RESENHA - VOCAÇAO PERIGOSA

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO DO NORDESTE – MEMORIAL IGREJA PRESBITERIANA DA CORÉIA
RESENHA
VOCAÇÃO PERIGOSA: CONFRONTANDO OS DESAFIOS SINGULARES DO CHAMADO PASTORAL
SAUL AZEVEDO DA SILVA
Teresina
2019
SEMINÁRIO TEOLÓGICO DO NORDESTE – MEMORIAL IGREJA PRESBITERIANA DA CORÉIA
 
 
 
RESENHA
VOCAÇÃO PERIGOSA: CONFRONTANDO OS DESAFIOS SINGULARES DO CHAMADO PASTORAL 
Resenha apresentada ao Seminário Presbiteriano do Nordeste – Memorial Igreja Presbiteriana da Coréia como requisito para obtenção de nota na disciplina de Poimênica, ministrada pela Profº Rev. José Alex Barreto
 
 
SAUL AZEVEDO DA SILVA 
 
 
Teresina
2019
OBRA: TRIPP, Paul. Vocação Perigosa; traduzido por Meire Portes Santos. São Paulo: Cultura Cristã, 2014
A obra traz uma abordagem pessoal e quase autobiográfica do autor acerca de sua própria experiência de quebrantamento e transformação. Partindo de uma conversa durante uma viagem de carro com seu amigo Tedd, chegando a relatar que: “Enquanto Tedd me fazia perguntas, era como se Deus estivesse retirando cortinas e eu estivesse vendo e ouvindo com precisão pela primeira vez.”[footnoteRef:0] [0: p. 15;] 
Esse episódio o motivou a tratar seu próprio coração, seus pecados e mudar seu ministério, conduzindo os princípios e abordagens que ele apresenta na presente obra. Daí, ele parte de diagnósticos pessoais como de que o ministério não deveria definir quem ele era como pessoa; também que o seu conhecimento teológico não poderia definir a sua maturidade cristã, entre outros.
Dessa forma, o autor, ao iniciar as abordagens e lições que visa ensinar na obra, na primeira parte do livro, ele analisa o aspecto cultural da vida pastoral, passa a descrever por exemplo, sinais de como um pastor está perdendo o rumo do ministério, de como o conhecimento teológico pode cegar um coração imerso no pecado.
Além disso no capítulo 4, trata de como de pastores que são reconhecidos por seu conhecimento e habilidade ministerial, por apresentar terem experiência e estratégia para serem pastores, porém lhes falta uma verdadeira maturidade para poderem pastorear o rebanho do Senhor, aspecto este que está a um relação horizontal, da pessoa do pastor com Deus, de intimidade e amor que se reflete nas relação com os outros.
No capítulo 5 e 6 como de pastores que criam uma política de isolamento e separação, crendo que isso é algo piedoso, uma escolha boa e madura, conveniente com o ministério, porém o chamado, segundo o autor envolve ser também parte do corpo de Cristo, que possa confiar em outros irmãos para compartilhar lutas e dividir cargas.
Já no capítulo 7, ele traz a baila uma questão que marcaria sua obra até o final, aspectos da guerra pessoal do pastor, a guerra interna pelo seu coração e pelo ministério. Ele utiliza a figura do tesouro para trabalhar a dicotomia dessa guerra, como ele descreve “talvez nos problemas você corra para as outras pessoas, esperando que elas sejam o seu Messias pessoal (...)”[footnoteRef:1]; quando o pastor deixa de depender de Deus e passa a confiar em outras coisas ou mais nele mesmo. [1: p. 93;] 
Ai passa-se a segunda parte do livro a desenvolver aspectos da perda de reverência e identidade com Deus que o pastor pode sofrer.
No capítulo 8, ele visa resgatar a reverência do pastor para com Deus, como elemento essencial para seu ministério, no capítulo 9, trata sobre como o medo pode ser um fio condutor perigoso do pastor em seu ministério e assim macular sua visão e seus relacionamentos.
Já no capítulo 9, ele pontua sua preocupação em os pastores aceitarem um padrão de mediocridade nos ministérios, vivendo uma atmosfera vivencial distante do temor à glória de Deus. Alerta para a dedicação ministerial como arautos do Rei Salvador, chamados para representar sua excelente graça através da exposição da Palavra, firmada em uma vida de intimidade e comunhão com Deus.
No capítulo 10, ele alerta para a importância da humildade no coração do pastor, um ministério orientado pelo evangelho e por Cristo começa por aí e não pelo conhecimento teológico, dessa forma, ele expõe uma série de aspectos visando combater o que ele chama de “síndrome da celebridade”[footnoteRef:2] [2: “A síndrome da celebridade o leva a ser muito confiante em si mesmo; ser confiante em si o leva a fazer escolhas insensatas; escolhas insensatas o expõem à tentação e ao pecado; o orgulho o leva a pensar que você pode controlar a exposição - e, antes de perceber, você terá caído” (p. 140)] 
Daí a obra se encaminha para a terceira e última parte, em que o perigo da “síndrome da celebridade” é apresentado. No capítulo 12, é descrito o perigo da glória própria, em que o pastor “constantemente confundirá ser um embaixador com ser um rei”[footnoteRef:3]. No capítulo 13, advertência repousa na obsessão ministerial, os que “são mais atraídos pelo sucesso ministerial do que por crescimento pessoal”[footnoteRef:4]. [3: p. 145;] [4: p. 160; ] 
No capítulo 14, o autor diagnostica a realidade dicotômica entre a vida ministerial pública dos pastores com os detalhes complexos de sua vida particular, abordando que essa dicotomia não desqualifica o ministro, mas que ela é algo natural da vida pastoral e que cabe a cada ministro saber lidar com duplicidade, não tendo medo de expor suas fraquezas, mas depender da graça do Senhor em sua vida e ministério.
Então no capítulo 15, o autor encerra trazendo as últimas considerações acerca da obra, resgatando e sintetizando todos os princípios abordados, visando auxiliar e ajudar os pastores e outros leitores da obra em suas dificuldades trazidas a luz das experiências e lutas do autor da obra.
CRÍTICA:
A proposta do autor é muito convidativa, pois ele nos atrai a ver temas pouco debatidos e até polêmicos da vida ministerial com um olhar bem pessoal e intimista. Não é uma abordagem objetiva e legalista, os princípios e posições do autor, são fruto e resultado de suas próprias lutas e vitórias, além de experiência em ajudar outros colegas pastores nessas áreas.
Então, mostra-se em uma obra única, de modo que poucos livros vão abordar todas essas temáticos como orgulho do pastor e falta de piedade e devoção cristã na vida deste como ele. 
Frisa-se que em argumentos do capítulo 14, o autor demonstra que as fraquezas do pastor podem ser um meio de graça e visto como algo até natura pela igrejal, porém mesmo sabendo disso, creio ser necessário também lembrar que o pastor tem que ser diferenciado dos demais do rebanho, ele tem que ser o exemplo dos fieis na palavra, no amor, na pureza, na fé e no procedimento.[footnoteRef:5] como o apóstolo Paulo ordena. [5: 1 Timóteo 4.12] 
Enquanto isso é um ponto pequeno, as advertências, apesar de parecem cíclicas em dados momentos, numa obra que já é curta, vejo serem necessárias para realmente confrontar os leitores sobre a severidade e vileza dos perigos e problemas abordados pela obra e que não podem ser tratadas de maneira sutil, só abordagens sérias e desafiadores podem realmente surtir efeitos satisfatórios.
Portanto, trata-se de uma obra essencialmente para todo pastor, estudante de teologia e até para esposas de pastor, filhos, amigos de pastor a fim de ajudá-los também através da oração, aconselhamento e exortação, auxiliar os ministros da Palavra na ardilosa missão e tarefa de não caírem na soberba e no orgulho de seus corações através dos nobres ministérios que exercem em nome do Rei Salvador.