pele e pode acontecer os seguintes ciclos: Ciclo Pulmonar: 1- A larva filarióide infectante (L3) penetra na pele; 2- Vai para a corrente sanguínea-> pulmão-> se transformam em L4; 3- Chega aos brônquios-> faringe-> expelida ou deglutida; 4- Ao ser deglutida vai para o intestino delgado-> L5-> hematofagia-> adultos-> cópula; 5- Eliminação dos ovos. Ciclo não pulmonar: 1- Ingestão da larva L3; 2- L4 e L5 se faz por mudas no tubo digestivo. TRANSMISSÃO - Penetração da larva L3 na pele; - Ingestão oral por água ou alimento, contendo a larva. DIAGNÓSTICO Laboratorial: parasitológico de fezes; cultivo de larvas; Imunológico: precipitação, hemaglutinação, imufluorescência e ELISA; Hemograma completo TRATAMENTO Pamoato de pirantel: inibe a colinesterase, causando a paralisia do verme (10- 20 mg/ kg/ 3 dias); Mebendazol: age bloqueando a captação de glicose e aminoácidos. (100 mg/ 2 vezes ao dia/ 3 dias); Albendazol: Larvicida (400 mg/ dia, dose única); Alimentação adequada; suplemento alimentar e sulfato ferroso para controle da anemia. PROFILAXIA - Uso de calçados fechados; - Saneamento básico; - Educação sanitária; - Evitar beber água contaminada; - Lavar os alimentos.
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